6
Ao ver Camila limpar os lábios com a língua, Lauren não sentiu remorso por seus pensamentos sexuais. Ela era uma linda mulher, com cabelos castanhos e olhos penetrantes, mas o que mais a excitou foi a vontade com que ela comia. Alternando entre os pauzinhos e os dedos, ela deixava evidente sua satisfação com gemidos baixinhos de prazer enquanto devorava a comida.
- Isso está muito bom. - Ela elogiou. A empolgação dela fez com que Lauren sorrisse por dentro.
Os Sentinelas foram criados para ser neutros em relação a manifestações de paixões. Os altos e baixos dos sentimentos humanos não significavam nada para eles. Os Sentinelas eram o peso que equilibrava a balança, a espada que definia o destino da batalha.
Camila segurou um camarão pelo rabo.
- Uma vez meu pai levou minha avó para jantar num restaurante de teppanyaki. Ela adorou as chamas, as espátulas voando e as acrobacias do chefe, até que um camarão cru foi parar no prato dela. Eu achei demais. O cara fazia coisas incríveis. Mas a minha avó ficou olhando um tempão para o camarão... como se estivesse olhando para a própria morte, imagina só... e acabou devolvendo o prato. Ela ficou ofendidíssima. Falou que o cozinheiro de um bom restaurante precisava ter um pouco mais de compostura. - Lauren levantou as sobrancelhas. Camila se recostou no banquinho junto ao balcão, às gargalhadas. - Você precisava ter visto a cara do sujeito. Meu pai precisou pagar umas doses de saquê para ele recuperar o ânimo. - A risada dela era contagiante. Tão sincera e espontânea que Lauren não conseguiu conter mais seu riso. E riu pela primeira vez depois de séculos. Ela gostava de Camila. Queria conhecê-la melhor. No entanto, ela precisava manter a aparência de uma anfitriã tranquila e controlada. Tanto para ela como para os outros Sentinelas.
A desconfiança dos demais era visível. Ninguém jamais diria nada, mas eles sabiam que a presença de Karla a enfraquecia. Essa preocupação poderia se transformar em ressentimento caso Lauren não tomasse cuidado. Sua unidade era composta por serafins mais fortes que ela, anjos que não sofriam daquelas fragilidades emocionais. Eles não eram capazes nem de entender a vulnerabilidade que Karla representava para Lauren, pois não tinham ideia do que era o amor que Lauren sentia por ela. Caso um Sentinela achasse que sua missão podia ser arruinada por Camila, isso seria um motivo justificável para matá-la.
Lauren tentou se concentrar na fritura do tempura, evitando olhar muito para Camila. Ela estava sentada num banquinho do outro lado do balcão de mármore de sua cozinha, bebendo o terceiro copo d'água. Ela ficou excitada ao observar a maneira como ela engolia. Os duzentos anos de celibato estavam cobrando seu preço. Durante a ausência de Karla, ela não desejava o toque de nenhuma outra mulher. Quando a alma dela renascia, porém, seus desejos reprimidos afloravam, e ainda mais intensos depois de serem contidos por tanto tempo.
Lauren estava desesperada para sentir o gosto dela, penetrá-la, fazê-la estremecer com as estocadas de seu pau. Mas isso teria que esperar. Camila precisava aprender a confiar na serafim primeiro, e depois desejá-la com a mesma intensidade com que Lauren a desejava. Quando ela enfim a possuísse, não haveria mais barreiras. Era parte da natureza dela. Quando Camila se entregasse, seria de forma definitiva. Aquela mulher tinha coração de guerreira e alma de sofredora. Ela só precisava ser paciente e tomar todas as medidas necessárias mantê-la em segurança, fortalecê-la e ganhar sua confiança.
- Você não está comendo. - Camila observou.
- Na verdade estou, sim. Mas não da mesma forma que você.
- Ah, é? - Ela assumiu um tom enganosamente neutro. - E qual é a sua forma de comer? - A maneira como ela segurou os pauzinhos mudou, tornou-se mais agressiva. Lauren podia quebrá-la ao meio com um estalar de dedos, e mesmo assim o senso que Camila sentia de certo e errado e a necessidade de proteger os demais a induziam a se preparar para uma luta em que não tinha como sair vencedora.
