[38] A teoria das respostas sanadas


"Paco Hernández foi um homem que costumava focar apenas na nata do leite. Ele acreditava que as músicas causavam apenas impactos comportamentais. Seus pensamentos se restringiam apenas a isso. E a Galbone Hill. Ele acreditava que aquela colina era encantada, mas me empenhei bastante para encontrar argumentos contra isso." Ele fez uma pausa, olhando com seriedade para nós. "A coisa de ouvir música naquele lugar não era nada mais que uma consequência de subir até lá. Mais tarde, conseguiram constatar através de um Contador Geiger que aquela área tem certo nível de radiação. Pisar em Galbone Hill por um tempo, pode te trazer muitos problemas, incluindo danos neurológicos."

"Você está querendo dizer que todas as pessoas que subiram lá foram expostas a radiação?" Indaguei.

"Certamente. Alguns mais que outros. Incluindo Paco, que às vezes dava uma passada lá. Sua pele tinha queimaduras em alguns pontos, ele sentia febre e náuseas com frequência. Cada vez que nos encontrávamos, ele parecia piorar. Ele morreria novo de qualquer maneira. Os mandantes de Neri só adiaram isso."

Engoli em seco. Era terrível pensar que ele mesmo havia procurado a morte, sem ter nenhuma noção disso.

"As pessoas que ouviam música lá estavam sofrendo com a radiação. A exposição estava causando danos neurológicos, que desencadearam uma psicose. Hoje o lugar é totalmente inacessível, a área está toda cercada. Todo o conjunto habitacional daquele lugar foi abandonado. Ninguém em sã consciência quer pisar naquele lugar."

"Meu Deus..." Eu estava me sentindo fraca. Aquelas verdades eram tão desesperadoras. Queria por algum motivo que a história do monte fosse verdade. Eu tinha impressão que tudo seria mais fácil se fosse verdade.

"Pessoas pularam do monte, porque se encontravam em um estado mental crítico." Continuou. "Estavam delirando, em linguagem mais coloquial. Mas enfim. Paco Hernández estava certo sobre os comportamentos. Entretanto, a coisa é muito mais complexa do que apenas analisar a variação de humor, quando se ouve uma ou mais faixas específicas. Este fenômeno envolve um pouco de história arqueologia, antropologia, teologia, matemática e neurologia, além da psicologia. Não é nada simples, mas também não é complicado. Não é alegre nem desesperador. É o que é."

Pisquei os olhos atônita. Não estava entendo mais nada do que aquele senhor falava. Queria me levantar dali e ir embora para minha casa. Mas não podia. Se eu me levantasse, tinha certeza que ele não ia querer me contar tudo isso em outra ocasião. Mark o fitou com confusão também.

"São só teorias, claro. Mas eu trabalhei com provas, o que já é alguma coisa. Bom..." Ele fez uma pausa. "Vocês já falaram sobre isso a alguém? Sobre a viagem de vocês?"

"Não, nunca." Mark disse. "Só dissemos um ao outro. E você agora sabe."

"Isso é bom. Pode não parecer, mas na neurologia, a música é algo constantemente estudado. Porém, existe algo, um tópico no qual eu gosto bastante, mas para entendermos tudo isso, precisamos começar com o mínimo de história..." Ele fez uma pausa novamente. "A música, assim como muitas coisas, se modificaram ao longo do tempo. Se compararmos a música de milhares de anos atrás com a música atual, notaremos inúmeras mudanças que a princípio não são importantes nessa explicação." Ele tossiu antes de voltar a falar. "No momento em se descobriu a música, os primeiros humanos costumavam utilizá-la para rituais religiosos e a consideravam um fenômeno sagrado. Já na Grécia antiga, ela acompanhava alguns mitos e até a prática de esportes. Mas foi na Idade Média que tudo mudou. Para a história da música em um nível mundial e para nós, o micro de um problema macro."

Assenti, desejando beber um copo bem grande de água naquele momento. Eu não estava falando o quanto queria, mas minha garganta estava seca como se eu não tivesse me hidratado nos últimos 3 dias.

