Capítulo 03

Finalmente as aulas acabaram e eu podia voltar para o meu esconderijo, meu quarto.

Esperei todo mundo sair da sala e só assim me retirei também para poder esperar Zion na entrada da universidade. Não voltei a falar com Michael Jordan ainda bem, parece que a discussão com a sua ex namorada o deixou bem abalado até porque ele saiu da aula antes dela terminar.

Coloquei meus fones de ouvido enquanto girava com a minha cadeira tentando ir para... nem sei para onde porque essa universidade é gigantesca e eu não sei onde ficam os lugares. Tinha fome e queria comprar algo pra comer enquanto Zion não chegava, pensei em perguntar para alguém, mas estava amando ser invisível e por isso continuei andando com a minha cadeira sem saber para onde, depois de dez minutos procurando achei a maldita cantina,

Entrei e lá havia muita gente, inclusive a garota que brigou comigo por conta do tal Michael, por sorte minha ela automaticamente virou na minha direção notando minha presença.

Meu coração começou a bater acelerado, quis sair novamente da cantina, mas era tarde demais porque seu olhar carregado de raiva já estava em cima de mim.

Ela se levantou e caminhou até mim que estava parada na entrada da cantina sem conseguir mover minha cadeira, duas amigas delas se juntaram a ela assim que ela se levantou.

— Olha quem está aqui, a mosca morta, a nerd idiota que pensa que tem algum valor – falou e suas duas amigas riram como se aquilo fosse a piada do século.

Ela olhava para a minha cadeira com desprezo e pra mim também.

Até pensei em responder, mas estava em desvantagem, elas eram três e eu era só uma, me colocar em uma briga com elas não seria a melhor coisa que eu podia fazer, por isso simplesmente ignorei e virei na intenção de sair, mas ela ficou na minha frente me impedindo.

— Estou falando com você! – arrancou os meus phones de ouvido

— O que você quer? – fiz o máximo de esforço para ela não achar que eu estava morrendo de medo.

— Nenhuma garota nessa universidade teve a coragem de me enfrentar como você fez, sabe quem eu sou?

— Nem me interessa – dei de ombros. — portanto, me deixa em paz – girei minha cadeira e novamente ela ficou na minha frente

— Eu vou te explicar, o meu nome é Sam Grey filha do presidente da câmara, devia ver como fala comigo.

Ela acha que ser filha do presidente da câmara é motivo suficiente para pisar nas pessoas que ela nem sequer conhece?

— Não me interessa nem se você é filha do presidente dos EUA, só quero que me deixe em paz! – minha voz saiu mais alta do que imaginei o que chamou a atenção das pessoas que estavam presentes na cantina.

Eu só queria que ela desaparecesse da minha frente, já tenho problemas suficientes na minha vida para ter que ser saco de pancada de garota mimada.

Ela deve estar a achar que sou idiota, que ela vai pisar em mim e eu vou aguentar tudo calada, não! Tenho muitas frustrações, sou insegura demais, mas elas não precisam saber disso, nunca fui de baixar a cabeça para ninguém e se tiver que chorar por alguma coisa que ela disser sobre mim que seja no meu quarto sozinha e não na frente dela para dar mais motivos para ela implicar comigo.

Elas pareciam não acreditar que eu estava dando todas aquelas respostas, porque quem olhasse para mim acharia que eu era mais uma nerd e isso nem é mentira, mas como disse a minha mãe "quem pisar em você devolva, mas sem violência. Ela sempre repetiu isso para mim desde que eu era criança, não é o fato de eu estar na cadeira de rodas que  vai fazer eu baixar a minha cabeça para elas.

— Você vai me pagar por isso, ninguém fala comigo desse jeito, ainda mais na frente da universidade toda! – apontou o dedo na minha cara e para o meu alívio ela saiu da minha visaot e suas "súditas" correram atrás dela me lançando um olhar de reprovação.

Já fez três inimigas, belo primeiro dia de aulas Zendaya.

