Capítulo 6
Acordei pela manhã com batidas suaves na minha janela do quarto. Estava escuro pelo blecaute, mas quando eu a abri, foi como uma granada de flash, o sol iluminava os céus e deixava o dia lindo. Mas, oque era mais lindo que toda paisagem, era a garota na minha janela, com um sorriso maravilhoso e radiante, um olhar com mais brilho que o sol e, uma presença belíssima, tanta, que supera o céu azul e sua imensidão, e com certeza, mais bela que a noite mais estrelada e suas nebulosas.
A garota tinha seus longos cabelos azulados, espalhados pelo vento, como rabiola presa no fio, mas, era tão lindo, lembrava um rios azulado que corre impulsionado pela cachoeira e pela queda.
"Não vai abrir?" ela colocou as mãos na cintura e me despertou dos meus pensamentos perdidos em tanta beleza.
"A-Ah, sim sim! Já to abrindo!" afirmei um tanto nervoso e abrindo a janela "Você sabe que está no segundo andar né?" falei para ela e estendi a mão.
"Sim, eu sei bem!" ela pulou no meu pescoço e me abraçou firme nos fazendo rolar pela cama até cairmos no chão. Ela caiu em cima de mim e deu risada, segurei firme sua cintura com minhas pernas, segurei seus braços e virei ficando por cima dela. Segurei suas pernas com as minhas e segurei seus braços abertos e olhei ela bem de perto nos olhos, tão perto, que podia sentir sua respiração, me aproximei fazendo ela ficar vermelha, desci um pouco e me inclinei beijando seu pescoço lhe causando arrepio e fazendo-a se contorcer "Sacanagem isso!" ela falou enquanto se contorcia, levantei e lhe olhei de novo "Apelão!" ela me julgou sorrindo.
"Check-mate" Sussurrei soltando suas mãos e sentando ao seu lado "Você pulou o muro?" olhei ela se sentando ao lado da cama.
"Sim, pulei! Por que?" ela me questionou como se fosse normal.
"O muro tem três metros, e você tem um metro e cinquenta e quatro!" ergui uma mão alta representando o muro e uma bem menor representando ela.
"Dei meu jeito!" ela rio "Precisava fazer uma surpresa para um amigo!" ela se levantou e foi até a janela e se virou para mim se apoiando de costas na janela "Mas então, gostou da surpresa?" ela riu mais um pouco
"Uma surpresa dessas? Queria todos os dias!" falei me aproximando mais dela, porém, sem perder meu tom frio. Mesmo assim, ela mudou sua expressão sorridente para uma de envergonhada, ela ficou vermelha e olhou para o lado.
"S-Sério?" ela gaguejou ainda sem me olhar, atrás de mim eu escondia um travesseiro e bati com ele nela, da mesma forma que eu faço com meu despertador, isso fez a garota levar um leve susto.
"Não. Você me acordou, e eu odeio que me acordem!" meu despertador começou, então eu lhe ataquei o travesseiro fazendo os dois pararem no chão e o despertador parar de tocar. Olhei para Nakimi "Antes do, meu despertador ainda por cima!" ela colocou a mão na bochecha e sussurrou:
"Doeu..." foi bem baixo mas eu consegui ouvir, mesmo assim ela repetiu, mas dessa vez, alto e chorando "Doeu!" ela se jogou na cama e ficou chorando. Eu respirei fundo, peguei minha roupa e fui trocar de roupa no banheiro. Quando saí, ela estava na frente da porta "Você me abandonou naquele quarto, sozinha!"
"Você queria vir trocar de roupa comigo?" ergui uma das sobrancelhas.
"N-Não, baka!" ela desviou o olhar corando novamente "Mas me deixou sozinha chorando e saiu sem avisar!" ela praticamente batia o pé para falar comigo.
