[26] A teoria de um boato

Acordei no meio da madrugada ansiosa e meio grogue e fiquei divagando por um tempo, tentando processar um pouco do dia anterior. Suspirei e resolvi ler o resto do livro de Paco Hernández. Desci para cozinha e preparei café (quero frisar de novo que é raro eu beber café, mas a situação pedia um estimulante). Sentei na minha escrivaninha e respirei fundo.

"26 de julho. Tudo parece um caos aqui. Briguei novamente com minha esposa  quando voltei para casa naquele dia. Talvez o motivo da sua raiva seja que ela tenha encontrado marcas de batom no colarinho da minha camisa. A. sempre está usando um batom vermelho cereja e isso sempre acontece quando nos encontramos. Manchas por todas as partes. O problema é que eu estava tão absorto nos meus problemas que me esqueci de me limpar antes de entrar em casa. Bom, enquanto ela ficava gritando comigo e socando meu peito com suas mãozinhas pequenas, disse a mim mesmo que procuraria Jace, mesmo que ele não estivesse no país. Viajaria para onde quer que ele estivesse. Ele era a única pessoa que poderia me entender.

Resolvi passar a noite no porão, já que minha esposa estava com muita raiva de mim para dividir uma cama comigo. A parte boa de tudo isso é que dediquei minha madrugada ao projeto das faixas. Anotei tudo o que eu considerava importante no meu outro caderno e ouvi mais um grupo de faixas, pronto para viver um futuro escrito por música.

Quando o dia amanheceu, fui trabalhar e no horário de almoço, consegui o endereço de Jace. Ele estava morando no Havaí. Resolvi telefonar para ele. Ele me atendeu e disse que estaria dentro de duas semanas na Califórnia e combinamos de nos encontrar. O resto do dia foi estranho, graças as faixas oito. O grupo formado por canções denominadas como "OTMS" me deixou excitado, como se eu estivesse ligado em uma tomada de alta potência. Queria fazer várias coisas ao mesmo tempo, tanto que consegui terminar meu trabalho na empresa antes do estipulado e fui liberado. Entrei no meu carro e quando dei por mim, estava dentro de uma biblioteca e fuçando livros sobre a história da Califórnia. Descobri que o monte no qual quase havia se tornado meu ponto de suicido, era um lugar considerado amaldiçoado pelos primeiros moradores da cidade. Uma garotinha de 7 anos havia morrido ali e a maioria das pessoas achavam que a mãe havia jogado a menina do monte. Não havia provas de nada, mas a mulher foi ameaçada por tanta gente que ela acabou se suicidando no mesmo lugar. Dois anos depois, um político pulou dali e uma bailarina também. O lugar foi interditado por alguns anos, mas não é como se aquelas fitas amarelas fossem evitar alguma coisa.

Resolvi perguntar a bibliotecária se ela sabia algo sobre a colina. Ela me fitou com um pouco de hesitação, mas depois de muita insistência acabou me contando algumas coisas. Ela dizia que muita gente ia para a colina como se alguma coisa invisível puxasse elas para lá.

- Minha sobrinha de 19 anos disse que ouviu uma música quando estava lá. Era uma música bonita demais, disse ela. - A senhora tossiu um pouco. - Mas não importa. Disse para ela nunca mais botar os pés lá, apesar de não acreditar muito nessas histórias.

Pressionei ela um pouco mais. Queria saber quem essa sobrinha. Consegui encontrar a garota saíndo da faculdade comunitária. Ela não quis falar com um desconhecido, claro. Convidei ela para um café e disse que precisava da ajuda dela. Ela aceitou com a expressão desconfiada, mas aceitou meu convite, o que já era alguma coisa. Perguntei a ela se ela conhecia o Galbone Hill. Ela arregalou um pouco os olhos e os fixou na porta de saída do café.

- Acho que todos devem conhecer, certo? - Ela pegou sua bolsa. - Era só isso? Posso ir embora?

