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Quando Jungkook se sentou no carro de Jimin, o mesmo estava o encarando, dentro do mesmo há alguns minutos, esperando que Seokjin fosse embora e o observando dali conversando com seu melhor amigo. O Jeon colocou o cinto, sentado ao lado dele e o encarou, percebendo o quão chateado ele estava e então suspirou, dizendo:

– O que foi? Ele é meu hyung, não podia... ser mal-educado.

Jimin ergueu uma sobrancelha, uma mão pousada no volante enquanto o olhava de soslaio.

– Ele não é boa pessoa, eu te disse isso. – afirmou, sem ligar o carro ou arrancar – Porque ele estava aqui? Te esperando?

Jungkook bufou, retrucando irritado:

– Porque somos amigos.

Eles eram, não eram? Estavam tentando ser. Jungkook não achava que Seokjin fosse uma má pessoa e normalmente seu julgamentos sobre as pessoas raramente estavam errado. Mesmo que estivesse daquele vez, ele não se arrependeria, porque até prova em contrário não via contras em ser amigo do Kim.

Jungkook já o podia imaginar a gritar consigo. Jimin gritaria na sua casa algo estúpido de certeza, porque aparentemente ele não queria nada que ele fosse amigo de Seokjin. Para sua surpresa, o amigo não disse nada, limitando-se a ligar o carro e arrancar com ele.

O mais novo já nem se lembrava que os amigos estavam no banco de trás até eles terem começado a comentar ,uns segundos depois, sobre algo que tinham falado na rádio.

Jungkook não sabia bem se Jimin estava ou não chateado consigo. Se estava guardando o tsunami para depois, para quando estivessem sozinhos na casa dele ou quando estivessem indo para a mesma. Naquele momento, estavam se dirigindo para a casa de Taehyung. O mesmo tinha de trabalhar a partir do meio da tarde, mas estava os esperando para que se acomodassem antes de ele ir.

– Conhecer a faculdade é uma coisa chata, mas eu quero fazer isso. – Hoseok disse, quando já estavam estacionados em frente dos apartamentos, retirando suas coisas da mala do carro do loiro – Podíamos ir hoje, enquanto Taehyung não volta.

Yoongi e Jungkook olharam para o único que estudava ali, esperando que ele concordasse. Sim, estavam ali para se divertirem com os amigos, mas todos eles tinham planos de estudar naquela universidade no ano seguinte, então ficavam entusiasmados em conhecê-la antes do suposto.

– Sim, claro. Podemos fazer isso. – Jimin disse, sorrindo com a ideia.

Desde sempre que o grupo de amigos sonhava estudar ali em conjunto. Nenhum deles queria ir estudar para muito longe de casa e aquela faculdade não era ruim, era boa e todos eles tinham chances de entrar porque se esforçavam.

Depois de deixarem Taehyung na estação do metro para que fosse trabalhar, seguiram a pé para o interior do campus. Hoseok era o tipo de pessoa que adorava tirar fotografias, ao contrário do irmão, que fugia delas a sete pés. Por isso, eles paravam muitas vezes quando encontravam algum lugar bonito, uma árvore maior, uma estátua antiga. Numa dessas vezes, Jungkook embateu o seu ombro contra o do loiro, enquanto na sua frente Yoongi fotografava o irmão.

– Está chateado? – ele brincou, o empurrando mais uma vez através do ombro.

– Claro que não. – ele sacudiu os ombros – Na sua vida, você quem escolhe os seus amigos.

– Certo. – concordou prontamente.

– Vamos primeiro ao de ciências? – Jimin sugeriu, avançando até os amigos e deixando o Jeon para trás.

Hoseok gostava de investigação, gostava do científico e por isso aquela era uma boa ideia. Jungkook veria todos os polos da universidade se eles pudessem, porque honestamente ainda estava incerto sobre o seu futuro.

O edifício parecia uma completa cena de filme, parecia que tinham entrado num portal que os levara para vinte ou trinta anos na frente. Não pareciam salas de aula, pareciam laboratórios profissionais (e se calhar eram).

– Te levo ao clube científico se prometer não surtar. – Jimin disse baixinho, apontando para um dos laboratórios que tinha cinco ou seis pessoas trabalhando, devidamente equipados com suas batas e máscaras.

Hoseok sorriu tão largo que quase pareceu verão. Acenou freneticamente com a cabeça, juntando as mãos para que parecessem a jura de uma promessa e rapidamente todos puseram pés a caminho.

Jimin entrou no lugar como se fosse da casa e os olhos atentos e curiosos de Hoseok paravam gradualmente sobre cada equipamento daqueles. Pareciam estudar robótica, mas Jungkook não entendeu muito porque achava serem coisas diferentes. Cada uma das pessoas ali parecia trabalhar num pequeno robô que tinha uma pequena função.

Jungkook não tinha o hábito de encarar muito o rosto das pessoas que não conhecia, mas seus olhos subiram pelas mãos do rapaz alto que estava no centro até encontrar o seu rosto e o reconhecer. Antes de poder interpretar, já Jimin lhe dava todas as certezas para as suas dúvidas.

– Ei, senhor presidente, pst. – ele chamou, ficando perto do namorado e beliscando a sua cintura.

Claro que ele era o presidente do clube. Claro que ele era inteligente o suficiente para isso. Claro que ele...

