[34] A teoria de uma viagem pt.2
N.A: Olá! Criei uma playlist com músicas sobre a Califórnia para vocês entrarem no clima da viagem do Mark e da Ashe. Não é a mesma playlist da Ashe, pois ela tem uma faixa 3 (!), mas essa faixa três em questão me inspirou a escrever esses últimos capítulos. Vou deixar o link aqui nos comentários e na caixa de mensagens aqui do meu perfil, caso vocês queiram ouvi-la. :)
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Nosso próximo ônibus estava mais cheio do que o outro. Mark e eu tivemos que nos sentar em bancos separados, fomos os últimos da fila. Me sentei ao lado de uma moça que tinha a cara da Jennifer Lawrence, uma Jennifer que usava grandes headphones. Mark se sentou um banco à minha frente, na companhia de um senhorzinho que começou a roncar assim que o ônibus foi ligado. Peguei meu celular e abri minha playlist de músicas sobre a Califórnia, compartilhando o link com Mark.
"Ei." Cutuquei seu ombro. Ele se virou. "Acabei de te enviar o link da playlist. Faça um bom proveito dela enquanto o wifi do ônibus estiver pegando e bon voyage."
"Você vai ouvir comigo né?" Mark pegou o celular e botou os fones nos ouvidos.
"É claro." Botei os fones também. "No três. Um, dois... três!"
Dani California explodiu nos meus ouvidos. Mark e eu trocamos olhares animados e cúmplices. Ele levantou o braço de plástico do banco e ficou sentado de lado, com as pernas no corredor do ônibus e começou a cantar os versos apenas movendo os lábios. Eu entrei na brincadeira, fingindo que estava tocando uma bateria o que fez a sósia da Jennifer Lawrence me olhar de rabo de olho. Quando o versos da canção deram lugar ao solo, Mark fingiu que tocava uma guitarra com todo o profissionalismo do mundo. Um casal da poltrona ao lado assistia toda a cena como se nós fôssemos loucos.
Isso eu não poderia negar. Éramos um pouquinho loucos sim.
Andar de ônibus por muito tempo te deixa com as pernas inchadas, com a bunda doendo por ficar tanto tempo sentada, além de te causar enjôos e um terrível mal estar. Quando foi anunciado que o ônibus faria uma parada de 15 minutos eu agradeci aos céus pela a benção. Meu estômago estava doendo de fome e eu tentava disfarçar os "roncos" bebendo água. Por conta disso, minha bexiga estava no limite também.
A "parada" consistia em algumas lojas de conveniência, uma do lado da outra. O ônibus parou ao lado de outros dois já estacionados e o motorista repetiu mais uma vez que o prazo máximo para permanecer lá fora sem ser deixado, era de 15 minutos. Botei a bolsa no ombro e me levantei com cuidado, dessa vez, me inclinando para não bater a cabeça. Mark se levantou, virando-se para mim.
"Pronta para comer um lanche?"
"Mais que pronta. Estou quase azul de fome." Descemos do ônibus e fomos saudados pela paisagem desértica e árida da divisa do Estado. Caminhamos em direção a uma lanchonete e eu fui direto para o banheiro antes de pedir qualquer coisa. Quando voltei, Mark estava sentado em uma mesa próxima as janelas largas. Dava para enxergar nosso ônibus ao longe.
"Voltei. Você já pediu alguma coisa?"
"Não eu estava te esperando." Ele apontou para a fila de pessoas que também estavam ansiosas para fazer um pedido e dar o fora dali. "Isso está muito grande também. Acho que a gente não vai conseguir nada a tempo do ônibus partir."
"Vamos procurar outra coisa do lado, então."
Saímos da lanchonete e entramos na loja de conveniência, que era ao lado da lanchonete. Andei entre as prateleiras vermelhas e peguei um saco de batatas chips, uma garrafa de suco, de água, um saquinho de M&M e uma barrinha de chocolate. Mark pegou apenas uma Gatorade.
"Você vai sobreviver só com isso?" Olhei para o único item que ele tinha pegado quando estávamos no caixa. Um cara alto e corpulento começou a passar as minhas coisas.
"Estamos a mais ou menos umas 4 horas do nosso destino final, Ashe. Além disso eu estou enjoado demais para comer. Tenho certeza que se a gente tivesse pegado os lanches eu botaria tudo pra fora no ônibus."
