Capítulo 13

Não havia explicações para uma espécie de uma coruja assinar um bilhete, ainda mais fazer uma caligrafia cursiva igual aquela. Obviamente não foi a coruja que fez aquilo, e sim uma pessoa em específico, agora quem poderia ser? Townsend?, Bloodvessel?, Latimore?, Newland?, Bennett?, Furlani? ou Ferguson? Era uma grande lista de possíveis autores para aquele ato. Talvez não poderia ser nenhum deles e sim o jovem Jimmy, este que não reclamou de nada quando fora buscar o livro para Lucy. Poderia, de fato, ser ele o autor daquilo, pois saiu sem dizer nada a Lucy. Agora, o Sr. Davis era mais um suspeito da imensa lista feita por Lucy e Mabel. Já se passava das meia-noite e meia e ainda as duas jovens encontravam-se discutindo e levantando hipóteses sobre o autor do crime, quando ouviu-se três batidas na porta, além de vir com um suspiro forte e pesado. No início, Lucy pensou que fosse Bloodvessel vindo reclamar do barulho, mas depois pensou que fosse o seu pai, até abrir a porta e ver quem de fato era.

- Ah... É você! - disse Lucy mostrando a sua expressão de ódio. - O que você quer, Múmia de Manchester*?

Edith a olhou raivosa.

- Edith, meu nome é Edith Suzanne Welland! - ela respondeu em ódio. - E mais respeito comigo, queridinha!

Lucy revirou os olhos em sinal de ódio.

- Diga logo o que você quer!

Edith torceu o nariz.

- Seu pai me ordenou a vir avisá-la de que já está passando da hora de dormir! - disse a mulher em um tom de arrogância. - E afinal, eu acho melhor você ir, ou se não, quem vai vim aqui lhe ordenar mais uma vez não vai ser eu...

Lucy cruzou os braços.

- E vai ser quem? - Lucy perguntou em deboche. - Anthony? Mande-o e lhe garanto que será a última vez que ele faz isso!

Edith torceu o nariz mais uma vez.

- Avisado dado, agora vá dormir.

Edith deixou o local sem dizer mais nada, enquanto Lucy exibia diversas caretas para a mulher que logo sumiu virando para o lado direito do corredor.

- Eu vou se eu quiser! - disse ela fechando a porta. - Se não, quem vai vim aqui lhe ordenar não vai ser eu... Mulher estúpida!

Mabel riu.

- Enfim, ela está certa Lucy, já são quase uma hora da manhã e precisamos dormir! - disse ela levantando-se de seu lugar. - Afinal teremos uma visita importante amanhã!

Lucy franziu o cenho.

- Quem virá amanhã?

Mabel girou a maçaneta da porta e parou ao abrir a porta.

- Você não ouviu o seu pai dizendo hoje mais cedo?

Lucy ficou pensativa por alguns segundos, onde tentava recordar-se de algo, mas acabava falhando.

- Não, eu não lembro de nada! - ela sentou-se na beira de sua cama. - Afinal, eu estava tão encucada com esse caso de Bloodvessel que nem ouvi nada sobre isso!

Mabel assentiu.

- Bom, amanhã chegará o diplomata dinamarquês, Axel Racinov! - respondeu Mabel com entusiasmo. - Eu ouvi dizer que ele está solteiro e que é muito bonito!

Lucy sorriu.

- Pare de sonhar antes de dormir, Mabel! - disse Catherine com um belo sorriso no rosto. - Acho melhor irmos dormir. Até amanhã, Mabel!

A moça sorriu.

- Até amanhã. - disse a Srta. Swire passando pela porta. - Nossa como eu estou empolgada pela chegada do Príncipe Racinov!

Mabel fechou a porta e Lucy riu do outro lado da porta. As duas moças encaminharam-se para as suas devidas camas e lá dormiram tranquilamente, onde estavam curiosas e empolgadas pela chegada do Príncipe amanhã logo pela manhã.

