Capítulo 19

Felicidade: qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar. Era exatamente o que o Conde Welland sentia ao receber uma gloriosa notícia às uma horas da madrugada de uma noite gelada, a sua felicidade era imensa e não tinha nem tamanho. A tristeza e início de depressão que Hugh começava a apresentar, simplesmente, desapareceu como num passe de mágica e deram os seus lugares a alegria, felicidade e completo alívio, por sua única filha estar bem e viva. Quase próximo das duas da manhã, finalmente Lucy Welland estava de volta em casa, para alegria de muitos e para a tristeza de outros. Sendo carregada por Colin Ferguson, ela foi rapidamente atendida por Bloodvessel e levada para o sofá da sala de estar da mansão, onde foi recebia com abraços, beijos e muitos vivas por Hugh, Mabel, Francine, Jimmy e Charles. Eles estavam alegres e aliviados por ela estar bem e agora, são e salva daquela floresta.

Às 02h30 da manhã, o Dr. McCay, e sua enfermeira, a Srta. Dickinson, chegaram na mansão dos Welland e rapidamente iniciaram os procedimentos e alguns exames rápidos. Assistidos por quase todos os funcionários da casa, o doutor testava a pressão da moça, checava os seus batimentos cardíacos, temperatura e o seu sangue, se estava forte ou fraco. Além disso, ele percebeu que o seu braço esquerdo tinha um grande arranhão e este estava inflamado, aparentavas que começava a se infeccionar. Fora isso, ela apresentava desidratação, anemia e leves lesões pelas pernas, braços e mãos. Depois de quase uma hora averiguando a moça e checando tudo, os afazeres do doutor havia terminado, porém, não era o fim dos exames.

— Muito bem, por hoje é só! — disse o doutor retirando a sua luva. — Agradeça ao seu salvador e a Deus, minha filha, pois se demorassem mais um pouco para lhe resgatarem, hoje você já não estaria mais nem viva!

Lucy balançou a cabeça fracamente, em sinal de confirmação e com um semblante receoso.

— Mas, agora, pode ficar tranquila! — ele a aconselhou. — Não corre mais nenhum perigo enquanto estiver dentro de sua residência, está bem?

Lucy sorriu.

— E então, doutor? — perguntou o Conde aproximando-se dele. — Quando ela ficará totalmente bem?

— Bom, se não me falha os cálculos e também, se ela se alimentar bem e se cuidar, provavelmente daqui a cinco dias ela estará nova em folha. — disse o doutor guardando os seus instrumentos na sua maleta. — Ou talvez, até antes de cinco dias!

O Conde sorriu e assentiu.

— Muito obrigado, doutor McCay! — agradeceu Hugh com um belo sorriso. — Eu não sei o que seria desta família sem as suas ajudas!

O doutor sorriu e pegou a sua maleta, em seguida, vestiu o seu sobretudo preto.

— Não há de quê, Conde Welland. Quando precisar, é só me telefonar! — disse o doutor colocando o seu chapéu na cabeça. — Muito bem, se me permitirem, eu vou indo, tenham uma boa madrugada!

Todos agradeceram e por fim, o doutor se foi embora. Os funcionários, que tinham afazeres ao amanhecer, rapidamente foram ordenados de exercerem as suas funções, mas se quisessem, poderiam voltar a dormir. Alguns foram para os seus aposentos, pois tinham trabalhos depois do almoço, enquanto outros, rapidamente vestiram os seus uniformes e entraram de cabeça em seus afazeres. Enquanto isso, as camareiras rapidamente ajudaram Lucy a ir para o seu quarto, porém, quando estavam prestes a subir a escadaria que levava ao segundo andar da mansão, os olhos da moça encontraram Colin no sopé da porta, este a observava e quando ela o olhou, um sorriso fraco brotou no rosto do belo rapaz. Ela respondeu da mesma forma e rapidamente elas subiram as escadas. No corredor, que dava acesso ao quarto de Lucy, as moças acabaram encontrando Edith, que estava retornando ao seu aposento.

— Com licença, Condessa! — pediu a Srta. Winters. — Mas, Lucy precisa descansar. Com licença!

