d e z

Jungkook sabia que queria mais da vida.

Segundo ele, a vida já lhe tinha dado muito. Quando se comparava a outros, até se sentia ingrato por querer mais. Tinha uma boa família, tinha bons amigos, uma boa qualidade de vida... então, porquê que, de forma ingrata, queria mais?

Podia listar momentos em que se sentira realmente feliz, mas era ao listá-los que se dava conta de que queria uma felicidade maior. Um dia, queria sentir tanto êxtase que não se daria conta, não poderia dar. Queria mesmo um momento de felicidade extrema que o consumisse.

Jungkook não sabia bem qual era a sensação, mas achava estar perto de, pelo menos, experienciá-la em seus sonhos. Como naquela tarde, em que estava deitado de forma preguiçosa na cama, ainda vestido, os all-stars velhos e gastos pendendo na ponta da cama.

Em seus sonhos, podia ouvir a sua irmã dizer baixinho:

– Ele está dormindo... babando...

Se perguntou porque sua irmã estava invadindo o seu sonho daquele jeito, porque até ali ele estava apenas encarando uma paisagem bonita do lado de Yoongi.

– Jimin-ssi, eu não te vejo faz muito tempooo...

Foi então que Jungkook percebeu que sua irmã não estava em seu sonho, mas sim era ele que estava de volta à realidade. Claro que não era um sonho, era um vazio escuro sem paisagens bonitas ou o seu melhor amigo.

De forma apressada abriu os olhos e se mexeu rápido, apanhando o próprio celular da mão da irmã, que estava agachada ao lado da sua cama. A mais nova saltou ao assustar-se, caindo sentada contra o tapete.

– Hyung? – ele perguntou ao telefone, nervoso.

Nesse segundo, nem se deu conta de que estava falando com Jimin. Nos últimos dias, desde que regressara do campus dos amigos, que não tinha falado com ele.

Olá. – Jimin disse de forma divertida.

Jungkook gesticulou com a mão para que Yang fosse embora, mas a mesma, birrenta, se levantou com um beiço nos lábios e bateu o pé.

– Eu estava conversando com ele!

Jungkook ouviu o mais velho rir do outro lado, mas para a irmã apenas revirou os olhos, voltando a gesticular para ela. Quando a mesma revirou os olhos e foi embora, Jungkook se virou de barriga para cima na cama e finalmente respondeu:

– Oi.

Você quer me explicar porque tem me evitado esses dias?

Jungkook achava que tinha sido subtil. Não atender as chamadas de Jimin de noite era subtil, porque ele podia estar simplesmente dormindo. Não responder as mensagens podia ser um descuido, um esquecimento casual. Mas não fora nenhuma dessas coisas.

Jungkook não soube dizer nada por algum tempo e por isso Jimin suspirou, perguntando em seguida:

– Eu deixei as coisas estranhas?

Jungkook queria dizer que não. Jungkook queria que as palavras do melhor amigo não tivessem caído em si daquela forma que o deixavam a pensar sempre o mesmo: estava interpretando aquilo de uma forma diferente porque tinha sentimentos por ele ou as coisas realmente eram assim?

– Claro que não, hyung. – ele respondeu rápido, desconfiando que passara demasiado tempo perdido em devaneios.

Jungkook... – o mais velho soltou uma gargalhada – Você é tão mau mentindo, caramba.

– As suas palavras e declarações sempre deixam espaço para mais interpretações e eu não consigo! Fico sempre pensando no que você quis dizer, hyung, e nunca tenho a certeza! É horrível, porque você faz isso comigo? Se não te respondi ou atendi suas ligações é porque estava pensando! Pensando e tentando entender o que você disse! A culpa é realmente sua! Você plantou isso e agora não quer colher?! – um longo suspiro se deu depois de relatar aquilo tudo sem parar, mas, foi ao parar que se deu conta do que acabara de dizer, então rapidamente estatuou a olhar o teto e a recordar as próprias palavras, pensando numa forma de as desculpar.

Do outro lado, Jimin estava parvo. Jungkook tinha falado tão rápido, mas ele tinha entendido tudo. No entanto, se questionou se fazia mesmo aquilo e se o despejar de palavras do melhor amigo era uma consequência do quanto ele tinha realmente parado para pensar nas suas.

Jun... eu só vejo uma interpretação para que eu disse... me desculpe se eu fiz isso.

– Não, hyung, você não precisa de pedir desculpa...

Não precisava mesmo. Porque a culpa era de Jungkook, que não sabia separar as suas intenções e depois ficava perdido entre as divagações que ele próprio criava.

Quer me dizer o que pensou?

Jungkook pensara em muitas coisas, mas nenhuma delas, a seu ver, parecia condizer com a realidade. Então preferiu não dizer nada.

– Não, hyung... – murmurou – Preferia que me dissesse logo...

É um pouco difícil... queria te dizer de outro jeito.

Os dedos de Jungkook começaram a ficar trémulos só de pensar em ouvir fosse o que fosse na frente de Jimin. Se soubesse ali, podia ter a reação que quisesse, mas em frente de Jimin...

– Que jeito?

