Capítulo 5
Era manhã da terça-feira, eu saía de casa, ainda com muita dor por conta daquele soco de ontem que Nakimi me acertou gratuitamente. Ao fechar o portão, senti uma presença atrás de mim e pude ouvir as leves batidas de um pé no chão. Me virei, e ela estava me olhando com a cara fechada, e os braços cruzados, parecia impaciente com alguma coisa, e por mais que eu não quisesse, meu corpo agia sem eu conseguir controlar, e acabei perguntando:
"E essa cara aí, é menstruação?" não imaginei quanto me arrependeria de perguntar isso.
"Não é da sua conta, Idiota!" ela começou já com um tom não muito agradável "Eu estou esperando você a onze minutos aqui fora! Pensei que não viria mais. Por que tamanha demora?"
"Não me lembro de ter combinado nada com você, e que eu saiba, não tenho compromisso até as oito hora, e com a escola, não com você!" me aproximei um pouco e ele puxou minha orelha para próximo de sua boca e gritou:
"Idiota!" ela me soltou e cruzou os braços, virou a cara e olhou para o outro lado.
"Que saco, você está chata logo no segundo dia que me conhece!" cocei a nuca desviando o olhar "Vam-" olhei de novo e ela estava me encarando com os olhos cheios de água e um biquinho na boca.
"Não me chama de chata!" agora ela parecia uma criança sem doce, chorando no meu peito depois de me dar um tapa fraco no ombro.
"Eu ia deixar para comer no intervalo, mas acho que posso te dar metade, já que é uma emergência!" mesmo que contra minha maior vontade, mesmo que eu realmente não quisesse, era mais forte que eu. Soltei minha mochila no braço e abri o bolso menor, tirando dali, uma barra de chocolate e, a garota que a pouco chorava, sorrio com os olhos brilhosos em cima daquele doce. Abri e tirei duas fileiras de chocolate "Se comporta e terá mais!" falei guardando o chocolate, ela me abraçou com força e me deu um beijo na bochecha fazendo eu me sentir estranho.
Ela foi da frente da minha casa até a escola em silêncio, comendo bem devagar aqueles pedaços doces. Não entendo porque, mas aquilo me fazia querer sorrir, mas consegui me manter firme, com um único pesamento: "Um dia ela vai me deixar também, vai me abandonar, é só questão de tempo" e isso era minha defesa, para que eu não me apegasse, nem me machucasse depois.
Ao chegarmos na escola, eu tinha os olhares de todos em cima de mim. Até pensei que estavam olhando para ela, mas pude notar os olhares diretos nos meus olhos, fiquei apavorado, não era acostumado com tanta atenção, mesmo que não fosse positivo, transmitia muita pressão em mim. Sou acostumado a ser invisível, e toda aquela gente me olhando, fazia meu estômago revirar, minha cabeça doer e meu corpo começava a tremer. Foi quando eu senti um leve toque em mim, esbarrando lentamente entre meu braço e meu troco, senti me apertar, e senti um enorme calor que me fez corar na hora. Nakimi havia abraçado meu braço, e apertado contra seus seios macios, ela mantinha um sorriso largo no rosto. Era como se sentisse minha ansiedade, e tentasse acalmar-me. Realmente funcionou, tranquilizei-me. Fomos juntos para a sala de aula, sentei na minha carteira e ela sentou a frente. Abaixei minha cabeça, e ela começou a acariciar-me os cabelos. Seu toque suave, seu carinho amoroso, era tudo muito bom. Ouvimos risadas do lado de fora da sala, risadas abafadas, mas era um ponto próximo a gargalhadas. Ergui a cabeça, e pude ver Choki e seus companheiros passarem na frente da porta. Seus rostos machucados e com um andar manco, Nakimi rio baixo, e eu sorri. Pela primeira vez, me senti tranquilo na escola, estava tão contente que nem o fone de ouvido eu havia colocado durante o caminho, mesmo que não tenhamos trocado nem meia duzia de palavras, estava aproveitando os momentos, mesmo que sem perceber.
Aquela manhã passou muito rápido, e eu não estava acostumado a querer aproveitar mais cada momento, mas quanto mais passava a hora, mais ansioso eu ficava, mais eu me preocupava com os momentos. Era a primeira vez desde quando meu avô e minha mãe me levavam nos meus jogos de basebol e depois íamos tomar sorvete ou chocolate-quente, tudo se dependia do clima. Eram momentos que eu queria aproveitar, mas meu avô teve um ataque cardíaco e faleceu logo depois, então, como ele quem dirigia, eu faltava a alguns jogos, poucos meses depois do meu avô morrer, minha mãe também morreu para a violência do mundo, e tudo isso me fez desanimar de tudo. Larguei o basebol, não tomei mais sorvete na casquinha nem tomei chocolate-quente e nada mais me interessava e o tempo demorava para passar e eu nem me importava com isso e mais nenhum momento. Até aquele dia, que alguém grudou em mim, sem sair de perto em nenhum momento e me fazendo feliz a todo instante. Fisicamente eu não demonstrava nenhuma emoção e na minha mente eu recusava tudo aquilo, mas algo dentro de mim sorria, abraçava e amava aqueles momentos. Era um sentimento que eu não tinha controle, mas também não entendia. Quando a aula acabou, senti uma tristeza só em pensar em dizer tchau.
