Capítulo 10
Minha cabeça começava a doer, não conseguia creditar no meus olhos viam, de pé bem na minha frente. Sua voz grave e rouca ressoava na minha cabeça como um eco persistente e longo mas, nenhum um pouco distante. Senti o quarto girar e meus ouvidos trancaram, minha visão escureceu nas beiradas e me segurei nas barras de aço gelado da cama. Levei minha mão ao meu olho direito, lado onde minha cabeça doía mais e olhei para meu colo, buscando me recuperar do baque na minha mente.
"Anata o..." pude ouvir uma voz cheia de ódio bramida entre o ranger de dentes, a voz de Nakimi, totalmente obscura "Anata o..." ela repetiu.
"Quem? Eu?" meu pai- nem sei se posso chamá-lo assim- foi sarcástico com ela "Você conseguiu um belo pedaço de mal caminho hein garoto?!" sua voz em tom safado irritou ainda mais todos naquele quarto "Tal pai tal filho-"
"Eu não sou como você. Eu não sou você. Jamais serei. E não me chame de filho, seu merda!" eu cortei ele.
"Como é pivete? Acha que é quem para falar assim comigo? Sua mãe não te deu educação, pirralho?" ele se aproximou como se quisesse me bater, como se tivesse tal direito. Os seguranças do senhor Shouwa barraram ele e, o próprio senhor Shouwa segurou-o pelo braço.
"Seu merda. Eu vou acabar com a sua ra-" Nakimi se pronuncia.
"Nakimi, cale-se!" eu me pronunciei erguendo minha cabeça "Saiam todos!"
"Mas... Ikki" Nakimi deu dois passos até mim e congelou com meu olhar "O-Okay!" ela gaguejou e saiu com eles "Estaremos na porta!" ela falou fechando a porta. Pude ouvir alguém se apoiar na mesma e a vi ter um leve movimento em direção ao interior do quarto.
"Anata wa watashi ni nani o shitaidesu ka" retirei minha mão do meu rosto e ainda assim não olhava diretamente para ele.
"Vim saber como você está. O hospital me ligou. Parece que sua mãe deu meu contato na sua ficha médica!" ele falava andando a uma pequena estante de livros na parede e passava o dedo por cima deles."Me dá esse verde aí no meio!" comandei apontando para os livros, ainda sem olhar diretamente para ele. O livro caiu no meu colo e o título era grande "A Outra Face, por Sidney Sheldon" sussurrei "Sabe porquê de eu gostar desse livro?"Por quê? Fiquei curioso!" ele se aproxima."Pelo título!" senti ele me olhar torto "Você diz que veio me ver. Mas qual a sua outra face, seu duas caras?" olhei diretamente nos olhos dele que se abriram ao limite e tremeram, ele deu um passo para trás, pude ver seus pelos arrepiarem. Ele travou por um instante e logo se recompôs.
"Como está seu inglês?" ele me perguntou.
"Ansawer my question!" ele acenou positivamente com a cabeça.
"Vou te levar comigo para a Europa!" essas palavra me deixaram em choque. Pude ouvir um pequeno "Nani?" do outro lado da porta "Para começar o treinamento na polícia!"
"E para quê?" falei friamente de cabeça baixa "Para me tornar como você? É oque quer?" questionava sem dar tempo a ele "Para que um vagabundo mate minha esposa e deixe meu filho solitário?" olhei para ele que me olhou confuso "É tudo culpa nossa a mamãe ter morrido!" Ele parecia mais confuso "Se eu fosse mais responsável não estaríamos tarde na rua e seu preso não teria nos atacado e mamãe estaria bem. Eu estria bem. Tudo estaria perfeitamente bem como sempre foi. Sempre nos viramos muito bem sem você. Não vai ser agora que vou precisar de um merda como você!" falei de cabeça baixa e senti ele me agarrar pela gola da camisa do hospital e começou a gritar na minha cara.