Do jeito que, quando você me olhar, não vai restar lugar para outras interpretações.

– Hyung... – Jungkook choramingou, sem saber o que dizer.

Não faça esses sons fofinhos... – resmungou ele falsamente, sorrindo em segredo – Ah, porque eu estou com tanta saudade sua se ainda há uns dias esteve aqui?

– Preciso de ir, hyung.

O quê? Não, estamos conversando!

– Até depois! – Jungkook empurrou o telemóvel contra os lençóis depois de ter a certeza que tinha desligado.

Seu corpo subiu para sentar e, na frente, de longe, via a sua imagem no espelho do armário. Esfregou o rosto com a palma das mãos e finalmente se perguntou:

O que Jimin estava fazendo?

– Querido... o seu pai... credo! – a sua mãe estava na porta do quarto, seus dedos não chegaram a alcançar a madeira da porta para bater.

Assustada com o vermelhão preenchendo o rosto do filho, Moon-Hee se aproximou rapidamente, passando a notar as mãos trémulas do mesmo e segurando-as entre as suas.

– O que foi? O que aconteceu?

Jungkook piscou algumas vezes, segurando as mãos da mulher e baixando o rosto depois.

Que idiota, deixando a sua mãe preocupada com uma bobeira.

– Eu tive um sonho. – ele mentiu.

– Um sonho? Com quê?

Jungkook não era capaz de mentir duas vezes. Já estava a pensar em uma forma de retirar a primeira mentira, quanto mais conseguir produzir a segunda.

– Com Jimin.

A mulher não pareceu ver graça naquilo. A sua mão encostou-se na bochecha vermelha dele, sorrindo terna antes de dizer:

– Está tudo bem, querido.

– O que se passa? – Yang apareceu na porta também, rapidamente subindo para a cama e segurando as bochechas do irmão – Está fingindo estar doente para não ir com o pai? Eu não quero ir sozinha.

A sua mãe ainda sorria para si, guardando o seu segredo mentiroso.

– Ele já chegou? – mudou de assunto, levantando-se da cama e aproximando-se do espelho, vendo o próprio rosto.

Estava realmente vermelho, mas não queria ter assustado a mãe.

– Sim, está lá em baixo. – a mãe confirmou, se levantando também e segurando a mochila que, contra a vontade, o filho tinha feito.

– Temos mesmo de dormir lá? – Jungkook perguntou e não, não era a primeira vez – Não podemos só... jantar?

– Yang... é melhor ir avisar seu pai que Jungkook já está quase pronto, ok? – disse a mulher à filha que, entusiasmada, saltou da cama e saiu do quarto em passos apressados. Depois, Moon-Hee aproximou-se do filho, sorrindo terna e afegando o braço dele – É só uma noite...

– E a escola? – ele insistiu – Isso não faz sentindo nenhum... – resmungou então, dando-se por derrotado ao segurar na própria mochila e levá-la para o ombro.

– Jungkook... já te expliquei que lá porque seu pai foi quem deixou a casa, não quer dizer que seja ele o ruim da história. Você tem de parar de pintá-lo assim. 

Jungkook olhou a mãe com um pouco de raiva. Não ficava chateado com o que ela dizia, porque era literalmente o trabalho dela como mãe e ela não queria tomar partidos ou influenciar o filho, mas Jungkook julgava que quando ela lhe falava assim o tomava por sonso. Jungkook tinha ligado os pontos todos, mas ela achava que não só porque ele nunca tinha dito nada.

Um pouco aborrecido, disse sem pensar:

– Ele nem sequer pensou em lutar pela nossa guarda, mas agora está brincando às casinhas e bonecas.

A sua mãe separou os lábios, um pouco perplexa por Jungkook, o seu filho que nunca tinha coragem de dizer alguma coisa que magoasse alguém, lhe estar dizendo aquilo a si. Não que aquilo a magoasse, porque sabia perfeitamente que o ex-marido tinha outra mulher, mas ainda assim era algo que não esperava e novo para si.

– Não me interprete mal... – ele retomou com o tom menos agressivo e olhando os ténis que tinha nos pés – Eu nunca quereria que ele me tirasse a mim ou Yang de você... mas ele nem pensou.

– Jungkook, ele não pensou nisso porque ele estava pensando em mim.

– Não, não estava, e você sabe perfeitamente no que ele estava pensando. – concluiu ele. Depois de parar por um segundo, aproximou-se da mãe e beijou a sua testa enquanto a abraçava em despedida – Nos vemos amanhã.

Jungkook saiu do quarto de forma lenta, sem querer parecer que estava fugindo da mãe, mas num ápice estava no piso debaixo, onde Yang esperava de forma impaciente pelo irmão, logo do lado do pai.

– Olá, filho.

– Olá. – Jungkook respondeu enquanto ajeitava a mochila nas costas – Vamos?

– Claro... – o pai dele se virou para o exterior da casa, segurando a mão da mais nova e a mochilinha da mesma – Choon-Hee também foi buscar Eun-woo, vamos ter uma noite de filmes.

– Quem é Eun-woo?

– O nosso irmão, Kook! – exclamou Yang, entrando no carro do pai com um salto.