Quando olhei em volta as pessoas me olhavam como se não acreditassem no que aconteceu.

Parece que essa garota não é de deixar nada barato, com certeza ainda vai me incomodar muito.

Meu celular começou a tocar, vi o número do Zion na tela, atendi e avisei que já estava saindo, assim que virei minha cadeira para sair daquele lugar rapidamente acabei esbarrando em alguém.

— Cuidado com isso! – a garota gritou pegando seu celular que tinha caído no chão. — É cega?

A garota levantou a cabeça me fazendo recuar automaticamente.

— Eu não quero confusão – falei rápido.

Era aquela Sam novamente.

— Até faria uma confusão se o meu celular tivesse quebrado, mas felizmente não quebrou – ela disse beijando a tela do celular.

— Ainda bem, tchau! – sai do seu lado sem esperar ela falar alguma coisa. Já dá para ver que essa Sam é problema por onde passa, eu é que não quero que ela me incomode todo dia então vou me manter bem longe do seu alcance.

Mas como ela trocou de roupa tão rápido, tem nem dois minutos que ela saiu e já mudou de roupa e fez outro penteado e porque estou ligando para isso? Aquela garota é maluca.

Quando cheguei no portão da universidade, Zion estava parado fora do carro olhando qualquer coisa no celular. As garotas olhavam para ele e cochichavam entre si, umas descaradas até apontavam o dedo na sua direção. Meu irmão é assim, chama atenção por onde passa, ele tem 17 anos, mas parece um cara de 20, seus cabelos castanhos são lisos, tem uma altura média, olhos verdes como o de todos os meus irmãos, e um corpo que qualquer garota amaria tocar.

Ele é um típico galã de filme de cinema adolescente.

— Oi, a gente pode ir – falei assim que cheguei perto dele, fazendo com que sua atenção se voltasse para mim. Sem que eu esperasse ele colocou o celular no bolso e me deu um abraço forte seguindo de um beijo na bochecha. Nessa hora o olhar de todos estava grudado em nós e aquilo estava me causando constrangimento.

— Que melação é essa aqui na frente da universidade? – tentei me soltar dele, mas ele não deixou.

— Estou muito orgulhoso que aguentou o dia inteiro sem sair fugindo daqui – disse me soltando. — E também essas garotas parece que querem me comer vivo, só para elas saberem que eu tenho donas me esperando – sorriu me fazendo sorrir também.

— Donas te esperando?

— Sim, a mamãe, você e a Zuri, sou um homem compromissado, obrigada – colocou a mão no peito e eu sorri mais ainda.

— Você é meu irmão.

— Sim, mas nenhuma delas sabe disso. Agora vem que te ajudo a entrar no carro princesa – abriu a porta e sem que eu pudesse esperar me tirou da cadeira me colocando em seu colo sorrindo, ainda com todos concentrados na gente. Zion me colocou sentada no banco do carro, guardou minha cadeira e de seguida entrou no carro dando partida.

Meu irmão é um garoto que a única coisa que o preocupa é estudar e depois trabalhar. O cara é lindo, mas ele nunca namorou sério na vida conheceu algumas garotas a quem tivemos o desprazer de conhecer, mas felizmente não deu em nada, digo felizmente porque meu irmão é perito é arranjar namoradas loucas, cada uma com problema diferente. Mas felizmente ele sossegou e agora o foco dele é só os estudos, prometeu para os nossos pais que a próxima namorada que arranjar será sua futura mulher.

Que assim seja.

Pelo menos assim não teremos que conviver com garotas com condutas duvidosas.

Meu irmão também havia mudado muito nesses dois anos, parece que o meu acidente fez ele ganhar mais maturidade. Ele se tornou no segundo chefe da família depois do meu pai, ele ajuda com tudo o que é necessário e felizmente ele não tem vícios de nada, só videojogos que as vezes roubam sua atenção por tempo demais.

Chegamos em casa minutos depois, já era noite, assim que entramos em casa mamãe apareceu na nossa frente.