"Quem você está chamando de merda, seu bostinha? Saiu da frauda ontem e acha que pode me desafiar pivete? Está bem enganado!" ele chegava a cuspir de ódio "Aquela vadia não te deu educação?" meu sangue ferveu, ninguém tem o direito de falar dela dessa maneira, nem Shoki, que me inferniza, usa essas palavras ou derivado "A culpa é toda sua garoto. Ela morreu por sua causa, moleque idiota irresponsável!" ele me empurrou na cama e se afastou "Não fale de esposa e filhos. Acha mesmo que alguém iria querer dar para você? Acha que alguém iria casar e ter uma vida e filhos ao lado do merda que você é?" vi um reflexo de luz na porta. Quanto tempo ela estava entre aberta? Fui despertado da distração com um soco no rosto. Ele começou a me bater. Dois homens entraram e tiraram ele de cima de mim. O senhor Souwa entrou no quarto com um papel em mãos e a polícia. Nakimi estava atrás com uma câmera em mãos.
"Você está preso por agressão física e verbal a menor hospitalizado. Você sabe bem a sua pena, tenente!" Showa pronunciava em tom alto e claro enquanto os polícias o levavam "Em minhas mãos há um termo de adoção que o senhor vai assinar e passar a guarda dele a mim. Até o tribunal, senhor Noburo!" ele falou sorrindo de canto.
"Ikki!" Nakimi soltou a câmera e correu até mim. Meus pontos abriram e o sangue caía por onde ainda não havia cicatrizado.
"Merda. Enfermeira!" senhor Showa correu para chamar uma enfermeira mais próxima. Elas foram bem eficientes, apareceram em dois minutos. Nakimi estava segurando firme meu pulso com o lençol do hospital na intenção de estancar a hemorragia e levando meu braço acima do nível do coração para que a pulsação não fosse capaz de jorrar o sangue para fora do meu braço.
As enfermeiras prepararam a anestesia e injetaram no meu braço para poder refazer a costura no meu pulso. Em mais ou menos trinta minutos meu braço estava remendado e limpo novamente, até minha cama foi trocada por uma limpa. Nakimi e eu agradecemos pelo serviço prestado e elas saíram, logo atrás, saiu o senhor Showa e seus seguranças me deixando a sós com Nakimi. Olhei para o relógio digital em cima criado-mudo onde ela estava apoiada -Domingo?- pensei comigo mesmo -Mas era sexta!- olhei confuso para Nakimi.
"Nakimi-chan" chamei e ela se aproximou, me olhou nos olhos e começou a fazer carinho na minha cabeça, estava muito bom. A única pessoa que me deixava tão confortável era minha mãe, com suas mãos pequenas e macias "Quanto tempo eu dormi?" perguntei com uma sobrancelha arqueada e olhando diretamente nos seus olhos. Ela respirou fundo de olhos fechado.
"Dois dias e três horas!" ela falou calma olhando novamente para mim com aquele belos e grandes olhos lilás.
"Quando que eu vou ganhar alta?" perguntei.
"Lembra que o médico disse?" não respondi, pergunta retórica "Amanhã!"
"Mesmo depois do que aconteceu hoje?" fiz mais uma pergunta, algo estava me deixando ansioso, nervoso.
"Bem provavelmente. Deve se recuperar da costura em casa!" afirmou seriamente.
"Em casa? Como assim, "em casa"?" comecei a sentir a ansiedade tomar conta e minha respiração pesou e o coração acelerou -O que diabos está acontecendo?- me perguntava;.
"Sim. Depois da alta você vai ganhar atestado de mais ou menos uns quatro a cinco dias. Desesperei e me lembrei porquê do nervosismo.
"Ah, merda!" soquei a maca e coloquei as mãos no rosto.
"Hey, oque foi?" ela claramente se assustou com minha reação.
