[30] A teoria de um ombro amigo

"Você pode, por favor ouvir tudo primeiro antes de ir"

Gillian cruzou os braços e virou a cabeça para o outro lado. Estávamos no primeiro degrau de vários que davam acesso à parte interna do Foutman Institute. De vez em quando recebíamos alguns empurrões e xingamentos murmurados de alguns alunos que corriam para suas aulas naquela manhã. O sinal já havia tocado, mas eu não estava preocupada com isso. O que me preocupava era ver aquela garota na qual eu considerava amiga, não querendo falar comigo.

E eu precisava falar. Desabafar.

"Gillian. Por favor! Só me escute por 1 minuto sem me interromper, tabóm? Aí depois você pode dizer o que quiser."

"Será que você pode deixar isso para mais tarde, de preferência no intervalo?" Ela me encarou com a testa enrrugada. "O sinal já tocou e não tenho cabeça para ouvir nada agora, ok?"

"Você parece agitada. Tudo bem?"

Gillian balançou a cabeça rapidamente em positivo, mas captei que ela não estava bem. Alguma coisa estava rolando.

"Tudo bem. É que eu tenho mais um trabalho em grupo para apresentar no segundo tempo e estou ansiosa, está bem?" Ela começou a subir os degraus. "A gente se vê mais tarde!"

Em poucos segundos Gillian sumiu no meio da multidão e eu fiquei no começo daquela escadaria me sentindo metade decidida, metade confusa. Será que eu deveria ir atrás dela e ficar insistindo até ela me contar? Ou isso só ia chateá-la a ponto de não querer me ouvir mais? Uma amizade era mais complicada de cultivar do que eu imaginara.

Assisti as minhas primeiras aulas daquele dia imersa em outro mundo. Sentia que devia seguir com aquela idéia de me arriscar indo procurar Jace e conversar com ele pessoalmente. Encontrá-lo de uma forma tão fácil, soava como um sinal, uma oportunidade. Deixar de fazer isso era praticamente jogar tudo no lixo o que Mark e eu tínhamos descoberto até aquele exato momento. Só Deus sabia o quanto eu queria uma resposta, mesmo que não ela pudesse ser tão satisfatória. Eu queria um acalento, mesmo que ele fosse dado através de uma história ou uma previsão totalmente infeliz. Um ponto final poderia me deixar menos ansiosa. 

"Olá, bom dia." Mark se sentou atrás de mim na aula de história americana. "Tudo bem?"

Me virei, abrindo um sorriso nervoso. Não tinha me esquecido por um mísero segundo do que Mark tinha falado na noite passada, mesmo que tudo tenha sido gerado pelo álcool. Gastei um segundo inteiro fazendo uma varredura no seu rosto, fisgando algum sinal de uma ressaca, mas ele estava com o mesmo olhar animado e brilhante de sempre. 

"Tudo, por que?"

"Por nada. A professora ainda não chegou? Estou super atrasado. Estava com os caras do time e..." Ele parou de falar e olhou para acima do meu ombro. "Aquela não é a Gillian?"

Olhei para a frente. Gillian tinha acabado de atravessar a porta. Seus passos eram largos e ela se jogou em uma carteira do meu lado direito.

"Ei Gillian, tudo bem?" Tentei conseguir uma resposta novamente.

"Não, nada está bem." Ela começou a tirar com certa pressa o material da mochila e um estojo meio aberto caiu, deixando algumas canetas se espalharem no chão.

"Ela deve estar brava porque nossos pais estão noivos agora."  Mark disse. "Eles vão fazer uma festa no final de semana para anunciar isso ao mundo."

"Você não sabe nada sobre a minha vida, então cala essa boca!" Vociferou ela, atraído alguns olhares arregalados por parte de alguns alunos que estavam por perto. Ela se agachou para recolher as canetas, colocou tudo de volta na mochila e se sentou longe de nós, no fundo da sala.