Quando elas passaram pela mulher, que encontrava-se parada na porta do seu quarto e o seu semblante era de raiva. Mas, para não entregar tudo, ela forçou um sorriso.

— Glória. Finalmente a encontraram! — ela forçou. — Aleluia!

Quando as mulheres sumiram virando na próxima esquina do corredor, o sorriso forçado deu espaço a uma expressão fechada e maléfica, que foi acompanhada de um soco no portal da porta. Este soco, que ecoou por todo o corredor, chamou a atenção de Anthony, que dormia no quarto em frente ao dela. O rapaz rapidamente abriu a porta e com a mesma expressão fechada, adentrou no corredor e olhou para todos os lados tentando entender o que havia acabado de acontecer.

— O que houve dessa vez? — ele questionou. — Porque machucou a parede?

Edith, que ainda bufava de ódio, olhou para ele e este podia sentir a temperatura de seu corpo sendo elevada a cada minuto.

— Infelizmente ela foi achada! — Edith respondeu rangendo os dentes. — E, se abrir a boca, colocará tudo a perder!

Anthony levou a mão aos olhos, franja e testa, onde passeou ela por ali e andou alguns metros em direção ao seu quarto e depois retornou onde estava. Agora, a expressão de Edith era compartilhada por ele.

— Maldição, maldição! — Anton disse enquanto andava de um lado para o outro. — Se descobrirem, Axel poderá ser preso e com certeza entregará nós dois...

Edith assentiu meio pensativa.

— Precisamos dar um jeito nisso e o mais rápido possível! — ela concluiu. — Ou, se não, estaremos perdidos!

Anton olhou receoso para ela e ela continuou pensativa. Eles precisavam de uma estratégia o mais rápido possível e antes do delegado chegar, pois se não, todo o plano deles estaria indo por água abaixo.

— Vamos avisá-lo agora ou deixamos para depois?

— Eu aconselho agora, pois, se ela abrir a boca... — respondeu Anton fechando a porta do seu quarto. — Será tarde demais!

Edith assentiu e rapidamente eles deixaram o local.

Não muito longe dali, no quarto da jovem Lucy Welland, encontravam-se as mulheres que ajudavam a filha do Conde a tomar um banho, se trocar e se deitar em sua cama. Enquanto Mabel a ajudava a tomar banho, Annella e Rita ajudavam a escolher o pijama e enquanto as Srtas. Brown, Campbell e Imrie ajudavam a arrumar a cama. No entanto, a Srta. Winters fechava as janelas, as cortinas e ordenava as funcionárias em seus trabalhos. As moças tiveram algumas dificuldades em ajudar Lucy, mas conseguiram driblar e contornar todos esses obstáculos. Não demorou muito para que a jovem já estivesse deitada em sua cama quentinha e aconchegante. Onde era observada pelas funcionárias que ficaram ao redor de sua cama.

— Está melhor agora, Srta. Welland? — perguntou a Srta. Winters com um belo sorriso. — Precisa de mais alguma coisa?

A moça sorriu.

— Sim e não, muito obrigada, Srta. Winters! — ela agradeceu com um simpático sorriso. — E muito obrigada a vocês meninas, vocês simplesmente me ajudaram bastante!

Todas elas sorriram simpáticas e agradeceram.

— Eu não sei o que seria dessa casa sem vocês. Muito obrigada mesmo!

A Srta. Winters sorriu mais uma vez.

— Não há de quê, quando precisar, estaremos por perto! — disse a mulher indo até a porta e abrindo a mesma. — E eu sei que toda essa conversa está muito boa, mas precisamos deixar a Srta. Welland descansar. Vamos, fila indiana na porta agora e todas aos seus aposentos. Vamos!

Rapidamente, de uma a uma, as camareiras foram saindo daquele quarto e por fim, a chefe delas também saiu dali, deixando Mabel fazendo companhia para a mesma.

— Elas são tão talentosas! — comentou Mabel sentando na beirada da cama de Lucy. — E tão radiantes... Adoro conversar com elas!

— Eu também gosto, principalmente com a Rita! — Lucy complementou. — Eu e ela nos encaixamos tão bem!

Mabel franziu o cenho confusa.

— Rita?

— A Srta. Patmore! — Lucy respondeu. — Eu sempre esqueço disso!