A expressão de Jungkook era impagável: os olhos semicerrados em descrença, as sobrancelhas quase unidas e corpo parado, incapaz de reagir.

Choon-Hoo está grávida?

Sim, Jungkook, porque uma mulher pode simplesmente ir "buscar" uma gravidez ao super-mercado. Era tão idiota. 

O homem deu um suspiro enquanto se assegurava que o cinto de segurança da mais nova estava bem colocado. Quando fechou a porta da mesma, olhou o filho e disse:

– É Choon-Hee.

– Pois, foi o que eu disse. – Jungkook respondeu como se fosse verdade.

O pai negou com a cabeça, paciente, antes de finalmente responder:

– Eun-woo tem a sua idade.

Que bom, Jungkook pensou de forma irónica.

Ao entrar no carro e assim que o pai o ligou, Jungkook não pode deixar de notar que, embora tivesse tantas memórias em família ali, o carro já nem parecia o mesmo. No rádio não tocava o mix que os pais tinham feito na adolescência, quando se conheceram. Nas portas não havia brinquedos da sua irmã ou mesmo um único biberão. Nada de autocolantes que ele mesmo tinha espalhado por ali quando era mais novo. O carro até parecia demasiado limpo para sequer se assemelhar ao que Jungkook costumava conhecer.

Eles foram em quase completo silêncio até a casa do pai. Jungkook não entendia onde era suposto dormirem, porque se Choon-Hee e o filho dela também dormissem lá, então não teriam espaço. A casa só tinha dois quartos, o do pai e um de hóspedes em que Yang dormia quando lá ia. Jungkook poderia dormir com a irmã, claro. Pensar nisso, no entanto, só o fazia retomar o ponto que tivera com a sua mãe. O seu pai nunca tinha mesmo pensado nos filhos durante o divórcio, porque afinal mudara-se para uma casa que nem espaço para eles tinha.

Jungkook ainda teve pelo menos meia hora de paz.

Na casa do pai, deixou as suas coisas e da irmã no quarto de hóspedes, onde o pai o mandou e depois ficou quieto na sala, a mexer no telemóvel enquanto a irmã perseguia o pai pela cozinha.

No entanto, assim que a meia hora passou, Jungkook julgou a forma como Choon-Hee entrou pela casa do pai com uma chave própria. Via tudo do sofá, de longe, sem ser notado. A mulher entrou com um longo sorriso que se desfez numa expressão aliviada assim que se livrou do salto alto. Atrás dela, veio o filho. Era mais alto que a mãe, mesmo quando ela ainda tinha o salto alto, então também devia de ser mais alto do que Jungkook. Ele também parecia mais velho, em roupas casuais, mas nem tanto.

Jungkook não queria admitir, mas se aquele fosse Eun-woo ele era mesmo muito bonito.

– Yang? Joon? – ela chamou de forma divertida, entrando pela casa.

A sorte de Jungkook acabou naquele momento, quando o garoto alto e bonito foi para a sala ao invés de seguir a mãe para a cozinha.

– Oh, olá! – ele pareceu surpreso ao encontrar alguém ali. Jungkook apenas o olhou como resposta, sem dizer nada enquanto o outro se sentava no mesmo sofá que o seu – Jungkook, não é?

– Não. Junghyun.

Caramba, porque ele disse aquilo? Quem é Junghyun, sequer?

Jungkook abanou com a cabeça, sem saber como poderia ser tão idiota. Não queria ser chato, mas estava tendo a atitude de um chato. Foi uma surpresa quando, ao invés de ficar ofendido, Eun-woo apenas riu de forma engraçada. No meio da risada, arregalou o olhar para a t-shirt de Jungkook e exclamou logo de seguida:

– Os The Box? Você gosta deles?!

– Sim, sim eu gosto! – Jungkook pareceu entusiasmado de repente, mas no fundo da sua mente vinha a memória dele, do lado do Jimin, escutando aquela mesma banda.

– Ah, cara... – Eun-woo caiu para trás no sofá, suspirando – Eles são tão bons...

– Pois são.

– Queria vê-los ao vivo.

– São demais. – Jungkook continuou, perdido nas memórias dos concertos que já tinha ido deles.

– Eun-woo. – o moreno então apresentou-se, esticando a mão para o Jeon e esperando.

Jungkook o olhou de cima abaixo e, com relutância, apertou a mão do mesmo e disse:

– Jungkook.

Felizmente para si, a conversa não durou muito tempo. Rapidamente Choon-Hee regressou à sala com Yang no seu encalço, dizendo aos três mais novos que entrassem em acordo no tipo de filme que queriam ver. Jungkook deu o seu voto para Yang, porque honestamente nem queria ver nada.

Durante o jantar, estava tão aborrecido que preferiu prestar atenção às notícias do que ouvir os mais velhos bajularem os filhos como se eles não tivessem ali. Em letras demasiado grandes, Jungkook leu na tela do televisor: Avião despenha-se em alto mar. Depois, semicerrando os olhos para ler as letras mais pequenas, percebeu que era uma coisa recente e que as vítimas ainda não estavam contadas. Ler isso fez com que o seu pai percebesse a sua desatenção na conversa, logo arranhando a garganta para que a obtivesse de novo.