Jungkook desviou o olhar, fingindo interesse num dos outros robôs pousados no balcão e, como se soubesse, como se fosse possível saber, Yoongi ficou perto de si, enlaçando o braço no seu e sorrindo. O mais novo sorriu-lhe de volta, voltando a olhar os outros.

– Estes são os meus amigos. – Jimin disse sorridente, dividindo o olhar por todos – Hoseok e Yoongi. – Disse primeiro, apontando e Ravi se curvou lentamente com um sorriso no rosto. – E Jungkook.

Uma sobrancelha se ergueu no rosto milimetricamente perfeito de Ravi, enquanto se aproximava e sorria de canto, a postura se curvando para o lado enquanto fingia verificar o cabelo do menor.

– Acho que podemos finalmente nos apresentar formalmente. – ele disse, esticando a mão para o menor – O seu cabelo continua bonito.

Claro que ele se lembrava. Claro que ele tinha de se lembrar. Ele era inteligente, ele não ia esquecer um rosto com facilidade, de certeza. E claro que ele era simpático, ele era tudo o que Jimin podia querer, afinal.

– Obrigado. – respondeu de forma tímida, apertando-lhe a mão por um segundo e recolhendo-a para si logo depois.

– Você quer vir connosco? – Jimin perguntou, o segurando pela cintura mais uma vez e o olhando de lado e de sorriso rendido.

– Oh, não! – Yoongi exclamou de repente, meio engasgado – Quer dizer... Estamos fazendo algo aborrecido e... somos só um bando de... miúdos. Seu namorado deve ter algo mais interessante que fazer.

Jungkook encarou os ténis, se perguntando se era capaz daquilo. Se Ravi quisesse ir com eles, saberia aguentar? Seria capaz de os assistir sendo o que eram? Namorados?

– Estou um pouco ocupado, sim. – o de cabelos escuros confirmou – Nos vemos depois? – perguntou apenas para o loiro.

Jimin acenou e então se esticou para corresponder o selinho que o namorado lhe quis dar. Jungkook os observou, se forçou a manter os olhos abertos e assistir aquilo. Uma pedra de realidade espetada na sua frente, sem quereres infantis daquela vez, sem imagens fictícias. Podia evitar o que quisesse, mas aquilo era a verdade.

Afinal, seu plano não estava completamente arruinado. Talvez estar ali agora, talvez ver Jimin e seu namorado juntos fosse exatamente o que precisava.

Em um lapso de coragem, quando já estavam para ir embora, se virou de novo para o maior e perguntou:

– Tem a certeza de que não pode? Nós vamos parar para comer.

Ravi o estudou, com as mãos nas peças de metal e a cabeça na sua direção, mas o olhar subido para o mais novo. Esse mesmo olhar se desviou até encontrar o do namorado, como quem mandava alguma mensagem secreta que mais ninguém entendia.

– Podemos fazer isso noutro dia? Este projeto é importante... – Ravi respondeu, sorrindo para Jungkook e esperando que ele compreendesse.

O mais novo apenas acenou, aceitando a resposta e se virando para sair dali juntamente com os amigos.

Assim que passaram a porta, na frente de Hoseok e Jimin, Yoongi se virou para Jungkook em sussurros.

– Ficou doido ou quê? Não vamos sair com aquele palhaço.

Jungkook espreitou por cima do ombro, verificando a distância entre si e o melhor amigo.

– Temos de o conhecer ou não? Eventualmente ele vai se integrar entre nós.

– Vai o quê? – Yoongi retorquiu em descrença, completamente indignado – Eu não gosto dele e eles nem tem química.

Jungkook deu uma risadinha.

– Agradeço o que está fazendo, mas não precisa. – assegurou ele, entendendo o lado do amigo – Eu estou bem.

– E eu quero lá saber de você! – ele fingiu, largando Jungkook para segurar o braço do irmão, usando-o como substituto – Esse paspalho ainda precisa de lamber muitas botas para sequer pensar em se integrar aqui!

Yoongi podia mentir o que quisesse, mas, de forma não convencida, Jungkook sabia que aquilo era por si. Não podia mentir e dizer que não gostava, mas daquele modo o Jung estava impedindo um de seus mais recentes planos.

– Sobre o que estão falando? – Jimin perguntou, se aproximando dos dois.

Jungkook temeu pelo amigo que Jimin talvez tivesse ouvido, mas Yoongi não parecia nada assustado. Olhou o Park de cima a baixo e com um revirar de olhos disse:

– Pff, olha-me este!

Jimin procurou em Jungkook algum traço de compreensão, mas o moreno não tinha nada para si naquele momento para além de uma risada.

Juntos perderam um par de horas em volta dos diversos blocos das universidades, até mesmo naqueles em que ninguém tinha interesse. Embora não parecesse assustado ou preocupado com isso, Jungkook vivia com a dúvida constante sobre o que escolheria para seguir no ensino superior.

Tinha algum jeito para o desenho, mas não se via a fazer grande coisa disso. A verdade é que não se via mesmo a ser especial, a ser tão bom que pudesse dizer "não há mais nada que pudesse pensar em ser". Também tinha alguma queda para a música, arranhava as cordas da guitarra, mas nunca pensaria em ir sem nenhuma formação prévia. E, ainda no domínio artístico, Jungkook adoraria aprender mais sobre fotografia. Ele gostava de muitas coisas, para ser sincero. Se fosse a pensar muito, até para literatura quereria ir, ou então ensino.