Ela admirava aquele espírito de luta e aquela convicção. Lauren escolheu as palavras com cuidado. Não podia correr o risco de criar a impressão de que era um parasita, como os vampiros.
- Eu absorvo energia.
- De quê? E como?
- Estamos cercados de fontes de energia... o ar, a água, a terra. A mesma energia capturada pelas turbinas eólicas e pelas usinas hidroelétricas.
- Deve ser bem prático.
- É bem conveniente. - Concordou, voltando a atenção para a fritura da última porção de camarões e legumes. Seu nível de energia naquele momento estava altíssimo, como sempre era o caso quando Karla estava por perto. Sua proximidade, a força inigualável de duas almas que se juntavam, permitia que seus poderes chegassem a níveis ainda maiores. A força vital das almas era a fonte principal de energia dos serafins e a razão principal por que os Caídos precisavam beber sangue, eles ainda precisavam de força vital para sobreviver, mas como não podiam mais extraí-la das almas foram obrigados a fazer isso de forma mais direta.
- Então, - Começou Camila - Você caça vampiros.
- Isso mesmo.
- Mas aquele cara lá na mercearia era um dragão.
- Era.
- E os demônios também existem? Quer dizer, anjos e demônios sempre são retratados juntos. - Lauren tirou o último pedaço de tempura do óleo e desligou o fogo.
- Aquele dragão é um demônio. Vários outros seres têm essa designação.
- Como os vampiros?
- Existem criaturas com presas afiadas que bebem sangue e que são demônios. Mas eles não me dizem respeito. Minha responsabilidade é pelos outros anjos... anjos caídos. Os vampiros costumavam ser meus semelhantes.
- Seus semelhantes. Anjos. Sei. - Ela estreitou os lábios. - Mas os demônios não deviam ser responsabilidade de todos? Eles são os vilões da história, certo?
- Minha missão é estritamente bem definida.
- Sua missão?
- Eu sou um soldado, Camila. Tenho deveres e ordens a cumprir. E aqueles cuja função é caçar os demônios também levam a sério suas responsabilidades. Não estou em condições de interferir, e jamais faria isso. Para ser bem sincera, já tenho coisas demais com que me preocupar.
- Mas então tem alguém cuidando deles?
- Sim. - Camila a encarou por um momento, depois balançou a cabeça devagar.
- Eu não sabia. Quando vejo alguém exalar aquele tipo de energia, eu entro em ação. - Lauren agarrou com força o beiral do balcão. Era um milagre que ela ainda estivesse viva.
- E como você percebe esse tipo de energia? Qual é a sensação?
- É como se eu estivesse andando no castelo do terror de um parque de diversões e soubesse que alguém vai pular em cima de mim a qualquer momento. Sinto um frio no estômago e um arrepio na nuca. Mas é uma coisa bem intensa. Não dá para confundir com mais nada.
- Parece assustador. Mas ainda assim você encara seu medo. Por quê? - Camila apoiou o queixo sobre os dedos.
- Não tenho a intenção de salvar o mundo, se é isso que você está perguntando. Eu odeio matar. Mas consigo detectar a maldade nessas criaturas por algum motivo. Não posso fingir que não está acontecendo nada. Eu não conseguiria dormir tranquila se fizesse isso.
- Você sente que tem uma vocação especial. - Camila respirou fundo, bem devagar. Depois ficou em silêncio por um instante.
- Mais ou menos isso.
- Alguém mais sabe que você caça?
- Você e os seus seguranças, e para quem mais vocês tiverem contado.
- Certo. Sei que nem precisava dizer isso, mas vou falar assim mesmo, você precisa confiar em mim. - Lauren falou baixinho. - Caso contrário não posso ajudar você.
- É isso que você está querendo fazer? Me ajudar? - Ela encolheu os ombros. - Você sabia o que eu fazia quando me viu no aeroporto?
- Se eu sabia que você era capaz de sentir a presença de demônios e vampiros e depois matá-los? - Lauren especificou, para que fosse capaz de responder à pergunta com sinceridade. - Não. Eu vi você, desejei você, e você deixou claro que eu poderia tê-la. Minha motivação foi essa. - Camila estreitou os olhos e a boca. Um músculo em seu queixo se contraiu de tensão.
- E esse tipo de coincidência simplesmente acontece com você?