O dia amanheceu-se mais radiante, mas vívido e mais bonito do que os outros. Os pássaros cantavam belas melodias nas copas das árvores, onde fazia o dia ser mais bonito. Os funcionários do Conde Welland trabalhavam incansavelmente para deixar tudo impecável e em ordem para a chegada do diplomata Racinov, pois se tudo saísse fora do conforme, o que a visita pensaria sobre os costumes e recepções inglesas. E isso seria uma imensa vergonha para os Welland e para toda a nação inglesa, se caso soubesse da tal vergonha. A jovem Lucy fora acordada com algumas batidas em sua porta, estas eram mais leves e mais suaves, simbolizando de que não era um homem e muito menos Mabel ou Edith. Aquelas batidas podiam significar que era uma única pessoa, a melhor camareira e funcionária da casa.

- Pode entrar, Rita! - permitiu a moça levantando-se da cama. - A porta está aberta!

A camareira entrou trazendo alguns lençóis em suas mãos e os colocou na cama com um sorriso radiante.

- Bom dia, lady Welland! - disse Rita colocando os lençóis empilhados sobre o baú perto da cama. - Teve uma boa noite de sono?

Lucy sorriu.

- Noite única e diferente de todas as outras.

- Maravilhas! - disse Rita arrumando a cama. - Bom, será um dia e tanto hoje, não é mesmo?

- Sim, hoje o diplomata dinamarquês Racinov chegará em nossa casa, este está visitando os mais renomados condes e duques da Inglaterra. - respondeu Lucy enquanto penteava os seus longos cabelos castanhos. - Ouvi dizer que ele está solteiro e é bonito.

- Não era ele o Príncipe, Srta. Welland?

- Não. Você deve estar confundindo o sobrenome dele com o Príncipe da Noruega! - respondeu a jovem levantando-se e indo até o banheiro privado de seu quarto. - Este é o diplomata dinamarquês, Axel Racinov.

Rita continuou arrumando o quarto.

- Parece ser russo!

- Sim, parece que ele tem ascendentes russos! - complementou Lucy. - A Rússia é um país tão maravilhoso, se não fosse é claro, comandada por sanguinários!

- Será que esse diplomata tem haver com o imperador russo?

Lucy riu.

- Não, Rita, você está confundindo tudo. - disse a filha do conde saindo do banheiro. - A família imperial russa são os Romanov e este é o diplomata Racinov. Ambos os nomes são parecido, mas são totalmente opostos!

A camareira sorriu.

- Ah sim. - ela abriu as cortinas do quarto. - A senhorita deseja que eu arrume seus cabelos?

Lucy sentou-se de frente para a penteadeira.

- Por favor, Rita. - ela abriu uma caixinha de metal e dela surgiu uma bailarina, que rodava suavemente enquanto tocava uma bela melodia. - Adoro essa caixinha!

Rita sorriu.

- Eu também gosto da melodia que a mesma emite. - Rita disse enquanto penteava o cabelo da jovem. - Srta. Welland, posso lhe fazer uma pergunta?

Lucy assentiu enquanto abria um sorriso.

- Quem lhe deu essa caixinha?

Lucy franziu o cenho tentando lembrar-se.

- Se eu não me engano foi o Sr. Williams ou foi o Jimmy. - ela respondeu incerta. - Não me recordo bem de quem foi, mas quem pode ser, me dera um ótimo e adorável presente!

- Tens razão!

Elas continuaram conversando sobre mais coisas, enquanto o diplomata ainda não chegava, elas conversavam bastante e os outros, que haviam acabado de terminar todos os seus afazeres, eram inspecionados pelo Sr. Bloodvessel e Townsend, que revisava tudo a todos os funcionários.

