☠️ Capítulo VIII ☠️
Thomas Black
— As sete peças sagradas é um dos pilares da espiritualidade da minha terra natal e confesso que sempre tive um fascínio grande por isso. Conhece a história? — Mary está totalmente alheia ao meu nervosismo crescente. — No ocidente é chamada como A lenda das sete ilhas de ouro, o que não está muito correto, mas também não está completamente errada.
— Você não queria chegar até o Nevoeiro da Maldição?
— Aquilo era só um teste para saber se você era um bom navegador e parece que passou com louvor nele. — ela abre um sorriso se levantando e procurando algo em meio a sua bagunça. — Minha real ambição é esse mapa. A um tempo atrás, nos meus primeiros dias como capitã ele me pertencia, foi um presente do meu antecessor, mas o confiei nas mãos da pessoa errada e simplesmente sumiu. Tenho algumas pistas, mas é como procurar uma agulha em um palheiro. — ela encontra um pedaço rasgado de papel e volta correndo ao seu lugar. — Aqui está, veja.
Ela aponta entusiasmada para anotações escritas aos garranchos e com símbolos que não consigo compreender. Seu sorriso é imenso, observando sua obra incompreendida.
Fato curioso: A capitã mais temida dos sete mares é incrivelmente fofa quando está interessada por algo…
Chacoalho a cabeça a fim de ajustar minha mente. Ela me deu um tiro, me mantém amarrado a uma bola de ferro como prisioneiro e tem a minha vida — literalmente — como seu brinquedinho particular. Ela uma pirata insensível, um ser que não deve ser digno do meu afeto.
— Consegue ver as semelhanças dos fatos?
— Se eu soubesse ler Hanzin¹ talvez eu conseguisse, mas com essa caligrafia acho impossível. — Mary acerta um tapa em minha nuca, emburrada, ela se volta para o pergaminho.
— Desde os tempos primordiais a água sempre foi um lugar muito vasto. O grandioso lugar era comandado por uma antiga entidade chamada Shui ao lado de sua primeira esposa, Tian He, a deusa da água doce. Certo dia, em uma área inabitada a muito tempo depois do deus da travessura derramar sal, emergiu uma mulher chamada Mazu que encantou a antiga entidade. Por ter dado vida a um lugar antes inóspito, Shui nomeou Mazu como uma deusa e lhe deu uma missão.
“Ela foi encarregada de criar mais vida de onde havia surgido, foi então que a deusa criou suas ajudante as ninfas dos oceanos e seu trabalho foi tão bem feito que isso a tornou adorada em diversos lugares, principalmente pela própria entidade que a tomou como segunda esposa. Dessa união nasceu sete filhas, as rainhas das ninfas que como um presente de seu pai receberam cada uma um item que lhe dava poder. E então vem toda aquela história do altar da ninfa e blá blá blá.”
— Certo, eu só não entendi o porquê você quer encontrar as sete peças sagradas.
— Não quero encontrar realmente as peças sagradas, quero saber se tudo aquilo que acredito é real. — Ela parece indiferente, mas algo me diz que tem algo mais profundo nessa história. — Está mais para uma expedição de caráter espiritual e histórico do que uma grande oportunidade de pilhagem. Não que uma coisa não leve a outra.
Primeiro rouba de uma colônia isolada no meio do nada e depois quer roubar de uma divindade. A ambição pirata está começando a me parecer uma grande falta de manicômio.
— Tudo bem, só preciso de alguns livros para pesquisar e tentar montar uma linha de raciocínio concreta. — Mary abre um sorriso gigantesco, como se não estivesse falando em roubar tesouros seculares. Ótimo, ela está caindo na minha mentira.
— Maravilha! Mova suas coisas para minha sala de mapas, quero você metade do dia pesquisando e mapeando suas teorias, e na outra metade quero que fiscalize nossa rota de navegação para o refúgio pirata.
— Espere, vamos para o refúgio pirata? Tipo a fortaleza criada pelo primeiro rei pirata Kallimur? — Em um impulso entusiasmado meu corpo se projeta para cima, mas a dor na minha coxa me faz cair sentado novamente. Não acredito que ela vai me dar essa informação de bandeja. A sorte está finalmente ao meu favor.
