Capítulo 20
Explicações. Era o que todos queriam naquele exato momento. Seja funcionários ou populares de Bridgetown. Um crime sem motivos aconteceu no final da madrugada, e naquela altura, o autor ainda não havia sido identificado e depois de algumas horas de investigação, ainda não encontraram nada. No entanto, havia uma imensa multidão na mansão dos Welland, enquanto o sol ainda começava a nascer entre as colinas e árvores das florestas envolta do território. Entre os curiosos, encontrava-se: repórteres, detetives, juiz, policiais e o delegado da cidade, além deles, alguns familiares e conhecidos daquela família estavam ali na tentativa de colher alguma informação, mas nada era concluído. E isso, já estava irritando o Conde Welland, que queria apenas descansar com a sua filha, porém, tinha que aturar todas aquelas pessoas curiosas. Enquanto isso, no salão de jantar, em completo estado de choque, o Sr. Schnell se encontrava silencioso e quieto. Nem se quer ouvia-se a sua respiração e isso já era um sinal ruim. Depois de algumas horas sendo acalmado por calmantes, ele aos poucos foi quebrando o seu estranho silêncio, que aparentava não ter fim.
- Eu ainda não estou acreditando que ele se foi... - disse o criado olhando fixamente para a mesa. - Assim tão brutalmente... É inacreditável!
Ele rapidamente começou a chorar, porém, foi consolado pela Srta. Winters.
- Ele está agora em um lugar melhor, Sr. Schnell! - disse a mulher o abraçando fortemente. - E eu sei que você deve ter sido um dos melhores criados para ele!
O mordomo sorriu e ambos se separaram. O jovem enxugou as suas lágrimas e abriu um sorriso fraco.
- Bom, o que irá fazer agora?
- Eu não sei... - Richard olhou novamente para a mesa. - Simplesmente, eu não tenho nada em mente do que fazer de agora em diante!
A senhorita assentiu.
- Bom, você quer voltar para a Dinamarca? - perguntou a mulher. - Ou prefere ficar mais uns dias aqui?
O jovem ficou pensativo.
- Eu presumo que ir para casa será a melhor coisa!
A mulher sorriu e assentiu.
- Está bem, irei falar com o Conde, e creio que, no final do dia, você estará indo para a sua casa. - Winters disse levantando do seu lugar. - Está bem?
O Sr. Schnell assentiu.
- Então, eu aconselho que vá arrumar as suas malas! - disse a mulher sorrindo mais uma vez com aquele olhar simpático. - Afinal, você pode até ser deportado daqui há meia-hora!
O mordomo sorriu novamente
- Muito obrigado, Srta. Winters!
A mulher sorriu e em seguida, o jovem deixou o local sem dizer mais nada. Segundos depois, a chefe das camareiras deixou o local e seguiu em direção ao salão principal, onde encontrou o Conde Welland e diversos detetives acompanhados do Dr. Beaufort, estes faziam anotações e perguntas sobre o convidado e os seus últimos momentos, porém, Hugh não sabia de quase nada. Enquanto isso, a Srta. Winters precisava avisá-lo sobre o Sr. Schnell, mas não tinha oportunidades.
- O senhor sabe alguma coisa sobre o Sr. Racinov? - perguntou um dos detetives. - E como era o seu comportamento? E como foram os seus últimos dias?
O Conde ficou em alguns segundos de silêncio, mas logo resolveu responder o que sabia.
- Bom, o que eu sabia sobre o Sr. Racinov, era que ele vinha de uma família de uma linha impecável e sobre o seu comportamento aqui, era tudo normal e tranquilo, nunca me trouxe nenhuma dor de cabeça! - respondeu Hugh, enquanto os detetives anotavam tudo. - E sobre os seus últimos dias, infelizmente eu não sei lhe responder sobre isso!
Eles assentiram e quando iam fazer outra pergunta, o Conde entendeu o sinal da Srta. Winters, que alguns minutos atrás, jogava diversos sinais com os olhos.
- Perdoe-me o interrompimento, senhores! - disse o Conde levantando-se do seu lugar. - Mas, preciso sair por alguns minutos e tentarei não tardar, com licença!