- Aconteceu de estarmos no lugar certo na hora certa. Mas nós só nos conhecemos porque você sentiu que eu era 'diferente', certo?
- Na verdade, eu achei que você era a mulher mais linda que já vi na vida. A sensação veio só mais tarde. Sobre essa história de lugar certo na hora certa, o meu voo deveria ter sido mais cedo, eu perdi a conexão.
- E eu fui atacada por um vampiro hoje de manhã, meu helicóptero caiu e precisei pegar um voo regular. Está vendo só? Puro acaso.
- Você é um anjo. Não deveria acreditar em coisas como plano divino?
- Livre-arbítrio, Camila. Isso todo mundo tem. Hoje você e eu fomos afetadas pelas consequências das escolhas de outras pessoas. - A serafim a olhou nos olhos. - Mas você não está querendo entrar numa discussão teológica comigo. Está querendo arrumar um jeito de não falar dos motivos que a levaram a começar a caçar. Não vou ficar insistindo no assunto... mas... vamos ficar nesse impasse até eu descobrir o que aconteceu com você. - Camila a encarou de volta.
- Você parece ter certeza de que existe alguma história por trás disso.
- Eu vi você em ação. Atirar uma lâmina daquele jeito exige anos de treino. Quem ensinou você a fazer isso?
- Eu aprendi sozinha. - Lauren sentiu seu sangue ferver de admiração.
- Que tipo de material você usa para forjar suas lâminas Elas devem ter pelo menos um pouco de prata.
- Sim. Eu percebi que a maioria das... coisas não reagem bem à prata.
- Os dragões não mesmo. Na verdade, a não ser por um ou dois pontos fracos, eles têm uma carapaça impenetrável. A sua lâmina teria batido nele e ido para o chão se ele tivesse se transformado. - Camila levantou a mão esquerda e mostrou seu polegar. Uma linha vermelha denunciava a presença de um ferimento recente.
- Algumas criaturas têm uma reação adversa ao meu sangue também. Eu sempre passo um pouquinho nas lâminas antes de atirar, só para garantir. O sangue por si só não mata, mas facilita o trabalho das facas. Eu descobri isso da pior maneira possível. - A mente de Lauren entrou em parafuso. Ela era fatal, mas nem mesmo o sangue de uma nefil como Karla tinha efeito sobre outras criaturas. Ela continuou comendo, sem se dar conta do quanto Lauren estava confusa.
Tentando refrear seus pensamentos, ela prosseguiu.
- Então você dedicou uma boa parte de seu tempo livre a aprender como matar as coisas de que tem medo. Você tem uma noção muito arraigada de certo e errado, Camila, mas ninguém começa a sair matando por aí sem ter um motivo. Por mais maligna que seja a criatura, você deve ter presenciado as consequências dessa maldade para querer exterminá-la. Alguma coisa despertou seu instinto assassino, e alguma coisa o mantém ativo. Uma vingança, talvez?
- E você quer me ajudar na minha vingança? - A expressão de Camila era um misto de preocupação e curiosidade. - Como você faria isso exatamente? E por quê?
- Por que não? Nossos objetivos são os mesmos. Você vem tendo sorte até agora, mas isso não vai durar muito. Um dia você vai matar um demônio ou vampiros cujos amigos vão querer se vingar, ou então pode errar o alvo. Seja como for, seus dias de matança estão contados.
- Você pode me ensinar a diferenciar vampiros e demônios?
- Então você tem uma preferência. - Ela cruzou os braços. - Eu posso treinar você. Posso ensiná-la a caçar com mais eficiência e a matar sem depender apenas do fator surpresa. O que você fez até hoje foi vagar sem nenhum propósito, esperando por encontros ocasionais. Posso oferecer a você alguns objetivos mais específicos. - Camila se recostou no assento.
- Você nem me conhece. - As fraquezas dela, apesar de assustadoras, eram o pretexto ideal para mantê-la por perto.
- Estou na linha de frente numa batalha em que o meu lado está em menor número. Aceito todo e qualquer soldado que conseguir recrutar.
- Mas não é só isso que eu faço. Tenho um emprego e uma vida normal.
- Eu também. Podemos resolver juntas a logística da coisa. - Camila mordeu o lábio inferior. Depois de um momento que pareceu interminável, acenou com a cabeça.