– Uma tragédia, não é? – perguntou o pai, tentando criar um assunto com o filho mais velho.

Jungkook sacudiu os ombros de forma fria, voltando a olhar para o prato.

– A comida está boa? – ele insistiu.

– Está. – Jungkook respondeu, enchendo a boca como uma desculpa para não ter de falar mais.

– Foi Choon-Hee quem cozinhou.

– Yang me ajudou, não foi? – a mulher virou-se para a mais nova, bagunçando os seus cabelos.

Jungkook voltou a olhar para a televisão. Não sabia o que era, nem desgostava de Choon-Hee, mas sabia perfeitamente que aquela era uma ilusão que o seu pai criara. As coisas não eram como ele as pintava, Jungkook não era um bom filho, não estava feliz naquela mesa, naquela casa e definitivamente, para si, aquilo nunca seria uma situação confortável ou normal para si.

Depois do jantar, os cinco se acomodaram nos sofás da sala. De forma astuta, Jungkook escolheu a poltrona para que não tivesse de partilhar com ninguém e poucos minutos depois do filme começar já tinha fechado os olhos para fingir que tinha adormecido e ninguém esperar nada dele. Ouvia Yang rir às vezes, tentando conter o barulho e até ficava feliz por ela se sentir feliz ali. O seu plano foi por água abaixo quando o celular vibrou e, curioso demais, Jungkook abriu os olhos para ver o que era.

Nos vemos semana que vem? |

Jungkook piscou várias vezes e iniciou uma conversa com Jimin. Não sabia porquê que o loiro vinha a casa, mas ficava feliz por isso. Ao mesmo tempo, ansioso e com receio de que ele ainda tivesse em mente conversar com Jungkook como tinha mencionado mais cedo.

Conversar com Jimin fez com que o tempo passasse e embora tivessem ficado até tarde a ver filmes animados, para Jungkook não custou tanto. Na hora de dormir, Eun-woo autoproclamou o sofá, deixando o quarto vago para os irmãos.

E na manhã seguinte já tudo tinha acabado. A noite anterior parecia uma miragem quando o pai parou o carro em frente da escola do filho mais velho. Preparou-se para sair, mas o homem tocou o braço do mais velho e roubou a sua atenção.

– Eu sei que está tentando... – começou ele – Te vi ontem conversando com Eun-woo, então obrigado.

– Agradeça Yang. – o moreno respondeu – Só fui por causa dela.

– Jungkook. – o pai disse mais sério – Você não me dá a oportunidade de te compensar. Sempre que passo para buscar a sua irmã, você dá um jeito de não estar em casa. Sempre que te ligo, me responde com uma mensagem. Sempre que tento...

– Tente mais. – ríspido, acabou dizendo – Porque planear jantares idiotas não é suficiente.

– O que eu posso fazer então?

– Nada. – foi direto, abrindo a porta para sair – A menos que saiba como voltar atrás no tempo.

Jungkook saiu em passos rápidos, entrando na escola e suspirando. Os olhos iam nos pés e por isso não se deu conta de quanto chocou com alguém. Felizmente para si, esse alguém não o ia repreender.

– Ham... olá? – Sun-Hee disse, risonha como sempre.

– Sun... olá. – ele deu um grande suspiro, aliviado por ser a garota e não uma pessoa que ele não conhecesse.

– Trouxe o meu caderno, acho que consegui alguma coisa! – ela disse contente, mas Jungkook focou a visão atrás da figura da mesma, onde seus amigos abanavam com os braços para que Jungkook fosse até eles.

– Quer vir a minha casa depois da aula? – Jungkook disparou – Fiz mais desenhos e acho que podem te ajudar.

A garota sorriu grande, respondendo em seguida:

– Sim, posso ir com você.

– Ok, então me espere no final! – Jungkook dizia enquanto se movia, caminhando para perto dos amigos mas ainda com o olhar na garota.

Admirava o desejo que ela tinha de aprender a desenhar, porque enquanto para si era uma coisa natural, para ela era uma arte que ela tinha de aprender a dominar e queria incansavelmente aprender.

Jungkook depois correu para junto de Yoongi e Hoseok, convencido de que estavam o chamando porque tinham algo para lhe dizer. Quando parou em frente deles, no entanto, Yoongi disse:

– Está correndo para os meus braços, mas queria estar correndo para os do guitarrista, né?

– O quê? – abafado, perguntou.

– Jungkook deve ter crescido muito... a lista de pretendentes está enorme. – Hoseok constatou, passando o braço por cima dos ombros do amigo.

– O quê? – voltou a perguntar.

– Ah, nos conte logo! – Yoongi bateu o pé no chão de birra – Passaram quase duas semanas! Vocês tem conversado? Ele é fofo e grude ou super nada a ver?

– Quem?

– O guitarrista!

– Wonwoo... – Hoseok esclareceu, também curioso.

– Oh... – finalmente entendeu e com ele o lamento – Nós não conversamos ainda... – coçou os cabelos, sabendo que seus amigos não iam concordar com a sua atitude.