Ao longe podia-se ver um automóvel que começava a subir o monte que levava a mansão dos Welland. Era um carro de cor branca e estilo Ford 1909. Os pneus do mesmo eram de faixa branca e este era impecável. Não se tinha nenhum arranhão ou sujeira, e naquele automóvel chegava o convidado de honra da casa, o diplomata Axel Racinov. Na portaria da mansão encontrava-se: Hugh e Edith. Além deles, estava também os funcionários: Bloodvessel, Townsend, Latimore, Ferguson e Newland. Esses esperando para recolher as bagagens do convidado e enquanto o Conde e a Condessa esperavam para recepcionar o jovem Racinov. O automóvel de cor branca logo chegou ao topo da ladeira e por fim fez a volta para parar em frente a portaria da mansão, quando este parou, Bloodvessel rapidamente correu até a porta e abriu a mesma e de lá, uma cartola de cor preta saiu e junto com ela um jovem rapaz meio alto e magro, este olhou para a mansão e para todos os lados, onde analisava tudo, mas ao ver o Conde Welland este abriu um sorriso e Hugh decidiu aproximar com sua esposa.

- Olá, o senhor deve ser o Conde Welland, não é mesmo?

Hugh sorriu e ambos fizeram um aperto de mão.

- Com todo o prazer, Sr. Racinov, me chamo Welland, Hugh Welland. - disse o homem com um belo sorriso. - E esta é minha esposa, a Condessa Welland, Edith Welland!

Edith forçou um sorriso e estendeu a sua mão para o diplomata, que a beijou educadamente.

- Prazer, Condessa Welland. Axel Racinov.

Edith sorriu novamente.

- Encantada!

Ele sorriu mais uma vez, em seguida, um homem com um belo uniforme de criado apareceu atrás de Racinov. O diplomata acabou assustando-se quando percebeu o homem atrás de si.

- Sr. Schnell, por favor, não fique muito próximo. - ordenou o diplomata sem olhar para o criado. - Mantenha os seus modos ou será deportado para Copenhague!

- Sim senhor e me desculpe senhor!

Racinov assentiu.

- Nossa, onde estãos os meus modos? - disse o diplomata afastando-se do conde e parando ao lado do criado. - Conde Welland, este é o meu criado particular, o Sr. Richard Schnell.

- Prazer Sr. Schnell, Conde Welland!

- O prazer é todo meu, Conde e Condessa!

O Conde sorriu e a Condessa forçou outro sorriso.

- Muito bem, eu quero lhe apresentar a minha bela equipe, aquele é o chefe dos criados, o Sr. Bloodvessel e aquele é o chefe dos lacaios, o Sr. Townsend! - disse o conde apontando para a dama. - E aqueles são os criados e lacaios, os senhores Newland, Ferguson e Latimore!

Racinov sorriu e assentiu ao ver eles, porém, acabou encarando o jovem Ferguson de uma maneira muito estranha. Era como se este o já tivesse visto em algum lugar antes, mas não se lembrava onde.

- Vamos, Sr. Racinov, vou lhe apresentar a casa!

O diplomata deixou o local acompanhado por seu criado, Hugh e Edith, que contava curiosidades sobre a bela mansão. Enquanto isso, os funcionários ficaram do lado de fora, onde recolhiam as coisas do convidado.

- Que criado mais estranho... - comentou Newland em sussurro com Latimore. - Se ele fizesse aquilo na frente de alguém importante, eu o mandaria embora imediatamente!

- Eu já vejo que não iremos socializar com esse criado.

Townsend acabou percebendo sobre tudo aquilo e decidiu aproximar-se dos dois rapazes, estes pensavam que iriam levar uma bela bronca e eles se calaram.

- Simplesmente, este criado é muito desajeitado. - comentou Townsend também em sussurro. - Aparentas que esse diplomata o arranjou na sarjeta ontem e já o nomeou como criado particular!

Newland e Latimore seguraram a risada, até que Bloodvessel percebeu.

- Porque ao invés de vocês estarem cochichando e rindo, não venham me ajudar com essas bagagens! - disse o chefe com uma voz grave e durona. - Afinal, é para isso que vocês vieram!