"Merda, eu não devia ter falado nada."

"Você não falou praticamente nada." Olhei de esguelha para ela. "Acredito que ela está assim por algo a mais... Sinto que ela está escondendo alguma coisa, mas não quer falar."

"Bom, uma hora você vai descobrir, certo? Vocês são amigas. Quando se é amigo de alguém é só uma questão de tempo para você saber o que está rolando de errado com a pessoa."

Assenti, um pouco melhor com aquela linha de raciocínio até que lógica. Estava abrindo a minha mochila e pegando meus materiais quando a professora chegou.

A professora Lilian.

"Bom dia alunos." Ela largou suas coisas na sua mesa e se dirigiu a frente da sala, com um sorriso animador. Ela era absurdamente linda, com seus cachos abertos e seus olhos cor de mel. "Como podem notar, o professor que estava dando essa matéria no meu lugar até a semana passada foi readequado em outra grade do colégio. A partir de hoje serei a professora definitiva de vocês de história americana. Para os que ainda não me conhecem, me chamo Lilian Bellini, muito prazer! Já conheço a maioria de vocês e alguns de vocês também me conhecem. Todos os que me conhecem, sabem que minhas aulas são muito divertidas e intuitivas. Podemos começar dizendo que..."

Deixei de prestar atenção, um tanto atônita com aquela situação. Virei a cabeça para trás, na direção de Gillian. Ela estava com o olhar cabisbaixo como se alguém tivesse acabado de dizer que algum familiar seu tinha acabado de falecer. Dava para ver que ela estava sofrendo e eu não sabia exatamente porquê. Ela adorava a professora Lilian e do nada ela resurge como se nada tivesse acontecido. Não era para ela estar feliz? Fiquei morrendo de vontade de sair do meu lugar e leva-la para longe. Longe de qualquer coisa ruim que ela estivesse sentindo.

E foi o que eu fiz.

Me levantei sem pensar muito. Só sei que levantei e pronto. Fui para trás da sala, enquanto a professora ainda falava, provavelmente um pouco curiosa com a única pessoa de pé além dela naquela sala de aula. Me agachei do lado da carteira de Gillian, que me olhou de cenho franzido.

"O que você está fazendo aqui, Ashe?" Cochicou ela.

"Vamos dar uma volta." Cochichei de volta, estendendo a mão direita para ela. "Dane-se a história americana. Eu quero conversar com minha melhor amiga. Você não quer conversar comigo?"

"Sim." Sua resposta me fez respirar com mais calma.

"Meninas?" A professora disse, olhando para nós duas. "Ashlyn e Gillian, certo? Podem compartilhar com a sala o que estão cochichando aí?"

"Nada, só queríamos passar na enfermaria. Acho que não estamos muito bem."

"Ah sim. O que vocês têm?"

"Vamos a enfermaria, sim?" Eu disse de modo apressado, pegando a mão de Gillian e a fazendo atravessar aquela sala até a saída comigo. A professora olhou para nós de modo severo.

"Ei, vocês não tem um passe para isso!"

Tarde demais. Já estávamos no corredor, correndo como se estivéssemos em uma pista de corrida. Os corredores estavam vazios. Puxei minha amiga para o gramado no qual eu passava meus intervalos. Sentamos em um banco de madeira, próximo a um arbusto de azaléias.

"Ela vai se casar, Ashe. - Foi a primeira coisa que Gillian disse em um tom embargado." Ela está noiva. Vi isso no Facebook dela há um mês atrás e apesar de doer, ela estava longe, sabe? E agora do nada ela voltou. E está com um anel de noivado no dedo, meu Deus do céu! E eu não deveria me sentir mal com isso. Não mesmo. Ela está feliz e agora voltou a ser minha professora.

"Você sabia que ela ia voltar? Ela te contou isso?"