"O trabalho. Seu pai não vai querer um funcionário que falta na primeira seman-"
"Foi ele que disse para eles te darem um atestado para uma semana. Ele quer ter certeza de que você esteja bem e esteja em completa disposição para o trabalho. Todos os funcionários do meu pai recebe esse tratamento. Vocês tem seguro de vida!" seu olhar de preocupação se tornou consolador para mim. Me perdia na imensidão dos seus belos olhos lilás como de uma flor.
"Se você diz" sussurrei sem tirar os olhos dos seus. Sua expressão se soltou e ela parecia mais leve, como que em outro mundo. Começou a se inclinar na minha direção com um pouco de nervosismo. Era evidente sua ansiedade, seus olhos trêmulos, sua respiração pesada, seus braços apoiados na cama também tremiam, assim como seu corpo, tudo isso denunciava sua ansiedade e, bem provavelmente, a minha também. Nossos olhos intercalavam entre olhar os olhos e os lábios um do outro, estava tão perto que podia sentir o calor do seu rosto vermelho.
"Ikki..." ela sussurrou próximo ao meu rosto. Pude sentir o cheiro da menta na sua boca.
"Nakimi..." retribuí no mesmo tom.
"Daisu--" estava tão perto.
"Ikki-kun!" mas ouvimos uma voz feminina e uma batida na porta. Ela se afastou, se virando e colocando a mão na boca, eu apenas virei meu rosto. Olhamos para a porta e Akemi estava com pressa vindo até mim e me abraçando com a cabeça no meu peito "Fiquei tão preocupada quando Nakimi disse que você estava no hospital!" olhei para Nakimi, ela parecia irritada.
"Vou beber alguma coisa. Já volto!" Akemi piscou para ela que se retirou do quarto sem retribuir a garota.
"Ikki-kun" ela me olhava diretamente nos olhos e apoiando seu queixo no meu peito, não tirei os meus olhos da porta "Aquelas folhas de jornal na bolsa dela" agora chamou minha atenção, eu olhei para ela mas não nos olhos "Descobri quem colocou aquilo lá!" ela parecia séria.
"Não se meta nisso, okay?" fui curto e grosso "Eu agradeço, mas prefiro não pensar nisso. Vamos fingir que nunca aconteceu." desviei o olhar novamente para a porta.
"Mas Ikki..." ela insistiu.
"Sem mas, Akemi. Diga o nome mas não se envolva nisso!" pronunciei de forma curta e grossa fazendo ela fechar a cara.
"Okay" falou em seco "Foi o Choki. Não sei como você não pensou nisso."
"Não tive muito tempo, mas imaginei isso no pouco tempo que estou acordado. Obrigado!" nesse momento Nakimi entra com um copo de água em mãos.
"Endireita, vai tomar um analgésico antes de sair!" ela se aproximou e estendeu a mão e abriu me mostrando uma pilula pequena. Peguei e coloquei na língua, ela segurou meu queixo e me deu água na boca "Toma tudo, tem dois dias que não bebe e nem come nada!" apenas obedeci suas ordens.
"Eu preparei cookies para a gente" tirou de dentro de uma bolsa térmica, que eu não sei como diabos foi parar ali, uma sacola cheia de biscoitos com gotas de chocolates "Comam enquanto ainda estão quentinhos!" ela sorria.
"Vou buscar a bandeja e uma caixinha de leite para nós" Nakimi, que não havia nem sentado ainda, jogou o copo no lixo e saiu, retornando cinco minutos após.
Eu havia provado uns dois biscoitos já, e posso garantir, o sabor era de outro mundo. Simplesmente maravilhoso. O hospital tem até televisão a cabo nos quartos. Nakimi colocou no AnimeTV onde passava um anime infantil, Nakimi respirou fundo e pulou para o Animax e colocou o controle de lado e voltou a comer.
