Capítulo 12
Era impossível ignorar a tensão que ficou no ar ao redor de Nakimi. Eu não suportava vê-la desse jeito, era horrível para mim.
Olhei para as cartas em minhas mãos e anunciei em bom tom.
"Truco!" Dois três de copas e um gato, da para levar. Nakimi me olhou assustada, mas sabia que não era só o jogo.
"Corre!" Yuriko acenou para o garoto colocando as cartas deles no baralho novamente. Escondi minhas cartas no baralho e distribuí sem olhar as minhas. Nakimi escondeu a carta e depois do garoto, que eu nem perguntei o nome, era minha vez.
"Truco!" Anunciei sem olhar as cartas. Yuriko parecia confiante.
"Desce, ladrão!" E eu desci como um pequeno ladrão usando um truque barato. Coloquei as cartas na mesa e anunciei:
"Quatro em mãos!" A cara de decepção dos dois foi gratificante. Tal gratificação era pouca comparada a expressão de Nakimi. 'Passei o facão' na Yuriko, pegando o baralho na sua vez de embaralhar.
Embaralhei com a base para cima me certificando de garantir a posição das cartas. Distribuí e virei um seis de ouros, então 'gato' seria sete, como imaginei. Nesse momento Nakimi deve ter pelo menos dois com ela e um dois de copas. Eu tenho dois três espadilhas e um 'gato'. Nakimi jogou o dois na vez dela e eu um dos espadilhas, Yuriko levou com um 'gato', mas mandou uma carta nas escuras e Nakimi pediu truco. Seu nervossismo pelo seu pai, confundiu os dois que pediram seis.
"Desce!" Anunciei e o garoto mandou um dois e Nakimi um sete de ouros, Yuriko colocou o ás de espadas na mesa "Nove!" Pedi sem olhar para os dois.
"Sem chance, cara!" O garoto colocou as cartas na mesa e Yuriko repetiu a ação do garoto. Estava dez à zero, a partida mais fácil que Nakimi já jogou.
O som atrás de nós começou a tocar. O Dj havia chegado e se instalado antes que percebemos. A música começou a tocar e guardamos o baralho.
"Quero revanche garoto!" O garoto do baralho me cumprimentou com um aperto de mão e saiu.
Nakimi tentou sair sorrateiramente mas eu percebi antes que ela desse seu segundo passo. Em vez de impedir ela, eu a segui. Decisão errada, mas valeu a pena.
Segui ela casa a dentro, me aproximando cada vez mais sorrateiramente e mais perto. Ela agia como se não quisesse ser vista, aparentemente era isso mesmo. E eu também não queria ser visto. A furtividade em meus passos suaves como passos de um puma se aproximando da sua presa distraída. Ela entrou em um corredor e voltou assutada encostando as costas na parede espiando o corredor. Me aproximei do seu ouvido e sussurrei em direção a sua nuca:
"Oque estamos está espiando?" ela se arrepiou, colocou o pescoço para o lado como se tivesse se contorcendo e respirou fundo antes de se virar rapidamente. Acho que eu estava perto demais. Quando ela se virou parou com o rosto perto do meu e arregalou os olhos e a garota, que já estava vermelha, ficou ainda mais vermelha. Eu pude sentir sua respiração próxima aos meu lábios. No susto ela se afastou um pouco. Seus olhos intercalavam entre os meus olhos e minha boca. Demoramos um pouco para retornarmos a si. Eu limpei a garganta me afastando um pouco, ela fez o mesmo. Retomei minha pergunta "Então, oque viemos espionar?"
"Quanto tempo você está me seguindo?" Ela perguntou com a respiração ainda pesada, parecia que estava tendo uma crise de ansiedade. Posso afirmar que eu estava na mesma situação que ela, em todos os sentidos!
"Bom" fiz uma pausa, cocei a nuca, olhei para o nada como se estivesse pensando e olhei para ela sorrindo "Desde que você saiu da mesa!" ela pareceu surpresa enquanto se acalmava.
"Bom, eu" ela deu ênfase no "eu" olhando para mim e apontando para o próprio peito fazendo uma breve pausa e espiando o corredor novamente "estou tentando ver se consigo escutar a conversa do meu pai com o médico, porém, tem seguranças na porta!"
"Entendi!" olhei para cima e achei uma tubulação "Vem aqui!" puxei ela pela mão e parei em baixo da tubulação e apontei para cima "Te dou pesinho e você entra, que tal?"
"Bem pensado, mas precisa de uma chave philips. Onde você acha que a gente vai conseguir algo assim?" ela me questionou como se tentasse quebrar minha ideia. Peguei o canivete suíço no bolso e puxei a pequena philips.
"Serve assim?" debochei sorridente.
"Por que você carrega um canivete suíço no bolso?" ela me olhou como se aquilo fosse estranho demais.
"Bom, estamos em uma festa onde não conheço ninguém e você chama muita atenção!" elogiei o corpo dela de forma educada mas desviei o olhar.
"Não entendi!" ela falou confusa.
"Quer ou não quer a chave?" desviei o assunto, de certa maneira.
"Me da isso aqui!" ela pegou da minha mão "Se abaixa!" ela falava como se mandasse de maneira militar. Me abaixei e ela subiu no meu ombro levantei e ela começou a desparafusar a tampa da tubulação "Pronto, abri! Pega aqui." ela estendeu o canivete "Vou entrar!" ela se segurou no aro da tubulação e pegou impulso para subir. Empurrei ela e olhei para cima. Por um breve momento minha mente não sabia se sentia aliviada ou brava por ela estar de calça e não de saia. Apaguei isso da minha mente imediatamente "Como você vai subir?" ela me olhou lá de cima. Analisei bem os arredores pensando.
"Tive uma ideia!" anunciei "Me segura!" falei enquanto corri na direção da parede.
"O que?" ela exclamou e antes mesmo que eu pudesse explicar já estava com o segundo pé na parede e peguei impulso. Acho que em um milésimo de reflexo ela entendeu e estendeu a mão para pegar meu braço. Joguei o outro braço para segurar o aro da tubulação enquanto ela me segurou. Peguei impulso com o braço na tubulação enquanto ela me puxava.
"Perfeito!" fechei a tampa da tubulação. A posição era desagradável, e a poeira também.
"Vamos!" ela chamou e fomos em direção a sala onde o pai dela estava, mas chegamos tarde.
"Entendo doutor! Obrigado por tudo." o pai dela falava já de pé e cumprimentando o médico com um aperto de mão. O homem, que era um pouco mais baixo que ele, segurou em um de seus ombros e colocou a outra mão no rosto dele.
"Estou aqui para você meu amigo! Conte comigo para tudo que você precisar." eles se abraçaram e saíram da sala.
"Fofo!" falei e olhei para Nakimi, meu sorriso desapareceu quando vi seu olhar de decepção. "Ei" sentei ao lado dela, meu desajeitado mas beleza "O que foi?" fiz carinho em seu ombro. Ela engoliu em seco e seus olhos se enxeram de lágrimas. Dei um jeito de abraçar ela "EI, calma. Eu estou aqui. Conta comigo ok?" ela respirou fundo mas desmanchou em lágrimas de qualquer maneira. Puxei ela para meu peito acabamos deitados na tubulação. Comecei a fazer 'Shh' tentando acalmar ela enquanto fazia carinho na sua cabeça. Passaram alguns minutos e ela estava apenas no soluço "Melhor agora?" perguntei.
"Meu pai tem uma doença que pode matar ele. Estamos a anos procurando médicos que saibam de uma cura ou tratamento, mas não encontramos nada!" ela voltou a chorar.
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