- Você já foi lá? Aconteceu alguma coisa quando você foi para lá?

- Por que você está me perguntando isso? É esquisito demais. Você quer ficar comigo, é isso? Está armando toda essa conversa para... - Ela se levantou em um pulo e sumiu da minha vista.

Eu não desisti da oportunidade de encontrar uma resposta que pudesse me ajudar, é claro. Consegui o endereço da garota e consegui segui-la durante dias, até que eu tivesse coragem de falar com ela novamente. Encontrei a oportunidade perfeita quando ela saiu para correr no final da tarde de sábado. Ela tomou um susto quando me viu correndo do seu lado e eu fiz as mesmas perguntas do café.

- Você quer tirar a sua vida, é isso? - Ela me encarou com frieza. - Não devia ter me procurado para isso. A única coisa sobre suicídio que eu sei, é o que eu aprendi na igreja. Sua alma vai queimar no inferno se fazer isso.

- Me disseram que pessoas podem ouvir música lá em cima. - Minha frase apelativa, fez ela arquear as sombrancelhas. Ela era colocou as mãos nos quadris. - Você já ouviu? Uma coisa vinda de lugar nenhum e que só você pode ouvir.

Ela me encarou por mais alguns segundos antes de relaxar seu corpo.

- Tá. Eu ouvi uma música quando eu estava lá. Foi no ano passado. Ficava cada vez mais bonita e alta quando eu me aproximava do precipício. Era como se aquele lugar estivesse me seduzindo para me matar.

- Sabe me dizer como era a melodia? Você já tinha ouvido essa música em algum lugar?

- Não. - Cruzou os braços. - Vem cá, qual é o objetivo dessas perguntas? Você é um historiador? Jornalista? Um idiota que vai escrever mais um livro sobre a história da cidade?

- Digamos que é uma mistura dos três.

- Eu já respondi suas perguntas. Acho nada mais justo pagar um café para mim.

Voltamos ao mesmo café no qual ela fugiu de mim e eu paguei uma bebida para aquela garota. No final uma coisa levou a outra e quando vi, estava indo para a casa dela. Mas essa parte era de longe minha prioridade. Ela me revelou coisas nas quais eu não sabia que precisava saber até poucos dias atrás. Ela me contou que tinha ouvido a mesma melodia em um sonho dias antes de ela ir a Galbone Hill. Ela disse que no sonho alguém lhe avisava algo.

- Avisava o que? Você consegue me descrever mais ou menos alguns elementos do seu sonho?

- Você devia ir embora. - Ela se levantou da cama e me expulsou literalmente. - Está tarde.

Insisti, mas ela me contou nada. Não tive mais tempo de tentar descobrir o que ela estava escondendo. Porque na manhã seguinte algo horrível aconteceu. Minha esposa faleceu."

Levantei a cabeça e respirei fundo. Aquilo definitivamente não era um livro científico ou no mínimo profissional. Não conseguia entender o fato de que existiam duas cópias daquele "livro" no país. Ou Cornelia estava tentando nos enganar de alguma forma. Bom, haviam muitos livros naquela passagem secreta. E se ela tivesse com medo de nós e entregou a coisa mais inofensiva dali?

Guardei os papéis em uma pasta e coloquei roupas de corrida. Era melhor espairecer um pouco.

***

"Todo mundo está olhando para você."

Levantei o olhar na aula de biologia e realmente, algumas pessoas estavam olhando para mim, mas desviaram os olhares rapidamente. Gillian começou a experimentar o microscópio a nossa frente.

"Será que estou com algum bilhete nas costas?"

"Devem estar fofocando sobre você estar andando com o Elliot. Algumas pessoas acham que vocês estão até namorando."

"Ridículo, mas não estou surpresa. Parece que é só você ver duas pessoas andando juntas que boatos assim começam a pipocar de todos os lados."