– Como assim?

– Não mandei mensagem. – disse de uma vez, sem rodeios.

As bocas de seus amigos abriram-se em descrença.

– Você está deixando aquele deus à espera?

– Mané! – Yoongi exclamou – 'Tá se fazendo de difícil porquê? O cara super te quer!

– É por isso mesmo... – Jungkook resmungou – Vocês super esqueceram que eu sou vidrado noutra pessoa?

– Ah, por amor, Jimin tem namorado!

– Não, não tem!

– Pois, agora não tem... – Yoongi coçou os cabelos, lembrando.

– Masisso não interessa! – apressou-se ele, largando-se de Hoseok e encostando-se na parede – Eu só... para quê correr o risco de magoar alguém...

– Jungkook. – Yoongi o chamou, sério – Se você está agarrado à ideia de que nunca vai esquecer Jimin, então nunca vai mesmo.

– E o cara também não falou que te ama... então... – Hoseok acrescentou, concordando com o irmão.

– Eu acho que somos incompatíveis. – Jungkook apresentou o seu argumento – Ele tem uma vida a sério, ele faz música e trabalha... e eu estou no colégio.

– Acho digno.

– Ah, cala a boca...

Yoongi riu, puxando Jungkook e o levando em seu encalço.

– Vem, vamos. – Yoongi passou o braço pelos ombros do Jeon, embora ele fosse maior – E se Jimin voltou para o namorado?

Jungkook arregalou o olhar, travando os pés no corredor da escola. E se fosse isso? E se Jimin só lhe quisesse dizer que tinha seguido o seu conselho e tinha ficado do lado de Ravi?

– Não acho provável. – Hoseok puxou pelo mais novo, continuando o assunto e sem perceber – Ele nos disse que as coisas estavam ruins, lembra?

– Está bem, mas e se... – Yoongi deixou no ar, provocando o mais novo da forma que podia e rindo em seguida ao perceber como ele parecia chocado só com a hipótese.

Eles se sentaram em seus lugares logo depois e, sem notar, Jungkook ficou quieto, apenas seus dedos brincando com o zíper da mochila pousada em cima da mesa.

Era mesmo isso, não era? Queria contar a Jungkook pessoalmente para que não restassem dúvidas, talvez para lhe explicar ou agradecer por lhe ter dado aquele conselho tão bom, ou não? Jimin tinha ido e lutado por Ravi, ficado do seu lado e voltado para ele porque Jungkook o fizera perceber que isso era o certo. Jimin estava namorando Ravi novamente e tudo graças a Jungkook.

Pelo meio da aula, já Jungkook desenhava rabiscos em seu caderno até que se tornassem um desenho de seu hyung, em quem não conseguia parar de pensar. Provavelmente, faria desenhos dele a semana toda até o ver. Distraído daquele modo, a manhã passou mais rápido. Felizmente para ele, não tinha aulas de tarde.

Ao sair da última sala, parou perto da porta, esperando por Sun-Hee, que também tinha aquela aula. Os amigos, claro, estranharam quando Jungkook não os seguiu para fora.

Indignado por isso, Yoongi perguntou:

– Hello? Não tenho o dia todo, boneco. Vai ficar aí?

– Oh, eu estou esperando Sun-Hee... – Jungkook respondeu, espreitando para dentro da sala e vendo a garota fechar a sua mochila.

– Uuuuh, Sun-Hee. Agora já vamos juntos embora, é? – Yoongi apressou-se a provocar, encostando a sua anca na do maior e empurrando-o – Por isso é que não manda mensagem ao guitarrista, hum? Park Jimin quem? Agora somos todos Sun-Hee.

– Pare de dizer baboseiras... – Jungkook resmungou, o empurrando de volta e cachalhoando a cabeça em descrença.

– Oi! Desculpe, eu tinha demasiada coisa para arrumar! – disparou Sun-Hee assim que saiu da sala.

– Não faz mal! – Jungkook respondeu no mesmo tom animado, levantando a mão para os amigos depois – Tchau...

Hoseok e Yoongi reprovaram o afastamento do amigo com um abanar de cabeça, mas assim que o mesmo virou costas e foi com Sun-Hee noutra direção, eles também foram embora.

– Então, fez desenhos do quê? – Sun-Hee perguntou enquanto eles saíam da escola.

– Tentei desenhar o céu, ficou horrível... Mas desenhei uns lugares que eu vi na semana passada, o cão da vizinha, Jimin-hyung... Hum... e Yang. – Jungkook enumerou, as mãos segurando as alças da mochila e o olhar nos pés que chutavam as pedrinhas que iam aparecendo na sua frente ao longo do caminho.

– Vai me mostrar um desenho de Jimin?! – Sun-Hee soava surpresa, talvez pela apreensão que Jungkook demonstrara quando o mesmo descobriu que Sun-Hee tinha visto um dos desenhos de seu melhor amigo. Agora que pensava nisso, o que o denunciou foi a sua reação e nada mais.

– Sim, porque não?

– Caramba, eu estou me sentindo tão honrada que até vou dormir melhor de noite!

– E ia dormir quando?

