She- Selena Gomes

Esse conto é um amontoado de inspirações e frustrações.

Não só na música em questão.

A inspiração original que desencadeou a minha criatividade e  todo meu ódio foi o programa "Toddlers & Tiaras" (que o propósito era mostras os desfiles e concursos infantis porem é um programa nojento que mostra basicamente  exploração e abuso psicológico infantil... Eu nem acredito que algo assim pode ser exibido e comercializado sem nenhum problema.

Vou tentar deixar na mídia um pouquinho do contexto, assistam ao vídeo e procurem a  música, foi muita pesquisa e no fim tudo se encaixa como uma luva.

Isso é mais que um conto, e um relato, algo que acontece e alem de normalizado é
glorificado. Tento mostar a  historias de crianças como de Britney Spears ou Janet Mccarthye, a própria Selena Gomes e de tantas artistas mirins exploradas desde tão jovens pela indústria da beleza e do cinema com permissão e aprovação daqueles que chamam de pais.

mais que isso, quis mostrar um estrago psicológico tão profundo  que só poderia mesmo ser causado pelos próprios progenitores.

espero ter feito jus a esses traumas.
Porque não posso nem tentar colocar em palavras a crise de choro e ansiedade que me tomou após a pesquisa para esse conto.

Tenho a impressão que quanto mais eu pesquiso ou tiro experiencias da minha vida pessoal para aprimorar os contos piores eles ficam por que no fim são só pensamentos desesperados e confusos de uma jovem que perdeu a fé.


3003 palavras
Não revisado


Nesse lugar ninguém nunca dorme, não importa a direção para onde olhe é sempre possível observar os milhares de desesperados correndo em círculos a fim de conseguir um milésimo de minuto a frente dos holofotes.

Todos tem praticamente o mesmo objetivo, querem ser famosos, eles pousam em los Angeles com os olhos brilhantes cheios de sonhos e a ilusão de que serão vistos e reconhecidos por qualquer talento medíocre que tenham.

É ridículo de se observar, as agências de caça talentos lotadas, as filas que rodam quarteirões e todos ali acreditam ser o "um em um milhão" que no fim consegue seu um minuto de fama, mal sabem eles o que esta prestes acontecer,  o preço que esse pequeno minuto cobra, afinal morar na cidade dos anjos tem consequências e na maioria das vezes o Show business acaba cobrando muito mais do que você tem a oferecer e nunca de devolve o suficiente assim no fim do dia só sobram as cascas dos sonhadores, vazias e sem esperanças.

Patéticos, todos eram, porém agora me vem na mente o caso daquela mulher, lembro dela se equilibrando em um salto agulha sintilante era de se observar que não pertencia aos telões, a pele era flácida e caída na região das pernas, a barriga levemente saliente era esmagada por uma saia curta de estampa zebrada que além de não cobrir as partes certas não combinava nada com a estampa de leopardo em seu top  claramente muito apertado  deixando os peitos amassados e flácidos como se fossem escapar, uma estratégia falha para aumenta-los eu suponho, então o "não" da equipe de jurados já erá esperado, mesmo assim algo nela chamou a atenção, não nela realmente, algo que ela trouxe.

A pobre menina parecia exausta, sentada no canto esperando pacientemente a mãe, cabelos divididos ao meio sem nenhum adereço ou enfeite e mesmo com a feição de cansaço parecia doce e suave como uma flor, os olhos delas eram porém o que mais chamavam a atenção, os mais brilhantes que toda a bancada já havia visto, por que aquela pequena não buscava fama ou riqueza, suas intenções eram puras, ela estava ali como um suporte a mãe, era como se aquela velha senhora mal vestida fosse aos seus olhos sua própria estrela de cinema, só com os olhos a menina transmitia todo carinho e confiança que tinha e isso era raro de se ver em um lugar onde a maioria dos sentimentos era encenação.

Claro ela era jovem de mais para ser o "tipo de Hollywood", era pequena, inocente nao tinha o carisma necessário e mal falava e isso a tornava exatamente o "tipo de Hollywood", pois era fácil de se manipular.

Era pura de mais para entender os altos e baixos que rondavam aquela reunião, as propostas e entrelinhas, porém confiou na mãe que dizia que essa era uma oportunidade única. 