"Não, fizeram uma pequena matéria lá no Sweet Scream." Ela levantou o dedo indicador. "Quero salientar que não sou do tipo que lê esse tipo de baboseira, mas Astrid Berg está enviando o link da matéria para todo mundo no WhatsApp. Não resisti e dei uma olhada.

"Ah que ótimo." Revirei os olhos e foquei no microscópio, pois a professora estava passando pela nossa bancada. Quando ela se afastou, encarei minha amiga. "Astrid Berg é uma fofoqueira que faz tudo para chamar a atenção. Ninguém devia acreditar em nada do que aquela garota diz."

"Não dá para controlar as atitudes das pessoas, Ashe. E além disso, você não deve se incomodar com nada se isso for apenas um boato." Ela me encarou de sombrancelhas franzidas. "Não é?"

Decidi ignorar alfinetada de Gillian e a manhã seguiu assim, cheia de olhares direcionados a minha pessoa. Só tive um pouco de paz no intervalo, quando fui para o gramado e desfrutei de um lanchinho. O pessoal chapado não dava a mínima para fofoquinhas e isso me rendeu alguns bons minutos em paz. Bom, mais ou menos. Não consegui comer direito pensando em tudo o que eu havia lido. E só bastou eu ter pensando no diário de Paco Hernández para Mark aparecer na minha frente.

"Toda a droga deste colégio está falando sobre nós dois hoje." Ele se sentou do meu lado. "Abordei a Astrid agora, mas ela deu uma de dissimulada e a..." Seu olhar caiu no meu rosto. "Droga. Me desculpe por despejar essas coisas assim do nada. Tudo bem? Eu te mandei uma mensagem ainda ontem, mas você não respondeu."

"Você leu mais alguma coisa do diário?" Ajeitei a barra da minha blusa em um tique nervoso." Ele balançou a cabeça em positivo, mudando a expressão irritada para uma tensa. "Esse Paco Hernández me dá nojo. Eu não consigo ler com tranquilidade. Parece que a qualquer momento ele vai descrever algo relevante ou terrível.... Você não acha que a Cornelia enrolou a gente? Eu acho tudo o que ele escreve muito nada a ver. Umas descrições desnecessárias, sabe?"

"Também tive essa impressão." Ele juntou as duas mãos. "Mas nós temos que ler tudo, até o final. Se nada fizer sentido, vamos atrás de Cornelia novamente. Ela terá que nos entregar o livro por bem ou por mal."

Encontrei forças naquelas palavras e disse a mim mesma que tudo ia dar certo no final. Tinha esperança de que ele nos desse alguma pista sobre as faixas, uma mínima pista. Já estava bom para mim.

"E Astrid Berg? O que você disse a ela?"

"Acusei aquela garota de inventar toda essa história de namoro. Ela fez uma de desententida e me fez passar como maluco na frente do pessoal do jornal e do Grêmio." Ele fez uma pausa e olhou para mim. "Ah, a propósito esbarrei com Pearl e Mia lá na sala do Grêmio. Ela jogou o latte dela na minha blusa." Ele esticou sua camisa toda manchada. "Sua irmã me perguntou onde você estava. Não quero te assustar, mas ela não estava com uma cara muito boa."

"Mia nunca está exatamente com uma cara boa." Suspirei e peguei meu celular que eu mal havia tocado desde a noite passada, quando vi que meu pai e Mia tinham ligado trocentas vezes. Bom, dessa vez o cenário não era muito diferente. Eu tinha várias mensagens, mas uma pessoa em especial me fez ajeitar o corpo. "Ah que ótimo. Astrid Berg me mandou uma tonelada de mensagens e áudios ontem. Olhando por cima, parece que ela não ficou muito feliz com minha demora em não contar um segredo horrível sobre você e escreveu toda essa mentira no Sweet Scream de vingacinha." Fiz uma pausa. Mark pegou meu celular e viu as mensagens.

"Você prometeu que ia contar um segredo sobre mim? Para Astrid Berg?"