"Não. Ela publicou um post no Facebook, falando que estava de volta no país. Isso foi há um dia atrás." Ela escondeu o rosto com a mão e começou a balançar a cabeça. "Eu não quero, eu não quero, eu não quero sentir mais isso! Eu não sei o que é exatamente, mas não quero mais sentir."

Me aproximei e envolvi meus braços ao redor dela, me perguntando se essa era a coisa certa a se fazer. Bom, pelo menos eu sentia que era a coisa certa a se fazer. Ela encontrou a cabeça no meu peito e começou a chorar. Me senti uma completa idiota e incapaz por não saber o que dizer para ela.


"Chill out, what ya yellin' for?" Comecei a cantarolar, do nada. "Lay back, it's all been done before, and if, you could only let it be, you will see-eeee..."

Fique frio, por que você está gritando?/ Relaxe, tudo já foi feito antes/ E se você apenas deixar como está, você verá

"Ai não, Avril Lavigne não..." Gillian resmungou ainda encostada em mim.

"I like you the way you are, when we're driving in your car." Imito o movimento de alguém dirigindo e Gillian se separa de mim, se segurando para não rir. "And you're talking to me one on one, but you become somebody else, 'round everyone else..."

Eu gosto do seu jeito/ quando nós estamos andando no seu carro/ e você está conversando cara a cara comigo/ mas você se tornou outra pessoa, perto dos outros...

Fingi que minha mão fechada era um microfone e estiquei o braço na direção de Gillian que balançou a cabeça em negativo, ainda com o rosto corado e molhado pelas lágrimas.

"You're watching your back." Ela completou, envergonhada. "Like you can't relax, you try to be cool, you look like a fool to me... tell me!"

Você está cauteloso, como se não conseguisse relaxar/ Você está tentando ser legal/ Mas parece um idiota para mim/ Diga-me

"Why'd you have to go and make things so complicated?" Cantamos juntas. "I see the way you're acting like you're somebody else, gets me frustrated... Life's like this, you and you fall, and you crawl, and you break,
and you take what you get, and you turn it into... Honesty and promise me I'm never gonna find you faking...No, no no..."

Por que você tem que deixar as coisas tão complicadas?/ O jeito que você age, como se fosse outra pessoa me deixa frustada/A vida é assim, você cai, rasteja e quebra/ você pega o que consegue e transforma em honestidade/ me prometa que eu nunca vou te encontrar fingindo/ não, não não

"Avril Lavigne é maravilhosaaaa!" Gritei enquanto batia palmas. "E a gente devia cantar essa música em qualquer karaokê."

"Só você pra me fazer cantar Avril Lavigne. Eu acho essa letra cafona."

"Mas ela melhorou seu humor, olha só! Nunca subestime complicated, dá para cantar essa música até em época de eleição. O refrão é adaptável para praticamente tudo." Ela assentiu e começou a limpar as lágrimas com as costas das mãos. "Sinto muito por toda essa situação na qual você está passando, Gillian. Sei que é complicado e que está doendo. Mas passa, sabe? Eu sei, frase clichê chata para caramba, mas é verdade. As coisas mudam com o tempo. Nada fica intacto para sempre. Vai chegar um momento em que você vai esquecer que tudo isso um dia existiu. E agora eu me lembrei de uma música da Taylor Swift que tem muito a ver com o que eu acabei de te dizer e que podemos cantar juntas com alguma dancinha. Topa?"

"Não. Não mesmo." Ela começou a rir e segurou minhas mãos. "Você é maravilhosa, Ashe. E meio louquinha também. Obrigada por existir."

***

Eram cerca de 8 horas da noite, quando a campainha da nossa casa tocou. Eu tinha acabado de tomar banho e estava enfiada no meu pijama, pronta para fazer minha rotineira skin care e cair na cama, quando meu pai me gritou lá de baixo. Desci um pouco emburrada por ter que abandonar meu quarto e me surpreendi com Mark na nossa sala de estar, sentado no nosso sofá e conversando com meu pai.