Os criados rapidamente decidiu ajudar o chefe. Ferguson pegou uma bagagem e rapidamente deixou o local sem dizer nada. Enquanto isso, o Conde, a Condessa, o diplomata e o seu criado passeavam pela sala de estar da mansão e naquele exato momento dirigia-se para a biblioteca, onde lá encontrava-se Jimmy, que estava sentado numa das poltronas e lendo um livro.

- Esta sala é a biblioteca, aqui há mais de setecentos livros e todos esses atualizados. - disse o Conde parando no centro da sala. - Bom, este jovem é um velho amigo de minha família, de ascendência irlandesa, este é o Sr. Jimmy Davis!

Jim sorriu e levantou-se de sua poltrona, onde esticou a sua mão para apertar a mão do diplomata.

- Muito prazer, Sr. Racinov! - disse Jimmy ao efetuar o aperto de mão com um belo sorriso. - Ouvi falar muito bem de você!

- Muito obrigado, Sr. Davis. É um prazer conhecê-lo!

Jim assentiu. Depois de uma breve conversa na sala, estes dirigiram-se para a sala de chá, onde lá encontrava-se a Srta. Francine Thayer, tomando uma xícara de chá enquanto lia uma matéria de jornal.

- Essa aqui é a sala de chá da casa, presumo que na Dinamarca não se tomem chá as dez horas da manhã, mas aqui na Inglaterra fazemos isso.

- Conde Welland, saibas que a hora do chá na Dinamarca pode ser a qualquer momento e geralmente, muitos dinamarqueses não tomam chás! - disse Racinov sorrindo. - Mas fora isso, é uma bela sala, muito bem decorada e ordenada!

Hugh sorriu.

- Bom, aquela é mais uma de nossas convidadas, a Srta. Francine Thayer!

Francine levantou-se do seu lugar e estendeu a sua mão.

- Muito prazer, Sr. Racinov.

O dinamarquês beijou a mão da mulher.

- O prazer é todo meu, Srta. Thayer!

Ambos se afastaram e por fim, eles deixaram o local mais uma vez, dessa vez dirigiram-se ao salão de jantar, onde estava Lucy e Mabel, ambas conversando algo bem secreto, tanto que sussurravam.

- Este é o salão de jantar, é aqui que diversos assuntos são tratados e resolvidos. - disse o Conde parando ali. - Bom, aquela jovem no lado direito da mesa é a filha da Srta. Thayer, esta é Mabel Swire.

Mabel levantou-se e fez o mesmo procedimento que sua mãe fez ao ver o jovem, tanto que o mesmo beijou a sua mão em cumprimento. Mas, quando este olhou para Lucy, os seus olhos brilharam, as suas mãos ficaram geladas e seu coração bateu mais forte do que o normal.

- E esta é a minha filha, Lucy Catherine Welland!- apresentou o Conde com um belo sorriso. - Está passando uma temporada de férias conosco, enquanto descansa dos estudos de astronomia!

Racinov andou calmamente até a jovem, que esticou a sua mão e ele a beijou delicadamente.

- Prazer, Axel Racinov!

Lucy sorriu.

- Encantada, Sr. Racinov!

O diplomata sorriu ao olhar mais uma vez para ela. O Conde continuou dizendo alguma coisa, mas Axel não prestava atenção no Conde e sim na jovem, aquela que acabou roubando a sua atenção durante toda a sua conversa com o dono da casa. Mal sabia Axel que poderia entrar em confusão, caso seguisse Lucy.

1 · Múmia de Manchester ou Hannah Beswick, foi uma mulher rica que tinha medo patológico do enterro prematuro. Após sua morte, seu corpo foi embalsamado e mantido acima do solo, para ser periodicamente verificado em busca de sinais de vida. Hannah nasceu em 1688 e morreu em 1758, no Reino Unido e desde então, tornou-se uma atração turística.

Música: Theme (from Downton Abbey)
Compositor: John Lunn
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