"Era apenas uma brincadeirinha. Ela tinha tirado conclusões erradas e engraçadas sobre nós dois e eu decidi entrar na onda dela, mesmo sabendo que no final ela ia soltar essa mentira no blog. Eu só queria deixa-la na expectativa. Aposto que ela ficou furiosa quando viu que não ia ter segredo nenhum sobre Mark Elliot."

Mark não respondeu nada. Sua expressão tinha voltado a ficar meio ranzinza. Comecei a me arrepender de ter aceitado (mesmo que fosse por brincadeira) a proposta de Astrid.

"Olha desculpa, tá?" Dei um tapinha no ombro dele. "Errei por ter inventado essa de aceitar mesmo que fosse de brincadeira dizer algo sobre você para aquela grande fofoqueira. Se quiser pode comprar um latte e despejar em mim também."

"Não vou despejar um latte em você. Isso ia estragar suas roupas." Ele riu. "Desculpas aceitas."

"Sabe o que devíamos fazer para calar a boca de todo esse pessoal? Devíamos fingir que estamos namorando. Podíamos encenar, fazer um casalzinho meloso."

"Não, isso é mais louco do que o boato por si só. E não quero receber latte na minha blusinha."

***

Faltavam apenas poucos minutos para que eu terminasse meu expediente na Lanchonete Foutman, quando uma Mia furiosa passou pela porta de entrada e deu pisadas duras em minha direção. Por um segundo temi pela minha vida, mas aí depois me lembrei que minha irmã nunca teria a capacidade de matar uma formiguinha, quem dirá sua única irmã. Mesmo assim, o olhar raivoso que ela direcionava a mim, não era exatamente uma coisa agradável de presenciar.

"Oi Mia, buenas noches. E aí, como vai? Quer alguma coisa para beber?"

"Você vai ir embora comigo hoje." Ela se sentou em uma mesa próxima ao balcão. A lanchonete estava praticamente vazia a não ser por nós funcionários e bom, minha furiosa irmã.

"Tudo bem."

"Nós precisamos conversar seriamente."

"Tudo bem."

"Quer parar de falar tudo bem?"

"Tudo bem!"

Pouco tempo depois saí da lanchonete acompanhada da minha irmã e nós entramos no seu carro. Ela nem fez menção de ligar o motor. Jogou sua bolsa no banco de trás e me encarou como se eu tivesse feito algo horrível como esconder um cadáver no seu carro.

"Por que raios você não me contou nada, Ashlyn?" Ela disse em um tom baixo, como se estivesse controlando um surto. Tremi na base. "Você devia ter me contado, caramba!"

"Desculpa, mas pensei que minha vida amorosa não era do seu interesse ou simplesmente não fosse da sua conta." No momento que soltei a frase arregalei os olhos e tampei a boca com as mãos. Ela apenas me encarou, sem reação. "Tá, desculpa por isso. Mas Mia, acho que essas coisas não dizem a respeito de você. E além do mais são só boatos que..."

"Boatos?" Ela arqueou a testa. "Está querendo me dizer então que você e o Elliot não estavam juntos enquanto ele a Pearl ainda eram um casal?"

"Não, não estávamos juntos. Astrid Berg inventou tudo isso porque eu meio que me meti com ela e bom..." Fiz uma pausa."Isso não vem ao caso. A questão é que ela ficou furiosa e soltou essa mentira que ela acha que é verdade porque ficou me seguindo como uma maluca stalker e aí começou a criar uma história toda na cabeça e chegou  em uma conclusão totalmente equivocada. É isso."

"Tá. Vamos pontuar as coisas aqui. Então este boato não passa de um boato porque Astrid ficou com raiva ou algo assim por algo que você fez ou deixou de fazer." Assenti. "Mas antes disso ela estava te seguindo. Por que raios ela achou que você e Mark estavam juntos? Ou vocês estavam juntos e não estão mais agora?"