Chegaram a casa de Taehyung já a faltar poucas horas para o jantar. O ruivo já estava em casa de banho tomado e esperando os amigos.

Jungkook não podia dizer que, ao ver os amigos todos juntos e divertidos, se sentia em casa, mas certamente se sentia bem. Embora já fizesse algum tempo, Jungkook ainda não estava habituado a ver Taehyung e Jimin tão poucas vezes, tendo em conta que, quando todos frequentavam o ensino médio eram colados uns nos outros. E, também embora não fizesse muito tempo desde a última vez, Jungkook já sentia saudades. Era uma pessoa que sentia as coisas ao máximo.

– Ayo, biscoito! – Yoongi chamou em um grito, por algum motivo em pé no sofá pequeno.

Jungkook abanou a cabeça, pensativo e sorriu, mesmo sem entender. Depois, percebeu que seu celular tocava no bolso de forma frenética, mas ele nem se lembrava de colocar o dispositivo com som. Rapidamente o tirou do bolso, olhando o nome de Seokjin e se perguntando o que podia ele querer agora. O seu olhar correu pelo dos amigos, que esperavam que ele atendesse a ligação.

Como se estivesse cometendo um crime, atendeu a ligação e se enfiou no quarto de Taehyung fechando a porta e dizendo baixinho:

– Alô?

Está sussurrando porquê? – Seokjin também falou baixo, o imitando.

– Está me ligando porquê?

O seu amor para ser ainda está pegando no seu pé?

Jungkook se afastou da porta, como se do outro lado os amigos pudessem sequer ouvir o que o outro dizia.

– O seu quê? – ele quase repetiu, inconformado.

Seokjin riu sozinho do outro lado.

Estou agora cozinhando para você. – ele contou, mudando o assunto – Vem aqui ter?

– Hoje? Hoje não posso. – disse rapidamente, certo de que não poderia deixar os amigos logo no primeiro dia em que estavam reunidos – Pode ser amanhã?

Aah, que pirralho! – ele barafustou do outro lado – Amanhã não me escapa, então. Temos de pôr a conversa em dia!

– Sim, sim. Amanhã! – exclamou com pressa – Até, então!

Seu corpo caiu de forma dramática na cama do amigo, de barriga para cima e com um grande suspiro preenchendo o quarto.

Jungkook não sabia lidar com pressão e aquilo nem era uma pressão séria. Ele simplesmente não sabia lidar com o facto de estar fazendo uma coisa errada e aquilo nem era mesmo uma coisa errada. Ele sentia como se fosse, como se remotamente pudesse ter usado os amigos para ver Seokjin e só de pensar que eles podiam pensar isso quase que lhe dava vontade de nunca mais ver Seokjin.

Bom, isso era mentira. Não sabia o que o atraía para Seokjin, porque normalmente demorava séculos para realmente sentir que tinha uma amizade com alguém. Mas com eles era diferente. Queria mesmo ir jantar com Seokjin, queria saber mais dele e do seu namorado. Queria entender o que ele fazia nas festas da faculdade que os seus amigos diziam que ele fazia.

– Jun? – a voz de Jimin veio da porta acompanhada de um par de batidas leves.

O loiro abriu a porta, encontrando o melhor amigo ainda deitado de forma preguiçosa e os braços abertos para o lado. Assim que entrou, voltou a fechar a porta e se sentou na ponta da cama.

– Era a sua mãe? – ele perguntou entre uma pequena risada – Você fugiu de casa ou assim?

Jungkook não queria mentir, mas também não sentia muita vontade de contar a verdade. Seus lábios ficaram juntos demasiado tempo, daquela forma que mostra claramente que não estão prontos para se abrir e desembuchar o que quer que seja. Jimin sorriu de canto, parecendo entender.

– Era Seokjin? – ele perguntou em um tom calmo e, na sua mente, em menos de um segundo, Jungkook imaginou um mundo em que podia dar um murro a si mesmo por ser tão transparente quando não devia ou queria – Ouça. – ele pegou a mão do mais novo ali perdida e separou os seus dedos, distraído – Eu realmente não tenho o direito de escolher ou aprovar os seus amigos, então me desculpe por hoje mais cedo. Foi realmente idiota da minha parte, não foi?

Se continuasse assim, Jungkook passaria a odiar os momentos em que Park Jimin caía em si. Tinha uma missão, que era superar o melhor amigo, mas quando ele lhe falava daquele modo compreensivo e arrependido, Jungkook realmente não conseguia controlar os desejos que surgiam. Porque se fossem namorados, num universo qualquer em que a linha temporal é a mesma, Jungkook estaria sentado e se inclinaria para o beijar enquanto lhe segurava o rosto pelo maxilar. Eles sorririam um contra o outro como se antes estivessem no auge de uma briga e tivessem sido adultos para não deixar isso acontecer.

– Porque você não convida Ravi para jantar connosco?

Aquela tinha de ser a sua saída. Jungkook sentia que podia ser. Sentia que, se se esforçasse o suficiente e aceitasse Ravi, se fosse amigo dele, se conseguisse, não lhe restaria mais nada do que lhe dever respeito. Se devesse respeito a Ravi em torno de uma amizade, não seria capaz de ter pensamentos daqueles sobre Jimin, porque não era esse tipo de pessoa. Claro que dizer aquilo assim, sem contexto, não pareceu nada bem ao loiro.