Embora fosse uma piada ruim, como quase todas que Jungkook contava, a garota pareceu apreciá-la e dividiu uma gargalhada com o mais velho.

O caminho até sua casa era pequeno o suficiente para que seus pés não se cansassem e para que não precisasse de apanhar o autocarro. Sun-Hee apreciou isso, porque ela também não era muito fã de caminhar.

Assim que Jungkook cruzou o relvado da frente e viu o carro da mãe estacionado na frente, ele pediu a todos os deuses que conhecia para que Yang não estivesse em casa também. A mais nova interpretaria a ida de Sun-Hee como algo completamente diferente, ele sabia disso, e não queria que enchesse a amiga nova com as perguntas constrangedoras típicas dela.

Ao entrar em casa, gritou para dentro:

– Mãe, Sun-Hee está aqui e nós vamos ao meu quarto buscar uma coisa!

A sua mãe nem devia de saber quem era Sun-Hee, mas não queria entrar em casa como um clandestino. Enquanto pousava a mochila no canto da entrada e desapertava os cordões dos all-star, ouviu os passos da mãe vindos da cozinha. Tentou se apressar para que não se cruzassem, mas o seu ouvido astuto o fez perceber algo de diferente.

Conhecia os passos da mãe, os da irmã, caramba, se puxasse pela memória ainda conhecia os do pai, e nenhum deles soava como aquilo. Aqueles passos soavam como...

– É ele! – Sun-Hee guinchou, tapando a própria boca com as mãos em seguida e fazendo Jungkook olhar para cima demasiado rápido, quase se desequilibrando ao desapertar os atacadores.

– O quê? – Jimin tinha um sorriso no rosto, mas todo ele estava diferente do que qualquer coisa que Jungkook já tivesse visto.

– Oh, você é tão bonito! Jungkook me falou sobre você, eu sou Sun-Hee e... Meu deus, o seu cabelo está muito legal!

– Sun-Hee! – Jungkook a agarrou pelo pulso e, sem pensar, apressou-se a puxá-la para o piso de cima. Ao pisar o primeiro degrau, acabou calcando o atacador solto do ténis, fazendo com o que o corpo fosse para a frente – Oh, porra! – grunhiu ao bater com o joelho nos degraus, se recompondo depressa e levando a garota para o piso de cima.

– Muito legal mesmo! – ela ainda disse para o mais velho – Caramba, seu Jimin-Hyung! – ela sussurrou em seguida, correndo no encalço do amigo – Você viu o cabelo dele? Aquilo não é ilegal?

Jungkook a soltou apenas dentro do seu quarto, fechando a porta e se encostando na parede. As coisas tinham acontecido rápido demais. Sim, ele tinha visto o cabelo de Jimin, tinha visto o preto e o lilás e tinha entendido muito bem o quanto aquilo ia dar cabo de si.

– Cara, ele parece mesmo mais velho! – Sun-Hee ainda dizia, em gritos sussurrados para o Jeon.

Jungkook se aproximou da secretária, procurando o caderno de desenhos entre as folhas bagunçadas e perdidas dos estudos. Assim que o encontrou, todo abafado, aproximou-se da garota e entregou-o nas mãos dela.

– Pegue, leve! Depois você me dá, ok?

Sun-Hee desatou a abrir as folhas, buscando nelas um desenho de Jimin. Ao encontrá-lo, encarou-o por um segundo e depois disse:

– Caramba... você desenha mesmo bem, está mesmo igual!

Jungkook concordou com a cabeça sem pensar, dentro dela mil e um pensamentos e uma mistura de imagens. O sorriso de Jimin, o cabelo pintado de duas cores, as roupas claras que ele vestia. Jungkook não podia com tudo, honestamente.

Depois de parar para respirar, disse:

– Nos vemos amanhã na escola?

– Sim, sim, claro! – Sun-Hee abriu a porta para o corredor, o caderno nas mãos e um sorriso no rosto – Você tem visitas e tudo... – e sorriu de forma insinuadora.

Jungkook revirou os olhos, seguindo-a pelas escadas abaixo e tendo cuidado com os pés para não cair de novo. Quando pensou nisso, sentiu uma dor no joelho que tinha amparado a sua queda, bem... mais ou menos.

Na sala, com vista para a entrada, já estava a mãe do lado do Park.

– ...foi sim e... olá? – ela parou ao ver o filho do lado de uma desconhecida.

– Olá, senhora Jeon! – Sun-Hee abanou com a mão, mas rapidamente se aproximou da porta da saída e passou para o lado de fora, virando-se mais uma vez – Eu estou de saída, mas um prazer te conhecer!

– Oh... igualmente? – sem entender muito, sua mãe respondeu.

Jungkook fechou a porta da casa antes que Sun-Hee pudesse sequer pensar em responder e suspirou. Seu corpo foi para baixo, temendo cair novamente na frente do melhor amigo e apertou os cordões soltos. De repente, em sua mente, houve um choque.

O que Jimin estava fazendo ali?!

– O que está fazendo aqui? – ele perguntou ao ficar de pé novamente, suas sobrancelhas quase unidas.