- Tudo bem.
- Perfeito.
Lauren desfrutou de um instante de pura satisfação. Ouviu a porta da frente se abrir. Logo depois, Shawn apareceu. O foco da atenção de Lauren se voltou para o esperado relatório sobre a morte de Nathaniel.
- Junte-se a nós. - O Sentinela entrou na cozinha. Ele deu uma olhada rápida para Camila, e depois se virou para Lauren.
- Capitã. - Ao fazer as apresentações, Lauren fez questão de identificar Camila como uma eventual recruta. Os olhos castanhos de Shawn se voltaram para ela. - Srta. Cabello.
- Me chame de Camila, por favor.
- Pode falar à vontade. - Lauren avisou para Shawn, lançando um olhar para o Sentinela que pedia que as perguntas sobre a reencarnação de Karla em Camila ficassem para mais tarde. Houve um momento de hesitação antes que Shawn começasse a relatar os detalhes.
- Não consegui muita informação útil do licano sobrevivente. O animal estava arrasado, falando coisas incoerentes. Disse que o vampiro que os atacou estava doente. Não sei nem se ele se referiu a uma doença física ou mental. O ataque foi especialmente brutal, então acho mais provável a segunda hipótese. O pescoço de Nathaniel foi dilacerado até a medula. - Camila limpou a garganta.
- Licanos? Tipos lobisomens? - Lauren a encarou.
- Lobisomens são demônios. Os licanos têm um parentesco com eles, o que os permite mudar de forma de uma maneira parecida. Mas, ao contrário deles, os licanos descendem de anjos.
- Ah, e só para avisar. - Shawn acrescentou com um sorriso. - Eles ficam ofendidíssimos quando são chamados de lobisomens.
- Anjos. - Os olhos escuros de Camila estavam arregalados, e as pupilas, dilatadas. - Por que eles não viraram vampiros?
- Porque eu precisava de reforços. - Contou Lauren. - Nós fizemos um acordo eu pediria ao Criador que os poupasse do vampirismo caso eles concordassem em me ajudar a manter os vampiros na linha.
- Eles faziam parte do mesmo grupo de anjos, os vampiros e os licanos
- Sim. - O único sinal de inquietação que ela demonstrava era a maneira como ficava remexendo no copo d'água em cima do balcão.
- Sinto muito pelo seu... Nathaniel.
- Meu tenente. Meu amigo... não, mais que um amigo. Ele era como um irmão para mim. - Lauren havia recolhido as asas durante o jantar, mas elas estavam abertas de novo, demonstrando seu estado de agitação interior e sua sede de batalha. Camila seguiu com os olhos a curvatura superior de uma das asas, e sua expressão se atenuou. Para Lauren, aquele olhar afetuoso era como uma carícia.
Camila arrastou o banquinho e se levantou.
- Nós já sabemos o suficiente para ir atrás do desgraçado que o matou
Lauren não pôde deixar de notar que ela já falava como se fosse um deles.
- Estamos quase lá. - Shawn a encarou de novo, dessa vez um pouco menos desconfiado. - Pelo que eu pude apurar, Nathaniel sofreu uma emboscada. Ele tinha feito uma parada para alimentar os licanos.
- Onde está o segurança que sobreviveu
- Eu o matei.
- Eu não autorizei isso.
- Era ele ou eu, capitã. - Shawn corrigiu a postura dos ombros. - Ele veio para cima de mim. Fui obrigado a me defender.
- Ele atacou você
- Ele tentou. Na minha opinião, foi um ato suicida deliberado.
Elijah estava certo quando disse que licano nenhum deixaria sua parceira morrer de caso pensado, eles simplesmente não conseguiam viver sem seu companheiro ou companheira. Mas e se o licano que sobreviveu tivesse planejado morrer logo em seguida...
- O ferimento de Nathaniel... você disse que a garganta dele foi dilacerada. Alguma chance de isso não ter sido feito por um vampiro - Shawn inclinou a cabeça um pouco para o lado.
