Cateterize!


Disse um dia um tição, um tio amargo

Que quem muito lê pouco trabalha

E ficava vermelho-pimenta, como fornalha

"Que fazes com tantos livros, seu desgraçado?"


O ruboroso tio, depois do trago do dia e da bebedeira

Um dia veio ter a mim com uma dúvida frequente

"E se meu peito doesse, assim, de repente?"

Disse a ele que poderia ser infarto, e que visse a canseira


Anos depois, chegou-me a mesa o próprio em ataque

Azul nos dedos, os olhos murchos, já todo piripaque

Falei: chame a equipe! Cateterize o homem de alguma maneira!


O chefe disse-me - assim não, está fazendo besteira!

Pensei-me então, "puxa, segui o conselho do sofrido"

"Abandonei os livros! E perdido, meu tio morreu por bobeira!"

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