Capítulo 12
Ainda era algo inacreditável para o Conde de Dovertown. Bloodvessel havia sido preso inocentemente e sem ter feito nada. A notícia que foi dada pelo Sr. Townsend e o chofer Barrow, foi o motivo pelo qual Hugh surtou e enlouqueceu. O Conde Welland estava maluco e andava de um lado para o outro na sala de biblioteca da casa, onde era acalmado por Jim, a camareira, a Srta. Patmore e a Srta. Winters. Com uma expressão de preocupação e confuso, ele fazia diversos questionários a si mesmo sobre o que acontecera com o chefe dos criados. Tanto que ele mesmo se lembrava de que não havia motivos para prenderem o chefe dos criados, pois este era de muita confiança. Hugh parou por uns segundos ao ouvir que alguém estava vindo correndo da portaria da mansão, e por fim, este indivíduo apareceu na porta e era o Sr. Charles Williams, amigo de Lucy, que soube de tudo e decidiu ajudá-los.
- Boa noite, Conde Welland.
Hugh abriu um sorriso fraco.
- Bom, a Sra. Thayer me contou sobre tudo e eu decidi ajudá-los! - disse o jovem dando dois passos a frente. - Eu fui até o departamento de polícia e o Dr. Beaufort afirmou que só podiam liberá-lo se pagassem uma boa quantia em dinheiro.
Hugh soltou um forte suspiro e andou até a janela, onde próximo dela tinha-se um criado-mudo e um pequeno relógio. Ele olhou as horas e depois virou-se para todos atrás dele.
- Senhores Davis e Williams, podem me ajudar a libertar o Sr. Bloodvessel?
Davis e Williams sorriram e assentiram.
- Muito bem, irei consultar os acionistas e verei o que posso fazer! - disse Hugh indo em direção a saída da sala. - E por favor, me aguardem, pois irei acompanhando vocês até o departamento de polícia!
- Sim, senhor.
Hugh deixou o local e os dois rapazes sentaram-se ali, onde continuaram a conversar.
- Bloodvessel se meteu em uma grande enrascada! - comentou Jimmy observando os livros das prateleiras da biblioteca. - Pobre homem, nunca fez mal a um inseto!
Williams permaneceu em silêncio.
- Espero que tudo fique bem...
- Eu também.
Eles ficaram em silêncio e por ali, esperaram uma resposta do Conde.
- Porque eu fiz aquilo? Por que eu menti?
Assim como o seu pai estava há alguns minutos antes, Lucy também questionava-se com bastante frequência, enquanto andava de um lado para o outro naquela grandiosa sala de espera do departamento de polícia de Bridgetown. Onde era observada por Mabel e Francine, que permaneciam em silêncio observando tudo. Era a primeira vez que a Sra. Thayer vira a sua sobrinha tão preocupada.
- Acalme-se Lucy, tudo vai estar bem no final. - dizia ela tentando acalmar a moça. - Sente-se e acalme-se, pois ficar questionando-se e preocupada a qualquer momento não vai ajudar em nada.
Lucy parou e sentou-se ali ao lado de sua tia.
- Eu fui uma estúpida ao culpar o Sr. Bloodvessel...
Ela pôs as duas mãos no rosto e apoiou a cabeça nele.
- Lucy, o que você fez simboliza uma coisa... - disse a Sra. Thayer e segundos depois, Lucy tirou as mãos do rosto. - Que você tem sentimentos pelo criado Ferguson.
Lucy ficou espantada. Será que os seus sentimentos eram tão óbvios assim?
- Como assim, tia Francine?
A mulher sorriu.
- Bom, você o protegeu ao incriminar o Bloodvessel no lugar dele. - ela respondeu enquanto Lucy assentia. - Além disso, insistiu em saber sobre o passado dele e como ele era antes de aparecer na sua vida, e isso significa que você está apaixonada por ele e que quer conhecê-lo melhor!
A moça ficou em silêncio por alguns minutos. Ela sabia que sua tia estava certa, portanto, agora não podia mais negar.
- Portanto, depois da saída de Bloodvessel, peça desculpas à ele e depois vá falar com Ferguson assim que puder. - a tia aconselhou. - Pois quanto mais rápido você puder falar com ele, melhor ficará o seu coração.
Lucy sorriu.
- Querida, eu sei que ele também tem sentimentos por você e por isso, não deixe ele ir embora. - Francine sorriu mais uma vez. - Pois, não sabemos onde podemos encontrar outro amor igual à ele, não é mesmo?