"Meu anime favorito!" ela anunciou com a boca cheia e olhando para a TV. Akemi e eu olhamos mais diretamente para a tela e nos engasgamos, mas não foi nem atoa, afinal, se tratava de High Scholl DXD, e a primeira cena que tivemos foi a exposição dos peitos da personagem "Gente. Para que tudo isso?" ela nos olhou.
"Talvez seja o ambiente, mas eu já terminei esse anime!" Akemi falou levemente corada.
"Estou vendo pela terceira vez já." elas me olharam.
"Sério isso?" olhei para elas "Oque houve com animes como Neon Genesis Evangelion? Pokémon? Hein?" me senti antiquado, mas amo esses animes.
"Animes desse tempo que duram até hoje..." Nakimi fez uma pausa "Só One Piece e um outro com mais de novecentos episódios, mas esse outro acabou esse ano!" completou dando de ombros e voltando pros biscoitos.
Eram passadas das sete horas da noite quando o hospital finalmente me liberou. Eles me levaram em casa porém, Akemi, que estava junto de nós, disse que se hospedaria lá em casa até meu atestado passar.
"Eu não preciso de babá!" falei de forma fria ainda olhando para a janela. Nakimi estava sentada no meio e Akemi na outra janela. Podia sentir o calor na minha mão e aos poucos um aperto firme da mão de Nakimi, que se entrelaçava com a minha.
"Eu vou sim. E não tem nada que você possa fazer para me impedir!" ela falou convicta de que era o certo a se fazer.
"Hm. Que seja. Faça como quiser!" minha preguiça e desânimo me impedia de ter tanto empenho para insistir nisso. Senti o aperto firme de Nakimi que logo me soltou. Seu rosto estava com uma expressão fria e mortal. Por algum motivo ela se incomodava com o fato de outra garota estar de baixo do mesmo teto que eu mesmo que por uma semana. Paramos na frente da minha casa, me soltei do sinto e Akemi desceu e o porta-malas se abriu "Jaa Mata, Nakimi!" beijei sua cabeça e fechei a porta indo até o motorista "Arigatou, Showa-Sama"
"Iie. Quando precisar me liga ou liga para a Nakimi!" ele acenou e eu concordei. Logo eles saíram e pude ver a Nakimi encostar na janela com seus fones de ouvido e tive uma breve impressão de vê-la chorando. Passei dez segundo olhando o carro se afastar e virar a rua, até que ouvi um suspiro e um barulho na neve seguido por um gemido leve. Olhei para trás e vi Akemi de cara na neve e a mala dela virada no chão e minha bolsa nas costas dela.
"Vamos Akemi. Levanta!" falei me aproximando dela caída no chão.
"Minha mala ta pesada. Os seguranças da Nakimi haviam colocado ela no porta-malas para mim. Não imaginei que estivesse tão pesada!" ela fez cara de choro e eu respirei fundo. Peguei pela alça da minha bolsa e levantei Akemi com uma mão e com a outra eu ergui a mala dela e comecei a arrastá-las até o portão e, depois de abri-lo, arrastei de novo até a porta. Fechei o portão abri a porta e chutei a mala dela para dentro da casa.
"Pode ficar no meu quarto. Vou dormir no quarto da minha mãe!" larguei as chaves em cima do balcão, joguei a jaqueta e a camisa no chão do caminho até o banheiro e entrei passando duas voltas na chave e indo tomar meu banho. Saí sem camisa e secando meu cabelo. Me deparei com Akemi na frente da porta vestidas só com as roupas de baixo e segurando uma toalha e uma sacola com algumas roupas, shampoo e sabonete líquido "Tem uma suíte no meu quarto. Podia ter tomado banho lá!" falei ignorando seu corpo semi nu.
"P-Podia ter falado isso antes!" ela gaguejou baixo e desviando o olhar do meu abdômen ficava cada vez mais corada.