"Ai credo, nem fale disso." O caixa disse o total da minha compra e eu abri a bolsa em busca da carteira. Mark segurou meu pulso. "O que foi?"
"Eu pago." Ele fisgou a carteira no bolso da jaqueta e tirou de lá algumas notas. Eu balancei a cabeça. "E não faz essa cara. Vou pagar e pronto."
"Tudo bem então." Eu disse, enquanto ele passava o Gatorade e pagava tudo. Quando saímos, dei um soquinho no seu ombro. "Vou te obrigar a comer alguma coisa, você querendo ou não."
Fomos as primeiras pessoas a voltar das lojas, então apenas entramos no ônibus para nos certificar que o motorista ainda não estava ali e saímos felizes por podermos ficar um pouco ao ar livre.
"Bom." Eu joguei minhas coisas no primeiro banco que vi e botei uma perna em cima dele, massageando de leve o tornozelo. "Droga. Minhas pernas estão me matado. Viajar de ônibus é a pior coisa do mundo."
"Eu não acho tanto não. Tem umas coisas legais em ter que ficar enfurnado dentro de um monstro de ferro." Ele se sentou e olhou para a minha perna em cima do banco. "Quer que eu te faça uma massagem?"
"Ah não... obrigada." Botei a perna no chão me sentido um pouco tímida por ele estar olhando para as minhas pernas fixamente.
"Hum, você vai ter que comer batatinhas." Abri a embalagem de batata chips e estiquei uma na direção da sua boca. Minhas mãos estavam trêmulas e torci para que ele não tivesse notado. "Abre a boca e come, vai. Isso é uma ordem."
"Sim senhora." Ele abriu a boca e enfiei a batatinha. "Se você continuar me dando as batatinhas assim acho que consigo comer o saco inteiro."
Continuei dando batatinhas na boca para ele. O senhor que estava se sentado ao lado de Mark, saiu da lanchonete mastigando um grande hambúrguer.
"Ótimo." Mark murmurou. "Agora ele vai roncar enquanto arrota do meu lado."
"Para com isso, que nojo." Joguei mais uma batatinha para ele e depois comi uma. "Não sei o que é mais engraçado: seu companheiro de poltrona que ronca ou a moça do meu lado que estava ouvindo uma meditação guiada durante toda a viagem. Toda vez que eu olhava para ela, ela estava de olhos fechado e respirando fundo."
"Como você sabe se ela está ouvindo realmente uma meditação guiada? Ela pode estar ouvindo aquelas histórias eróticas bregas do tipo entregador de pizza e senhora dona de casa, vai saber." Ele pegou uma batatinha do saco que eu segurava. "Ou ela está sofrendo porque ela acabou de sair de um relacionamento super conturbado e está indo embora para Los Angeles reconstruir sua vida. Ela fecha os olhos e respira fundo durante toda a viagem para não chorar, porque ela está se sentindo mal e confusa, afinal, tudo ainda é muito recente. Ou ela quer ser artista, então teve que deixar a família para trás, uma família que não apoia de jeito nenhum seus sonhos. Existe também a possibilidade de ela estar indo encontrar alguém, que nem a gente."
"Nossa, depois a tagarela sou eu. De onde você tira essas ideias?"
"Da cachola ué. E eu duvido que dá para fazer meditação guiada dentro de um ônibus."
O motorista voltou e nós entramos. Como bem pautado por Mark, o senhor da poltrona se aconchegou no banco e logo caiu em um sono com arrotos, algo que eu nunca tinha presenciado na minha vida. Já a moça do meu lado, me pediu licença para se sentar na sua poltrona na janela e deixou os fones de lado, pegando um e-reader da sua bolsa.
"Você lê?" Ela perguntou de repente, direcionado o olhar pela primeira vez para mim. Seus olhos eram castanhos esverdeados e ela tinhas sardas salpicadas no rosto todo. "Você tem cara de quem lê bastante. É isso ou o meu radar está danificado."
"Hmm, sim."
"Eu sabia! Estou viciada em um romance bem famoso eu diria." Ela apertou um botão do e-reader e mostrou a tela para mim. "Estou lendo 50 Tons de Cinza. Você já leu esse?"
"Não." Respondi. "Mas ouvi dizer que é um romance erótico."
"Ah sim." Ela assentiu de modo sutil. "Gosto de ler e imaginar que eu sou a Anastasia e meu namorado é o Christian Grey. Ele tem o jeitinho do Christian. Sabe, um lado sádico, joguinhos, mistério, etc."