– Han... Ravi? – ele repetiu confuso.

Antes que mais questões pudessem surgir, Jungkook se apressou a justificar a sua pergunta repentina.

– Pois! – exclamou logo – Vamos estar aqui a semana toda e eu sei que... bom, não é? Você pode se sentir dividido entre estar com ele ou com seus amigos e assim... Assim não acontece nada disso.

Jimin o encarou por alguns segundos, estudando-o.

– Você está sentindo isso também?

– O quê? – ele finalmente ergueu o tronco, ficando sentado também de forma descontraída.

– Com Seokjin.

– Oh, não! Não é nada disso! – apressou-se a gesticular com as mãos sem parar, envergonhado só de pensar nisso. Seokjin não era nada comparado a um namorado e ele também não imaginava um bom resultado se o juntasse com os amigos naquele momento – É só que... Ravi pareceu muito legal! Hoseok já o deve amar e... e... E suponho que Taehyung já o conhece também, não é? Acho que nos vamos dar bem.

– Você... você quer mesmo isso? – Jimin ainda parecia reticente sobre qualquer coisa que o Jeon não entendia, mas mesmo assim ele acenou com a cabeça.

– Jimin. – ele segurou os ombros do menor com as duas mãos, o olhando e engolindo em seco sem ele ver – Ravi é seu namorado e.... Qual é o problema?

– Não tem... nenhum. – admitiu por fim, mas parecia perplexo.

– Boa. – o mais novo se levantou, caminhando para a porta – Lhe ligue ou assim. – e deixou o quarto.

A forma descontraída com que deixou o quarto já dizia muito sobre o seu plano. Ia mesmo dar certo. No futuro, poderia ver Jimin somente como um amigo, quer fosse na vida real, quer nos seus planos para o futuro ou na sua imaginação. Ficava feliz só com a hipótese.

– Ei, Jungkook! – Hoseok o chamou, pendurado no balcão da cozinha onde o irmão estava sentado e viu o amigo se aproximar deles. Taehyung cozinhava – Conte a Taehyung sobre Sun-Hee!

O moreno rapidamente negou com a cabeça, sentando numa das cadeiras que o ruivo tinha na cozinha.

– Sun-Hee é a garota da festa de Natal? – ele perguntou, dedicado ao fogão.

Jimin saiu do quarto depois de alguns instantes, juntando-se aos amigos e rapidamente ajudando Taehyung com o jantar, sabendo que nenhum dos mais novos levava jeito para aquilo.

– Somos só amigos. – Jungkook esclareceu, esperando que aquilo chegasse.

– Não, vocês tinham de estar lá para ver! – Yoongi rapidamente se entusiasmou – Não sei quem estava mais envergonhado, ele ou ela!

Jungkook achava aquilo engraçado agora. Na altura, na semana logo a seguir à do Ano Novo, quando as aulas retomaram, ele não achou graça nenhuma. Sun-Hee, durante a primeira aula, perguntou se ele estava ocupado no intervalo. Como não estava, Jungkook foi honesto e quando chegou à hora seguiu a garota para um dos bancos. Era só para lhe devolver o caderno, mas acabaram por conversar pelo resto do tempo até terem de voltar para dentro. Nos dias seguintes, por algum acaso, quando Jungkook chegava mais cedo a garota também já estava na escola. Depois de alguma hesitação, eles começaram a ficar juntos nessas horas e, com o tempo, foram falando mais até realmente ficarem amigos.

Não era nada como os amigos descreviam, na verdade.

– Acho que era ele. – explanou o mais novo dos irmãos, sem dó e sacudindo os ombros – Desde então que quero apanhar o caderno do pirralho, mas ele nunca mais levou. Isso não é suspeito?

– Não sei o que quer ver. Você nem sabe ler direito. – Jungkook tentou despistá-lo.

– São poemas ou assim? – Hoseok perguntou risonho.

– Claro que não. Jungkook odeia poesia. – Jimin rapidamente descartou a hipótese, se juntando aos amigos para tentar adivinhar.

– É só um caderno da escola.

– Ah, é? E ela estava toda vermelhinha porquê? – Yoongi desdenhou – Se calhar os seus apontamentos são mesmo uma estupidez que ela até ficou envergonhadíssima por ter pedido, a coitada.

– Vocês estão pensando errado! – Taehyung se virou de repente, uma colher de sopa na mão e um sorriso ganancioso no rosto – Ela podia estar envergonhada por estar junto de Jungkook!

– Oh! – os irmãos barafustaram em uníssono.

– Não, não! – o mais novo de todos tentou – Era mesmo do caderno!

– Cara! – guinchou o irmão mais novo – Sun-Hee tem uma paixonite pelo Jungkook!

– Meu Deus, não tem nada! – ele revirou os olhos, coçando a testa – Somos só amigos...

Jimin, da forma doce com que costumava tratar o moreno, pousou uma mão por cima dos seus cabelos e perguntou de forma pessoal:

– Então, ela se declarou?

– Claro que não, hyung! – rapidamente se levantou, sentindo-se encurralado – Porque estamos falando disso? Somos só amigos, mesmo.

Todos os amigos riram de si como ele fosse realmente um pirralhito engraçado. Ele era, mas não sabia.