"A música começou a se transformar em algo mais teórico, matemático e físico nessa era da história, conhecida por muitos como a idade das trevas. As notas musicais surgiram por meio de um hino produzido a São João Batista, de onde foram extraídos seis sílabas das primeiras seis frases que se tornaram as notas que todo mundo conhece. Registros de partituras descobertos datam até o Egito Antigo, mas foi na idade média que a codificação  começou a dar passos grandes. Descobriram que cada nota carrega uma uma onda de frequência e é aí que a física entra. Quando uma simples nota é tocada em um piano por exemplo, a vibração propagada se transforma em uma onda que será emitida e interpretada por alguma parte do nosso cérebro. Não importa se você tem deficiência auditiva, surdez ou ouve perfeitamente bem. As vibrações serão captadas pelo ser humano no momento em que ele estiver próximo a música. Essas vibrações se transformarão em impulsos elétricos e eles seguirão para o cérebro, onde serão processadas em dois lados: primeiro pelo lado sentimental e depois o racional. Os neurotransmissores que aqui desempenham o papel de entregadores, liberarão ao nosso corpo os impulsos elétricos que foram interpretados lá no cérebro, pelos os dois lados. De um modo bem simplificado, é assim que ouvimos e interpretamos uma música."

"Uau, isso é demais." Não consegui esconder o quão surpresa e animada estava com aqueles minutos de história barra física, barra neurologia. Estava prestando mais atenção no que aquele senhor dizia do que qualquer aula que eu já assisti na minha vida. "Então podemos dizer que a música é entendida de modo distinto porque cada pessoa tem um tipo único de processamento. "

"Entendeu a matéria direitinho, Ashlyn." Ele me deu uma piscadela cúmplice.

"Pode me chamar de Ashe apenas, por favor. É o meu apelido, todo mundo me chama assim."

"Ashe? É um bom apelido. Me faz pensar em Ashes." Ele se ajeitou mais uma vez, lançando um olhar para Mark que estava com a expressão pensativa. "E você garoto?"

"Me chamo Mark."  Replicou ele, mas o tom não era de irritação. "E eu entendi cada sentença sua. Estava apenas pensando o porquê dessa explicação sobre notas musicais todos esses minutinhos de história. Pensei que tudo ia acabar em alguma lenda havaiana, alguma coisa da mitologia grega, sei lá. Algo que explicasse de forma mais fantástica toda essa confusão que carregamos no gene, cérebro, sei lá."

"As lendas são maravilhosas, mas infelizmente não são fortes e convincentes o bastante para estudos de cunho científico, Mark. A não ser que você seja da área histórica. A história permite superestruturas desse tipo em algumas situações. Eu foco em trazer fatos
que se cruzem, isto é, que façam sentido mesmo que sejam de áreas e épocas diferentes. Eu não foco no lado fantástico, apesar de apreciar muito. Acho que meu finado amigo já focou nesse lado o bastante e não conseguiu caminhar muito com ele."

Mark assentiu, murchando um pouco a sua postura que até aquele momento parecia inabalável. Confesso que a minha postura também começou a desmanchar. Uma grande parcela de mim cogitou a possibilidade das faixas três terem sido originadas de um lado mais fantástico, como uma lenda folclórica de 1000 anos atrás. Algo celta, algo que me fizesse pensar em seres estranhos, anjos caídos, ou toda a  triologia de livros da Becca Fitzpatrick.

"A música basicamente passeia pelo nosso cérebro como vocês viram. É por meio dele que processamos as estruturas de uma música. Como a Ashe salientou, cada pessoa tem um modo único de processar e reagir aos estímulos musicais. Grande parte disso é causada por sentidos que podem associar uma música a um cheiro, um toque, a alguém específico. Uma única nota musical tem a capacidade de motivar, entristecer ou pertubar o ouvinte. As pinturas também funcionam mais ou menos assim. Elas despertam em nós a coisa mais perigosa que temos: os sentimentos."

Ele ficou em silêncio por um minuto inteiro, apenas encarando Mark e eu. Meu desconforto aumentou mais ainda.

"A música é simplesmente fantástica apenas pelo fato de que ela é processada de modo independente por partes do nosso cérebro, o que não acontece com a leitura, a escrita e a fala. Existem casos na história de pessoas que sofreram danos cerebrais e mesmo assim conseguiram assimilar e compor canções. Isso não acontece de modo algum parte da linguagem. Ela é prejudicada de alguma forma."