"Ah sim..." Assenti, louca para fugir daquela conversa nada confortável. Peguei meu saco de M&M e rasguei a embalagem no local indicado. "Quer M&Ms?"
"Ah não, obrigada. Chocolate só na TPM e olha lá! Fico com espinhas na testa quando como chocolate." Ela esticou o pescoço e olhou para frente. "Esse carinha aí da frente é seu namorado?"
"Não." Respondi olhando para a frente e suspirando aliviada porque notei que Mark estava usando os fones e movendo o pé com o ritmo de alguma música.
"Que doido. Então ele está super a fim de você." Ela aproximou sua cabeça e abaixou a voz como se estivesse prestes soltar uma revelação. "Eu prestei atenção na interação de vocês. Ele te olha como se quisesse te prensar contra uma parede e te beijar."
Pisquei os olhos atônita.
"Se vocês não se pegaram, aproveita porque ele tá querendo!" Ela soltou uma risadinha.
"Eu não acredito que estamos tendo essa conversa." Eu estava boquiaberta. "Eu nem sei o seu nome."
"Me chamo Michelle, assim está melhor?" Ela me deu um olhar cúmplice. "E conheço os garotos o suficiente para saber que esse aí está querendo te dar uns beijos. Ele só deve estar esperando uma abertura sua."
"Abertura minha?" Repeti as duas últimas palavras pensando em como eu não entendia muita coisa sobre relacionamentos. A única pessoa na qual eu tinha me relacionado era um guitarrista. Se é que eu posso resumir "umas ficadas" em relacionamento. E meu primeiro beijo foi um completo desastre, do começo ao fim.
"Sim. Ele deve ter notado alguma coisa em você. Alguma coisa que o deixou inseguro em relação à sua reciprocidade. "Ela colocou umas mechas do cabelo atrás da orelha.
"O dia da ligação..." Soltei reflexiva. Ela me fitou com expectativa. "Ele me ligou e... bom, não importa, não é?" Ajeitei as mangas da minha blusa em um tique nervoso. "Acho que eu já sei o motivo da insegurança. Se é que tudo isso é verdade."
"É sim, acredita em mim." Ela abriu um sorriso malicioso. "Tenta alguma coisa e você vai ver como eu estou corretíssima. Ah!" Ela suspirou. "Que lindo é essa coisa de se apaixonar não é mesmo?"
Esse foi o final da interação bizarra que tive com a Michele barra Jennifer Lawrence. Bizarra o bastante para plantar pensamentos que até aquele momento não tinham passado pela minha cabeça.
Aos poucos o sol foi se pondo e as paisagens foram se modificando em um borrão. Soube que estávamos em Los Angeles pelas palmeiras, um dos maiores símbolos do Golden State. Elas eram tão altas que era impossível enxergar o topo delas dentro de um ônibus. As ruas chiques e os prédios deslumbrantes também me deram certeza de que sim, eu estava em Los Angeles e aquilo era real. Me belisquei umas três vezes para me certificar que eu não estava em mais um dos meus sonhos mirabolantes. Eu sempre sonhei em ir a Los Angeles, visitar todos os pontos turísticos possíveis (pois todos são icônicos) e fazer pelo menos uma compra glamourosa em uma loja de grife. Aquela era uma cidade tão, tão espetacular. Infelizmente eu não estava ali para ficar passeando. Minha parada não era nem ali na verdade. Santa Bárbara era nosso destino final.
O ônibus finalmente estacionou no seu ponto final pouco tempo depois, fazendo passageiros se espreguiçarem animados. Desci embriagada pelo ar urbano da cidade dos anjos no qual eu havia sonhado tantas vezes. Não havia nada muito anormal ao redor da rodoviária, nada além das palmeiras, mas eu sabia que aquela terrinha na qual meus pés pisavam também foram pisadas por Marilyn Monroe e uma enxurrada de artistas que eu cresci admirando de longe.
"E aí..." Mark tirou os fones de ouvido e me encarou com olhar animado. "Estamos quase chegando, só falta mais um ônibus. E falando em chegar... Vamos ter que andar mais um pouco, depois do ônibus. Temos que encontrar algum lugar para dormir hoje."
"Eu reservei um quarto pela internet em um hotel bem próximo da última rodoviária que vamos descer. Se chegarmos lá e eles não encontrarem nenhuma vaga para você, pode vir dormir comigo." Mark arqueou as sombrancelhas. "Quer dizer, não comigo, mas no meu quarto. Você vai dormir no chão, é claro."