Todos ali eram todos adultos jogando com a vida de um criança, e ao assinar os papeis aquela matriarca fria acabará de sentenciar a pobre menina a uma decida sem fim, mesmo que a mesma não soubesse o significado daqueles papeis ela sentiu o ar ficar mais pesado e a partir de então ela não sabia se iria sobreviver.

Garantiram a ela que com o tempo tudo ficaria melhor, de certa forma ficou... Porém também ficou pior.

Era como se a vida fosse uma montanha russa, decidas e subidas, tudo acontecia tão rápido que lhe dava enjôo.

 mudanças, holofotes, dinheiro, contratos e concursos muito para alguem tão jovem assimilar.

Agora ela já tinha que se portar como adulta, o que era bizarro levando em conta que começará com concursos infantis, todas as crianças ali vestiam roupas provocativas e usavam laquê o suficiente para fechar a garganta de qualquer um que ousasse entrar na sala, tão maquiadas e treinadas que pareciam pequenas bonecas Barbie feitas de plastico e ocas por dentro.

A pressão era absurda ela tinha que ser a melhor, a mais bonita, mais carismática, perfeita em todos os sentidos da palavra.

E mesmo que fizesse seu melhor nunca era o suficiente, então novamente ela era obrigada a passar por sessões de bronzeamento maquiagem cabelo e roupa, ate que não houvesse um fio fora do lugar então cada vez que subia no palco quase desabava pelo medo dos olhares maldosos que lhe eram direcionados, mesmo depois de tantas revisões não se sentia bem, muito menos perfeita como deveria.

Era engraçado, ela crescerá ouvindo dos estranhos como era perfeita, sempre havia se achado bonita, nunca ate aquela maldita reunião tinha duvidado disso, agora até mesmo uma nota 9 era capaz de lhe causar panico, onde tinha errado?
O que não estava certo?
Por que não era o suficiente?
O que teria que fazer para ser o suficiente?

A sombra daquela menina de olhos brilhantes e cabelos simples passava agora por sua frente enquanto o espelho refletia uma jovem com olhos desesperados, cabelo preso e roupa colada, parecia que haviam se passado anos, tanto em sua mente como em sua  aparências, parecia ser pelo menos 10 anos mais velha do que era realmente, então era bizarro pensar que só haviam se passado meses que começou com essa vida e que ainda era uma criança do ensino fundamental.

Enquanto isso a narsicista que a garota insistia em chamar de mãe vivia todo o luxo que os prêmios da menina podiam lhe dar, enquanto a velha senhora se deliciava com banhos na hidromassagem ou  uma taça de champagne trincando ao seu lado a pobre garota sentia o frio da nova mansão a cercar enquanto as paredes se fechavam ao seu redor, tudo por que ela sabia que para a mãe aquilo não era o suficiente, claro as coisas tinham melhorado e muito, só que de acordo com a mãe sempre podiam ficar melhor

" Não pode se contentar, não importa onde esteja sempre pode melhorar" 

"9 é  medíocre, não se contente em estar na media, temos sempre que nós esforçar para melhorar"

Ela repetia e repetia 

E com o tempo essas palavras ficaram gravadas na mente da filha como se fossem uma regra absoluta, um ditado que repetia nas crises ate perder o sentido, e se para dar a mãe o que ela sempre sonhou a pobre garota tivesse que vender a alma ela o faria de bom grado.

Não espero que entenda, foram anos de manipulação bem estruturada, aquele foi o único jeito que ela conhecerá de viver, aquela mulher era toda sua referência de familia e amor, então para ela a felicidade da mãe era sua felicidade também, ela confiava cegamente, afinal aquela era sua mãe, sua familia e um mãe sempre quer o melhor para seus filhos.

Isso não era mentira.

A mãe queria que a menina tivesse um bom futuro, do seu próprio modo amava ela, mesmo que não fosse tão perceptível, porém ela também acreditava que o sucesso vinha com sacrifício, ela sacrificou seu corpo, sua beleza e inestimáveis horas para por aquele serzinho no mundo e molda-lo perfeitamente  e agora só estava colhendo os frutos de um plantio bem feito.

O que ela não via e que a cada concurso, a cada show a menina perdia um pedaço de si, a cada misero sorriso forçado sua filha morria mais um pouco, porém a mãe nunca enxergou nada errado, ela achava que a filha se divertia tanto quando ela, que os sorrisos eram verdadeiros e que finalmente estava tudo em um rumo certo, sejamos sinceros também, com a quantidade de luxo que sua filha lhe porpocionara ela nem mesmo tentou, nem por um intante, procurar qualquer defeito, e então repentinamente a pobre criança mudará.