– Eu posso deixar isso de lado, mas não acredito. – Taehyung disse ao mais novo, sorridente.

– O quê? Porquê?

– Porque você é tapado.

– Yah! – Yoongi rapidamente concordou – Tanto quanto sabemos ela pode te ter dito de um jeito diferente e você nem percebeu!

– Ela não disse nada disso... – Jungkook coçou a nuca, o que para os seus amigos pareceu um ato duvidoso, mas para si só trazia de volta à memoria o que ela realmente tinha dito.

– O que ela disse então?

Jungkook não queria dizer. O que ela tinha dito era pessoal e revelador, não para ela, mas para si. Ela tinha falado de todos os desenhos de Jungkook, tinha falado deles como se realmente visse arte ali e nada mais do que eles podiam significar. Jungkook gostara disso, mas não podia dizer isso aos amigos porque assim que provocasse a curiosidade deles estava condenado.

– Não foi nada disso, eu juro! – insistiu com os amigos enquanto ia para o sofá, sentando-se nele de forma aborrecida e encarando a TV desligada.

Todos eles partilharam cochichos ainda na cozinha, mas por pouco tempo e apenas para provocar o moreno, que da sala fingia não ouvir nada na esperança de que isso não desse continuidade ao momento.

Como se adivinhasse, Sun-Hee fez o celular do mais novo tocar com uma mensagem. Quando viu o nome da garota, Jungkook até ficou assustado. Nas suas paranoias imaginou que talvez lhe pudesse ter ligado sem querer, porque era uma coincidência enorme. Felizmente, nada disso acontecera e Sun-Hee só queria saber se o moreno estava disponível no dia seguinte. Pediu-lhe desculpas por não estar na cidade e depois disso não trocaram muitas mais mensagens.

Eles jantaram algum tempo depois, reunidos na sala em volta da mesa de centro pequena. Como era o primeiro dia e sabiam que ainda estariam juntos pelos seguintes, não se importaram em aproveitar muito o tempo. O que isto quer dizer é que, se tivessem apenas aquele dia, fariam questão de ficar juntos até tarde, mas como não era esse o caso, depois do jantar, Jungkook e Jimin foram para a casa deste segundo.

Ah... Jungkook se sentia bem. As coisas realmente podiam voltar ao normal, ele estava contente.

– Viu como Hoseok adorou o clube? Ele se vai dar muito bem aqui. – Jungkook comentou enquanto entravam na casa.

O caminho tinha sido curto, principalmente porque àquela hora as ruas não estavam muito movimentadas.

– Eu também achei. – respondeu o menor, sorrindo ao entrar na casa – E você, gostou de alguma coisa em especial?

O moreno piscou várias vezes, disfarçando ao pousar sua mochila no sofá da sala, caminhando até ele com pressa e abrindo a bolsa em busca de algo que não precisava.

Não sabia, honestamente. Imaginava-se ali, naquela faculdade, fazia isso desde novo. E naquele dia, ao ver os corredores, ainda sentia o mesmo. Só não sabia o que realmente faria nela.

– Ei. – Jimin o chamou, a uns metros de si, as mãos enfiadas nos bolsos da frente das calças e um sorriso singelo – Está tudo bem se ainda nada chamou a sua atenção.

Jungkook apenas lhe deu um aceno. Sempre que tentava pensar nisso, ou tomar uma decisão, parecia um peso que ele não conseguia suportar.

– Quer ficar aqui um pouco ou... – Jimin deixou a pergunta no ar, olhando o sofá grande da sala e depois o quarto. Para ele não importava muito onde ficavam.

– Oh, sim, podemos ver algo aqui... – Jungkook divagou, sentando-se no sofá e puxando o celular do bolso enquanto viu o melhor amigo ir até o próprio quarto.

Aquele era um bom plano. Vestiriam roupas mais confortáveis e ficariam no sofá bem aconchegados ao som de um filme qualquer. Jungkook nem sabia, até ali, que aquele tema o podia desanimar assim tanto.

Seus devaneios foram por terra abaixo quando seu olhar foi até Jimin, na porta do seu quarto, de onde ele vinha segurando uma muda de roupas para si e, em ele mesmo, baixava uma t-shirt pelo tronco até a bainha bater nas calças de moletom que tinha vestido.

– Hyung. – sua boca acabou deixando escapar no segundo em que o seu olhar captou algo de que realmente não estava à espera.

Jimin parou de andar no mesmo momento, enquanto ainda ajeitava a t-shirt nos ombros e fitou o mais novo.

– O que foi?

Jungkook julgava que ultimamente tudo dentro de si estava sob controle. Até ali, podia jurar que nunca mais Jimin o veria a ter um ataque de pânico ou ansiedade, Jimin ou quem quer que fosse. Podia jurar, como uma coisa tão certa quanto o ar, que Jimin nunca mais o encontraria em devaneios que eram sobre ele, mas ele não sabia. Seria capaz de guardar isso para si e misturar-se no ambiente de forma que ninguém entendesse.

Tinha mentido a si mesmo por tanto tempo.

No entanto, como o bom mentiroso que era não desistiu. Tinha de manter o controle e por isso, entre pensamentos que queria mandar embora, perguntou:

– Quando... Quando fez isso? – o seu dedo indicador passeou em frente do próprio peito à medida que a sua respiração subia de ritmo e ele a tentava controlar.