"Eu. Nunca. Namorei. Com. Mark. Elliot." Disse pausadamente e com ênfase para ver se ela entendia. Mia fez um bico pensativo e virou a cabeça em direção a janela. "Além disso, foi Astrid quem tirou algumas fotos da Pearl e do Theo dando uns amassos atrás da lanchonete e enviou para Mark."

"Fotos? Não estou entendendo nada."

Tive explicar tudo a minha irmã, toda a história de ajudar Mark a se apresentar no horário de intervalo para Pearl e como Astrid me abordou no outro dia na escada, me ameaçando. Ocultei toda a nossa trajetória com as faixas três, claro.

"Essa Astrid é uma cobra mesmo, meu Deus do céu!" Bufou ela. "Como uma adolescente fica por aí espiando pessoas anônimas por horas e ainda por cima para sustentar uma história maluca dessas!"

"Pois é minha irmã, o Planeta Terra é habitado por muitos loucos. Mas eu queria saber sobre a Pearl. Ela está bem com toda fofoca?"

"Digamos que quando ela teve conhecimento do boato, quis entrar no carro de Mark e destruir qualquer coisa que estivesse lá dentro, igual aquela música da Carrie Underwood. Ela ficou furiosa. Só não jogou alguma bebida na sua roupa porque eu disse que eu mesma trataria de fazer isso com você."

Assenti com lentidão. Acho que eu entendia a revolta da melhor amiga da minha irmã. Devia ser horrível estar na posição dela, a posição de uma pessoa que supostamente estava levando um belo par de chifres. Toda a revolta dela é justificável.

"Vou contar tudo a ela." Encarei minha irmã. "Ela merece saber a verdade. Por mais que eu tenha impressão de que ela já me odeia eternamente e não vai querer ouvir nada de mim."

"Não, nós duas vamos contar tudo a ela. Amanhã vou buscá-la e você vem junto. Vamos botar os pingos nos is e ela vai ter que te ouvir."

Mia ligou o carro e finalmente fomos para casa. Pelo menos eu tinha encontrado uma solução (mesmo que vaga) para um problema. Com certeza era ótimo ter algo para se reconfortar no meio do oceano de supresas que minha vida se encontrava.

Minha teoria a respeito do boato é de que ele pode ser algo muito perigoso. Às vezes o boato pode ser sim uma verdade, mas na maior parte dos casos é provável que seja mentira. Para piorar, geralmente é difícil tentar descobrir suas origens ou fontes confiáveis para determinar se aquilo é real ou não. Para mim um boato é como uma previsão meteorológica. Ela pode até ter um grau de base, mas do nada também pode te surpreender. E é melhor andar com um guarda chuva na bolsa, do que deixar sua vida nas mãos dessa confiabilidade  duvidosa e levar do nada um belo e repentino banho de chuva. Somos bombardeados por boatos mais do que nenhum antepassado nosso foi em toda a sua existência. As Fake News estão aí para comprovar isso. Por isso, sempre duvide de algo que ouviu ou esteja até vendo. Aposto que você já ouviu isso em algum lugar, mas é importante salientar. Infelizmente desconfiar se tornou necessário nos dias de hoje. Eu encaro isso como uma habilidade super especial. Aprendi nas minhas aulas de filosofia que René Descartes era um exímio questionador. Acho que sou uma versão feminina desse cara. Questionar é um poder que todo mundo tem, mas poucos usam.

**Texto pensado e redigido por: Ashlyn (Ashe) Reed.

Nenhuma parte deste material poderá ser copiada sem autorização da mesma, correndo o risco de sofrer terríveis consequências.

Atenção: algumas pessoas, lugares e eventos mencionados no decorrer dos capítulos, poderão ter seus nomes modificados a fim de preservar respectivas privacidades.

Ps: isso não é um diário. Te mato se eu souber que você acha que meus registros e experiências altamente profissionais não passam de puro clichê adolescente.

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