Os homens assentiram e em seguida, os criados serviram os chás e assim, os detetives fizeram uma pausa para apurar tudo o que tinham e investigar mais tarde sobre esse caso. O Conde e a chefe saíram da sala e por fim, Winters pode lhe avisar sobre o Sr. Schnell e Hugh aceitou o pedido do homem.
- Creio que isso será o melhor para ele! - disse a Srta. Winters. - Ele está sofrendo demais com a morte do Sr. Racinov!
O Conde assentiu em silêncio.
- Pobre rapaz, imagino que isso deve ter sido um choque imenso para a sua carreira! - Hugh disse e em seguida, afastou-se dela. - Diga a ele que depois do almoço irei telefonar ao representante da Dinamarca e pedir a deportação, está bem?
A mulher sorriu.
- Sim, eu direi à ele!
O Conde assentiu e retornou ao seu lugar, onde rapidamente retornaram com os questionários que o deixavam sem paciência.
Mais tarde, naquele mesmo dia, depois do almoço, o Sr. Schnell aguardava ansiosamente a resposta do representante da Dinamarca, mas aparentava que esta demorava mais do que o normal e isso, o deixava maluco. Próximo das 16 horas e 45 minutos, ainda não tinha nenhuma resposta e o criado, que estava impaciente no salão principal da mansão, andava de um lado para o outro no local e pensativo como sempre, imaginava mil e uma besteiras, como ele sendo acusado de ter sido o principal assassino do Sr. Racinov, mas, segundo os próprios detetives e depois de uma série de questionários feitos ao mesmo, ele não tinha nenhuma suspeita de ter sido o assassino dele, pois este encontrava-se em seu aposento e dormindo há muitas horas, então, ele foi absolvido das acusações. Em certos momentos, ele andava de um lado para o outro e em outros, ele estava sentado impacientemente, até escutar passos vindo da escadaria e levantou animado do seu assento, olhando para a escada e esperando ver o Conde Welland, mas foi uma grande decepção ao ver Edith e Anthony descendo da mesma.
- Ora, ora, ora, o que temos aqui, Anton? - disse Edith indo em direção ao criado. - Se não é o criado preferido do Sr. Racinov!
Eles andaram em direção a Richard.
- Sim, é uma pena mesmo que o Axel ter falecido tão repentinamente! - disse Anthony dando uma volta ao redor dele e com o seu viciante cigarro entre os dedos. - Mas, será bastante bom para você, afinal irá ganhar uma boa quantia em dinheiro como indenização, não é mesmo?
O Sr. Schnell ficou nervoso. Ele nunca havia sido encurralado na parede como fora naquele momento, mas este sabia que estava certo e que não havia tocado nem um dedo sequer em Axel.
- E essa indenização é bastante milionária. - disse Edith olhando maliciosamente para ele. - Eu sei que você o matou e que está fazendo todo esse teatro para ser inocentado!
O Sr. Schnell ficou mais nervoso ainda, mas ainda estava confiante em si mesmo.
- E para ganhar a indenização, não é mesmo? - Anthony completou. - Vamos confesse, Richard... Você não tem outra saída a não ser confessar!
O criado estava nervoso e ofegante, tanto que não sabia o que fazer e nem o que dizer. Ele sabia, que se permitisse, eles iriam fazer uma lavagem cerebral nele. Mas, quando ele iria abrir a boca para dizer alguma coisa, um alívio apareceu e salvou o pobre criado.
- Deixem o Sr. Schnell em paz, seus animais selvagens!
Anthony e Edith olharam incrédulos e raivosos para a voz masculina, grave e dominadora que vinha da porta que levava ao sala de chá. O alívio de Richard era nada mais e nada menos do que Jim, que ao ordenar trouxe a paz para ele, onde este estava acompanhado de Lucy e do Sr. Ferguson, que decidiu os acompanhar naquela hora.
- E se não quisermos? - Anton questionou dando um passo a frente e com uma expressão fechada. - Irás fazer o quê?
Jim sorriu.
- Se pensas que vou contar ao Conde, estás muito enganado, Sr. Russell! - Jimmy respondeu com um olhar sério e durão. - Eu sei quem é você e sei do seu passado e da sua família também, portanto, não tente tramar algo contra mim, está bem?
Anton ficou em silêncio, mas ainda portava a sua expressão raivosa.
- Vamos, Anton. - pediu Edith puxando o filho pelo braço. - Não se misture com esses imundos da Alemanha!