– Jungkook! – a sua mãe o repreendeu – Isso é lá maneira de tratar Jimin!

– Bom... olá. – o ex-loiro disse, um sorriso de canto.

Jungkook se derreteu um pouco, deixando um sorriso escapar enquanto respondia:

– Olá...

– Quem era a menina? – curiosa, a mãe perguntou.

– Uma amiga. – respondeu rápido, ainda junto da porta da entrada.

– Você está bem? Você deu um tombo... – Jimin se mexeu para a frente, mas em um ápice Jungkook o interrompeu.

– Estou bem! – a sua mão esticou-se para a frente para que Jimin não se aproximasse mais e, com o susto, o de cabelos coloridos parou no meio da sala – Não dei tombo nenhum... – embaraçado, mentiu.

– Se você continuar caindo quando vê Jimin, vão achar que você é... bom, não sei, a cinderela?

Jungkook arregalou o olhar, negando com a cabeça nas costas de Jimin, que se virou para olhar a mulher e sorrir curto para a mesma.

– Vocês vão fazer alguma coisa? Porque eu vou trabalhar agora.

– Vamos para a casa da árvore. – Jimin respondeu antes do mais novo, olhando-o em seguida e recebendo o olhar de confusão que esperava.

A mulher deixou um sorriso aos dois antes de se dirigir à porta, pegando na chave do carro e na carteira. No entanto, Jungkook ainda estava em frente da porta, vidrado em Jimin e Jimin vidrado nele. A mãe parou na sua frente, esperando que ele se mexesse, mas de tão aluado que estava, nem notou.

– Jun. – Jimin disse, quase gargalhando.

O moreno abanou com a cabeça, piscando duas vezes antes de se mexer para sair da frente da mulher.

– Esteja atento a Yang, ela chega da escola em breve. – avisou ela por fim.

Jungkook concordou com a cabeça, fechando a porta depois de ela sair. Precisou de respirar fundo antes de se virar novamente e encarar o melhor amigo.

Jimin ainda estava ali, quieto. Tinha mesmo pintado metade do cabelo de lilás e a outra de preto, Jungkook nem podia acreditar. Jungkook nem acreditava que aquela podia ser uma boa combinação, mas em Jimin ela parecia tão obviamente perfeita.

Jimin mexeu a cabeça enquanto se virava, chamando por Jungkook enquanto caminhava para dentro da cozinha. Iriam à casa da árvore, mas Jungkook não conseguia entender porquê. Porquê ir lá? Já nem cabiam direitos de pé...

– O... o seu cabelo está bonito, hyung. – comentou ao pisar o jardim, sorrindo torto.

– Agora até parece feliz por me ver. – Jimin troçou, se virando para ele por um segundo e sorrindo com os dentes.

– Eu estou! – apressou-se a dizer – Só não estava esperando... Você disse que vinha na outra semana... – coçou os cabelos, ainda perdido naquilo.

Porque estava ali? Porque tinha de vir e aparecer tão bonito?

– Porque você fica tão nervoso quando eu apareço? – Jimin se virou para ele, em frente do largo tronco da árvore, impedindo-os de subir ao cobrir as escadas com o seu corpo. A sua mão subiu para arranjar os cabelos despenteados da franja do mais novo – Está escondendo algo de mim, hum?

– Não estou nervoso... – mentiu, mas não se sentiu culpado, afinal claramente Jimin sabia bem qual era a verdade – E também não estou escondendo nada...

– Vamos ver. – ele se virou novamente, subindo pelo tronco e entrando com cuidado na estrutura de madeira.

Jungkook foi logo atrás dele, curvado do lado de dentro para não bater com a cabeça.

– Porque viemos aqui?

Jimin girou em seus pés, mirando na caixa que tinha deixado ali quase dois meses atrás.

– O que eu te disse, hum? – ele se baixou, agachando-se em frente da caixa e esperando que Jungkook fizesse o mesmo – Você se lembra?

– Você veio pegar seu boneco de volta? – Jungkook se abaixou também, ficando sentado com a caixa entre as pernas. Jimin fez como ele, deixando o corpo cair contra o chão.

– Eu quero te explicar porque deixei ele aqui... – murmurou, abrindo a caixa e pegando o pequeno robô entre as mãos.

– Porque foi?

Jimin o olhou por uns segundos, arrastando a caixa para mais longe e tomando o espaço dela na frente de Jungkook. Com as duas mãos segurava o robô e no olhar não se percebia nada, não se entendia nada aos olhos de Jungkook.

– Jun... – Jimin suspirou em descrença, não achou que seria tão difícil se fosse a ser honesto – Porque está custando tanto para você ligar os pontos?

– Não... não entendi. O brinquedo é alguma pista?

Jimin gargalhou em descrença. Ah, queria apertar as bochechas do mais novo!

– Eu tinha razão... suas bochechas ficaram mesmo vermelhas.

– Oh, caramba... – as mãos dele subiram para a face, tentando senti-la quente como uma consequência – É do calor...

– Esse brinquedo... – Jimin começou, abanando-o uma vez – Você me deu há tantos anos...