"É, está certa. Não demore muito, vou fazer o jantar!" saí logo dali. Ouvi ela agradecer e a porta fechar. "Garota estranha!" sussurrei baixo "Mas cada um com seu cada um. Pelo menos ela se importa comigo!" fui na lavanderia e coloquei a roupa no cesto de roupa suja e estendi a toalha. Olhando para cima podia ver claramente as estrelas, a lua e os flocos de neve refletidos pelo brilho dos astros.
Passei uns minutos olhando para para o céu. Voltei a mim e entrei em casa, fechei a porta e tranquei com duas voltas na chave como de costume e fui fazer a janta, ramem de frango e ovos com legumes, especialidade da minha mãe. Era quase um yakisoba, porém, era sopa, então é ramem. Logo Akemi saiu do banho, ensacolou suas roupas sujas e estendeu a própria toalha na lavanderia, ela também parou um pouco para admirar o céu e depois retornou trancando a porta. Coloquei as coisas na mesa e coloquei o saquê também.
"Você pirou ou ficou idiota?" ela ficou ignorante do nada.
"Se você não bebe, legal. Mas eu bebo e na minha casa você me respeita!" falei frio com ela, antes que começasse a se passar na minha casa.
"Não é isso babaca!" ela se levantou e pegou a garrafa "Você está tomando medicamentos controlados, lembra? Não pode beber no período do remédio!" ela guardou a garrafa e pegou o refrigerante "Prometo que te faço companhia no saquê quando você melhorar, enquanto isso você não toma nem uma gota de álcool, okay?" ela sorriu e me serviu.
"Okay!" bufei e me sentei na cadeira, puxei a vasilha mais perto e juntei os hashis nas mãos juntas em frente ao meu rosto "Itadakimasu!" e começamos a comer em silêncio.
"Sabe Ikki..." ela começou a puxar papo "As vezes parece que a Nakimi não gosta de mim. É só impressão minha ou ela realmente não gosta de mim?" olhei confuso por uns segundos.
"Olha, eu não converso muito com ela. Ela, pelo menos, não me disse nada!" confirmei focando na comida "Pergunta para ela ué. Não sou ela para saber também!"
"Nossa. Grosso você né?" ela fez bico.
"E grande!" sussurrei.
"Essa eu quero ver!" sussurrou tão baixo quanto eu, mas pude ouvi-la, oque me fez se engasgar com o macarrão do ramem.
"Meu Deus, Ikki!" ela se levantou e começou a bater nas minhas costas e me fez tomar água, tudo em menos de uns trinta segundos.
"Q-Quanto desespero!" falei com a voz rouca e tossi mais um pouco, virei o copo de refrigerante na boca e enxuguei as lágrimas dos cantos dos olhos.
"Claro baka. Eu me preocupo de mais com você. Principalmente nesse estado!" ela se sentou e voltou a comer.
"Não me conhece nem a um mês direito e quer me mandar uma dessas?!" brinquei um pouco, porém, falando sério.
"Você que acha. Te conheço a mais tempo do que você pensa!" ela rio.
Conforme íamos comendo, também jogamos conversa fora. Ela faz bastante piada e fala de mais, mas até que me peguei sorrindo algumas vezes. Eu não posso negar que a presença dela aqui iluminava o ambiente. Não que iluminação seja a minha coisa favorita, mas ficava mais belo, mais alegre. Eu estava gostando de tê-la ali por perto. Conversa vai, conversa vem, quando reparemos era passado da meia noite e já tínhamos acabado com a garrafa de refrigerante, com dois pacotes de salgadinhos e estávamos na metade do terceiro filme, mas não lembramos de nada de nenhum dos filme, já que não prestamos atenção na televisão. O filme acabou após as duas da manhã. Cocei meus olhos e me virei para Akemi:
"Quer ver outro?" ouvi um suspiro leve e só então me dei conta de que a garota estava dormindo com a cabeça no meu peito e suas mãos se segurando nos meus ombros. Suspirei e sorri "Boa noite!" segurei ela firme em meus braços e me deitei ali no sofá, mesmo com ela em cima de mim.