Lucy sorriu com um certo toque de timidez.
- Pois bem, não deixe de demonstrar a ele o que você sente por causa de timidez.
Catherine sorriu e assentiu mais uma vez.
Até que de repente, ouviu-se um grito desesperador de um homem vindo da rua. Assustadas e confusas, as três mulheres levantaram-se do banco acolchoado e esperaram por alguém ou algo, até que três oficiais e o delegado Beaufort passaram correndo por ali em direção a rua. Sem pensar em outra coisa, elas correram também em direção a rua e ao chegarem lá, avistaram um homem estirado ao chão do outro lado da rua. Os policiais correram até ele e acompanhados das moças, onde chegaram lá e este já estava em seus últimos momentos de vida, tanto que tentava dizer algo, mas não conseguia.
- Acalme-se. Não se preocupe, a ajuda está a caminho! - disse o Dr. Beaufort ao abaixar-se próximo a ele. - Acalme-se.
O homem estava agonizando-se ao chão e naquele mesmo momento, um oficial havia acabado de encerrar a ligação com o hospital mais próximo.
- Cuida-dado c-com e-ele...
Beaufort franziu o cenho.
- Ele quem?
- Ke-Kemal!
Beaufort ficou confuso e pensativo ao mesmo tempo, em seguida, olhou o pulso deste homem e avistou a letra K marcada ali. Este sinal feito pela mesma faca que o esfaqueara diversas vezes. Segundos depois, a vida daquele homem se foi instantaneamente e por fim, o sofrimento dele encerrou-se. Ali ele morreu aos olhares de três oficiais, um delegado e três moças. Após a morte, alguns minutos depois, uma ambulância chegou e recolheu o corpo, levando-o para o hospital e depois para o necrotério, onde fizeram o atestado de óbito. Beaufort ainda não acreditava no que estava acontecendo.
- Mais uma vez esse sujeito mata esses indivíduos debaixo de meu nariz. - disse o delegado irritado e retornando a delegacia. - Pelo visto eu estou abaixado por um assassino...
Segundos depois, o Conde Welland acompanhado de Jimmy Davis e Charles Williams chegaram na delegacia. Estes trazendo uma grande quantia em dinheiro, ambos adentraram no salão e depois as moças o acompanharam. Minutos depois de uma longa conversa, Bloodvessel fora solto e eles agora puderam voltar para casa tranquilos e sem nenhuma preocupação, porém, Lucy estava tensa. Ela estava com receio de seu pai lhe perguntar sobre o que aconteceu pelo chefe dos criados ser preso, tanto que em certo momento, ela ficou pálida após ouvir um assunto de uma conversa de seu pai com o chefe dos criados. Mabel percebeu o estado de sua prima e rapidamente conseguiu fazer com que o Conde mudasse de assunto com o chefe.
Próximo da meia-noite, o automóvel chegou a mansão e dele desceram todos. Lucy foi a primeira a sair. Passou por todos ali sem dizer nada e rapidamente correu na direção de seu quarto, onde entrou rapidamente trancou a porta e sentou-se na beirada de sua cama, com a respiração ofegante, ela tentou acalmar-se. Ali ela sentia-se segura e não temia mais mal algum, tanto que sentiu-se aliviada ao olhar para o seu imenso quarto, porém, ao passar a sua visão sobre a penteadeira, acabara avistando um papel que estava dobrado e ao lado dele uma vela estava acesa. Com um certo tom de curiosidade, ela levantou-se rapidamente de sua cama e foi até o papel, abriu o mesmo com cuidado e pode-se perceber que aquele era um bilhete bem diferente, pois a caligrafia era totalmente diferente das caligrafias da camareiras. Aquela letra era cursiva e aparentemente foi escrita as pressas, pois via-se os erros e borões da caneta.
- De quem pode ser? - questionou-se virando o verso da folha e com o cenho franzido. - Exatamente não é de Rita, a letra deste está muito diferente da mesma.
Em seguida, ela decidiu ler o que nele havia escrito e assim percebera algo.
"Desculpe por lhe obrigar a fazer aquilo. Espero que me desculpe. Obrigado por ter me salvado.
Tytonidae".
- Quem deve ser, Tytonidae? - ela disse dobrando o bilhete e guardando no bolso de seu vestido. - E porque me enviou este bilhete?