– E você o guardou. Nem acredito... – Jungkook murmurou, sorrindo curto.

– Porque ele é especial. – finalmente disse – Você era tão rezingão, se recusava a deixar as outras crianças sequer tocarem em seus brinquedos... mas esse... você me deu.

– Você teve sorte. – Jungkook brincou, tentando convencer-se a si mesmo de que fora exatamente por esse motivo.

– Não, não tive. – Jimin negou, sorrindo curto – Você me deu porque gostava de mim. Não foi?

Jungkook o olhou por alguns segundos. Podia ser a sua cabeça a pregar-lhe uma partida baseada na culpa que sentia? Ou Jimin estava mesmo lhe perguntando aquilo?

Não sabe quanto tempo levou para responder, mas disse, de forma descontraída:

– Claro, hyung. Você era muito simpático quando era pequeno. Quer dizer... criança.

Jimin nem quis saber da gracinha dele. Pousou o brinquedo ao lado das pernas e, de frente para Jungkook, segurou o seu maxilar entre a palma da mão e os dedos, cruzando os seus olhares e prendendo-os daquele modo.

– Responda a minha pergunta de forma honesta.

Jungkook não entendeu que era a pergunta anterior, por isso acenou com a cabeça e esperou. Com paciência, Jimin voltou a perguntar:

– Porque me deu o brinquedo?

– Hyung, eu era muito pequeno, eu não lembro! – respondeu rápido e ao ver Jimin fechar os olhos em descrença, apenas sorriu torto, sem entender.

– Você vai me obrigar a te mostrar o que eu estou tentando dizer?

Jungkook piscou os olhos devagar, ainda sem entender.

– Por favor? – pediu, sem outra alternativa.

Para sua surpresa, Jimin sorriu de canto de forma encantadora. Os cabelos pretos da franja estava quase caindo sobre seus olhos, mas isso não o fez tirar a mão do maxilar do maior para o arranjar. A outra mão apoiou-se no chão enquanto se aproximava mais de Jungkook e, com receio e ânsia, Jungkook recuou. Mas Jimin continuou a ir e Jungkook continuou a arrastar o corpo pelo chão até suas costas encontraram a parede de madeira.

– Quer me responder agora? – Jimin chegou a encostar as suas testas.

Em sua mente, Jungkook revia todas as vezes que o melhor-amigo se tinha aproximado assim. Jungkook jurava que se tivesse deixado, ele e Jimin se tinham beijado antes por um par de vezes, então o que aconteceria agora se ele não fizesse nada?

Antes que desse conta, não havia cabelos lilás ou pretos na sua frente, nada de Jimin, nada de proximidade. Tinha fechado os olhos, era agora um idiota encostado na parede, fugindo do melhor amigo com medo que ele lhe desse o que ele sempre quisera dele, de olhos fechados.

Antes que pudesse sentir os lábios do melhor amigo contra os seus, mesmo mesmo antes, uma buzina chegou aos seus ouvidos. Jungkook abriu os olhos, mas não raciocinou que Jimin ia mesmo beijá-lo. Seu corpo foi para o lado, pelo menos tentou, ao dizer:

– Yang chegou!

– Não! Quer dizer... – Jimin o segurou ali, não precisou de muito, porque Jungkook estava mais mole que gelatina – Eu já perdi demasiadas oportunidades e...

– O quê?

Jungkook nem teve tempo de pensar porque, antes que a sua imaginação ou paranoias pudessem chegar, já Jimin estava lá primeiro.

Jimin estava mesmo o beijando... finalmente.

Espalmado contra a parede, Jungkook finalmente cedeu.

Finalmente. Finalmente. Finalmente. Finalmente.

Finalmente os lábios dele, exatamente como os tinha imaginado, exatamente como os tinha sonhado. 

Jimin se afastou apenas quando a buzina da carrinha da escola de Yang tocou pela terceira vez. Jungkook o afastou com um leve empurrão, gatinhando até a saída e descendo com pressa.

Seus passos pela casa nem podiam ser comparados a alguém com pressa, porque honestamente eram tão descordenados que até era um crime chamá-los de passos.

Desconcertado e de bochechas vermelhas, Jungkook abriu a porta de casa e correu até a calçada, onde a irmã já esperava fora da carrinha da escola.

– Onde está a mãe? – perguntou ela, rabugenta.

– Não está. – Jungkook respondeu, passando a mão pela testa como se tivesse sido aquela pequena corrida que o fez suar.

– Pois, bem me parec... Jimin! – a pequena desatou a correr ao ver o mais velho na porta – Você veio!

Jungkook os olhou de longe, a forma como era mesmo Jimin ali, de como tê-lo beijado não era mais coisa da sua imaginação, de como ele estava segurando Yang em seus braços de forma sorridente.

Eles tinham-se beijado. Jimin e Jungkook. Finalmente. 

]n/a[

O nosso Jungkookie ganhou vida e criou um twitter! O link está no meu mural, mas o user é jjkaucdl

Lá vocês podem encontrar alguns desenhos e rabiscos deles, divagações e, no futuro, algum spoiler, quem sabe? 

Como estamos nos sentindo sobre esse beijinho?

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top