Meus sonhos foram recheados de cor e alegria. Cem por cento do sonho tinha a ver com a Nakimi, algumas vezes aprecia a Akemi e outras vezes aparecia a garota que me mandou mensagem no privado semana passada. Eu sei que eu conheço ela, mas não lembro quem é a garota, sei que arquivei e não respondi. Meus sonhos foram cortados por um barulho tão alto quanto uma explosão, porém, uma explosão feminina de panelas.
"Acordem!" Akemi levantou assustada e eu me levantei em sequência e derrubei ela do sofá.
"Você está bem?" olhei de cima sem nem oferecer ajuda. Ela apenas confirmou e Nakimi ajudou ela a levantar "Que ideia foi essa? Sabe que eu odeio ser acordado antes do despertador!" me sentei virado para frente com os pés no assoalho e coçando meus olhos.
"Baka!" ela jogou meu relógio no meu colo.
"Merda. Onze e meia! Eu tenho que--" me levantei muito rápido e tudo começou a girar e as duas me seguraram. Até que Nakimi me jogou no sofá.
"Você não vai fazer merda nenhuma além de tomar os dois remédios de uma vez!" ela pegou duas pílulas, uma de cada frasco no balcão e jogou no meu peito, pegou a garrafa de água e jogou na minha barriga "A das sete e a das nove, Baka!" eu me assustei com o impacto da garrafa na barriga, aquilo doeu.
"Para que jogar a garrafa?" me sentei com a garrafa na mão e os remédios na outra.
"Seu abdômen é definido, fica frio!" ela falou fechando a geladeira com força.
"V-Você não devia estar na escola?" Akemi ainda assustada se aproximou.
"Acho que não sou a única que faltou hoje, não é?" ela falou olhando para mim mas finalizou fitando Akemi e arqueando a sobrancelha para a garota.
"Estamos todos ferrados então!" enterrei minha cara nas minhas mãos.
"Você não!" Nakimi pronunciou e eu levantei a cabeça "Você tem atestado. Nós não!"
"Ela tem razão. E pro meu azar tem prova de matemática hoje!" Akemi suspirou e eu me deitei.
"O que vocês pretendem fazer durante a tarde?" olhei para elas esperando uma resposta. o olhar de Nakimi era mortal, porém, apenas para Akemi. Para mim, nada mudou, e sua expressão fria deixava ela ainda mais bela.
"Bom. Uma amiga minha vai dar uma festa às dezessete. O pai dela liberou a laje da casa deles!" Nakimi me levantou e se sentou me puxando para o seu colo "Porém, ela mora em Yokohama!"
"Nani?" Akemi deu um grito e eu grunhi "São mais de quatro horas de viagem!" ela ainda falava alto.
"Minha cabeça, cacete!" falei colocando os dedos na têmpora e mexendo devagar. Nakimi se esticou e pegou um remédio e água na bolsa.
"Teremos que arranjar companhia e sair cedo!" ela afirmava enquanto me dava o remédio.
"Bom, eu sei quem pode nos levar, mas teremos companhia, mas teremos conforto para a viagem!"
"Eu tenho que pedir para os meus pais!" Akemi falou com a mão no queixo.
"Já falei com meu pai. Eu vim aqui especificamente para chamar o Ikki!" era como se dissesse que Akemi era intruso nessa viagem.
"Vocês tem que pedir autorização né? Esqueci como faz isso!" falei calmamente e todos ficaram em silêncio "Err... Gente?" comecei a achar estranho o jeito que elas me olhavam. Nakimi até deixou escapar uma lágrima e as duas me abraçaram. Achei confortável e fofo, bem gratificante.
"Tadinho gente!" Akemi sussurrou.
"Okay okay, me soltem!" me desvencilhei delas e fui até o telefone, disquei alguns números "Está chamando!" fiz um sinal de silêncio para elas.