Mabel sorriu.

— Eu senti tanto a sua falta... — comentou a jovem olhando para a outra. — E tanto, que eu sempre vinha aqui enquanto você estava fora!

Lucy sorriu.

— Nossa, me adora tanto que sempre vinha ver se eu tinha chegado?

Mabel sorriu.

— Exatamente isso!

Elas sorriram. Depois, pararam por alguns segundos se entreolhando com belos sorrisos.

— Eu sei que você adorou ser carregada pelo Sr. Ferguson! — Mabel comentou e Lucy sorriu envergonhada e tímida. — O seu sorriso e olhar não negam nadinha!

Lucy continuou sorrindo.

— Pare de ser boba, Mabel!

A mais nova sorriu.

— Confesse, você adorou ser carregada pelo Ferguson, não foi? — ela perguntou ainda com um sorriso bobo. — Confesse!

Lucy sorriu mais ainda.

— Se eu lhe disser que sim, você irá me deixar em paz?

Mabel assentiu e Lucy bufou, depois um sorriso brotou em seu rosto.

— Sim, eu adorei sim! — Catherine respondeu e Mabel sorriu mais ainda. — E realmente, você estava certa, os braços dele são grandes e fortes... Puxa vida!

Mabel levantou-se e andou alguns passos em direção aos pés da moça.

— Eu sabia que você adorou e sim, eu tenho uma belíssima visão!

Lucy sorriu.

— Bom, eu sei que você quer descansar agora e eu deixarei você fazer isso! — Mabel disse andando em direção a porta. — Até amanhã, e eu quero saber mais sobre esse ocorrido seu com o Sr. Ferguson, hum?

— Te contarei tudinho amanhã! — respondeu a mais velha. — Boa noite, Mabel!

A prima abriu a porta.

— Boa noite!

Em seguida, Mabel passou pela porta e deixou Lucy sozinha naquele cômodo. Não demorou muito para que ela desligasse o abajur e que já estivesse em sono profundo, agora, segura, confortável e quentinha em sua cama.

Sob passos silenciosos e cuidadosos, Edith e Anthony passavam pelos longos, pernumbros e desertos corredores da mansão. Rumo ao aposento do diplomata dinamarquês, Axel Racinov. Quando estavam próximos da porta do quarto do mesmo, eles pararam e ouviram diversos passos e vozes vindo de uma esquina de um corredor e outro. Eles rapidamente voltaram e entraram na primeira porta que acharam, este era um quarto vazio que não recebia um residente há muito tempo. As diversas vozes e passos eram as camareiras retornando do quarto de Lucy, e depois que elas se foram no final do corredor, eles voltaram o seu trajeto. Não demorou muito para que eles já estivessem na porta do quarto do diplomata. Receosos, Edith bateu na porta do quarto e não demorou muito para que um Axel sonolento e coçando os olhos abrisse a porta.

— Sim? — perguntou o rapaz ainda sonolento. — O que houve?

— Precisamos conversar!

Axel franziu o cenho e coçou a nuca.

— Sim! — Edith respondeu. — E tem que ser agora, ou se não, será tarde demais!

Axel ficou sem respostas no momento, mas logo soube dizer algo.

— Está bem!

Anton empurrou o rapaz para dentro do quarto e adentrou, sendo seguido por Edith, em seguida, a porta trancou-se. Depois de alguns minutos de conversa, eles chegaram a uma conclusão e que poderia até mesmo corroer o verdadeiro plano, porém, precisam fazer isso, ou tudo estaria perdido e acabado.

— Deixe-me entender, a única solução de tudo não acabar... — Axel dizia. — É eu indo embora e vocês me dando a minha parte depois?

Edith revirou os olhos com raiva.

— Nossa? — ela ironizou. — Descobriu tudo sozinho?

Racinov mostrou o seu dedo para ela.

— Sim e você precisa fazer isso rapidamente! — Anton complementou encostando-se em um criado-mudo. — Pois, se o delegado Beaufort chegar, interrogá-la e ela entregar tudo, você poderá ser preso!

Axel assentiu.

— E... Possivelmente, irão lhe obrigar a dizer quem mais participou! — Anthony continuou. — E Você irá nos entregar por bem ou por mal!