Ela ficou pensativa por uns segundos, até que se recordou daquele nome, na qual a mesma vira em algum lugar, mas que no momento ela não lembrava. Porém, o seu silêncio que havia acabado de começar, foi interrompido por batidas na porta. Uma voz masculina quase irreconhecível a chamava do outro lado da porta. Ela torcia para que não fosse Bloodvessel ou o seu pai, portanto, com um certo receio, ela andou calmamente até a porta.
- Quem é?
- Sou eu, Jimmy!
Lucy sorriu e por fim abriu a porta.
- Oh olá Jim, o que fazes por aqui uma horas dessas? - Ela o cumprimentou sorrindo. - Afinal, desculpe ter lhe esquecido durante esses dias. Eu estive muito ocupada.
Jim sorriu.
- Entendo. Bom, eu vim verificar se você está bem! - Ele disse com um sorriso fraco no rosto. - Afinal você saiu correndo do carro e não tive nem tempo de falar com você.
Lucy sorriu meio tímida.
- Aquilo era por que eu precisava muito fazer uma coisa. - Ela respondeu e Jim assentiu, depois, um breve silêncio se mostrou. - Jimmy? Você pode fazer uma coisa por mim?
O rapaz assentiu.
- Pode ir até a biblioteca pegar um livro sobre aves! - ela o ordenou enquanto ele se afastava calmamente. - Este está na prateleira B na 10° posição.
Ele assentiu e saiu. Lucy ficou por ali esperando, tanto que não demorou nem quinze minutos e Jimmy já estava subindo as escadas voltando para o quarto da moça. Com o livro nas mãos, ele entregou e rapidamente saiu após ser agradecido. Lucy adentrou, trancou a porta e sentou-se na penteadeira, retirou o bilhete do bolso e o colocou sobre o livro. Ela rapidamente folheou o livro e parou no capítulo de aves com os nomes científicos que começam com T. Após ter breve navegado por aquele capítulo, ela parou no lugar em que queria e assustou-se. Tanto, que recordou-se de tudo que ocorreu desde quando Colin desapareceu misteriosamente daquela sala.
- Não é possível... Não!
Ela estava espantada. Não era possível que aquela coruja havia deixado um bilhete, tanto, que Lucy começou a achar que aquilo era uma brincadeira vindo de Mabel. Portanto, saiu de seu lugar, destrancou a porta e atravessou o corredor, chegando até a porta da Srta. Swire, onde bateu e esperou até ela abrir. Até que a mesma abriu.
- Olá Lucy, o que houve? - ela sorriu e depois franziu o cenho. - Porque você está assim?
Ela pegou no pulso da moça e puxou ela para fora do quarto.
- Venha comigo!
Lucy puxou Mabel do final do corredor até o seu quarto, onde empurrou a mesma para dentro do seu quarto e fechou a porta.
- Você pode me explicar o que significa isso?
Mabel ainda confusa aproximou-se de sua prima, que estava próximo a penteadeira e apontando para o bilhete. A Srta. Swire leu o bilhete e ficou surpresa.
- Não fui eu que escrevi isso... - disse Mabel agora olhando para a sua prima. - E outra, você sabe que a minha caligrafia é bem diferente desta aqui.
Lucy revirou os olhos de raiva.
- Então já que a caligrafia não é sua... - ela aproximou-se mais de sua prima e mostrou a página sobre a coruja. - Quem é então Tytonidae?
Mabel franziu o cenho.
- Eu também não sei.
- Ora, como não? - Lucy alterou-se. - Você é a única que sabe sobre isso!
- Sim, mas não fui eu, Lucy. - disse Mabel inocentando-se. - Tanto que eu nem conheço essa Tydaenitou...
Lucy revirou os olhos mais uma vez.
- Eu só sei quem é esse... Bicho, porque você me mostrou agora!
Lucy ficou mais calma e olhou para a sua prima, que aparentava estar pedindo por piedade.
- Se você não escreveu isto... - ela tentava ficar irritada, mas acabava falhando. - Quem foi então?
Mabel respondeu que não sabia fazendo um gesto com as mãos e ombros. Lucy ficou agora pensativa e confusa. Será mesmo que coruja podia escrever? Será mesmo que aquele recado era da coruja? Ou era simplesmente uma brincadeira de mal-gosto de Jimmy? Essas eram as questões que cercavam a mente de Catherine naquele mesmo momento.
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