Capítulo 15

E mais uma vez, a lua cheia fez participação especial naquela noite de verão de 1910, na mansão dos Welland em Bridgetown. Esta nobre família, estava em meio a uma celebração de boas vindas ao diplomata dinamarquês, Axel Racinov, este que estava visitando a Inglaterra e decidiu visitar esta família. Tudo estava muito bem limpo e organizado. Tudo bem ilustrado e reluzente. Os funcionários da mansão derão duro em deixar tudo bem arrumado para o dinamarquês, além disso, este fora tratado quase igual a um Príncipe, mas, Racinov mesmo dizia que: "ainda não estava preparado para portar esse título", pois tinha receios e inseguranças do que podiam acontecer com ele, se caso, fosse intitulado de Príncipe. Havia alguns convidados naquele banquete especial, estes eram os mesmos que estavam no chá da tarde e alguns que estavam na reinauguração da mansão, como: a atriz, Josephine Brandell, o jogador de tênis, Charles Williams, o prefeito da cidade, o Sr. Hill e o ator francês David Verlaine e este acompanhado de um alto homem negro, que era muito educado e recebia diversos olhares tortos, mas este não se importava com nada daquilo.

Os convidados conversavam entre si sobre diversos assuntos, como o Sr. Hill que conversava com Racinov, o Conde Welland e o Dr. Beaufort, sobre dinheiro e minas de ouro na América. Além disso, as senhoritas da casa: Lucy, Francine e Mabel, arrumavam-se para o jantar, onde vestiam belos vestidos de cores que poderiam brilhar entre as luzes que vinham do lustre no teto do salão. Às 19h30, o Conde Welland ordenou que a Srta. Rita Patmore, fosse chamar a jovem Lucy, que ainda estava em seus aposentos pensando em qual tiara pôr em sua cabeça e acompanhada de sua amiga, Mabel Swire. A jovem tinha cerca de seis tiaras e cada um com seu jeito diferente de ser, uma tinha algumas pedras de diamantes, outras tinham simples pedras reluzentes e algumas, obtinham pedras de esmeralda, que eram bastante brilhantes. Quando Rita chegou ao corredor, sentiu uma estranha sensação de estar sendo observada, tanto que parou no meio do corredor e olhou para todos os lados, a fim de descobrir quem era, porém, não achara o tal indivíduo.

- Srta. Welland. - chamou Rita batendo levemente na porta. - O Conde Welland está pedindo para que compareça no salão de jantar.

Lucy abriu a porta bruscamente e puxou Rita para dentro, depois fechou a porta. A camareira confusa perguntou-se o que estava acontecendo, até que as garotas decidiram explicar tudo.

- Srta. Patmore, estamos aqui há mais de uma hora. - contou Mabel andando de um lado para o outro no quarto. - E simplesmente, Lucy ainda não escolheu a tiara que ela deve usar hoje.

Rita assentiu e aproximou-se da jovem Welland, que estava sentada em frente a penteadeira.

- Bom, deixe-me ver... - disse a camareira vendo a coleção de tiaras de Lucy, onde avistou uma perfeita. - Tente aquela da esquerda, Srta. Welland!

Cuidadosamente, a moça pegou a tiara e a pôs na cabeça, ajeitou a mesma e depois olhou-se no espelho. Ficou alguns segundos em uma expressão séria, depois, ela abriu um sorriso.

- Essa ficou perfeita, Rita. - ela disse levantando-se do seu lugar. - Muito obrigada.

A camareira assentiu.

- Muito bem, agora vocês precisam ir para o jantar. - instruiu a funcionária. - Porque o Sr. Racinov está esperando por vocês.

Mabel sorriu.

- Mal posso esperar para ver o Sr. Racinov e aliás, vocês viram?

Lucy e Rita franziram o cenho confusas.

- Ele sorriu para mim e ainda falou comigo. - Respondeu Mabel sonhando com o diplomata. - Espero que hoje isso chegue a um nível mais profundo.

Lucy sorriu.

- Deixe de sonhar e vamos Mabel. Se não chegaremos atrasadas!

Elas saíram do quarto. Rita foi para uma direção oposta em que elas foram e antes de partir, a camareira despediu-se delas e por fim, sumiu na escuridão do final do corredor. Enquanto as duas moças seguiam rumo ao salão, mas mal sabiam elas que estavam sendo observadas e que após sumirem de vista no corredor, um estranho homem adentrou no quarto de Lucy e depois voltou do mesmo portando uma pequena folha de papel. Este, também sumiu na escuridão.

- É com uma grande honra, que eu os apresento, diretamente da Dinamarca! - Disse Hugh em voz alta para todos. - E portanto, eu quero que vocês o recebam com uma calorosa salva de palmas, o Sr. Axel Racinov!

Todos aplaudiram o jovem diplomata, que levantou-se do seu lugar com uma belíssima taça de vinho branco e rapidamente foi até o Conde, onde terminou de beber todo o vinho e entregou a sua taça ao Sr. Townsend.