"E aí Ashe?" Esse foi seu cumprimento, acompanhado de um sorriso grande e bonito. Dei um aceninho com a mão apenas, me sentindo ridícula com um pijama na frente dele. "Queria conversar um pouco com você."

"Ah... será que não podemos deixar essa conversa para amanhã? Eu já estava indo dormir."

"Acho que não. É bem importante. Aquele trabalho escolar que a gente está fazendo, se lembra dele?" Ele me deu uma piscadela cúmplice. Meu pai olhou para nós de modo suspeito.

"Ah sim! O trabalho." Disse entrando na sua conversa. "Droga, me esqueci complemente dele. Vamos, tenho que ir ao meu quarto. Preciso pegar minhas anotações e meus livros."

"Com licença, senhor Reed." Mark disse de modo educado antes de me seguir.

"Deixe a porta do quarto aberta, Ashe!"Ele gritou, me deixando completamente quente e vermelha como um molho de tomate recém preparado. Sorte minha que eu estava de costas para Mark ou ele iria detectar vergonha na hora.

"Bienvenido a mí cuarto, señor Elliot." Deixei que ele entrasse no quarto e depois entrei, deixando a porta aberta como indicado. "Fique a vontade, mas nem tanto."

"Obrigado pela hospitalidade. Posso?" Ele apontou para minha poltrona cor de rosa. Assenti e ele se sentou nela. A visão dele, sentado em um estofado tão fofo e delicado  me deu vontade de rir. Me sentei na beirada da minha cama, cruzando os braços.

"Ok. O que você quer exatamente, Mark Elliot? É estranho pra caramba você aparecer aqui de surpresa e é ainda mais estranho meu pai me pedir para deixar a porta do quarto aberta. Ele nunca fez isso antes. Toda essa situação é pra lá de constrangedora."

"Entendo seu ponto."  Ele me encarou, seus olhos intensos em cima de mim. Aquilo foi um gatilho para eu relembrar da nossa ligação na noite anterior. Comecei a ficar levemente ansiosa. "Entendo mesmo. Mas não vim aqui com intenção de te constranger. Na verdade eu fui obrigado a vir aqui. Você fugiu da única aula que tivemos no dia e parece que ficou offline o dia todo."

"É, fiquei sim. Passei o dia focada na Gillian. Gillian e eu. Uma amizade que precisava ter um tempo exclusivo. Desliguei o celular mesmo e não me arrependi disso."

Mark assentiu, abrindo um sorriso compreensivo. Bom, foi ótimo mesmo desligar o celular e passar um tempo com minha melhor amiga. Depois de matarmos uma aula (que por algum golpe de sorte não foi reportada a direção), compramos refrigerantes e hambúrgueres no intervalo e pesquisamos vestidos de baile na internet (o baile estava próximo e não tínhamos nada para vestir), palpitando qual seria perfeito para cada uma e adicionando todos ao carrinho de compras. Na volta para casa, após nosso expediente na lanchonete Foutman, desviamos o caminho típico que fazíamos para nossas respectivas residências, indo dar uma olhada rápida em um show caótico ao ar livre no Castle Park. A banda até que tocava bem, mas o vocalista era desafinado pra caramba. Pelo menos tudo isso foi motivo para rirmos como loucas pelo nosso caminho alternativo.

"Você quer alguma coisa?" Indaguei, desdobrando meus braços. "Se você se deu ao trabalho de vir aqui e inventar um trabalho de mentirinha pra gente fazer, tem coisa aí. É sobre o diário?"

"Sim e não." Bufou. "Olha Ashe, estou seriamente perturbado com esse diário. Ele tem essa lenda em anexo e depois só há mais uma página incompleta de mais um dia narrado por aquele com Jace e acabou. Fotografamos pouquíssimas páginas. Acho que devíamos procurar Cornelia e convence-la a nos dar aquele livro. Não vou conseguir dormir direito pelos próximos dias se não terminar essa leitura."