Lucy mostrou a sua língua para a mulher, que torceu o seu nariz ainda de virar-se para subir a escadaria e desaparecer com o seu filho. Mas antes disso ocorrer, Anthony olhou raivosamente para todos e o criado Ferguson acabou roubando a sua atenção, onde Colin o olhou com um olhar durão e sério e isso durou até Anton desaparecer após subir a escadaria.
- Idiotas! - disse Jimmy aproximando-se do criado. - Se eles sumisse para sempre, a paz reinaria por aqui!
- De fato! - Lucy disse. - Muito bem, Sr. Schnell, nós temos uma ótima notícia para você!
Richard abriu um sorriso imediato de orelha a orelha.
- Sério?
Lucy assentiu.
- Bom, no caso, o meu pai quer falar pessoalmente com você! - ela respondeu ele assentiu. - Pode nos acompanhar, por favor?
O criado assentiu e em seguida, eles deixaram o local e seguiram em direção a sala de fumantes, onde o Conde Welland encontrava-se com o seu charuto em suas mãos.
- Senhor Conde, a sua filha, o Sr. Schnell e o Sr. Davis querem falar com o senhor!
Hugh assentiu e Colin permitiu a passagem dos mesmos.
- Olá Sr. Schnell, como estás? - disse o Conde levantando-se e efetuando um aperto de mão com ele. - Eu espero que esteja bem, apesar do choque que levou com a morte do Sr. Racinov!
O criado assentiu e ambos tomaram os seus assentos.
- Bom, como está quase na hora do chá, não podemos recusar este momento e aceita uma xícara de chá, Sr. Schnell? - perguntou o Conde e Richard assentiu. - Ferguson, pode trazer o chá para nós?
- Sim, senhor!
- Obrigado!
O criado rapidamente saiu dali.
- Bom, eu sei que você deve estar muito ansioso e inquieto com a resposta da sua deportação para a Dinamarca! - disse Hugh trazendo mais nervosismo ainda para o criado. - E andei conversando com o Sr. Silawsky, e ele chegou a uma conclusão...
E antes que o Conde pudesse dizer mais alguma coisa, o Sr. Ferguson adentrou com uma bandeja, que continha um bule, quatro xícaras e um pequeno pote com açúcar. O criado colocou o chá em todas as xícaras de todos ali e Jim queria açúcar e este o colocou.
- Muito bem, como eu dizia, tive uma conversa com o representante da Embaixada Dinamarquesa e o Sr. Silawsky chegou a uma conclusão... - O Conde bebericou o seu chá. - Você será deportado para a Dinamarca hoje no início desta noite, e irá no SS Etoile du Sud, da Chambers Line!
Richard faltou explodir de emoção, dava para notar em seu olhar a sua imensa felicidade de finalmente poder ir para casa. Ele estava tão feliz, que não conseguia nem falar e todos puderam notar a sua alegria.
- Portanto, apronte-se, pois daqui há uma hora, o Sr. Barrow o levará à estação e de lá você irá para a cidade de Liverpool, onde embarcará no navio e irá para casa! - anunciou o Conde. - Está bem?
- Muito obrigado, muito obrigado mesmo, Conde Welland! - disse Richard com uma imensa felicidade. - O senhor não sabe a minha imensa felicidade em receber uma notícia como essa!
O Conde assentiu.
- Não há de quê e tudo bem, Sr. Schnell, eu também estaria se fosse o meu caso!
O Sr. Schnell trouxe uma imensa alegria a todos ali, que acabou contagiando a todos, até mesmo ao Sr. Ferguson, que se encantou ao olhar para Lucy e este retribuiu o sorriso que a mesma o mostrou.
- Muito obrigado mesmo, Conde Welland. Muito obrigado!
O Sr. Schnell estava muito feliz e rapidamente deixou o local para ver as suas documentações, se estavam todas certas e de fato, a alegria dele contagiava todo mundo.