"Vai ser um prazer dormir no chão do seu quarto." Ele brincou, abrindo aquele sorriso lindo. "Mas espero que eles consigam um quarto livre para mim. Essas poltronas estão acabando com minhas costas e dormir no chão só vai piorar as coisas."
Nosso último ônibus da noite saiu 40 minutos após nossa chegada à cidade. Compramos as passagens e aproveitamos o tempo livre para responder mensagens e perambular pela rodoviária que estava semi lotada. Fomos os primeiros a entrar no ônibus o que nos deu a vantagem de escolher qualquer par de bancos. Me sentei bem no meio, deixando que Mark pegasse o assento da janela dessa vez. Ele me fitou com a testa franzida.
"Achei que você gostasse de se sentar na janela."
"Eu gosto, mas não é justo porque a janela é o melhor lugar e você é legal demais para me impedir de me sentar novamente aí. Por isso eu estou te cedendo o lugar. Estamos em L.A cara, você tem que ficar de olho em tudo."
"Você é uma figura." Ele se sentou sem fazer mais indagações, o que eu achei ótimo.
O ônibus entrou em movimento mais uma vez. Eu já estava enjoada de todo aquele script de ter que se sentar e passar as próximas horas mudando de posição várias vezes para não sentir dor e ficar sem fazer nada. Pelo menos estávamos em Los Angeles e eu me esqueci de tudo isso por alguns minutos, enquanto observava da janela, as luzes da cidade e os prédios luxuosos que me faziam perder o fôlego.
"É tudo tão lindo..." Sussurrei. "Não dá para acreditar que estamos aqui. É tão irreal."
"Mas é real. Estamos aqui e essa cidade é real." Ele me encarou no meio da penumbra que aumentava a medida que os minutos se passavam. O sol já tinha partido, deixando rastros alaranjados no céu que aos poucos iam sendo substituídos pela escuridão e as estrelas. "Se pudesse, você moraria aqui?"
"É claro! Você nem devia ter perguntado isso. É óbvio que eu moraria em L.A. Se eu tivesse oportunidade, é claro."
"Você pode ter. É muito boa com roupas. Talvez daqui alguns anos você esteja trabalhando com isso bem aqui." Ele apontou para o chão. "Na terrinha dos artistas."
"E você vai estar em Nashville." Adicionei animada em pensar no futuro. "Você vai conseguir um contrato de gravação lá e vai ficar super famoso."
"Saíndo da sua boca parece tão certeiro." Ele disse massageando a parte de trás do pescoço. "Como se você tivesse dado uma olhadinha no meu futuro. Mas sei que o mundo da música pode ser complicado. Conseguir algum contrato em Nashville é dureza."
"Não vai ser para você. Tipo, eu nunca te ouvi cantar, cantar, mas sei que você tem um talento natural. Aí é só ter vontade de botar a mão na massa e pronto. Pode parecer impossível e distante em alguns momentos, mas perseverança é um bichinho que precisamos nos agarrar enquanto a vontade de fazer algo ainda está acesa dentro de nós. "
Ele assentiu parecendo absorver minhas palavras.
"Sabe, eu fico pensando em umas coisas..." Ele virou a cabeça para a janela. "Em como eu acabo me transformando com base nas pessoas em minha volta. Tipo, quando minha mãe estava com a gente, eu gostava de tomar café da manhã e ajudar ela no jardim de casa. Hoje eu não suporto fazer nenhuma das coisas. Quando meu pai começou a ser mais presente na minha vida peguei o gosto por futebol americano e sonhava em entrar em uma das Ivy League. Agora não quero saber nada disso. Quando Pearl e eu estávamos juntos, eu me esforçava em ser aquela versão perfeita e popular que ela gostava tanto. E ela acabou ficando com o guitarrista daquela bandinha. E agora estou aqui.... dentro de um ônibus com você. E não sei o que esperar disso."
"Se eu fosse você não esperava muita coisa não." Ele virou a cabeça para me olhar. "Acho que a pior cagada do ser humano é esperar demais das coisas. Sabe, aquela coisa da expectativa nível extratrosférico. Quando você menos espera, tudo está desmoronando no seu coração porque você esperou demais. E eu acho normal esse lance de mudar com base nas pessoas que estão na sua vida. Isso se chama influência. Você só tem que tomar cuidado para não tomar as vontades das pessoas para você, fazer o que elas querem, não o que você quer."