– O quê? – Jimin rapidamente que o que quer que fosse estava por baixo da t-shirt e por isso levantou-a, olhando o próprio corpo e sorrindo ao perceber – Isso? – ele provocou, apontando o próprio mamilo furado e baixando a t-shirt depois – Há algum tempo. Eu não te disse?

Se Jungkook soubesse antes talvez ele pudesse ter se preparado. Talvez ele pudesse ter preparado a própria mente para o que ela mesma estava construindo naquele exato momento.

Não sabia que gostava daquilo, por nunca procurar muito. Não sabia sequer o que podia causar em si. Não sabia se era por ser em Jimin ou por ter sido apanhado desprevenido. Fosse o que fosse, estava o levando para um momento da sua vida em que podia ter feito algo sobre aquilo, em que podia descobrir sobre em circunstâncias completamente diferentes. Em que podia...

– Não, mas é legal.

Estava realmente tentando. Não podia pensar em Jimin daquela forma. Não podia ser atraído para o abismo graças a uma coisa tão pequena. Não podia ter aqueles pensamentos sobre o melhor amigo, porque beijá-lo em sua imaginação era uma coisa completamente diferente do que ele estava imaginando agora.

Jimin estava o olhando de forma confusa, como quem testa terreno, ainda a uns passos do sofá, quieto.

– Ravi gosta? – Jungkook perguntou, na tentativa de que pensar no namorado do outro o levasse por um caminho diferente daquele de que, aparentemente, não se conseguia livrar.

– O quê? – Jimin perguntou com uma gargalhada constrangida, como se tivesse ouvido mal.

Jungkook arranhou a garganta, desviando o olhar dele e fingindo que aquilo era uma questão normal.

– Quer dizer... Fez porque Ravi gosta?

– Claro que não. – ele então andou em frente, sentando-se do lado do melhor amigo e deixando as roupas entre eles – Fiz porque eu gosto.

– Hum. – foi o som que saiu da sua boca, apanhando as roupas para o colo e se levantando – Acho que vou... – coçou a nuca – Me trocar no banheiro.

Seu passo se apressou até lá, mas seu corpo acabou dando um solavanco para a frente quando foi atingindo por um dos travesseiros do sofá, atirado pelo loiro, enquanto gritava:

– Ei! Não seja estranho!

Jungkook gargalhou, entrando no banheiro e respirou fundo. Na sua cabeça se iniciava uma compilação antiga de Jimin fazendo coisas nojentas quando eram crianças. Isso fez com que, momentaneamente, enquanto despia as roupas do dia e vestia as que o loiro lhe dera, não pensasse em nada.

É dispensável dizer que Jungkook teve de esfregar a cara com água gelada para acordar daquele transe e só depois pôde voltar.

Felizmente era uma pessoa bastante concentrada nas coisas que fazia. Por exemplo, quando tirava fotografias parava de ouvir tudo à sua volta, quando fazia um desenho mal ouvia a mãe a chamar por si ou o barulho típico da sua irmã. Assim, mal começaram a ver o filme Jungkook já estava livre de qualquer pensamento sobre o melhor amigo.

De forma preguiçosa, quando deram por si a adormecer contra o sofá de formas estranhas, não se dignaram a ir para o quarto. Claro que isso fez com que, pela manhã, acordassem com dores nas costas e nas ancas por dormirem tão apertados ali.

Mas eles simplesmente acordaram, não.

Primeiro seus ouvidos foram bombardeados com os toques insistentes da campainha e, ao mesmo tempo, as batidas pesadas na porta. Depois a sala se encheu com seus próprios resmungos, os de Jimin que julgava que o barulho vinha do telefone do Jeon, e os deste último que implorava ao mais velho para apagar a televisão enquanto se virava para o outro lado no sofá. Um minuto depois se deram conta de que eram apenas os seus amigos do lado de fora.

Aos tombos, Jimin se levantou como se ainda fossem cinco da manhã e caminhou até a porta, descalço e despenteado, a abrindo e voltando para debaixo dos cobertores do sofá.

– São... que horas? – Jungkook perguntou, deitado de costas para os amigos.

– São quase oito horas, mas isso não interessa!

O que acontecia é que enquanto os dois melhores amigos viam filmes descansados e em seus pijamas, os outros três amigos planeavam uma espécie de viagem até a cidade vizinha onde nenhum deles tinha ido ainda, esperando que Jimin e Jungkook simplesmente concordassem com a ideia.

A verdade é que não lhes restou outra coisa.

Embora o carro de Jimin fosse grande e espaçoso, ainda parecia que iam demasiadas pessoas ali, fosse pelo barulho ou por os três garotos no banco de trás sempre reclamarem do quão apertado era. Era apenas a um par de horas de distância e, felizmente, o loiro mais velho já lá tinha ido.

Era uma cidade com algumas atrações e, aparentemente, havia naquela semana inteira uma festa académica da faculdade de lá. Quando soube disso, Jungkook se apressou a perguntar ao melhor amigo:

– Vamos voltar cedo? – ele recebeu um aceno, mas isso não bastava para si – A tempo do jantar?

Jimin, astuto, sorriu de canto e perguntou:

– Vai jantar com Seokjin? – recebeu um aceno também – Então se calhar vamos chegar um pouco atrasados... – provocou de forma brincalhona.