— Exatamente, esse é o meu primeiro voto de confiança a você. — Seu semblante é convencido e ela começa a procurar um mapa no meio de vários, enquanto tento não rolar os olhos com todas as minhas forças. Eu sou a pessoa que levou um tiro e é mantida como uma espécie de prisioneiro, eu que deveria dar votos de confiança por aqui. — Aqui está, só seguir a rota principal. É rápida e segura.
Meus olhos recaem sobre seu mapa, meio amarelado e com um aspecto ancestral, mas suas pinturas são bonitas. O que me deixa em choque é o fato de que o grande X vermelho está bem no centro de uma baía rodeada de cadeias montanhas cujo mar é revolto e perigoso.
— O refúgio pirata fica no Círculo da Morte?
— Sim, porque? — ela solta um risinhinho de escárnio. — O que foi? Está com medo?
— Eu ouvi histórias sobre esse lugar, tão pavorosas quanto as que contam sobre o Nevoeiro da Maldição.
— Poxa vida, o neném está assustado. — ri da minha cara, bagunçando meus cabelos.
— Nenhum navio jamais ousou entrar lá. Meus amigos marinheiros sempre diziam que era muito perigoso a maré de lá.
— Apenas se concentre em cuidar que o leme esteja na direção certa, quando chegar o momento de adentrarmos nos limites da fortaleza, eu mesma irei guiar o navio. — Ela dá de ombros, balançando as mãos sem muito interesse. — Agora saia daqui, preciso me banhar.
Mary some atrás de um biombo e a muito custo consigo me arrastar para fora de sua cabine carregando mapas e alguns livros. Jimmy rapidamente vem ao meu encontro, como se estivesse esperando por mim do lado de fora, aliviando um pouco o peso.
— E então? Como foi lá?
— Mais uma de suas loucuras piratas, mas pelo menos descobri a localização da fortaleza pirata. — Ele abre um sorriso cúmplice ao meu. — Quem diria que eu só precisava quase morrer para descobrir isso.
— Certo, mas como vai levar todas essas informações sem antes quebrar o juramento?
— Eu ainda estou pensando nessa parte do plano. Quem sabe sequestro? Uma pessoa pode pertencer a outra e ainda assim sequestrar?
— Eu não faço ideia. — Minha cabeça é uma grande frenesi sobre o que vai ou pode acontecer. Todo o meu talento com percepção e previsão do que ela pode fazer parece ser ofuscado. Está tudo uma grande confusão. — Fala sério, que tipo de juramento é esse? O que significa que sou dela?
— Bem, na minha experiência não tão grande, ou ela quer que você seja seu escravo ou ela quer dormir com você.
— O que? — Meu pés travam no chão, incrédulos a sua percepção.
— Vocês parecia prontos para se devorarem antes dela revelar a verdadeira identidade e vamos combinar que vocês se olham de um jeito diferente.
— Seu primeiro ponto tudo bem, mas eu não olho para ela de um jeito diferente.
— Eu não sou idiota, Black. — o loiro me encara com tédio. — Toda vez que olha para ela, você parece hipnotizado e babão.
Estou sendo óbvio? É tão fácil ver que minha cabeça está tão deturpada ao ponto de ainda admirar a mulher que quase me matou?
Chega, isso não vai mais acontecer.
— Eu preciso focar na missão e você também deveria. — Nós chegamos às portas da sala de mapas. — Fique de olhos e ouvidos abertos, vou gastar um bom tempo sendo o escravo dela.
— Boa sorte. Nos vemos no jantar?
— Claro.
Diante da grande sala, tento manter a minha cabeça em ordem. Meus pulmões se enchem com o cheiro de papéis antigos, livros e mapas, contente de finalmente algo familiar para me acalmar. Eu preciso pensar, organizar meus pensamentos ou enlouquecer.
Cansado e com a perna latejando me largo em uma poltrona, apoiando o braço sobre os olhos e me questionando: como posso concluir essa missão sem pisotear meus princípios?
