A Verdadeira Essência
Ceia farta. Corações vazios.
★★★
Era de lei: A mesa tinha que estar farta. Era fato: A família estaria reunida. Porém, para o pequeno Henggo nada disso importava. Não era sobre ter uma grande ceia e estar com um sorrisinho forçado para demostrar contentamento, e sim, sobre enxergar o que, para ele, era o verdadeiro Natal.
Muitos eram os presentes, deliciosas eram as comidas. Familiares não faltavam. Oh, não, não, eles não podiam deixar de estarem juntos. Logo no Natal, uma data tão especial e sangrada (como eles definiam), jamais deixariam passar a limpo. Eram esnobes demais para isso. Teria que ter uma festa; tinha que haver uma grande comemoração. Eles podiam, aliás, eram bem sucedidos financeiramente e não deixariam faltar nada.
Em sua inocência a respeito do egocentrismo da família, Henggo se pôs a perguntar aos pai se havia possibilidades de ele levar um amigo da escola para passar o natal em sua casa.
- Mas não sabemos as condições desse seu amigo, filho... - retrucou a mãe.
- É! E ainda por cima, não podemos passar vergonha. Toda a família estará aqui, não temos a menor ideia de como ele se porta - completou o pai.
Não compreendera claramente o que eles queriam lhe dizer com "Condições do seu amigo" ou "Como ele se porta", mas como sempre, não resmungou nem fez cara feia, apenas assentiu com a cabeça e esperou os pais se afastarem para subir ao seu quarto.
Era quase impossível não ponderar sobre o comportamento peculiar de sua família nessa data do ano.
(Passam o ano todo brigando, e quando chega o natal, parece que não houve nada.)
Sim, a criança não deixava de notar os estranhos argumentos de seus pais quando se tratava de seus entes.
(Papai diz que quer se ver livre de seus irmãos. E de vovó ele quer distância, é o que ele me fala após ter conversado com ela ao telefone. "Que ela fique no Brasil", ele completava.)
O pequeno chega em seu quarto e cai na cama. Fica lá, debruçado de costas para cima, pensando nas atitudes incoerentes também vindas da parte de sua mãe.
("Suas tias não têm muito bom gosto, filho" falava ela. "Não sei qual a educação que darão a seus primos." Ou "Temos que comprar isso porque somos os únicos da família que não temos e eu não quero que eles pensem que não temos dinheiro." Enfim, era tudo o que faziam: Querer estar por cima.)
Não conseguia, mesmo com pouco entendimento, sentir um mero sentimento de alegria em meio ao seus pais, tios e primos. Não via em cada um deles a tal "magia do Natal" tão falada pela professora na escola, em que se abordava o amor ao próximo e o sincero respeito pelo seu semelhante. Jamais viu!
Como em uma máquina do tempo, suas lembranças foram ao passado, recordando uma cena que o deixara perturbado desde então:
"Ele voltava da aula com o pai, que tinha o pegado de carro em frente à escola. O congestionamento não colaborava e ele já estava impaciente de ficar ali, sentado. É quando olha pela janela a tempo contemplar um ato que mudaria sua vida. Ali na calçada, encostada em uma árvore enorme, estava uma senhora. Por suas roupas e condições precárias, Henggo notou: era moradora de rua. Apesar de seu estado parecer crítico, ela não demonstrava desânimo ou carregava tristeza em seu semblante.
Enquanto o pai exagerava sua raiva na buzina, ele observava cautelosamente cada movimento e cada gesto daquela senhora que, agora, não parecia tão velha quanto antes. A expressão dela mudara ao ver um garotinho se aproximado. Era seu filho! E ele trazia consigo algo em mãos...
Entregando esse algo a mãe, sorriu. Um sorrisinho reconfortante como de trabalho cumprido. Ela pegou o que tinha nas mãos do garoto, e foi quando Henggo notou que se tratava de um pão.
Começou a cair um intenso chuvisco e ela, em meio a chuva e (com certeza) a fome, partiu o pão em dois pedaços e entregou ao menino, que correu para dar ao seu irmão menor que estava sentado mais distante. E sorriram. Sim, eles sorriram enquanto se olhavam... A mulher também sorriu, pois para ela, ter seus filhos ao seu lado bastava.
A chuva continuava, e com as lágrimas descendo em seu rosto, Henggo não constou que se tratavam de lágrimas e não da chuva que caia. Pensara ser água, até enxugá-las."
Depois, foi como se a mente dele tivesse saído de um transe. Ainda deitado na cama e ouvindo o alvoroço lá embaixo, ele notou o quanto não fazia sentido as decorações, as mesa gigantesca cheias de comida, os presentes, as idas ao shopping... Nada disso fazia sentido quando a família não estava/está unida - e não só unida fisicamente, no mesmo lugar, mas respeitosamente.
A partir daquele dia, Henggo se negou a crê no Natal do mesmo modo que seus familiares, e passou a ser definitivo, até o dia em que encontraria a verdadeira essência do Natal, não só em sua família, mas no mundo.
★★★
Oi oi! Primeiramente eu gostaria de agradecer a Henggo fazer esse conto: Obrigadão, amigo! 😍😘
Também gostaria de agradecer a Cupcak3XO por fazer essa capa linda para mim: Te adoro, minha Africana linda!😍😍
E não poderia deixar de agradecer a você, leitor, que tem tomado um pouco de seu tempo comigo: Obrigaduuuu...
Se gostou, deixe seu voto (estrelinha), vai me ajudar bastante. Pode colocar nos comentários o que você achou, eu amo responder. Bjs... 😘😘
Feliz Natal E Um Próspero Ano Novo!!
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