Claro que se Jungkook soubesse o que iria provocar o jantar com Seokjin então talvez tivesse desejado mesmo que se tivesse atrasado.

No entanto, não houve atraso nenhum. Todos juntos acabaram se divertindo aos montes e como a cidade era perto o suficiente, voltariam no dia seguinte para aproveitar a noite também, onde aparentemente havia concertos e mais animação. No regresso, queixavam-se todos de dores nos pés, porque tinham andado pela cidade sem o carro, pois era difícil encontrar onde estacionar.

Quando chegaram, já Seokjin estava esperando o mais novo dos amigos na frente da casa de Taehyung, encostado contra o próprio jipe a aproveitar os últimos raios de sol. Cada vez estava escurecendo mais tarde e Jungkook gostava disso.

– Vai lá... Vai cometer seu ato de traição! – Yoongi exagerou, gesticulando para que o moreno fosse embora.

Jungkook gargalhou, acenando para os amigos de forma rápida e depois se virando para Jimin, dizendo:

– Te vejo em casa depois.

– Sim, claro. – Jimin acenou com a cabeça e assistiu o amigo ir.

Aquela situação se assemelhava às primeiras semanas depois do divórcio dos pais. O pai vinha todas as semanas buscar os filhos e Yang e Jungkook despediam-se da mãe às pressas para correr para os braços do pai.

Seokjin o abraçou pelos ombros de forma rápida, depois brincando com a chave do carro na mão enquanto se dirigia para o lugar do condutor. Jungkook entrou sem olhar mais para os amigos. Ainda não sabia o que havia em Seokjin, mas era bom e ele gostava.

– Seu namoradinho não ficou contente? – Seokjin perguntou – Porque era isso que eu queria.

– Já te disse que...

– Que ele tem namorado. Sim, sim! Já sei. – Seokjin brincou, abanando com as mãos enquanto ligava o carro e fazia o caminho curto até sua casa – Namjoon fez o seu preferido, fiquei com inveja.

– O meu preferido? – Jungkook repetiu atordoado – Como é que ele sabe...

– Porque eu lhe disse. – uma piscadela brincalhona – Ouvi sua mãe numa ligação.

– Ouvir a conversa alheia não é tipo crime?

– Que brincalhões que estamos. – Seokjin comentou, deixando o carro estacionado na berma da estrada. O caminho era realmente curto, nem havia necessidade para ir de carro – Gosto assim. – e sacudiu os cabelos do menor antes de os dois saírem do carro.

Ao entrar na casa do mais velho, Jungkook sentiu rapidamente o cheirinho a comida caseira. Se o namorado de Seokjin fosse um desastre, pelo menos ele sabia fazer algo que cheirava bastante bem.

– Entre, entre. – Seokjin o apressou para a cozinha, onde a mesa já estava posta e a panela com comida acabada de pousar na mesma.

– Oh, eu estou atrasado? – Jungkook perguntou de forma culpada, se sentando na cadeira que Seokjin puxou para si.

– Não está. – Namjoon se virou, levantando a mão como um cumprimento – Eu só sou muito pontual.

– Ele teve sorte. – O namorado disse, se sentando em frente de Jungkook.

Os pratos eram cor-de-rosa pastel e, de alguma forma, isso realmente combinava com Seokjin e Namjoon.

Assim que Namjoon se sentou para que todos começassem a comer, o som da campainha assustou a todos. Jungkook deu um saltinho na cadeira, mas Seokjin quase que caía da dele abaixo.

– Está esperando alguém? – Namjoon o perguntou.

– Claro que não. – ele se levantou de forma rápida, caminhando até a porta.

Namjoon pegou o prato na frente do mais novo, enchendo-o com demasiada comida e sorrindo ao o entregar e dizer:

– Espero que goste.

– Cheira muito bem. – Jungkook sorriu, sentindo-se acolhido ali – É o meu preferido.

– Eu sei. – Namjoon ia gargalhar, mas a sua fala foi cortada pela voz de Seokjin, vinda ainda da porta.

– Cara, estou jantando. – ele disse como se não fosse a primeira vez – Nem tenho nada comigo hoje.

A sobrancelha de Namjoon se ergueu em surpresa, mais atento agora.

Uma voz desconhecida então disse:

– Seok, eu estou te pagando. Porque está agindo como se estivesse me fazendo um favor?

Jungkook quase que podia reconhecer aquela voz.

– Olhe para você. – Seokjin novamente – Eu estou mesmo te fazendo um favor. Vai embora. Beba uma cerveja, você não precisa disso.

– Seok, você está me irritando honestamente. – a voz soou menos simpática – Eu sei que tem aqui algures. – mais próxima, definitivamente. Estava na casa, já não vinha de fora.

– Fique. – Namjoon disse a Jungkook assim que se levantou e saiu da cozinha.

Mas Jungkook não ficou. Foi logo atrás de Namjoon até a sala, onde Seokjin e outra pessoa estavam.

– Nam... – Ravi disse ao ver o moreno, mas assim que o seu olhar pousou em Jungkook, seus olhos podiam ter virado fogo – Você! – seu corpo foi em frente de lanço, indo contra o de Namjoon quando o mesmo ficou na sua frente.

– Você está bêbado, Ravi. – ele disse sério, o segurando pelos dois braços – Vai embora, agora.