"Foi só um travesseiro, dramática!" Fui andando para a cozinha "Eu não ia perder tempo com seus dramas e chegar atrasado na escola!" comecei a arrumar a mesa e ela não parava de me seguir "Na próxima me lembra de te dar um soco!"
"Torce para que eu apague, porquê se não te arrebento!" ela tentou ser agressiva, mas foi bem fofa na verdade.
"Com seus dramas?" olhei de canto para ela e me sentei na mesa para começar a comer "Você no máximo ia chorar até dormir!" comecei a comer. Nem havia servido ela, não por egoísmo, ela que não pediu. Mas já foi logo se servindo "Você está achando que isso é a casa da mãe Joana?" encarei ela.
"Você não me serviu!" ela retrucou.
"Você não pediu" rebati "Mas já que já está de pé, fique a vontade!" continuei comendo.
Passamos o café da manhã em silêncio. Mas na minha cabeça, e admirava tanta beleza e fragilidade. Se bem que aquele soco de ante-ontem não me foi nada frágil, mas ela é incrível, e ter sido acordado por ela, ser ela a primeira vista pela manhã, é de longe, a melhor coisa do mundo.
"Merda, eu comecei a me apegar! Mas por quê? Se eu mal conheço ela e provavelmente ela irá embora, irá me abandonar como todos, e eu vou ser só mais um obstáculo do passado dela!" esses pensamentos me afastaram dos pensamentos bons, e o céu parecia sem cor de novo, mesmo que nada tivesse mudado. Desanimei, deixei as coisas na mesa e fui escovar os dentes.
"Ei, onde você vai?" ela veio atrás e eu fechei a porta do meu banheiro, quase acertei seu rosto. Quando saí, fui pegar minha bolsa no quarto, mas não encontrei Nakimi dentro de casa e fui sair pensando:
"Ela já foi? Bom, era de se esperar!" eu me senti culpado.
Não encontrei a chave de casa em lugar nenhum, até que ouvi uma risada travessa atrás do portão, tentei abri-lo, mas estava trancado. A risada ficou mais alta, e pude entender que Nakimi queria brincar, mas eu não tinha vontade alguma, então peguei um cabo fino de madeira e, por baixo do portão, lhe acertei a canela duas vezes, subi em uma parte de concreto, onde ia a churrasqueira, e peguei impulso e fiquei em cima do muro, dei alguns passos e pulei em cima da garota, que ao me ver, colocou a chave no sutiã. Eu olhei sério para ela, e ela riu. Apesar de não conseguir andar e estar sentada no chão por isso, ela ainda queria brincar, mas eu não. Segurei ela e enfiei a mão no sutiã dela, alcancei a chave e puxei.
"Você pediu por isso, nem me olha com essa cara de tomate surpreso!" tranquei o portão "Vamos de uma vez!"
"Vo-Você tem noção do que acabou de fazer?" ela me questiona com raiva, porém, estava mais envergonhada do que com raiva.
"Sim, eu peguei a chave da minha casa!" confirmei "Agora vamos!"
"E-Ei!" ela me chamou "Esqueceu que você me aleijou?" ela me olhou com fogo nos olhos "Vai ter que me carregar também!" ela falou esticando os braços. Me agachei de costas na sua frente, e ela subiu "Yupi!" ela parecia uma criança.
"Sem essa de "Yupi", que eu te solto aqui mesmo e vou embora!" comecei a andar.
"Você é mal!" ela falou séria e repousando a cabeça em cima da minha.
"E você é irritante, ao extremo, mesmo assim eu não jogo na sua cara!" ela ficou emburrada e se mexeu querendo se ajeitar "Se continuar assim, eu te deixo cair!" falei sério seguindo até a escola.
