☠️ Capítulo XXIII ☠️

Lee Feng

A tarde começa a se despedir de nós em um lindo pôr do sol, a grande esfera de luz sumindo no horizonte, sendo devorada pela imensidade azul.

Eu e Thomas não retornamos a casa depois de todo o ocorrido envolvendo a deusa Mazu e seu preço para trazer minha mãe de volta, o ruivo em nenhum momento desde que deixamos o templo para trás falou algo referente ao acontecido, apenas segurou a minha mão e me deixou levá-lo para onde queria. Acabamos sentados em um banco solitário próximo ao penhasco que dá vista ao cais da ilha, por horas consecutivas me permitir chorar em seu ombro deixando que a dor do meu peito saísse em forma de lágrimas pesadas e a lembrança daquela visão horrível do momento da morte da única família de sangue que me restava nesse mundo.
Thomas parecia uma pedra silenciosa, apenas com seu braço ao meu entorno, protegendo meu corpo úmido das brisas geladas e fazendo carinhos reconfortantes em minhas costas. O momento em que uma palavra saiu de sua boca foi apenas a quinze minutos quando me avisou de que iria atrás de comida. Aparentemente não tínhamos comida nada o dia todo e se eu quisesse me manter firme diante do restante do pessoal precisava pelo menos me alimentar.

Aqui sozinha diante das águas tranquilas que banham a Terra da Deriva, minha mente enumera os acontecimentos para tentar pensar de um jeito coerente.

Minha mãe está morta.

Não existe mais necessidade de encontrar o mapa dos sete tesouros.

Meu plano original foi por água abaixo.

Preciso matar meu pai biológico para que a deusa traga minha mãe de volta.

Sou a rainha do mar oriental, oficialmente uma guardiã de Mazu.

Péssimo dia para ser uma aniversariante.

Uma pequena luz se acende no fundo da minha mente. Meu plano original de encontrar o mapa dos sete tesouros não é um fracasso total, posso acabar com três problemas de uma só vez. Se encontrar o mapa, posso atrair Miller em pessoa, sem capangas ou piratas de segunda categoria para se envolver. Descobrir a pouco tempo que o mapa está sob posse dos idiotas da marinha, tão burros para decifrar um pedaço de papel que precisavam fazer uso de torturas contra um ser mágico, se eu entrar naquele porto posso encontrar o mapa e também os homens que a mataram.

Com apenas essas coisas posso acabar com tudo. A conclusão vem direta e clara, se antes uma ponta de incerteza em dar continuidade ao plano aparecia, agora ninguém vai me impedir de segui-lo. Eu terei três cabeças premiadas e aquele mapa. Nem que para isso eu precise destruir o mundo inteiro.

O barulho de passos me tira dos meus pensamentos. Thomas vem em minha direção com duas sacolas, suas roupas estão diferentes. Calça de couro preta, camisa verde que contrasta com seus cabelos vermelhos presos em um coque alto, na cintura ele carrega sua espada flamejante e a minha espada.

— Trouxe comida e algumas roupas que Odélia me disse que você estava cogitando usar para a festa.

— Eles não perguntaram porque não voltamos para casa durante o dia todo?

— Pensam que estamos fazendo um passeio romântico. Shang está meio carrancudo porque acha que na verdade estávamos enfurnados em algum quarto de taverna realizando promiscuidade. — Consigo imaginar perfeitamente a cena se desenrolando e solto uma risada sincera. — Por um minuto achei que seria castrado, mas ele só me olhou feio e me mandou cuidar bem de você.

— Shang sabe ser um idiota protetor. — O ruivo me oferece um bolinho de feijão que aceito prontamente, seus olhos são suaves, aliviado por estar pelo menos sorrindo. — Jimmy já terminou com o barco?

— Sim e conseguiu a fortuna de mil e quinhentas moedas de ouro por ele, mas ele não estava em casa quando cheguei lá.

— Deve ter parado para cortejar alguma moça na ilha.

— Pode ser. — Ele abre uma garrafa de rum e me entrega. — Então… Você está bem agora? — Mastigo em silêncio e dou um gole demorado do rum sentindo a queimação do álcool percorrer minha garganta.

— Não totalmente. — Quero o silêncio, o fazendo respirar fundo. — Estou esperançosa de que ela vai trazer minha mãe de volta depois que eu lhe entregar a cabeça de Miller, ela tem poder para isso e estamos em completo acordo com odiá-lo. Mas ainda me sinto triste, me sinto culpada porque eu não pude fazer nada para impedir que ela sofresse.