– Esse pirralho... Você sabe o que esse pirralho fez? – ele rangeu entre dentes, sem desviar o olhar de Jungkook, mas Jungkook estava focado em Seokjin, que estava do lado de fora da casa, mexendo no telemóvel e o levando ao ouvido depois – Você está contente agora?

– O quê? – Jungkook estreitou o olhar e isso pareceu irritar Ravi ainda mais.

Ravi se soltou de Namjoon rapidamente, o contornando. Mesmo antes de levar um soco no maxilar, Jungkook notou com a proximidade que os olhos de Ravi estavam demasiados vermelhos e até mesmo, naquela fração de segundo, sentiu o cheiro a álcool perturbando as suas narinas.

– Ele acabou comigo por sua causa!

– Ei! – Namjoon se mexeu rapidamente, enquanto o corpo do mais novo cambaleava para trás, mesmo antes de Ravi erguer o punho novamente – Saia daqui agora. – Namjoon ainda mantinha a calma, mas Seokjin estava entrando em casa atarantado.

Namjoon estava entre si e Ravi, mas o segundo era tão alto que Jungkook ainda o via por cima do ombro do mais velho.

– Pirralho de merda. Conseguiu o que queria, não foi?

– Do que você está falando? – Jungkook engoliu em seco, a mão finalmente palpando o maxilar dorido.

– Que porra, seu fingido! – mais uma vez, Ravi foi em frente, cego pela raiva, mas daquela vez, já preparado, Jungkook o segurou pelos antebraços quando o mais velho os levantou.

– Do que você está falando? – ele repetiu, daquela vez mais alto, como se a falta de resposta viesse do facto de não ter sido ouvido antes.

– De Jimin! – ele se soltou, mas não voltou a tentar socar o mais novo, como se eles pudessem realmente ter uma conversa – Que porra, você sabe bem do que eu estou falando! Todo esse tempo, mesmo longe você estava entre nós! E agora!

– Não... não fiz nada. – Jungkook declarou, pensando sobre aquilo – Somos só amigos, eu juro.

– Mentiroso. – daquela vez pareceu um lamento, enquanto se virava e deixava o corpo mole cair contra o sofá. Seokjin e Jungkook se olharam de forma arregalada, sem saber o que fazer quando Ravi se curvou sobre o próprio corpo, parecendo exausto – Você sabe de tudo. – ele quase choramingou.

Jungkook só deu pela falta de Namjoon quando o mesmo voltou, aparecendo ao seu lado vindo da cozinha com um saquinho de gelo, o estendendo ao mais novo e apontando para o maxilar sem dizer nada. Bom, Ravi era mais forte do que ele pensava, mas Jungkook demorava a assimilar dores físicas.

Com pena, Jungkook pousou uma mão sobre o ombro do maior de todos, ainda distante.

– Eu e Jimin somos só amigos, não sei onde... – ele engoliu em seco, temendo um possível segundo soco – Não sei de onde tirou essa ideia.

– Da boca dele. – Ravi desviou o corpo para se afastar do toque do moreno – Não finja que ele não te disse. Eu não sou burro.

– Me disse o quê? – sua curiosidade não se conteve.

Ravi o olhou, realmente havia lágrimas em seus olhos, mas não caíam. Jungkook o olhou também, esperando com paciência. No entanto, mesmo antes de ele separar os lábios para responder, algo os parou.

– Ravi. – a voz veio calma, da porta escancarada, onde estava Jimin, olhando a cena com as mãos nos bolsos da frente da calça.

O olhar do mais alto se desviou para lá, encarando o namorado e finalmente deixando as lágrimas descer.

Ao olhar aquilo, Jungkook sentia-se de volta ao colégio. Quando ele e Jimin eram mais novos, Jungkook cresceu mais rápido. Todos achavam, quando o viam colado a Jimin, que ele era o mais velho entre os dois. Por isso, quando Jimin arranjava brigas e desavenças, encontravam Jungkook no recreio, como o guardião e protetor do menor. Agora nunca diriam isso, porque embora Jimin ainda fosse ligeiramente menor, ele tinha atitude, ele vestia-se como gente grande e Jungkook ia perdendo, mesmo em frente a isso, a sua pose de guerreiro.


]n/a[

Bom... eu quero dizer que eu sei que essa história parece enrolada... mas bom... escrever mais narração está me ajudando, porque estou escrevendo esses capítulos enormes de uma vez e isso me anima, conseguir escrever tanto de forma seguida – algo que eu não conseguia fazia algum tempo. Isso está me incentivando a voltar a escrever as histórias em que aparentemente estou com um bloqueio.

Outra coisa é que eu realmente quero construir um personagem inteiro, um Jungkook inteiro, com história por trás e história pela frente e todo ele é uma tentativa de descrever alguém real. Mesmo que as suas paranoias às vezes sejam idiotas, eu sei que elas são facilmente criadas quando estamos apaixonados na vida real, então estou tentando isso também.

De qualquer forma, escrever essa história está me deixando feliz, mas peço desculpa se ela é massuda e lenta e pouco interessante.

Já agora, sem querer soar marotinha, o próximo cap gira mais em torno do Jimin e, em específico, do dia anterior à chegada de Jungkook.

NOUTRAS BANDAS muito menos tristes, o que Jungkook deveria estudar na faculdade? Eu ainda não decidi, mas se alguém tiver um motivo muito forteeeeeee...

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