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Não sei que horas são ou quanto tempo estou dentro dessa sala, mas meus olhos quase trituram a pequena lista que fiz.
O que preciso fazer:
Capitar informações sobre a fortaleza pirata, Lee Feng e sua tripulação.
Obstáculos:
Lee Feng é uma mulher (uma mulher incrivelmente bonita que me causa coisas quando olho para ela) e ela me fez jurar ser dela sob a ameaça de caso quebra de juramento eu morro instantaneamente.
Ao lado, o pequeno caderno de anotações me mostra todas as informações que consegui reunir. Tenho a quantidade de pessoas na tripulação, medições do navio, informações de Lee Feng e agora a localização exata da fortaleza. O que me resta é ter as informações internas do funcionamento da base pirata e conseguir arrastar Mary para o templo de Mazu para desfazer o encantamento.
Meus olhos sequem até outro papel onde formulei uma ficha de informação sobre Mary.
Nome: Mary
Codinome: Lee Feng
Lugar de origem: provavelmente Costa de Jade
Lados positivos: bonita, inteligente, carismática e encantadora
Lados negativos: Louca, perspicaz, violenta, atrevida, cruel, parece obsessiva, mentirosa, me deu um tiro, me tornou seu escravo pessoal, fazia parte da tripulação do pirata que invadiu minha antiga casa e matou minha mãe, matou meu pai…
Eu não costumo falar muito da minha família, não por ser reservado, mas por realmente não ser algo do que eu queira que as pessoas possam falar. Nem mesmo meus amigos mais próximos sabem de toda a minha história e eu gosto que não saibam. Quanto menos pessoas souberem, menos pessoas poderiam usar isso para me machucar.
Minhas mãos vão até a minha bolsa, puxando em direção ao meu peito o antigo diário que pertenceu à minha mãe.
Ela era uma musicista, muito talentosa e amorosa. Ela me ensinou um pouco dos instrumentos que sabia tocar, mas o que nos unia mesmo era a paixão por cartografia, astronomia e histórias místicas em relação ao mar. Foi por causa dela que aprendi tudo que sei, foi por conta dela que me tornei navegador. Porque era seu sonho, mas por ser mulher foi impedida de seguir esse caminho.
Mamãe chegou a me contar que já pensou em se tornar pirata, fugir para bem longe e comandar um navio, mas foi arranjada em um casamento muito nova. Ela sempre manteve esse lado aventureiro escondido do meu pai, tanto que sempre escrevia em seu diário codificação e era tão boa que até hoje não consegui desvendar mais da metade do que tem em seu caderno.
Eu sinto tanta falta dela.
Em comparação, meu pai é uma questão que me causa mais indiferença do que boas lembranças. Ele era um marido ruim e um pai pior ainda. Passava mais tempo no mar do que em casa e quando estava em casa se preocupava mais em tagarelar sobre os “nojentos orientais comedores de barras” que não se atentava a mais nada.
Porém, além de toda essa situação, ele conseguia ser extremamente possessivo com a mamãe. Sempre que retornava, na primeira noite sempre a olhava com desconfiança e vasculhava a casa em busca de um sinal de traição, em outras noites bebia tanto que entrava em casa gritando barbaridades e ameaças. Nunca chegou a levantar a mão para ela, mas isso não me fazia sentir mais simpatia por ele.
O único momento em que realmente o apoiei e estive ao seu lado, foi quando levantou uma frota naval para caçar os piratas que assassinaram minha mãe. Ele levou milhares para a força, incluído o desgraçado Jin Zhao, responsável pelo ataque. O único que sobrou foi Lee Feng e meu pai estava obstinado em caça-lo, principalmente por que foi Lee que causou uma grande cena pós enforcamento de Jin Zhao e ainda conseguiu escapar ileso.
Lee Feng nunca me importou muito, eu já sinto que minha mãe foi vingada com a morte de Jin Zhao, mas agora as coisas retornaram como uma avalanche. Tudo porque Lee Feng é uma garota e porque meu coração se impressiona com ela.
Da mesma forma que ela está envolvida em me fazer sentir coisas, está igualmente envolvida com a ruína da minha família. O quão louco eu poderia ser para me envolver com alguém que tem sangue dos meus pais em suas mãos?
