Capítulo 15
Estava tão perto de mim. Sua mão no meu ombro, seu rosto perto do meu. Era fácil saber oque iria acontecer a seguir, e meu coração batia mais forte. É óbvio que eu me solto um pouco com a ajuda do álcool, normal. Mas também seria meu primeiro beijo e com uma garota que conheço a menos de um mês, estava nervoso com a situação toda, e preocupado que seja apenas efeito do álcool, da pressão imposta pelas pessoas ao nosso redor.
Eu congelei em seus olhos, e não fiz mais nenhum movimento. Salvo, não por um, mas por dois furões que decidiram pular na cabeça da Nakimi no meio de uma briga. Confesso que ri muito com o desespero dela para tirar os pequenos roedores da cabeça dela. Ela levantou e caiu de bunda no chão. Ela fez cara de choro mas cando risada.
"Yuriko!" Nakimi gritou antes de cruzar os braços e fazer bico, como se tivesse fazendo manha. Yuriko foi e pegou os dois pela nuca. Os mesmos pararam de brigar e olharam com olhos grandes como se nos desse dó.
"A bebês, não façam essa carinha..." ela falou com eles como se fossem realmente bebês e de repente gritou "Por quê vocês tinham que interromper esse momento que é mais aguardado que a terceira temporada de Noragami?" e soltou eles que correram em direções opostas.
"Parece que é realmente a terceira temporada de Noragami, nunca veremos!" Isamu ficou olhando para o nada após dizer isso.
"Verdade. Está mais fácil uma terceira temporada do que um beijo desses dois!" Yuriko concordou e olhei para eles, que pareciam tristes, só que mais triste por Noragami do que pela gente. Olhei Nakimi que ainda estava no chão.
"Vem cá, eu te levanto!" estendi a mão e ajudei ela levantar.
"Arigato!" ela falou e me deu um tapa na cara.
"Uma pergunta: por que diabos eu apanhei?" indignado.
"Porque você riu da minha desgraça, praga!" ela fez tudo ser fofo.
"Não fui o único!" apontei para os dois atrás de mim.
"Quer me fuder, Ikki? Dedo duro." Yuriko estendeu os braços indignada.
"Eu não, mas ele quer!" apontei para Isamu.
"É verdade esse bilhete aí, viu?!" Nakimi concordou.
"Eu sei que ele quer, mas tem azar de existirem rata"zanas safadas gigantescas na tubulação, não é?!" ela sorriu com uma mão na cintura.
"É verdade esse bilhete aqui, viu?!" Isamu indignado.
"Eu falei para a gente não ver, Nakimi!" falei olhando para ela.
"Mas a gente saiu antes de ver, e falamos baixo ainda. Como sabiam que era a gente?" ela olhou para os dois e eu olhei de volta.
"Pelos barulhos dos joelhos de vocês, os ecos das vozes, porque até onde eu saiba ratos não falam, pela sujeira e cheiro de lata na roupa de vocês!" Yuriko falou se achando a detetive.
"Ora ora, temos um Sherlock Holmes aqui!" Nakimi disse negando com a cabeça e com as mãos na cintura.
"Também tem a sujeira do cabelo de vocês. Nakimi chorou, estava com o rosto inchado, e também o fato de encontrarmos vocês bem embaixo de uma das saídas de ar da tubulação!" Isamu estendeu a mão para Yuriko que o cumprimentou, mas em momento algum deixaram de nos olhar com cara de quem está se achando.
"Ora ora, temos dois!" Nakimi indignada.
"Oque me faz lembrar que eu tinha que bater no Ikki e depois perguntar oque ele fez para o meu baby chorar!" Yuriko olhou para Isamu.
"Ah é, esqueci!" ele olhou para ela concordando e Yuriko veio me bater.
"Pois é, né?!" olhei Nakimi e concordei com a Yuriko sem me tocar do que ela falou "Pera aí, oque?" olhei de volta reparando no que ela disse.
"Calma aí!" Nakimi me puxou para trás "Ele não fez nada! Muito pelo contrário, foi um ótimo ombro amigo!" ela sorriu agradável para mim e ainda segurando meu braço. Yuriko colocou as mãos para frente, como se indicassem o tamanho de algo e disse:
"Ah é?!" ela olhou safado "E qual o tamanho do 'ombro'..." ela fez aspas no ar, enfatizando a palavra ombro de forma irônica e voltou as mãos para frente "...dele para te fazer chorar?" ela perguntou isso e não foi de brincadeira. Corei.
"Sei lá. Não foi ele que me fez chorar, já disse!" ela agiu normalmente "Estávamos lá para espiar uma conversa do meu pai com o médico dele, isso me fez chorar. Ele tentou me consolar!" Nakimi apertou firme meu braço e olhou para baixo no vazio. Deixou o clima tenso e triste.
"Ah, baby. Tinha esquecido disso!" ela veio e abraçou a Nakimi "Preferia que tivesse chorado por engasgar e não de tristeza!"