Ainda naquele dia, o Sr. Schnell deixou a mansão dos Welland e seguiu rumo à estação, de onde seguiria para Liverpool e de lá, a Dinamarca seria o seu último destino. Enquanto todos se despediam deste na portaria da mansão, havia duas pessoas ausentes naquele momento, estes estavam trancados em um dos quartos da mansão e da varanda deste cômodo, observava o criado despedir-se de todos e entrar no carro. Esses eram Edith e Anthony, que, apesar de estarem errados por terem acusado Schnell por conta da morte de Racinov, decidiram ficar sozinhos por um tempo e refletindo sobre o que fizeram, mas será que era isso mesmo? Na verdade, eles estavam há horas montando um grande esquema para descobrir quem é o verdadeiro assassino, com isso, havia alguns suspeitos da morte de Racinov. Suspeitos esses que deixavam provas muito fáceis.
- Bloodvessel? - indagou Anthony. - Burro demais para matar alguém!
Edith assentiu.
- Barrow? Não - ele deu uma tragada em seu cigarro. - Latimore? Tonto!
- Ferguson? - ele soltou a fumaça do seu cigarro mais uma vez e Edith o olhou séria. - Esse sempre é quieto e calado!
- E pessoas silenciosas sempre pensam mais... - Completou Edith. - Desde que esse entrou aqui, tudo tem ido por água abaixo!
Anthony deu mais algumas tragadas antes de dizer algo. Até que lembrou-se de algo.
- Espere? - ele disse e logo após soltando a fumaça do seu cigarro. - Ferguson é aquele que me olhou feio hoje?
- O próprio!
Anthony sorriu.
- Se eu me encontrar com ele! - ele disse ainda com um sorriso malicioso no rosto. - Eu juro que quebro todos aqueles ossos imundos da cara dele!
Edith também sorriu.
- Será mesmo?
- Do jeito que o meu ódio é grande por ele... - ele deu uma tragada no cigarro. - Não duvide de nada!
Um silêncio minúsculo invadiu o local.
- Precisamos derrubá-lo... - Edith disse. - Pois, tudo que fizermos, ele irá contar ao Conde e tudo irá ruir para nós!
Anthony andou para um lado e para o outro.
- E como iremos fazer isso?
- Ora, incriminando-o! - Edith respondeu sem nenhum pingo de paciência. - Assim, teremos o caminho livre para derrubar o Hugh!
- Não vai adiantar nada! - disse Anthony encostando-se na janela. - Ele tem a Lucy e Jim e os demais do lado dele, muito provavelmente, o Conde já não acredita mais em nós!
Edith ficou em silêncio mais uma vez e pensativa, mas recordou-se de algo que poderiam fazer e colocar um fim em tudo aquilo.
- Então... A única maneira de o plano que temos funcionar... - disse Edith olhando para o chão. - É matá-lo...
Anthony a olhou e sorriu.
- Com cinco tiros de um revólver! - Um sorriso malicioso brotou no rosto do jovem. - Ou, espancá-lo até a morte!
- O último é mais cruel e dá para descarregar o ódio existente por ele! - Edith respondeu. - É isso, vamos matá-lo e tomar a fortuna de Hugh!
Anton assentiu.
- E quando iremos fazer isso?
Edith ficou pensativa.
- Vamos esperar por um momento certo e agiremos como uma fera pega a sua presa! - respondeu a mulher levantando do seu assento. - E esse momento pode surgir a qualquer momento!
Anton assentiu.
- Está bem. Fora isso, eu já ia esquecendo de lhe falar... - Disse o menino agora jogando fora o seu cigarro. - Eu estava andando pela mansão e fiquei sabendo por alguns segundos, que uma das camareiras sabem quem é o assassino de Racinov!
Edith franziu o cenho.
- Verdade? - Edith ficou surpresa. - E quem é essa?
Anton suspirou forte e pesado.
- A Srta. Campbell! - ele respondeu friamente. - Ela viu o rosto de quem saiu do quarto de Racinov depois da morte do mesmo!
Edith assentiu e sorriu.
- Assim, com a ajuda dela, descobriremos quem foi! - ela disse sorrindo. - A ajuda dela será muito fundamental!
- De fato!
Edith o olhou e eles sorriram.
O novo plano deles estava completo e pronto para ser efetuado, na qual eles poderiam sair muito afortunados se tudo ocorresse conforme o plano. Mas, mal sabiam eles que alguém havia escutado tudo e que estava ouvindo através da porta, este ser vestia roupas pretas e mantinha o rosto abaixado para não ser reconhecido e calçava botas com o solado silencioso, para não ser descoberto. Seria ele o assassino de Racinov? Eis a questão que nos resta por aqui.
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