Aperto mais o diário em meu peito, sentindo a raiva queimar dentro de mim. Tenho um plano central, porém para executá-lo corretamente preciso me lembrar disso, preciso odiar Mary ou seja qual for seu nome de verdade a todo custo…
A porta se abre sem aviso e rapidamente jogo o mapa sobre a caderneta e a lista, repousando o diário inocentemente sobre as pernas.
— Ei, cara. — uma onda de alívio me percorre ao ouvir a voz de Jimmy. Dois segundos depois o loiro já está sentado próximo a mim. — O jantar já está disponível. O que está fazendo aqui?
— Sendo um bom escravo e espião. — ele me olha sem entender e ambos nos aproximamos para sussurrar. — Tenho um plano.
— Qual plano?
— Mary já me deu a localização da fortaleza e me pediu para achar um mapa antigo. Vou seduzi-la e fazê-la confiar em mim ao máximo, pegamos as informações do interior da fortaleza e vou mentir sobre ter achado o lugar do mapa que por coincidência será o templo de Mazu. Por “acidente” vamos cair na água sagrada. Eu me livro desse juramento e fugimos o mais rápido possível para a marinha real. — minhas mãos se abrem como um mágico. — Taram! Estamos livres e com a missão cumprida.
— Certo. — ele pondera ainda processando meu monólogo. — Mentir para ela e seduzi-la não te faz quebrar o juramento?
— Não. Ela disse com todas as letras que deveria jurar ser dela e não especificou que eu deveria ser verdadeiro. — dou de ombros e o loiro me imita.
— Então por mim tudo bem, só não se deixe cair na sua própria mentira.
— Isso não vai acontecer.
Seu olhar acusatório diz o contrário, mas o ignoro. Eu vou conseguir. Vinte dias, o tempo em que vamos permanecer nesse navio, é mais do que suficiente para Mary está totalmente rendida aos meus encantos. E não, eu não vou cair na minha própria armadilha. Estou confiante.
O convés superior está mais uma vez cheio de piratas espalhados em grupo comendo sua refeição, satisfeitos com os mantimentos roubados, mas o que me chama atenção é a mesa no deck superior e em que se senta nela.
Ângelo está sentado à esquerda da mesa falando de forma compulsória com sua boca melada de chocolate, do lado oposto uma mulher bonita de pele negra — rindo do que o pequeno garoto fala — vestida com calças e uma blusa maior que seu tamanho se senta ao lado de Shang que para meu espanto ri docemente enquanto a observa. No centro deles Mary ri divertidamente para seu grupo de amizade, vestida apenas com um espartilho azul marinho — devo imaginar que essa seja sua cor favorita — que deixa o colo do busto e ombros desnudos banhados pela luz do luar, os cabelos azuis meio desbotados soltos ao vento com finas tranças com pingentes dourados sob o seu chapéu de capitã. Linda e com ar sedutor, seus olhos se cravaram nos meus como imãs.
Ouço Jimmy resmungar alguma coisa, enquanto me guia para a fila. Depois de longos segundos hipnotizados pelas orbes escuras, consigo me colocar de volta em domínio da minha mente.
O que ela é? Será uma seria enviada para me torturar? Estou quase conspirando para acreditar nessa hipótese.
— Jimmy e Thomas, venham se sentar conosco. — Ouço-a cantarolar e acenar para nós quando o cozinheiro me entrega uma bandeja com caldo de seja-lá-Deus-o-que e biscoitos.
— Graças aos céus, vou comer em uma mesa como gente de verdade. — Jimmy sussurra disfarçado em um sorriso aberto, me ajudando a arrastar a bola desgraçada.
Com um pouco de custo, consigo subir até o local me sentando ao lado de Ângelo quase de frente para Mary.
— Odélia, esse é Jimmy. — a capitã diz estranhamente simpática e a mulher cumprimenta meu amigo com simpatia. — Tem se mostrado um dos meus melhores homens nessa leva de recrutamento, estou até pensando em promove-lo a segundo imediato. — Ela se vira para mim com um sorriso diferente nos lábios. — Esse acredito não precisar de muita apresentação, mas é meu navegador e mestre de mapas.