"Espera um pouco. Deixe-me ver se estou entendendo...Os bebês por exemplo, não conhecem propriamente a linguagem e mesmo assim eles conseguem identificar os sons e reagir a eles." Mark comentou. "Por ser processado de forma independente, os sons entraram em atividade primeiro que a fala e a leitura em nossas vidas. Eles não foram propriamente ensinados. Nascemos com eles."

"Você pegou tudo e mais um pouco Mark. É aí que minha tese entra. Música e reação. Devo dizer que é um tema comumente estudado pela neurologia, mas eu não estudei pelo bem da ciência e sim por mim, então posso dizer que fui inútil para a ciência em geral dos últimos anos. Eu queria entender porque uma coisa louca sempre acontecia quando eu escutava uma  música. Primeiro acreditei que o que acontecia comigo era um fator externo, não era causado pela minha pessoa. Era a física simplesmente. A coisa das ondas sonoras tinha que fazer sentido. Tinha que se encaixar com essa anormalidade. E realmente se encaixou. Os neurologistas conhecem esses elementos por epilepsia musicogênica."

"Epilepsia?" Mark não conseguiu esconder a expressão descrenciosa.

"Foi exatamente o que você ouviu. A epilepsia musicogênica não deve ser confundida com uma epilepsia comum. Essa é uma condição raríssima que ataca uma parcela microscópica dos entusiastas de música. É aquela velha estatística de 1 pessoa contemplada a cada não sei lá quantos milhões. Pode ser desencadeada por diversos fatores, tanto sociais, como os de aspectos fisiológicos, hereditariedade, o ambiente. Posso dizer que é um campo obscuro na neurologia; existem poucos estudos sobre o transtorno. Bom, existem 3 tipos principais dessa epilepsia: podemos pautar o primeiro como uma resposta aos estímulos gerados e considerados desagradáveis ao indivíduo; outro é gerado por uma reação indesejada, ou seja, uma pessoa ouve um som e, se assusta, estímulos são ativados e um ataque epilético acontece. O último é um ataque epilético causado por algum estímulo monótono; esse é o mais raro de todos."

"Por que estou com a impressão de que esse último tipo tem a ver com a gente?" Perguntei. Infelizmente Jace Lauper balançou a cabeça em positivo.

"Provavelmente sim. Pelo menos consegui associar alguns fatos de modo coerente." Ele fez uma pausa. "Bom. Toda essa explicação foi básica, só para vocês terem noção do que vou dizer agora. Primeiro: Essa reação às faixas, a origem mais provável é da idade média, precisamente dos músicos de orquestra. A música da idade antiga era crua, não tinha tanta frequência. Com a popularização dos instrumentos musicais, o cérebro não estava acostumado a escutar certas frequências e aí alguns problemas neurológicos surgem."

"Músicas ritmadas demais, músicas que marcaram certo momento da vida, ou simplesmente um um único acorde, pode aterrorizar uma pessoa com epilepsia musicogênica. Ela provavelmente ficará em choque por alguns segundos e em casos extremos, poderá ter convulsões, desmaios, alucinações, olhar vago, queda na pressão, dentre outros muitos sintomas. Alguns estudos sugerem que a música não é a principal causadora do transtorno, mas sim a predisposição a epilepsia, ou seja, alguns estudiosos acreditam que pessoas com esse tipo de epilepsia tinham uma condição favorável no seu cérebro para o desenvolvimento de uma epilepsia, independente dela ser musicogênica ou não."

"Não, eu não tenho epilesia." Eu disse, balançando a cabeça. "Isso é ridículo. Sou uma pessoa completamente saudável. É impossível."

"Só podemos confirmar se você for submetida a um monitoramento realizado por um neurologista." Jace disse. Mark se ajeitou no sofá.

"Sua teoria então é que nós temos essa epilepsia musicogênica? Eu sinto alguns sintomas, mas e o lance de algo sempre ocorrer de acordo com a letra da música?"

"Não tenho uma resposta concreta sobre isso, apesar de eu achar que o seu relato seja uma alucinação. Sei que a atividade cerebral fica fragilizada após escutarmos uma faixa específica, então talvez o paciente com este transtorno tenha a falsa sensação de que a vida e as relações seguem a letra ou o ritmo da música."