"Me leva até a sala!" ela falou séria "Se não, eu conto a todos que você é um pervertido!" ela falou isso com um tom tão infantil- "começou a chantagem" eu pensei- mas eu apenas fiz. Se ontem todos me encaravam, hoje, parecia pior. Era como se julgassem com desprezo, mas não a mim, à ela por andar comigo. Deixei ela na frente da mesa dela. Ela pisou no chão e se alongou, deu dois pulinhos, ficou na ponta dos pés e me deu um beijo na bochecha "Você foi um fofo me trazendo nas costas, obrigado!"
"Só fiz por causa da sua perna!" falei sério e fui sentar no meu lugar, logo aula de biologia iria começar e, temos uma prova marcada para semana que vem "Eu estou perdido!" sussurrei para mim mesmo só de pensar na prova, afinal, não havia entendido o assunto e estava longe disso. O pior é que eu ainda misturo com o assunto de química.
"Muito bem alunos." o professor entrou na sala "Como todos devem saber, semana que vem é nossa prova! Ela será individual e sem consulta!" ele anunciou e logo se seguiu um longo "AH" dos alunos- como se fosse alguma novidade esses critérios- ele deu de ombros e continuou falando "Porém, hoje vou passar um pré-prova em dupla e com consulta para que tenham uma ideia do que cairá na prova, e eu, ter uma ideia de como vocês estão com o assunto. Escolham suas duplas! Sem baderna. O pré-prova estará valendo um visto como nota de caderno para aqueles que responderem todas as perguntas, e dois vistos para aqueles que acertarem todas. Podem pegar as folhas na minha mesa, é uma folha para cada um mas, coloquem o nome de ambos em cada folha!" todos começaram a se movimentar. Vi três garotos e duas garotas se aproximarem de Nakimi, porém, todos foram rejeitados. Em questão de pouco tempo, ela me trouxe uma folha e sentou ao meu lado na mesma cadeira me prensando contra a parede e, sem perguntar nada, ela simplesmente falou:
"Vamos fazer juntos, sou boa em biológicas!" ela falou sorrindo e eu não me importei, mas tenho que admitir que fiquei feliz. Ela estava bem próxima e o cheiro de sua fragrância e do seu cabelo eram a combinação perfeita de flores e campos. Suas explicações, vindas de sua voz tão doce, eram como poesia, e fazia tudo ser muito simples. Terminamos em vinte minutos e entregamos, o professor corrigiu e nos entregou. Acertamos todas as questões e recebemos dois vistos cada um.
Voltamos para o meu lugar e ela colocou um fone no meu ouvido e soltou uma música. Reconheci o estilo do Rock nos dez primeiros segundos da música. Mantive minha cabeça baixa enquanto batia levemente meu pé no chão no ritmo da bateria. Nakimi deitou a cabeça no meu ombro e eu me afastei até colar na cabeça, porém ela insistiu e conseguiu fica deitada sobre mim. Vi seus dedos baterem na mesa no ritmos da guitarra do vocalista, era perfeito.
Passamos o dia juntos. Perdi a conta de quantas vezes eu me perdi no assunto por admirá-la tanto. Pela primeira vez eu não recebia desprezo ou gozações dos outros garotos, pela primeira vez, eram olhares de raiva e inveja. Porém, Nakimi começou a perder a popularidade com algumas amigas dela, mas ela sabia disso e, mesmo assim, não se importava. Era como se alguém me colocasse em prioridade na própria vida.
"Falei de você para o meu pai!" ela quebrou o silêncio enquanto comíamos "Ele quer te conhecer. Então te chamou para jantar lá em casa hoje!" ela mau havia terminado de falar e eu me engasguei com o suco da caixa.
"Hoje?" falei surpreso em meio a tosse. Mas eu não sei o porque ele queria tanto me conhecer, nem entendi a pressa e, muito menos, entendi o meu desespero e minha ansiedade.
"Sim, hoje!" ela confirmou com muita simplicidade, sua tranquilidade era admirável "E como sei que você não tem compromisso, nem trabalha ou-"
"Meu Deus, meu trabalho. Já tem três dias que eu não compareço!" coloquei as duas mãos na cabeça em desespero.