- Está me perguntando se pode ter sido uma patada de licano? Sim, é possível, mas a ausência de sangue na cena do crime é um fator a ser considerado. Existem respingos causados pelo rompimento da artéria, mas de resto o sangue foi todo drenado. - O fato de Nathaniel ter caído numa armadilha era preocupante. Os Sentinelas não eram suscetíveis à fome, portanto foi a necessidade dos licanos que o levou a um lugar onde sua segurança estava em risco. Se a especulação de Jason sobre um levante dos licanos estivesse certa, Lauren estava diante de uma batalha que certamente se estenderia até os mortais. Mas ela não estava em condições de descartar nenhuma hipótese.
- Vá falar com Jason agora, e venha me ver amanhã de manhã. Quero voltar a tratar desse assunto depois que vocês dois conversarem. Por hoje é só. - O Sentinela fez uma breve reverência e saiu da cozinha.
Camila pôs a mão na frente da boca para bocejar, o que fez com que Lauren se lembrasse de que ela era mortal e que seu relógio biológico ainda estava ajustado ao fuso horário da Costa Leste.
- Permita-me acompanhá-la até seu quarto. - Ela falou. Camila acenou com a cabeça e contornou o balcão com movimentos fluidos e graciosos, apesar de estar se sentindo exausta.
- Nós também precisamos conversar amanhã de manhã.
- Claro. - Ela parou na frente de Lauren e cruzou os braços.
- Você disse que sentiu desejo por mim.
- É verdade. - A vontade de puxá-la para perto, beijá-la na boca e descobrir o gosto dela estava provocando uma ereção sob suas calças. Uma reação absolutamente humana que Lauren não era capaz de controlar. Elas nunca tinham trabalhado juntas antes, em nenhuma das outras encarnações de Karla. Ela sempre havia permanecido neutra, nunca conseguiu escolher entre Lauren e o próprio pai. Seria a primeira vez que estariam lado a lado, lutando pelo mesmo objetivo. A ideia de compartilhar sua missão com Camila, de deixar bem claro quem e o que ela era, estava a afetando de maneiras imprevistas.
- Desejo. - Parecia ser uma palavra civilizada demais para descrever sua atração por Camila Cabello. As pálpebras delas baixaram, escondendo os olhos. - É um pecado muito grave sentir desejo por um anjo
- O pecado é meu, por querer seduzir você.
Ela engoliu em seco.
- E se a coisa for além do desejo? Eu vou ser fulminada por um raio? Ou coisa pior?
- Isso faria você desistir?
- Espero que eu tenha ganhado alguns pontos por ter livrado o mundo de coisas como aquele dragão.
- Vou ajudar você a ganhar mais alguns. - Lauren mal podia esperar para começar. Ela já tinha mostrado ser extremamente resistente e adaptável. Em questão de horas, aprendeu que os vampiros e humanos que julgava conhecer eram apenas uma pequena parte de um submundo muito maior. E havia aceitado tudo sem susto, porque era uma sobrevivente, uma combatente, uma mulher que Lauren ansiava por ter a seu lado nos dias que se seguiriam.
- E eu vou precisar deles? - Camila começou a caminhar a seu lado. - Você não respondeu à minha pergunta, então estou achando que sim.
- A pecadora sou eu. - Lauren repetiu, conduzindo-a pelo corredor até um quarto preparado especialmente para ela.
Lauren sempre reservava um quarto em sua casa para ela, como uma lembrança tanto de sua falibilidade como de sua capacidade de ser humana. Para si, as duas coisas eram uma só. Lauren não podia ser humana sem ser falível, e não suportaria ser nenhuma das duas coisas sem Karla.
Elas chegaram à porta do quarto de Camila. A serafim a abriu, mas Camila não se mexeu. Por mais inevitável que fosse sua transgressão, Lauren era capaz de resistir, pelo menos por enquanto. Mas isso não duraria muito. Não depois de ficar sem ela por tanto tempo. E a sexualidade inatamente agressiva de Karla só tornava tudo ainda mais difícil. Mesmo quando reencarnava em épocas de maior inibição ou repressão, ela nunca perdia tempo em seduzila. E Lauren não pensava duas vezes antes de se deixar levar.
Camila entrou no quarto, mas parou logo depois de cruzar a porta. E então falou por cima do ombro.
- Provavelmente não. - Lauren levantou uma sobrancelha num questionamento silencioso. - Não me faria desistir. - Ela esclareceu.
Quando ela fechou a porta, viu que a serafim estava sorrindo.
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