— Sinto muito, querida.

— Eu juro, Thomas. Vou matar Miller por ter a feito sofrer acreditando ser amada.

— Eu estarei aqui para te apoiar. — Suas mãos seguram minhas bochechas fazendo nossos olhos se conectarem. Ele sela nosso lábios uma vez e respira profundamente como se estivesse reunindo toda a sua coragem para falar algo. — Eu tenho uma coisa para contar, por favor não tente me matar antes que eu termine de falar.

— Se alguma mulher estiver envolvida no meio, vou te matar assim que proferir o nome da vagabunda.

— Calma, louca. Não tem mulher nenhuma. É sobre mim.

— Então pode falar.

— Eu sou um corsário, sou o filho do Capitão Black, o homem que capturou seu pai e o levou para a forca. Fui enviado pelo almirante da Marinha para entrar no seu navio e captar informações sobre você, o que eu não contava é que eu fosse me apaixonar por você e entender de uma forma que jamais imaginei a história tanto dos piratas quanto das criaturas mágicas que vocês protegem da Marinha Real. Quando disse que tinha um conhecido que poderia dar informações sobre o mapa dos sete tesouros, estava falando de mim, eu iria dizer que falhei na missão, que você me descobriu, roubar o mapa e desertar para sempre daquele lugar para viver a novos horizontes ao seu lado. Tudo isso por que eu te amo.

De todas as suas palavras, as únicas em que minha mente focou e que captou como uma novidade foram as três ultimas palavras.

Eu te amo.

Eu. Te. Amo.

— Você… me ama…?

— Sim. Eu sei que deveria ter te contado antes, mas nenhum momento parecia o certo e também eu estava com medo de que uma bala fosse colocada no meu crânio e…
Suas palavras somem quando minha boca cola na sua. Alguns segundos se passam até que ele retribua, a felicidade derretendo o choque. Uma lágrima solitária escapa do meu olho, uma lágrima de alegria no meio de tanto caos. Céus, ele me ama!

— Você me ama… — repito sorrindo, seu rosto entre as minhas mãos.

— Você escutou? Eu sou um…

— Um corsário, eu sei. Sempre soube, aliás, o informante que delatou ao seu almirante e que o fez te enviar até mim trabalha para mim. Foi tudo armado por mim, te escolhi desde o início.

— Você sabia… como… o que?

— Esse não é o ponto importante, o que importa é que você me ama e… eu te amo também.

Ele pisca os olhos incrédulos. Lentamente, seu rosto se ilumina. O ruivo me toma em seus braços mais uma vez, nos rodopiando ao vento rodeados de gargalhadas.

— Acho que somos meio lento para expressar o que sentimos. — Digo, sua testa ainda junto a minha, mãos em minha cintura.

— O que é importante é que não vai haver barreiras entre nós. — Ele beija minha testa.

Os vagalumes começam a voar, iluminando ao nosso redor quando a lua acende ao sol. Thomas é como um bote no meio da minha tempestade. Um parte minúscula dentro de mim se preocupa que a história da minha mãe com meu maldito genitor se repita, mas a casa toque, a cada palavra proferida por Thomas esse pensamento é derrubado pela sinceridade que sinto transpirar de seus poros. Ele arruma os meus cabelos enquanto enfio meu rosto em seu peitoral inalando seu cheiro de maresia.

— Acho que é melhor irmos nos arrumar para a festa.

— Ainda está cedo, a festa só vai começar quase às dez da noite e não estou muito afim de ter que explicar sobre o dia para o pessoal.

— Então… devo te levar para receber seus dois últimos presentes de aniversário? — Suas palavras são baixas, mas me causam um arrepio na espinha.

Será agora que ele vai me dar aquele colar? Caso for isso, qual é o segundo presente?

— Vamos.

Sua mão se entrelaça na minha e enquanto descemos a colina me permito esquecer que daqui algumas horas a realidade cruel irá bater em minha porta.

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Nós caminhamos cerca de cinco minutos caminhando em direção uma das áreas que reconheci como sendo dedicadas às grandes estalagens utilizadas para turistas e mercadores ricos.

— Meu presente está aí dentro? — Questiono quando paramos diante da estalagem Gardner, a mais cara das hospedagens e que muitos dizem ter dado abrigo a alguns membros da realeza.