"Só posso dizer que a essa altura do campeonato tudo é valido. Vamos atrás da Cornelia, então. É bem provável que ela não nós entregue o livro na primeira tentativa, então temos que pensar em um plano B, C, D pra conseguirmos esse livro." Peguei meu celular e mandei uma mensagem para ela. "Acabei de mandar um Oi para a dama aqui. Talvez ela me ignore, então se prepare para irmos a biblioteca municipal a qualquer momento, interroga-la pessoalmente."

"Sim senhora." Ele fez continência. Revirei os olhos. "Vamos atrás dela, com certeza."

Caímos em um silêncio desconfortável. Balancei as pernas, esperando que alguma coisa viesse a minha cabeça para conversar, mas nada interessante vinha na minha cabeça.

"Você tirou aquela ideia da cabeça né" Ele quebrou o gelo. Enrruguei a testa.

"O que?"

"Sua ideia de... você sabe, sua ideia. Aquela carinha que você fez..." Ele estava me fitando como se achasse que eu realmente havia me esquecido do que tinha pensado. "Sobre algo que você sabe que não pode fazer."

"Não posso como vou tentar fazer." Minha resposta o fez mudar de expressão. "Não dá pra descartar algo tão forte assim, Mark. É uma oportunidade!"

"Oportunidade? Caramba Ashe, você não se lembra do que a Cornelia te disse? E eu sei que sua intenção não é ir a casa dos Hernández, mas é a mesma coisa. E não dá pra sair falando sobre essas coisas com qualquer um."

"Mas eu não vou falar com qualquer um. Vou falar com Jace!"

"Ok. Mas você pode soltar algo sem querer para alguém no caminho. Tipo, não sabemos se o filho dele ou outra pessoa da família dele sabe sobre as faixas 3. E se você solta algo que não era para ser revelado a uma pessoa normal? E se ela começa a pesquisar, encontrar algo sobre ou só simplesmente começa a analisar essa ideia?"

"Mark, eu não estou entendendo muita coisa do que você está falando. Acho que é o sono." Cocei o olho. "Mas você pode me acompanhar se quiser. Passei anos sem revelar nada a alguém e acho que não vai ser agora que vou dar uma escorregada dessas."

"Você não está entendendo. É muito arriscado e louco você ir..."

"Mark, agora eu realmente estou começando a ficar irritada." Me levantei, já sem paciência. Eu não ia ficar ali tolerando sermões que eu não estava a fim de ouvir. Mark se levantou também, com o rosto beirado a preocupação. Ou medo. Uma mistura dos dois. "Sei dos riscos e blá blá blá. Por favor, estou super cansada. Só quero dormir."

"Como quiser." Ele caminhou em direção a saída. Seus passos eram pesados e largos. "Tenha uma boa noite, Ashe Reed."

Amigos não são tudo na nossa vida, mas muitas vezes parecem ser. Uma amizade não se trata apenas de diversão, convivência e intimidade. Amizade também é estar presente nos momentos estranhos e complicados. É ouvir sem às vezes sem conseguir entender. É oferecer apoio e encontrar soluções para um problema. Minha teoria é que um ombro amigo é uma coisa valiosa e que isso é quase raro hoje em dia, quando praticamente tudo soa artificial e raso.  Quando você conhece alguém que bate com os seus princípios, parece que uma grande porta se abre, revelando uma estrada linda e frutífera na qual vocês podem pisar. Uma amizade é valiosa quando você se sente leve, não pesado. A leveza é uma das maiores chaves para a sua durabilidade.

Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.

Nenhuma parte deste material poderá ser copiada sem autorização da mesma, correndo o risco de sofrer terríveis consequências.

Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.

Ps: isso não é um diário. Te mato se eu souber que você acha que meus registros e experiências altamente profissionais não passam de puro clichê adolescente.

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