Talvez não "tão" repentino assim.

O tempo passou, e tudo foi mudando, os olhares maldosos não a incomodavam mais, a garrafa de tequila virou sua melhor amiga, a primeira coisa a descer por sua garganta de manhã, lhe dando coragem para levantar da cama antes mesmo do amanhecer, e era  a última coisa que consumia antes de apagar no fim do dia, tão bêbada e exausta que mal sabia seu nome.

A bela garotinha de outrora se perderá, ela deveria ter tomado mais cuidado, ela valia mais que isso, queria saber do que sei hoje naquela época assim talvez eu conseguiria ter a alertado.

Afinal de contas ela era uma boa garota, com boas intenções e um universo de possibilidades assim com toda criança.

Sim, ela tomou algumas decisões ruins durante sua adolescência aprendeu algumas lições, virou modelo oficialmente aos 15 a mesma idade que largou a escola, afinal ela tinha tudo, beleza dinheiro e fama, a escola era um ipecilho, não tinha tempo para estudar em casa entre os desfiles e os ensaios  fotográficos, não precisava da escola a final para ser famosa não exigiam diplomas e esse era o objetivo.

Nunca lhe passou pela cabeça que um diploma duraria para sempre enquanto sua beleza e disposição tinham data de validade.

As duvidas chegaram aos 19 depois que sua mãe sofrerá um coma alcoólico em uma balada, e ela viu aquela mulher de idade, deitada em uma cama cheia de aparelhos por tentar viver uma vida que não lhe era mais cabível, observava a mãe enquanto o medico lhe passa um sermão por deixar uma idosa sair e beber daquele jeito, em algum momento disse algo sobre a senhora precisar de um figado, em outro sobre possíveis complicações, porém a jovem estava distraída, não prestará atenção em nada, pois enquanto observava aquela idosa loira de cabelos baguncados cheia de tubos e ainda com as vestes curtas e sensuais fedendo a álcool não conseguia tirar de sua cabeça que aquela não era sua mãe, era si mesma daqui uns o que? 20 talvez 30 anos? Será que sobreviveria ate tal ponto? Será que valia a pena sobreviver para acabar assim? 

Eu gostaria de poder dizer a ela que mesmo depois de tudo, ela era uma garota com boas intenções, ate tentará doar seu próprio figado porém a mãe negou, a cicatriz ira acabar com as chances da jovem de continuar no caminho do estrelato e em suas próprias palavras a matricar preferiria morrer à tirar as chances da filha!

Ou melhor, preferiria morrer à perder aquilo que lutou tanto para construir e aperfeiçoar, a idosa se achava imortal e não era um órgão tão inútil quanto o figado que iria a impedir, se tivesse que diminuir as doses de vodka assim faria.

Ao empurrar a cadeira de rodas da mãe para fora do hospital depois de meses naquele inferno sua mente se via  reconsiderando e questionando tudo, não sabia como havia acabado ali tão vazia e perdida questionando até mesmo se valeria sobreviver mais um dia ou não.

Não, ela não precisava reconsiderar, não precisava se questionar porque ela era uma garota com boas intenções, sim, ela tomou algumas decisões ruins, e ela aprendeu algumas lições da pior forma possível.

Eu gostaria de poder dizer a ela que pela vida que levou, sendo introduzida tão jovem em um mudo movido por fama, beleza, álcool e drogas ela fez o melhor que poderia, realmente ela nunca teve uma chance de ser nada melhor,ela era uma garota com boas intenções não precisava reconsiderar, não precisava se questionar.

Eu gostaria de poder dizer a ela.

Ela achou que ja tinha chegado ao fundo do poço ao acordar grudada a uma garrafa de whisky vazia, pobre garota, não sabia toda a dor que poderia suportar, até que aos 22 anos recebeu a notícias, a mãe morrerá, não dariam um figado a uma alcoólatra e seus pulmões estavam tão desgastados por anos de tabaco que não aguentaram a falta do orgão, e no final todos seus órgãos desistiram depois de anos de abuso e uso indevido, de certo ponto a garota entendia isso muito bem.