- Muito obrigado, Conde Welland. - respondeu o diplomata com um belo sorriso no rosto. - É uma honra estar aqui nesta terra maravilhosa, de um país respeitoso e majestoso. Nunca, em toda essa minha vida, me imaginei estar na Inglaterra e tomando um bom vinho branco de Chippewea!

Todos sorriram para o jovem.

- E aqui estou eu, na mansão de um renomado Conde da Inglaterra, tomando um bom vinho e champanhe com tantas pessoas honrosas. - Disse Racinov com um belo sorriso. - E portanto, eu os deixo o meu grandioso e belo agradecimento por toda essa recepção, que foi a melhor que eu já vi durante todos esses meses viajando pelo mundo. Muito obrigado mesmo, Inglaterra!

Todos aplaudiram o jovem mais uma vez e este retornou ao seu lugar, onde depois o Conde Welland assumiu o seu lugar.

- Creio que o jantar já tenha sido servido, não é mesmo, Sr. Bloodvessel?

O chefe dos criados assentiu.

- Muito bem, eu, neste exato momento, peço que todos dirijam-se ao salão de jantar.

Todos saíram da sala calmamente, dirigindo-se ao salão de jantar, que estava muito bonito para receber todas aquelas pessoas. Alguns minutos depois, a longa mesa estava cheia de convidados sorridentes e alegres, que ali estavam para receber o convidado especial. Horas depois do jantar, um bilhete de um desconhecido chegara para o diplomata, este acompanhado de seu criado particular, o Sr. Schnell. As horas passaram-se rapidamente igual a um trem sem freios descendo uma montanha, e as horas já se batiam no relógio às 22h40min, naquele exato momento, a festa ainda continuava e como era tradição, algumas vezes essas celebrações viravam a madrugada e pelo visto, a festa dos Welland seguiria essa tradição. Mas naquele mesmo momento, Lucy deixou o salão juntamente com Mabel, mas esta foi atrás de sua mãe e separou-se de Lucy, que decidiu recolher-se e justo naquele mesmo horário, Racinov também havia saído da festa e já encontrava-se no corredor onde a Srta. Welland estava.

- Você é bem pontual, não é mesmo? - disse Racinov caminhando em direção a ela. - Adoro garotas assim!

Lucy sorriu confusa e sem entender nada.

- Olá, Sr. Racinov! - cumprimentou a moça com um belo sorriso enquanto tentava destrancar a porta. - Você não devia estar na festa?

Racinov sorriu.

- Bom, deveria, mas uma bela garota me chamou para lhe encontrar neste corredor... - Ele respondeu com um sorriso cínico no rosto. - E esta chama-se... Lucy Welland.

Lucy - que ainda tentava abrir a porta - parou e arregalou os olhos. Desde quando ela chamou o Sr. Racinov para aquele corredor? Nunca. Ela nunca o chamou.

- Perdoe-me, Sr. Racinov. Mas há um equívoco! - ela sorriu ainda tentando abrir a porta. - Eu não lhe chamei aqui!

Axel franziu o cenho, mas ainda portando o mesmo sorriso perturbador.

- Tens certeza? - ele retirou um pedaço de papel do bolso. - Dê uma olhadinha nisso aqui!

Lucy pegou o papel, abriu o mesmo e assustou-se ao ver que aquele assinava-se com o seu nome.

- Não, não. Isso aqui está errado! - ela dizia tentando justificar-se. - Não fui eu que escrevi este bilhete.

Ela entregou o bilhete de volta a ele.

- Sério? Puxa vida! - ele o guardou no bolso do seu smoking. - Mas, podemos ter algo em segredo... Eu não conto e você não conta!

O dinamarquês começou a aproximar-se calmamente da moça, que recuava aos poucos.

- Desculpe, Sr. Racinov, mas não.

- Vamos, eu prometo que ninguém saberá disso...

Racinov tentou pegar no braço dela, mas esta esquivou-se.

- Não banque a garota problemática.

Ele tentou abraçá-la, mas esta conseguiu esquivar-se mais uma vez.

- Não toque em mim, Racinov. - ela o ameaçou logo em seguida. - Ou papai irá saber de tudo isso.

O diplomata semicerrou os olhos por alguns segundos.

- Pode ser que sim... - ele aproximou-se mais dela. - Porém, desfrutarei o que eu mais desejo.

Axel conseguiu agarrá-la, mas ao mesmo tempo ela conseguiu pisar com força em seu pé e aplicou uma cotovelada em seu estômago, o fazendo soltá-la. Sem pensar em outra coisa, Lucy rumou em direção a escuridão do corredor e correu para aquele lugar, porém, ele estava a seguindo. Aquela cena era quase igual a um pesadelo, tanto que ela desceu as escadas e quase torceu o tornozelo, depois chegou a sala de jantar dos criados e conseguiu trancar a porta. Ofegante e cansada, ela agarrou uma lamparina e abriu a janela, onde esperou por Racinov, que logo chegou até a porta.

- Não tente fugir de Racinov, queridinha. - ele disse tentando quebrar a maçaneta da porta. - Pois, tudo que eu quero... Eu consigo!