"Faz sentido." Ele passou um tempo me encarando. "Você gosta do Théo?"
"Eu?" Apontei para mim mesma.
"Sim, você. Reparei que naquele dia da lanchonete quando ele e a Pearl estavam juntos você ficou retraída. Talvez eu tenha apenas imaginado coisas."
"Eu gostava dele. Não agora, mas antes de eu flagrar aquela pegação dos dois atrás da lanchonete. A gente não namorava, nada disso. Eram só umas coisas aqui e ali e pronto." Dei de ombros, me sentindo muito estranha por falar do Théo para o Mark.
"Entendi."
"Você gostava da Pearl?" Perguntei de repente, realmente curiosa. Não dava para saber se casais populares estavam juntos porque se gostavam. A maioria dos casos era só para unir as forças.
"Na verdade não." Ele riu. "Ela gostava de uma versão que eu me esforcei para assumir a ela. Lembra daquele dia que você ficou brava porque eu não queria falar onde eu estava? Eu tinha ido procurar ela e começamos a conversar. Mas nesse ponto do campeonato eu já estava mudando de novo. E ela não me reconheceu."
"Espera aí... Você está dizendo que tentou voltar com ela mesmo após saber que ela estava te metendo um par de chifres?"
"Exatamente. Ridículo não é?" Ele balançou a cabeça e abriu um sorriso triste. "Mas é isso o que eu sempre faço. Eu perco as coisas e imploro para que elas voltem. Foi assim com a minha mãe. Quando ela foi embora eu não desisti dela. Eu mandava cartões pedindo para ela voltar, ligava para ela e dizia que sentia sua falta. Mas ela já tinha tomado uma decisão e não voltaria atrás."
O olhar triste dele quase me fez chorar. Peguei as mãos dele e apertei contra as minhas, torcendo para que ele tivesse entendido a mensagem subliminar.
"Mark Elliot, você tem expectativa nível extratrosférico." Foi o que eu consegui dizer. Ele começou a rir de novo. "Talvez você precise de um laudo médico."
"Acho que sim. Tá, eu tenho. Mas eu não consigo pensar com os pés fincados no chão. Para mim não dá."
"Pois dá sim. É questão de muita prática e decepções como essas que você acabou de me contar." Eu olhei no fundo dos seus olhos. "Eu sinto muito por todas elas. De verdade."
"Posso te abraçar?" Ele perguntou. "Eu preciso de um abraço."
"Mas é claro." Eu me inclinei em direção ao seu peito e ele envolveu seus braços ao meu redor. Meus braços fizeram volta na sua cintura. Meu ouvido esquerdo ficou coladinho no seu peito e eu pude ouvir as batidas do seu coração. Ele batia freneticamente. Talvez tão frenético como o meu.
Ficamos abraçados até nosso ponto final, Santa Bárbara. Nenhum dos dois fez menção de se desvencilhar quando o ônibus parou. Eu não queria. Eu nunca tinha abraçado ninguém por tanto tempo assim. Tirando a minha mãe é claro. Fazia tempo que eu não me sentia acolhida e protegida daquela maneira.
"Acho que vamos ter que nos levantar."
Mark abaixou a cabeça e sussurou no meu ouvido livre.
"Ok." Me soltei dele. Ele me deu um olhar gentil.
Descemos do ônibus com nossas coisas e eu chequei o endereço do hotel mais uma vez no celular. Ele ficava a cinco minutos de caminhada dali, mas estávamos cansados demais para andar normalmente. Chegamos no hotel no dobro do tempo estipulado. A recepcionista, uma moça elegante, com um afro belíssimo nos atendeu gentilmente e conseguiu um quarto para Mark, o único livre naquela noite. Ela nos entregou os cartões magnéticos das portas e indicou o andar.
"Qualquer dúvida ou pedido por favor nos contate por telefone." Ela nos entregou panfletos e sorriu calorosamente. " Tenham uma boa noite."
Subimos para nossos respectivos quartos que ficavam um do lado do outro.
"Qualquer coisa é só chamar." Mark sorriu antes de entrar no seu. "Tipo, qualquer coisa mesmo."
Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.
Nenhuma parte deste material poderá ser copiada sem autorização da mesma, correndo o risco de sofrer terríveis consequências.
Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.
Ps: isso não é um diário. Te mato se eu souber que você acha que meus registros e experiências altamente profissionais não passam de puro clichê adolescente.
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