O ruivo não me responde, apenas me oferece um sorriso simplório. Ele cuida de tudo, pega as chaves do quarto, carrega as bolsas e me guia com seus dedos firme em torno dos meus, parando apenas quando chegamos ao último quarto do corredor. Cavalheiro, ele abre a porta e abre passagem para mim. O ambiente é bonito e delicado, as paredes são pintadas com um fundo branco e decoradas com tons florais, a grande cama dossel segue as mesmas tonalidades, uma pequena cômoda é colocada ao lado da porta que imagino levar até a sala de banho. Thomas coloca nossas bolsas na mesa do lado oposto, bem ao lado de uma garrafa de vinho e duas taças.

— Quanto suspense para entregar presentes.

— Tenha paciência, capitã. — Ele retruca com leves risadas. — Sente-se, só preciso de um minutinho escondido no fundo da bolsa para não correr o risco que você encontrasse. — Sigo suas instruções sentindo um sorriso largo se abrir. Ele vai me dar o colar. Finalmente. O ruivo se aproxima de mim com uma pequena bolsinha de couro e me entrega com a expressão mais fofa de todas. — Quando eu vi, lembrei imediatamente de você. Espero que goste.

Como esperado, retiro o colar da bolsinha e finalmente posso olhar com muito mais cuidado do que da primeira vez que achei. É brilhante, deslumbrante e do meu tom favorito de vermelho.

— Eu amei, Thomas. Ele é lindo. — Puxo seu rosto em direção ao meu, depositando um beijo casto. — Coloca em mim?

— Claro. — O ruivo coloca em meu pescoço os brilhantes rubis que repousam bem no centro da minha clavícula dando um ponto de luz. Thomas me encara hipnotizado, seus olhos que antes prestavam atenção apenas na pedra preciosa começa a varrer todo o meu busto de uma forma faminta. — Linda… Linda demais.

— E onde está o outro presente? — O ruivo parece ser puxado para a realidade. Seu olhar, um tom mais escuro, como o de um lobo faminto.

— Vou precisar que feche os olhos para receber esse.

— Sério isso? Não pode simplesmente me dar?

— Lee…

— Tá bom. Tá bom. — Acato seu pedido. No escuro das minhas pálpebras apenas um breve farfalhar pode ser ouvido.

— Pode abrir.

Quando abro meus olhos o quarto está iluminado apenas por quatro castiçais em lugares afastados e o ruivo está diante de mim… A camisa completamente desabotoada me dando a bela visão de seu peitoral e abdômen deliciosos… Minha garganta seca, meu corpo trava e meu coração palpita. Estou entendendo bem o que é o segundo presente dele?

— Você disse que se caíssemos nas águas sagradas do templo de Mazu o pacto de sangue e sal seria quebrado e eu não pertenceria mais a você, mas eu não quero deixar de pertencer a você. Estou completamente rendido a você, completamente entregue a o que desejar de mim. Porque tudo que quero é pertencer a você.

Não sei o que dizer, meu cérebro processa corretamente os últimos minutos de sua declaração. Sem palavras, apenas ajo. Caminho em suas direção parando a poucos centímetros de seu corpo, minha mão toca seu peitoral, posso sentir seu coração batendo tão rápido quanto o meu, minha outra mão segue o mesmo movimento e me livro por completo da camisa que o cobre. Lindo. Meu. Deposito um beijo em sua clavícula e sua respiração falha, suas mãos continuam paradas me dando total acesso a seu corpo, meus lábios traçam beijos demorados e apaixonados em seu pescoço até estar a centímetro diante da sua boca me sustentando com as pontas dos pés.

— Você pertence a mim. — Selo uma vez nossos lábios. — Eu pertenço a você. Apenas a morte pode revogar.

Eu o beijei e ele retribuiu faminto, minhas mãos puxando seus cabelos, seus braços fortes suspendendo meu corpo para igualar nossa altura enquanto espalma seus dedos em minhas nádegas. O calor nos consome, sua língua invade a minha e minha mente repete incessantemente o quanto o quero, no quanto esperei para te-lo em meus braços sem impedimentos. O redemoinho de sensações nubla a minha mente e as roupas se tornam um empecilho desgostoso.

— Quero vê-lo por inteiro. — Sussurro sem fôlego, sua respiração entrecortada batendo em meu rosto.