Porém seu mundo estava desmoronando assim como sua fé, a mãe era seu guia, seja como fosse, era ela que a assesorava e cuidava de todo seu lucro, toda parte burocrática era com a velha senhora, assim como agendar intrevistas e desfiles, cuidar das fotos e figurino, sentada agora a frente de tantos papeis entre eles os documentos da funerária se sentia ausente da sua própria vida 

Ela náo sabia se queria isso, não estou só falando de cuidar da papelada, poderia contratar alguem para isso, porém agora a mãe partirá, estava pela primeira vez livre, se sentia a flutuar, com se tivesse solta no vácuo do universo, sozinha, perdida no escuro sem conseguir respirar.

Era assustador, bom e ruim ao mesmo tempo, confuso para se dizer o minimo.

Amava e odiava aquela sensação, poderia fazer qualquer coisa, porém só sábia ser quem era, e o sentimento de saber que poderia finalmente ir atrás de algo que realmente gostasse era apavorante 

Saber que poderia sair de sua zona de conforto e explorar novos caminhos parecia em sua cabeça uma mentira sem fundação.

Suas algemas haviam se soltado, porém ela teria a coragem necessária para sair da sela e finalmente conhecer o mundo exterior?
Não seria realmente melhor permanecer alí onde tinha estado toda vida?

Gostaria de poder falar com ela, porque o que eu diria seria: "Oh, querida, você é o bastante pra se tirar dessa situação."

Só que seus próprios pés não a obedeciam, mais uma vez repetiam o caminho que estava tão acostumada e antes que se desse conta estava novamente parada sob os flash's de milhares de câmeras enquanto focava em um ponto fixo no salão.

Durante o dia as pessoas passavam e questionavam sobre o paradeiro de sua mãe ja que ambas eram "unha e carne" durante as seções, estávam sempre juntas, a mãe sempre andando com um pouco de creme ou uma lata de laquê pronta para corrigir qualquer imperfeição na filha, e agora a menina estava a ponto de ter um colapso, não sabia o que responder, como contaria para os outros sobre a morte da mulher se nem ela havia aceitado tal fato, e como poderia? A final era sua mãe.

A palavra "morreu" se repetia e rondava em sua cabeça,  dançava junto com a duvida e o puro desespero porém se perdiam no caminho ate os lábios tornando impossível expressão por palavra, acabavam parando e se acumulando em sua ganganta e peito, causando um aperto angustiante como se  estivesse sendo sufocada em puro desespero o ar faltava em seus pulmões, o peso a impedia de se mexer e só de pensar como estaria horrorosa naquele momento a jovem se desesperava ainda mais.

Como um instinto primordial ela se viu correndo para frente do espelho assim que sentiu a primeira gotícula de água descer por sua bochecha, e como uma represa que estoura a água começará a correr mais rápido, chovia até o chão em grandes quantidades e mesmo que lutasse contra esse ímpeto seus próprios olhos não a obedeciam, nada obedecia, nunca.

Se deu conta naquele momento, ao encarar seu próprio rosto perdido, vermelho, molhado e manchado  o quanto nunca tinha tido controle sobre nada, será que poderia ser considerada viva se nunca tinha tido uma vida própria? 

E naquele momento era a chance, ela soube em um único minuto  de completa sanidade o que estava acontecendo 

A garota com boas intenções morrerá ali mesmo.

Não precisava reconsiderar

Não precisava se questionar

Ali eu nasci, e sabia o que tinha que fazer, uma vez na vida assumiria o controle e mandaria no meu destino, era a minha chance de descobrir quem eu erá, de escolher um caminho  antes que a estrada  fique sombria de mais, e dê finalmente, me escolher.

Meus olhos ja não brilhavam a anos, era mais uma das cascas vazias e patéticas que o estrelato criará, não havia volta dalí, isso eu sabia, só que também não iria ficar parada nem muito menos continuar em um caminho tão auto destrutivo.

Não perderia o pouco que sobrou da minha alma.

E assim eu sai a passos lentos do estúdio, sem rumo, sem medo e sem receio, sentindo somente a saudades absurda daquela pequena garotinha de cabelos divididos e olhos brilhantes que um dia foi levada a uma agência de talentos. 

Como sentia saudades daquela garota.

Era uma garota com boas intenções, sim, ela tomou algumas decisões ruins, ela aprendeu algumas lições e fez seu máximo ate o final.

Eu gostaria de ter tido a chance mostrar que aquilo não era vida.

Eu gostaria de poder ter tido a chance de ter uma vida normal como qualquer criança.

Eu gostaria de provar pra ela que ela era melhor que isso.

Sunny

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