Segurei as bordas do estofado antes que eu caísse no chão. Eu não podia acreditar naquilo que estava ouvindo. Mark e eu tínhamos um tipo muito louco de epilepsia que causava várias alucinações, de acordo com Jace Lauper.

"O que causa essa epilepsia?"

"As epilepsia pode ser causada por fatores genéticos, alguns acidentes como bater a cabeça muito forte em algum lugar, algumas doenças neurológicas como o Alzheimer, doenças cerebrais como um AVC, baixo nível de açúcar no sangue, má formação durante a gestação, doenças infecciosas como o HIV e muitas outras causas. Mas essas são as comuns. Como eu disse, esse é um campo obscuro da neurologia, com poucos casos desse tipo de epilepsia e muitas particularidades de um caso para o outro."

"Bom, eu posso dizer que não acredito nisso." Mark se levantou. "Muito obrigado pelos esclarecimentos, mas eu não acho que nenhum deles se encaixa com a gente."

"Não expus os fatos para se encaixar com sua história, Mark. Estou expondo meus estudos e esclarecendo algumas coisas para vocês. A minha teoria é estritamente pessoal, mas com um embasamento científico, como vocês acabaram de notar pelos tópicos que apresentei." Jace encarou Mark. Depois pousou os olhos em mim. "Minha teoria sobre as faixas, é que as faixas não são a raiz do problema, mas sim o modo como processamos elas. Sabemos que as notas musicais emitem descargas elétricas e essas descargas são processadas de modo único por um conjunto de neurônios. Mas e se nesse caminho até nossos ouvidos, nossos neurônios processassem de maneira equivocada os estímulos captados pelo nosso canal auditivo? O que vocês sentem depois de ouvir uma música pode ser consequência da desordem gerada pelo processamento das ondas sonoras. É como se nossas células estivessem excitadas demais e por conta dessa agitação digamos assim, elas geram algumas consequências como as convulsões, alucinações e outros sintomas que eu já pontuei com vocês."

"Ok, mas porque essa desordem é causada por apenas uma faixa específica? O senhor chegou a pensar nisso?" Mark replicou e seu tom era de impaciência. Me levantei do sofá e passei a mão sob seus ombros.

"É só uma questão de tempo até vocês serem afetados por todo tipo de música. Existem histórias de pessoas que foram afetadas por um certo ritmo e ao longo do tempo o cérebro deixou de lado a seletividade, passando a ser sensível a todo tipo de música. Minha teoria é essa. Mais cedo ou mais tarde vocês serão afetados por todas as músicas."

"O senhor tem basicamente a mesma coisa que nós dois. O senhor gosta de música e trabalha com música também. Essa teoria não faz sentido, porque tenho certeza que você não foi afetado por todo tipo de música como acabou de falar." Eu disse.

Ele abriu um sorriso.

"Não, porque me estudo bastante. Sei exatamente o que tenho e encontrei uma maneira de aliviar os impactos das faixas na minha vida."

"O que o senhor faz?" Eu perguntei, não acreditando que estava perguntando aquilo. Era tão inacreditável, tão maluco. Tão... tão. Era muito para um só dia.

"Eu escuto as músicas que me afetam muitas e muitas vezes." Ele disse e eu pisquei os olhos, tentando captar o que ele estava dizendo, ignorando todo o meu choque. "Eu sei, parece algo sem pé nem cabeça, mas funciona comigo. Bom, tenho sensibilidade às faixas 3 e 8. Todos os dias, coloco uma delas para tocar, várias e várias vezes. Faço isso à noite, porque já estou em casa e não preciso me relacionar com ninguém. Escutar essas faixas várias e várias vezes é como tomar uma vacina. Aos poucos você vai perdendo a sensibilidade até não ter mais nenhuma. Hoje eu sou sensível apenas as faixas 3 e 8 nas quais eu nunca ouvi. É um imunizante e tanto."

Eu estava prestes a me beliscar bem forte.
Escutar as faixas várias e várias vezes até perder a sensibilidade? Aquilo parecia papo de maluco que passou tempo demais pensando em uma coisa só. De alguma forma, me sentia como a Alice no país das maravilhas, tendo conversas sem pé nem cabeça com qualquer bicho falante e desejando encontrar o caminho de casa.