Em seguida, ele quebrou a maçaneta e a porta estava aberta, porém, ele não imaginava a astúcia de Lucy, que rapidamente pulou a janela e correu em direção a Floresta do Esquecimento, onde percebeu que ele ainda a perseguia. A moça correu tanto que acabou deixando os seus sapatos para trás e ainda teve a alça de seu belíssimo vestido branco rasgado. Ela correu tanto que não percebeu que logo a frente havia alguns galhos e ela acabou batendo o rosto neles, ao fechar os olhos, ela sentiu um frio percorrendo o seu corpo e ao abri-los, continuou a correr como se não houvesse o amanhã, passou por diversos galhos de árvores secas, pulou alguns troncos e pedras, cortou o seu braço delicado ao passar por um arbusto e por fim chegou até a árvore mais alta da floresta e ao redor dela, Lucy pôde perceber que havia uma grande área que estava muito limpa e cheia de folhas, além da lua cheia que iluminava exatamente o pé da árvore. Ainda ofegante e cansada, ela pôs a lamparina sobre um tronco e encostou-se neste, onde passou a mão na testa limpando o suor. Tudo estava ficando mais tranquilo, até ela ouvir passos e pequenos galhos sendo quebrados, estes em sua direção.

- Quem está aí? - ela pegou um grande galho. - Identifique-se imediatamente!

Os passos estavam mais próximos e aparentavam estar há poucos metros dela.

- Eu tenho uma arma e não tenho medo de usá-la. - Lucy ameaçou olhando para todos os lados. Ela estava completamente apavorada. - Quem está aí? O que queres?

De repente, os passos silenciaram e uma sombra apareceu atrás de um arbusto, sendo acompanhado de um forte suspiro.

- Srta. Welland?

Uma voz masculina, grave e suave surgiu vindo daquela sombra atrás do arbusto, que mexia-se ao tentar identificar quem era aquela mulher.

- O que fazes aqui?

Lucy ainda tentava racionar e lembrar de quem poderia ser aquele homem. Aquela voz era familiar, mas ela não conseguia decifrar quem era.

- Quem é você? E o que quer?

E de repente, aquela sombra saiu do arbusto e mostrou a luz do luar. Era meio alto, tinha um físico um pouco definido, mas que era escondido pelas suas vestimentas que eram de cor preta. Este usava uma pequena cartola, acompanhado de roupas pretas e com algumas fivelas, que brilhavam a luz do luar. Quando o brilho da lua cheia tocou a roupa dele, este olhou para lua e a encarou por alguns segundos, tanto que foi neste momento que Lucy pôde descobrir quem era aquele homem.

- Colin? - ela franziu o cenho. - É você?

Ele abriu um pequeno sorriso.

- Pelo visto você não sabe o meu nome... - ele aproximou-se dela. - O que fazes por aqui, Srta. Welland? Estás perdida?

- Bom, exatamente sim e tem um motivo para isso.

O homem assentiu sem dizer nada.

- Ele te perseguiu, não foi?

Lucy franziu o cenho.

- Sim, mas como sabes?

O homem olhou mais uma vez para a lua e depois voltou a olhar para ela.

- Eu sei de coisas que você nem imagina, Srta. Welland. - ele abriu um sorriso fraco. - Mas, me afirme uma coisa...

Ela assentiu.

- Este que te perseguiu até a fronteira da mansão foi o convidado, não foi? - ele a questionou enquanto andava de um lado para o outro. - Racinov, não é?

- Sim...

Ele assentiu e por fim, ficou em silêncio.

- Ele é um mentiroso. - exclamou a criatura. - Está ali apenas para fazer parte do bando.

Lucy franziu o cenho.

- Bando? Que bando?

Kemal suspirou.

- O bando de Anton!

Lucy ficou pensativa por alguns segundos. Tanto que não acreditava que estava ali falando com o criado Ferguson e no meio de uma floresta. Aquilo só podia ser um sonho. Tanto que ela beliscou-se várias vezes na tentativa de acordar, mas acabava falhando.

- Não se machuque. Isso não é um sonho!

Lucy ficou mais pensativa ainda.

- Então, se isso não é um sonho. - ela disse vendo ele andar dois passos a frente e observar a lua. - O que você está fazendo aqui?

Ele ainda continuava observando a lua. Era como se estivesse encantado.

- Eu tenho os meus motivos.

- Eu posso saber que motivos são esses?

Ele soltou um suspiro e ainda continuava olhando para a lua, mas depois abaixou o olhar e seguiu para trás da árvore mais alta da floresta.

- Venhas comigo, Srta. Welland. - ele disse passando na frente dela. - E eu lhe contarei tudo.

Lucy o seguiu receosa mais floresta adentro. Com a companhia do brilho da lua e da lamparina, eles prosseguiam com o seu curso rumo ao lugar que Kemal a levava. Ela quis tentar voltar, mas sabia que ele perceberia e portanto, decidiu ir até o fim e saber de tudo. Porém, ela ainda tinha receios e medo de que ele realmente fosse o próprio Colin e de que tudo aquilo fosse um sonho.

Música: The Tide Turns
Compositor: Danny Elfman
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