"Gente?!" Isamu chamou "Vamos parar com esse assunto, ok?" ele parecia bem sentido com aquilo e pude reparar em uma coisa: Nenhum de nós temos os dois pais vivos. Nakimi perdeu a mãe, Yuriko não falou nada sobre a mãe, apenas do pai, Isamu não falou nada sobre, mas sua dor visível em seus olhos já dizia muito, sei que Rami perdeu os pais em um acidente de carro. Isamu passava a mesma expressão do Rami, só que como alguém mais frágil.
"Concordo com você. Afinal, é uma festa. E minhas irmãs estão dormindo no carro, chegou a hora de encher a cara!" Rami apenas apareceu com uma drink de guaraná com vodka na mão e se apoiando com o braço ao redor do pesco de Isamu que não entendeu de onde Rami tinha saído.
"Gostei dele! Quem ele é?" Isamu perguntou apontando para o moreno ao seu lado.
"Rami, prazer!" ele desapoiou e estendeu a mão para Isamu que sorriu e o cumprimentou.
"Me chama de Isamu, prazer!" os dois pareciam que já eram amigos instantaneamente.
"Pega aí, da um gole!" ele estendeu o drink para Isamu "É guaraná, mas esse copinho de dose virado dentro do copo tem vodka. O cara que inventou isso era um gênio. A pressão da Vodka e do guaraná impedem que o copo pequeno vire por completo dentro do seu copo de guaraná, mas a vodka escorre aos poucos e o gosto é divino!"
"Eu ia dar uma virada nisso aqui. Mas não ia dar certo!" ele riu e tomou um gole, seus olhos brilharam "É perfeito!" parecia admirado.
"Fica com esse, vou buscar outro!" Isamu agradeceu e vltou a beber o drink. Eu soltei de Nakimi e o segui.
"Esse eu conheço. Vou com você porque eu também quero!" corri até ele e seguimos até o bar, pedimos dois drinks, sentamos e nos mantemos em silêncio.
Pouco tempo para a bebida chegar. Garçom nos entregou os drinks. Eu fiquei observando os copos por alguns segundos até que ele estendeu seu copo a mim em um cumprimento e disse:
"Kampai!" e eu toquei meu copo no seu de leve, dando o típico barulho do choque de copos e respondi:
"Kanpai!" sorri de canto e começamos a beber.
"Ela é realmente muito linda!" ele solta de repente.
"Do que está falando?" fiquei confuso, mas no fundo eu sabia oque ele queria dizer.
"A tal Nakimi!" ele não me olhava, apenas fixava seu olhar no copo que segurava em suas mãos "Você gosta da 'Garota-Yakuza', não é?" agora ele olhou de canto para mim tomando um gole do seu drink e eu acompanhei.
""Acho que sim. Mas nada o apaga o fato de ela ainda esconder coisas de mim!" depositei o copo sobre o balcão mas segurava em suas bordas com as pontas dos dedos.
"Nós nos escondemos atrás de máscaras. Mas as vezes, nos confundimos, e nos escondemos de nós mesmos!" ele sempre filosofou verbos próprios e eu nunca entendia, dessa vez não foi diferente.
"Como sempre, Rami. Oque isso quer dizer?" questionei virando o bando em sua direção e o olhando fixamente. Ele bebeu, virou para mim e pôs sua mão em meu ombro me olhando nos olhos.
"Quero te dizer que ela não está escondendo de você quem ela é. Ela está escondendo isso dela mesma!" ele continuou "Ela não fala da vida dela mais porque ela não gosto, do que porque ela não quer ou não deve. Entendo que você quer transparência, mas aposto que você já sabe mais sobre ela do que ela mesma poderia imaginar!" ele virou o copo "Aposto que você sabe mais sobre ela do que ela sobre você." era verdade "Sua vida não é tão parada e nem tão curta quanto você diz, não é mesmo?!" eu sabia que aquela pergunta não precisava de resposta e voltei a beber. Ambos nos viramos para frente e ele pediu mais uma.
"Você tem razão!" eu respondi sobre tudo aquilo que ele disse "Rami, de todas as pessoas, você é o único que se compara a um amigo, obrigado!" ele pareceu meio envergonhado.
"E pelo que?!" ele me olhou e novamente eu não precisava responder "É oque os amigos fazem. E eu ainda sou muito falho. Porque eu não cuido de você. Gomene!" eu sabia que não adiantaria dizer que estava tudo bem, ele precisava disso também, se sentir amigo, se sentir responsável. Eu sei o quão ocupado ele é em casa.
Ele sozinho tem que cuidar das irmãs que são de menor e não tem nem um salário mínimo com o tanto que a mais velha trabalha trabalha, mas se sustentam bem, e agora a mais nova pode trabalhar no meu lugar. Nós terminamos de beber e voltamos para onde todos estavam e no caminho ele me disse:
"Você pode até não perceber, mas eu te observo. Eu sei quem você é e como você é!" foi tão de repente, mas confortável "E sei o quão feliz você é com essas pessoas. Ela te faz sorrir, essas pessoas te fizeram sorrir em minutos. E eu nunca te vi sorrir em mais de um ano que te conheço. Sou grato a essas pessoas por estarem te tirando da escuridão que se envolvia em você!" ele me abraçou por alguns segundos e então eu compreendi o quanto eu significava para ele. Se eu tenho um anjo da guarda em carne e osso, esse anjo se chama Rami.
Continua...
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