Como sempre eu guardava meu material enquanto todos já estava na porta. Vi um par de pernas femininas parar ao lado da minha bolsa no chão enquanto eu guardava meu caderno e olhava para baixo, e então, quando ia fechar a bolsa, uma mão me estendeu meu livro. Olhei de baixo acima para ela, e ainda era Nakimi. Só estávamos nós na sala, ela sorriu e eu peguei o livro e guardei. Peguei o pacote com o chocolate que ainda restavam quatro fileiras e estendi para ela que sorriu com os olhos brilhando.
"Boa garota, se comportou muito bem. Você merece!" ela pegou e tirou o pacote de cima do doce e começou a come-lo "Bem, então é isso, coma devagar. Até amanhã!" me levantei e de repente ela ficou séria, embalou o doce e guardou na bolsa. Foi quando ela pegou na minha mão e eu senti um calor vindo do ponto que ela tocava, mas não expressei nada, e então, o meu contentamento surgiu, e emergiu uma felicidade que fez meu lábio tremer para sorrir, foi quando ela sorriu e me disse:
"Vamos almoçar juntos!" pode parecer simples, mas então ela concluiu "E depois vamos tomar uma casquinha!" ela parecia uma criança sorridente, contente pelo doce, e empolgada para a sobremesa.
"Então tudo bem, não tenho mesmo oque fazer essa tarde!" eu tinha planos de dar uma geral em casa, desenhar e tirar fotos, mas eu me alegrei mais com aquelas palavras do que a vontade de cumprir a rotina.
Andamos de mãos dadas desde a escola até o DiverCity Tokyo Plaza. Fomos para o buffet de Sushi que, além de barato, havia enorme variedade de produtos. Nos servimos de uma grande quantidade e nos sentamos na mesa mais distante do caixa para evitar o barulho das pessoas no buffet. Confesso que foi o melhor dia que tive em tempos, me sentia prestes a sorrir, me sentia vermelho e quente, era como se ela me fizesse melhor a todos os momentos que eu consigo vê-la. Meu coração batia diferente e principalmente quando ela segurou minha mão novamente. Coloquei a mão no meu peito e olhei para o lugar onde eu tocava. Era como se a batida viesse da mão dela, e se espalhasse pelo meu corpo inteiro. Quando coloquei minha mão no meu peito, olhei como se achasse algo de errado, e então ela me olhou e disse:
"Oque foi? Algo errado?" ela parecia bem preocupada comigo, e apertou minha mão mais firme.
"Não, nada de errado!" falei olhando para ela e complementei voltando o olhar pro meu peito "Talvez eu esteja tendo um infarto, nada demais." acho que assustei tanto ela com esse comentário, que ela mandou embalar a comida para a viagem, apesar de ter achado estranho, não questionei, talvez ela tenha perdido a fome. Ela me levou arrastado até um hospital particular e me fez fazer alguns exames. Na mesma hora o médico deu negativo para qualquer problema cardíaco. Nakimi parecia mais aliviada que eu,
"Você me assustou sabia?" ela me encarou "Não faça mais isso Ikki, por favorzinho!" ela fez bico e me olhou com os olhos de gato de botas, não consegui dizer não.
"Louca, não precisava de tudo isso!" e então eu sorri "Okay, eu prometo!" mantinha um sorriso no meu rosto, isso fez ela sorrir também. Ela apontou com as duas mãos para meu rosto.
"Você sorriu!" ela disse surpresa e com voz de criança de novo "Consegui!" ela comemorava e me apertava num forte abraço, me fazendo sorrir mais "Sabe oque isso pede?" ela me encarou com um olhar brilhoso.
"Casquinha?" perguntei olhando-a diretamente nos olhos. Não pretendia tirar esse sorriso do meu rosto tão cedo e então eu a abracei com força fazendo-a corar um pouco e sorrir ainda mais confirmando com um longo "Sim". E Então, fomos para uma pequena sorveteria local que servia sorvete americano. Passamos o dia todo na rua e vimos o por do sol do alto de um morro, era lindo visto dali. Quando fui deixa-la em casa, ela me trouxe seu motorista e os dois me levaram em casa. Fiquei constrangido com todo aquele luxo. Na hora de sair da Mercedez, ela beijou meu rosto e disse:
"Durma bem!" falou suavemente próximo a meu ouvido e sorri novamente.
"Você também!" desci do carro "Tenham uma boa noite!" fechei a porta com cuidado, ela desceu o vidro e me mandou um beijo e saiu. Ela fiquei plantado na frente de casa acenando até o carro estar bem distante.
Eu fui desenhar logo após a despedida. A insônia bateu de tanto pensar nela. Meus desenhos dessa noite era somente sobre nosso dia e como foi bom. As poucas horas que dormi foram as melhores em anos.
Continua...
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