"Você trabalha?" ela perguntou surpresa "Onde?" curiosa.
"Trabalho sim, no mercado Shang Yu!" falei encarando ela.
"É chinês?" ela perguntou confusa.
"Eu não sei, deve ser!" falei com a mão no queixo "De qualquer forma, meu chefe é revoltado, e eu provavelmente vou ser demitido se não apresentar um atestado!" estava prestes a entrar em desespero, eu dependia do trabalho para bancar meu sustento. Apesar de a casa ser minha, eu não era dono nem da companhia de luz, nem de água, nem de gás, muito menos da empresa de alimentos. Eu passaria fome até conseguir outro emprego, mas pelo menos tem o lanche da escola.
"Então esquece seu trabalho!" eu olhei pra ela confuso. Como ela consegue achar simples assim? "Meu pai pode te encaixar em um setor em uma das empresas dele. Basta ele gostar de você. Mas se furar com ele hoje, perde pontos com ele!" ela fazia parecer tão simples "E outra, ele mesmo pode te dar um atestado, mas só se ele não te contratar. Então, dê o seu melhor hoje!" ela sorriu para mim, confortando meu interior.
"De novo?!" sussurrei colocando a mão no meu peito pelas batidas diferentes que meu coração dava naquele momento.
"Ah, meu Deus!" ela parecia que ia ter um ataque de pânico "De novo não! Será que é sério dessa vez?" ela quase gritava de desespero.
"Não é nada" olhei para ela, diretamente nos olhos "Você é tão linda!" eu não sei o porquê de ter falado aquilo tão do nada. -"Será que eu tenho algum problema?"- me perguntei em pensamento. Ela ficou vermelha como um morango, como hoje de manhã.
"O-Obrigado, eu acho!" ela gaguejou e desviou o olhar, ficando muda e me deixando constrangido.
O tempo nem se preocupava, apenas passava bem lentamente. Pelo menos, sentia que aproveitava cada momento com ela, até mesmo, o silêncio nosso. Saímos juntos da escola e pude sentir algumas presenças atrás de nós. Peguei em sua mão e apressei o passo. Logo estávamos quase correndo.
"Que pressa é essa? Quer tanto conhecer meu pai?" ela falou um pouco cansada.
"Você não reparou em nada?" falei apressado olhando para frente.
"Não to entendendo, Ikki. Oque houve?" ela perguntou confusa.
"Estão nos seguindo desde a saída da escola!" falei olhando ela de lado "Provavelmente é o Choki querendo um segundo round, mas ele não vai jogar limpo!" afirmei e ela diminuiu o passo "Rápido!" aconselhei.
"Ikki, Choki não foi para a aula hoje!" ela me olhou como se dissesse que algo estava muito errado, então parei "É uma trap!" eu a olhei de lado e olhei para trás. Eram apenas três dos cinco amigos dele que estavam atrás de nós.
"Onde estão os outros?" olhei para ela que olhou por cima do meu ombro.
"Ali!" ela apontou para os dois saindo das sombras daquele beco escuro.
"Falta o Choki!" os garotos soltaram algumas correntes por de baixo da manga "Corre!" eu sussurrei para ela.
"Eu vou ficar e enfiar a porrada neles!" ela falou com convicção. Quando percebi, ela já estava correndo até os dois garotos. Foi quando os outros três se aproximaram, e ouvi um rosnado. Virando a esquina, vinha Choki, acompanhado de dois cachorros da raça Pitle Merle.
"Nakimi!" chamei por ela.