Thomas faz como meu pedido me colocando no chão, ele se livra das botas sem nem se dar ao trabalho de dirigir o olhar a elas, suas orbes concentradas em mim. Minhas mãos vão em direção às amarras de sua calça e em poucos segundos o tecido é jogado para algum canto do quarto, me oferecendo a melhor das visões. Thomas Black completamente nu a luz de poucas velas. Minha mente o mapeia por alguns segundos imaginando perfeitamente como eternizar esse momento em meu caderno de desenho.

As mãos do ruivo vão em direção ao meu hanfu e peça por peça, me exponho diante de seus olhar de admiração e devoção. Suas orbes castanhas devoram cada pedaço do meu corpo como se eu fosse a mais bela das obras de artes do mundo.

— Você é tão perfeita, meu amor… — Sua voz rouca causa um arrepio em minha espinha, o calor entre minhas pernas se tornando cada vez mais notório.

Seus braços retornam a me suspender no chão, minhas pernas em torno de sua cintura. O ruivo me colocou sobre a cama macia com todo o cuidado e seus lábios voltaram a dar toda a atenção a meu pescoço, enquanto suas mãos vagam por meu corpo causando reações deliciosas.
Beijos e pequenas mordidas são deixadas em trilha até chegar em meus seios descobertos, entre as minhas pernas seus dedos me faziam soltar suspiros e gemidos incontroláveis. Todo mundo desapareceu à medida que mergulhamos cada vez mais em nossas sensações de prazer. Thomas sabe exatamente onde e quando tocar fazendo milhares de borboletas dançarem em meu ventre. Seus beijos se aventurando cada vez mais baixo até o momento em que o ruivo com um sorriso safado passa minhas pernas sobre seus ombros, enterrando seu rosto entre elas e me fazendo contorcer em prazer. Os gemidos cada vez se tornando mais altos até que eu transborda-se entorpecida pelo prazer.
Quando ele levanta o rosto, tenho certeza que estou corada em meio a respiração rarefeita. Céus.

— Quero te devorar… — A rouquidão em sua voz vem como uma súplica que esquenta meu coração e meu corpo.

— Bom apetite. — Minhas mãos se entrelaçam em seu pescoço trazendo seu corpo para mais perto do meu, sentindo sua ereção entre as minhas pernas. Estou nervosa pela minha falta de experiência, mas sigo meu instinto. Minha mão escorrega entre nós até que eu o tenha em minha mão com um gemido rouco de satisfação.

Lentamente, movimento minhas mãos o vendo suspirar e me ajudar a coordenar os movimentos. Ele se encaixa perfeitamente em mim, devagar, carinhoso e atencioso ao desconforto da minha primeira vez. Seus beijos fazem de tudo para me distrair, para me ajudar a suportar sua invasão ao meu interior. Quando por fim consegue relaxar seus movimentos começam devagar, como uma faísca cultivada com amor até se alastrar como um incêndio sem controle. Nossos corpos dançando em nosso próprio ritmo entorpecidos com a paixão incendiária, nossos dedos entrelaçados em união e beijos carregados de gemidos suprimidos entorpecidos em nosso prazer, até chegarmos ao clímax juntos. Thomas põe o rosto na curvatura do meu pescoço, nossas respirações falhando de forma sincronizada.

— Valeu a pena esperar? — Ele questiona e bufo uma risada.

— Foi perfeito. — Thomas ergue o rosto para ficarmos cara a cara.

— Eu te amo. — Ele sussurra beijando a ponta do meu nariz.

— Também te amo.

O silêncio recai sobre nós, entre sorrisos conseguimos sentir o peso de nossas palavras, a veracidade do que sentimos. Quero guardar esse momento em minha memória por toda eternidade, eternizá-lo a mais um dos momentos em que Thomas Black, o homem que deveria ser apenas uma peça em meu jogo do destino, me fez sentir a mulher mais amada do mundo.

— Melhor tomarmos um banho, em poucas horas você tem uma festa de aniversário para protagonizar. — O ruivo me puxa para a realidade.

Ele se levanta comigo em seu colo sem esforço nenhum, mas não posso deixar de expressar meu desgosto por tal ação.

— Acho que temos coisas muito mais interessantes para fazer aqui. — Beijo seu pescoço. Ele se arrepia ao meu toque.

— Acho que podemos fazer mais umas coisinhas na sala de banho. — Ele sussurra em meu ouvido, fazendo borboletas em meu estômago se revirarem.

Notas finais:

Só queria avisar a vocês que depois de muito demora esse é o penúltimo capitulo da Parte II de A Última Rainha do Mar hehehe.

Espero que tenham gostado e espero vocês no próximo.

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