O diplomata assentiu, mais uma vez. Por um lado, os dois estavam certos, mas ele sentia uma leve desconfiança, na qual eles poderiam fugir com todo o dinheiro do plano e não entregar a parte dele.

— Eu lhe aconselho a preparar as suas malas e ir imediatamente embora! — Edith disse aproximando-se de sua cama. — E também aquele seu mordomo idiota...

Racinov revirou os olhos em sinal de raiva.

— Sinceramente, já me arrependi de ter trazido ele para cá! — Axel disse. — Era melhor ele ter ficado lá mesmo na sarjeta!

Anton sorriu.

— Não vá me dizer que você arranjou ele na primeira esquina que passou?

Racinov sorriu.

— Sim. Você está certo!

Anton balançou a cabeça enquanto sorria.

— Enfim, parem de sorrir e ande logo, Axel! — Edith ordenou já raivosa. — Você precisa ir embora antes do amanhecer!

Eles rapidamente terminaram tudo e depois de esclarecerem tudo, Edith e Anton deixaram o local como um raio, onde temiam que alguém pudesse flagrá-los saindo do quarto do Sr. Racinov. Porém, eles achavam que ninguém os havia visto, mas mal sabiam eles que um ser vestido com roupas pretas estava os observando na esquina do corredor. Este sabia o que fazer e já estava tudo certo para efetuar o que havia planejado.

Próximo do amanhecer. Um ato brutal foi efetuado. Um assassinato a sangue frio havia ocorrido há poucas horas. Sangue e mais sangue respingado por todo o chão, além de umas pegadas de sangue que saíam do cômodo e se perdiam no corredor. Um corpo ao chão. Olhos arregalados e espantados, como se estivesse visto um fantasma. Aquela era a cena do crime ocorrido em um dos quartos da mansão dos Welland, mas, quem foi o autor? Essa era a questão que estava começando a ser levantada. Às 5h50 da manhã, o Sr. Schnell foi chamar o Sr. Racinov e ao abrir a porta do quarto do mesmo, mas ao olhar para dentro, acabou desmaiando no sopé da porta. Havia um cadáver no chão. Cabelos castanhos, meio alto, magro e deitado de bruços ao chão, ao redor, uma imensa poça de sangue e próximo a isso, pegadas de botas masculinas. Às 6h00, o Sr. Schnell foi levado para a sala de estar e médicos, detetives e alguns funcionários do necrotério da cidade já estavam presentes por ali. Era quase impossível andar pelo salão, por estar lotado de pessoas. Confusa e desnorteada, Lucy acabou acordando com uma imensa poluição sonora de falas e decidiu descer para ver o que estava acontecendo, quando chegou, assustou-se com todas aquelas pessoas. Mabel e Jim, ao vê-la, aproximaram-se dela rapidamente.

— O que houve, Jimmy? — perguntou Lucy ainda confusa. — O que toda essa gente faz aqui?

Jim suspirou profundamente.

— O Sr. Racinov foi encontrado morto em seu próprio quarto! — ele respondeu calmamente. — E ele foi esfaqueado até a morte...

Lucy ficou incrédula. Ela odiava o diplomata, mas nunca desejava que pudesse morrer dessa forma e muito menos de outra forma.

— Mas, já sabem quem pode o ter matado?

Lucy estava tentando achar o corpo de Racinov, mas não conseguia, até que de repente, uma multidão se afastou da porta e uma maca com um corpo enrolado em um lençol branco passou por eles, este saindo da casa para o jardim.

— Não. Ainda não sabem nada sobre o assassino e nem o que o motivou a fazer isso! — Jim continuou. — Mas, segundo alguns, tinha a letra K no pulso e está feita com a mesma faca que o matou.

A moça, que estava com os olhos focados no corpo na maca, acompanhou com os olhos o corpo e este o levaram para Colin, que estava encostado em uma coluna do salão. Este olhou seriamente para ela e em seguida, assentiu como se estivesse tentando lhe dizer alguma coisa e segundos depois, ele se retirou calmamente dali e sumiu em meio a multidão. A jovem não conseguiu decifrar o que havia acabado de acontecer, mas ela sentia que havia algo não esclarecido e que, em breve, seria desvendado.

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