"Pela cara de vocês, acho que terminamos nossa conversa." Ele se levantou também e caminhou até a saída, abrindo a porta. "Agora preciso que vocês vão, ou eu mesmo tiro vocês daqui. Gostei de entretê-los por meia hora, mas estou muito cansado e não quero conversar sobre mais nada com ninguém pelo o resto do dia."

Queria abrir a boca, mas alguma coisa em mim me impedia de falar. Mark entrelaçou a sua mão na minha e me puxou delicadamente a porta de saída com ele.

"Se reproduzirem qualquer coisa do que eu disse a vocês-"

"Não se preocupe, Jace." Mark disse. "Obrigado pelos esclarecimentos."

"Não há de quê. Só espero que não me procurem mais." Foi a última coisa que ele disse antes de bater a porta na nossa cara.

Foi uma bela despedida, não acha?

Caminhamos até a frente da loja. Eu estava tremendo, sentindo um frio descomunal. A atendente que parecia livre aquele horário, nos fitou com bastante atenção.

"Meu Deus, que caras são essas?" Ela disse. "Parece que vocês acabaram de lidar com fantasma. Querem um copo d' água? Não, nem precisam pedir. Vou buscar."

Ela saiu para buscar a água, mas eu caminhei em direção a saída. Mark me segurou.

"Ei, você não vai esperar a água? Não sei sobre mim, mas você está pálida. Parece que acabou mesmo de ver um fantasma."

"Não, preciso sair daqui. Por favor, vamos sair daqui, senão vou ter um colapso."

Mark notou meu nervosismo e pegou minha mão. Caminhamos até o outro lado da rua, até as escadas que davam para a areia da praia. Me sentei em um dos degraus e escondi minha cabeça no meio das pernas. Minha cabeça estava girando, eu estava morrendo de tontura.

"Eu não-" Eu levantei minha cabeça depois de alguns segundos. Mark estava sentando do meu lado. Ele não parecia tão afetado como eu. Ou era isso ou ele estava fingindo indiferença. "Eu acho que estou tendo uma crise de ansiedade. Eu estou com vontade de vomitar."

"Olha para mim." Mark envolveu meus ombros com um braço e eu me virei para encara-lo. Seus olhos eram tranquilizadores. "Isso. Agora inspira e tenta direcionar esse ar para sua barriga. Encha a sua barriga de ar, até não poder mais. Depois expira tudo, aos poucos."

Fiz o que ele me instruiu e aos poucos a ansiedade diminuiu. Meu Deus. Aquilo era tão assustador.

"Se sente melhor?" Mark me encarou e seus olhos eram tão lindos e sinceros, que eu senti vontade de chorar. E foi o que eu fiz. "Ah não! Não chora, por favor."

"É impossível." Eu disse e ele me puxou para seu peito. "Acabei de ouvir a coisa mais doida que já ouvi em toda a minha vida e estou surtando com isso. Eu estou ficando louca?"

"Não, claro que não. Na verdade, é justificável." Ele abaixou e deu um beijo no topo da minha cabeça, afagando-a. "Acabamos de receber muita informação. Não conseguimos processar tudo e precisamos de tempo para colocarmos a cabeça no lugar."

"É, você está certo." Fechei os olhos e tentei focar apenas nas suas mãos no meu cabelo, no sol escaldante e no ar salino."Você está certo."

A minha teoria a respeito das respostas sanadas pode te levar a dois caminhos: ou você finalmente vai finalizar um ciclo com a resposta em questão ou ela vai te levar a mais uma levada de questões que vão pipocar na sua cabeça. Confesso que o segundo caminho é o mais angustiante. É como se você estivesse prestes a alcançar a linha de chegada de uma corrida longa e de repente algo te puxa para trás. É como dar um passo para frente e três para trás. Mas não se desespere. Tome um tempo para respirar e não fique ansioso com a série de questionamentos que surgiram na sua cabeça. É só uma questão de tempo para todos eles serem respondidos, você vai ver.

**Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.

Nenhuma parte deste material poderá ser copiada sem autorização da mesma, correndo o risco de sofrer terríveis consequências.

Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.

Ps: isso não é um diário. Te mato se eu souber que você acha que meus registros e experiências altamente profissionais não passam de puro clichê adolescente.

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