"Quem será que é?" Akemi perguntou para Nakimi que deu de ombros e as duas me encararam.
"Alô?" ele atendeu "Ikki, é você?"
"Oi, Rami. Sim, sou eu!" falei no mesmo tom "Como você está?" tentei ser gentil.
"Baka. Eu estou bem, mas oquê houve com você?" ele parecia assustado.
"Calma. Eu estou bem, eu acho!" falei calmo "Só consegui outro emprego, fica calmo. Tenho boas notícias e um convite para você e suas irmãs, mas é para sair daqui meia hora!"
"Não vai dar. Em uma hora eu estou indo para Yokohama com elas, vai ter o festival de motos quarta e queremos nos habilitar bem lá, entende cara?!" eu nem ouvi ele direito.
"Beleza. Busca a gente aqui em casa daqui uma hora!" falei como se ignorasse ele.
"Vão ficar a onde lá?" pareceu compreensivo.
"Vamos na casa de uma amiga da minha colega. Vai ter uma festa!" afastei o telefone da orelha e ouvi de longe.
"E não me chamou?" ele gritou "Nem precisa pagar a gasolina se me deixar entrar!" ele estava agitado.
"Okay. Pode ser!" dei de ombros.
"Chego em uma hora!" ele desligou e eu também.
"Temos uma hora para nos arrumarmos. Eu volto quarta ou quinta!" comecei a subir as escadas "Vou me ajeitar. Já volto!"
"Vou pedir aos meus pais se eles deixam eu ir!" ela puxou o telefone e pelo visto, o número da casa dela estava na discagem rápida.
Passou quarenta minutos e ele chegou enfiando a mão na buzina e apreçando a gente. Akemi não pode ir, mas vai ficar cuidando da minha casa nesse tempo que eu vou passar fora. Rami e as irmãs dele fizeram várias piadas sobre eu e Nakimi, piadas que a deixaram corada e sem jeito, tão fofa. Saímos antes do esperado, então vamos chegar antes lá. Confesso que estava ansioso e contente. Nakimi dormiu no meu colo a viagem toda. Eu curti a paisagem e as músicas. As irmãs do Rami dormiram por vinte minutos e acordaram junto com Nakimi. Foi bem na hora que entramos em Yokohama. A cidade é enorme, é linda e rica. Pelo menos se comparar com Nagoya.
"Aquele monte a três horas. Vamos para lá!" Nakimi falou e deitou novamente.
"Só tenho relógio digital!" Rami brincou e Nakimi jogou o relógio de bolso da família Showa no volante, foi tanta força que ativou levemente a buzina "Nossa. Ikki, sua namorada é revoltada né?!" ele brincou de novo e ela jogou a mochila na cabeça dele "Louca. Eu to dirigindo!"
"Está parado no sinal vermelho..." houve uma pausa "que acabou de ficar verde. Anda rapaz!" ela nem estava com os olhos abertos. Ele jogou a bolsa de volta para trás e começou a dirigir de novo. Pegou o relógio e abriu para ver a direção.
"Espera um momento..." ele fez uma pausa "Esse símbolo..." outra pausa. Senti Nakimi se levantar e tentar pegar o relógio.
"Me dê isso!" ela puxou o relógio da mão dele "Dirige!" ela mandou. Estava muito nervosa. Ele olhou para frente e seguiu mudo até lá.
Descemos do carro e Nakimi foi em direção a Campainha do casarão. As irmãs de Rami foram junto e foi quando ele me puxou pelo braço e se aproximou do meu ouvido:
"Cuidado com essa garota!" ele foi bem frio.
"Se assustou com a grosseria foi?" nem liguei muito para oque ele dizia.
"Cara, pega aquele relógio e vê o símbolo!" ele olhou para ela.
"Qual a tua, Rami?" arqueei a sobrancelha.
"Ela é da Yakuza!" essa bomba caiu pesada.
Continua...
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