— Como foi? Me conta tudo – parecia que ela esperou eufórica o dia inteiro para me fazer essa pergunta, e deve ter esperado mesmo.

— Calma, mãe deixa eu respirar o ar reconfortante de casa porque preciso.

— Vamos ver la casa de papel agora? – perguntou Zuri para mim.

— Agora não, sua irmã está cansada e precisa descansar o corpo – mamãe respondeu antes deu responder, agradeci mentalmente por isso.

Zion me colocou deitada no sofá e sentou no outro.

Felizmente minha irmã entendeu e não insistiu no assunto.

— Agora me conta, como foi o lá na escola? – mamãe perguntou.

— Não aconteceu nada de anormal, mãe – limitei a responder, não ia falar que briguei com uma garota por conta de um garoto que nem conheço. — Só não aguentava mais ficar rodeada de gente.

— Com o tempo você se habitua, fez amigos?

— O que menos quero é fazer amigos agora, vamos ver como essa primeira semana corre e depois vejo se vale a pena fazer amigos.

Sem perceber minha mãe estava forçando a barra comigo já que ela quer me ver bem, mas eu entendo ela e não a julgo, toda mãe quer ver o seu filho bem.

— Tá – sorriu de leve visivelmente decepcionada por eu não ter feito nenhum amigo.

— Tem muitos garotos bonitos na faculdade? – perguntou Zuri se jogando do meu lado. — Aposto que viu alguns bem bonitos.

Sua pergunta me levou imediatamente para o Michael Jordan, ele é um garoto tão lindo que até dói, mas alguém como ele nunca olharia para alguém como eu.

E porque estou pensando nisso mesmo? Nunca namorei na vida, nenhum garoto me interessou ao ponto de querer algo com ele e não penso em ter namorado.

— Apostou errado, todos os garotos da universidade são feios – respondi. — Nem sei direito, não olhei para nenhum.

— Não acredito, minhas amigas dizem que os homens mais bonitos a gente encontra na faculdade.

Até certo ponto...

— Até certo ponto é verdade, mas porque vocês ficam conversando sobre isso mesmo?

—  A gente conversa sobre muita coisa, Zen, você vai adorar a casa de papel, desde já avisar que já escolhi o meu personagem, sou a Tokyo, não adianta escolher ela.

Do que essa garota está falando? Ela acabou de baralhar minha mente.

— Mudando de assunto para não ter que dar explicação, passar muito tempo com o Dylan está fazendo você ganhar os mesmos hábitos dele – murmurei alto o suficiente para ela ouvir. — Agora me explica o que Tokyo tem a ver com o que você acabou de dizer.

— Tokyo é uma das personagens da série que eu quero que veja comigo, vai lançar a 5° temporada, mas por você posso ver da primeira mesmo – ela explicou com um entusiasmo que me deu mesmo vontade de ver.

— E do que fala essa série? Alguma princesa ou animais em apuros?

— Em que mundo você vive Zendaya Coleman? Estava perdida na era da pedra lascada? O que a casa de papel tem a ver com princesa ou animais? – Zuri olhava indignada para mim, como se eu tivesse dito uma grande barbaridade. — Oito assaltantes dentro de um banco, tiros, adrenalina, sequestro, polícia e essa coisa toda nada a ver com princesas ou contos fabulosos.

Que idade ela tem?

— E agora estou recebendo bronca da minha irmã mais nova por não conhecer uma série que deve ser proibida a menores de 14 anos, sendo que ela tem 12, estou errada?

— Quase 13 e isso não vem o caso agora, o papá está demorando com a Pizza não acha?

Zion e mamãe nos olhavam sem dizer nada.

Minha irmã realmente tinha crescido, demais até. Eu olhava para ela e me surpreendia a cada minuto com as coisas que saiam da sua boca. Talvez ela teve que fazer isso quando sofri o acidente, como uma maneira de fazer as pessoas perceberem que ela já não era tão criança a ponto de não ajudar com certas coisas.

Estou muito orgulhosa dela.

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