— Lee, tem certeza que essa bola de ferro é necessária? — A tal Odélia intervém em meu favor com uma demonstração de empatia ou pena. — Isso parece ser um castigo muito grande para alguém que já está juramentado.
— O que posso fazer se ele é um menino mal criado? — ela dá de ombros, totalmente indiferente. Desgraçada. — Mas você está se esforçando para ser meu bom menino, não é ruivinho?
— Claro, minha capitã. — as palavras saem dóceis, mas tenho uma ligeira vontade de atirá-la da proa do navio. Fracamente, vejo suas bochechas corarem.
— Odélia, você quer ver minha coleção de conchinhas? — Ângelo diz contente.
— Claro! — a morena se levanta igualmente contente dando as mãos para o garoto.
— Vamos lá e aproveitamos mudamos você para a cabine da Lee. — Shang os segue.
Na mesa só resta eu, a capitã e Jimmy, mas o traíra vendo a tensão entre nossas encaradas silenciosas fingiu uma tosse e conversa com alguém da tripulação deixando apenas nós dois.
— Como anda as suas pesquisas sobre o mapa? — ela quebra o silêncio, bebericando de sua taça de rum. Ela não sabe o que é água?
— Ainda tem muito o que ler e pensar sobre isso. — retruco simplista. Por um minuto minha mente grita para que não profira mais nenhuma palavra, no entanto a ousadia me toma. — Já não é o bastante eu ser seu escravo particular? Preciso mesmo arrastar essa bola de ferro mesmo com a perna ferida de um tiro que você me deu?
— Sim, precisa, para aprender que suas ações possuem consequências.
— Por favor, Mary.
— Já disse que para você é capitã Lee.
— É incomodo. — Seu rosto é indiferente, mas acredito ver um pouco de piedade passar em seus olhos. — Como vou caminhar entre as estantes, comandar o leme e desempenhar meu papel como seu bom garoto com isso em meu tornozelo para me atrasar além do rasgo à bala que me presenteou?
Em silêncio, ela se levanta da mesa, circundando o objeto e parando na minha frente. O solavanco de surpresa e algo mais, assume o controle do meu peito quando ela aproxima seu rosto bem perto do meu. Seus olhos sérios, mas que carregava algo a mais, por raros segundos eles se deslocam para minha boca, mas rapidamente se fixam nos meus.
— Eu não me comovo com histórias tristes, Thomas Black. — ela tenta se afastar, mas seguro seu pulso. A chinesa encara o local e depois a minha face.
— E se eu implorar?
— Você imploraria? — sua postura defensiva dá lugar a um sorriso zombeteiro. — Se ajoelharia agora diante de mim?
— É isso que deseja? — seus olhos se arregalam quando forço minha perna machucada a se curvar com um sibilo de dor. Meus dedos ainda estão unidos à sua mão, a mesma que fez o juramento, mas que não apresenta nenhum curativo. — Liberte-me desse castigo, eu imploro.
Sinto as pessoas encararem, mas estou mais ocupado em não desmaiar do que com o ardor de vergonha que ameaça dominar todo meu corpo. O ar está mais denso, Lee exala uma tensão diferente presa em seu próprio silêncio.
— Olhe para mim. — Obedeço imediatamente e a vejo engolir em seco. Ela murmura algo em uma língua que desconheço. — Implore, olhando nos meus olhos.
— Liberte-me desse castigo, eu imploro. Tenha piedade com aquilo que lhe pertence, capitã.
Mais um murmuro em uma língua que desconheço, mas diferente do que imaginei — uma ordem clara a alguém que retire de mim essa tornozeleira horrenda — a capitã apenas parte para sua cabine em passos um pouco mais rápido que o habitual e com um tom rosado nas bochechas.
Com um pouco de dificuldade consigo voltar a me erguer, ignorando alguns olhares e me concentrando na minha comida.
Esse foi o primeiro passo para meu caminho da libertação de Lee Feng.
Notas finais:
1. Hazin é a nomeação para os caracteres que formam a escrita chinesa.
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