"Já estou acabando!" ela falou terminando de amarrar os dois com as correntes e me olhou sorridente mas logo assustada "Ikki, cuidado!" eu olhei rapidamente para trás e consegui esquivar de uma faca. Meus reflexos estavam aguçados, desviei de um rasteira, virei meu pé e em um salto rápido acertei o garoto com um flying side kick no peito "Boa!" ela falou se aproximando do terceiro garoto. Me defendi de um soco segurando seu braço com a mão esquerda, usei o golpe Keito no queixo seguido de um Enpi no peito fazendo ele recuar. Eu nunca revidei, e quase pedi desculpas. Nakimi derrubou o terceiro "Ikki" ela correu "Sei-ken!" ela falou usando o rotate kick nas costas do segundo que veio na minha direção novamente, e novamente lhe acertei, mas dessa vez, o golpe Sei-ken na cabeça, fazendo-o cair.
"Pega!" ouvi Choki gritar e soltar os cachorros. Senti alguém me segurar. Tinha esquecido do primeiro garoto, que eu só havia derrubado. Eles eram rápidos, porém, logo pararam agoniados e se contorcendo no chão "Ah, sua vadia!" ele falou encarando Nakimi que usava um apito de alta frequência canina.
Ela continuou se aproximando. Isso distraiu o garoto que me segurava, quando ele afrouxou os braços, eu lhe acertei com o cotovelo na costela, e utilizei a técnica uki-goshi para derruba-lo e finalizei com o Teisho.
"Essa vadia aqui cresceu próximo a violência!" ela falou e os cachorros correram para Choki "Já tive um desses garoto. E hoje em dia, convivo com treinamento de dois Dobermans e uma Cane Corso!" ela falou com orgulho "Eu tenho dó desses dois, porquê perto dos meus, são como ratos, mas a doença dos seus são você!" ela falou pegando sua bolsa do chão e estendendo a minha "Vamos Ikki!" ela falou pegando minha mão e me puxando.
"Eu vou matar vocês dois!" Choki gritou "Guardem bem essas palavras, idiotas. Vou matar vocês!" ele parecia surtado. Nakimi ergueu a mão e mostrou o dedo do meio para ele.
Dois minutos andando em silêncio, a adrenalina já havia baixado e minha mão começou a latejar.
"Aquele Sei-ken foi muito repentino, peguei de mau jeito!" falei olhando para minha mão e abanando.
"Achei que foi incrível!" ela me olhou, e só então notei que ela ainda segurava minha mão. Já era próximo de escurecer e chegamos na casa dela onde dois empregados nos esperavam na porta "Deixe o casaco e a bolsa com eles. Na hora que formos te levar, lhe entregaremos de novo!" ela falou entregando a bolsa dela a mulher da esquerda, e fiz o mesmo com a da direita.
"O-Okay" agradeci meio intimidado com tudo aquilo. Tinha um empregado para abrir a porta da casa para nós, quando entrei, minha reação foi uma só: "Uau!" falei olhando ao redor e acompanhando ela.
"Não sei oque há de tão incrível, mas tive a mesma reação na primeira vez que vi isso tudo de pé!" ela olhou para mim e sorriu. Olhou atrás de mim e correu um pouco "Hai, chichi-san!" ouvi ela dizer para atrás de mim.
"Yo, Kimi-chan!" ouvi uma voz masculina atrás de mim "Você deve ser Ikki-kun!" certamente era o pai dela "Vamos a minha sala, precisamos conversar sério, não é mesmo?" gelei completamente.
"H-Hai!" afirmei para ele e o segui, pelo menos, Nakimi estaria junto.
"É aqui!" até que enfim chegamos, eu já estava ficando cansado. A casa era muito grande "Entrem por favor!" ele abriu as portas e entramos. A Sala era maior que meu quarto. Entramos, eu puxei uma cadeira para Nakimi se sentar e ouvi a porta se fechar atrás de mim e ser trancada logo em seguida. Me sentei na cadeira ao lado dela. Ele veio calmamente e se sentou do outro lado da mesa, na nossa frente. "Agora podemos falar melhor!" ele me encarou firme nos olhos "Podemos começar!" era completamente centrado, gelei completamente, era de dar medo. Mas por quê?
Continua...
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