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CONFISSÕES


Me equilibrei no murinho de pedras que cercava algumas flores perigosas no jardim, me sentindo muito plena com aquela cauda de sereia. Maxon me fitou com preocupação.

- Você vai se esborrachar no chão.

- Qualquer coisa eles me dão uma consertada no hospital - Dou um pulinho pro chão gramado e solto um suspiro - Mas sobre o que você quer falar?

- Eu? falar?

- Quando você quer dizer algo e está em dúvida se pode ou não, você faz essa coisa esquisita de juntar os dois cotovelos.

Eles separou os dois cotovelos, envergonhado.

- Você está certa, America. Bem, na verdade eu meio que queria te dizer algo sim.

- Então desembucha.

Maxon estendeu uma mão e eu a aceitei caminhando com ele de mãos dadas até o banco mais próximo. Ele tirou sua máscara preta do rosto e a jogou para longe.

- Quero que você me olhe nos olhos - obedeci me segurando para não dar uns beijos nele ali mesmo - Primeiramente quero lhe presentear com algo.

Ele puxou algo de dentro da fantasia e colocou na minha mão. Meu coração começou a bater freneticamente.

- Caramba! Um Twix!

- Pois é, acabei encontrado um jogado no quarto de Marlon e como sei que você gosta de chocolate....

- Você não existe mesmo - Quase o sufoquei com um abraço.

- Bem, não é só isso. Queria te falar sobre algo também.

- Ah é? É sobre mais chocolate?

- Acho que tem a ver - ele fez uma careta - Eu quero que você me perdoe.

Estreitei meus olhos a ele.

- Perdoar pelo o quê menino? Você está fazendo tudo direitinho.

Ele fez a coisa dos cotovelos de novo e eu o fitei de cara feia. Suas bochechas coraram e ele cruzou os braços.

- Na verdade eu menti pra você sobre algo. Marlon não foi à uma festa da Playboy. Ele foi expulso do palácio.

Quase pulei 10 metros com aquela notícia.

- Você está blefando.

- Felizmente é a mais pura verdade, América. Meu pai e eu tivemos uma conversa e agora estou oficialmente ocupando o cargo que é meu por direito.

Meus olhos se arregalaram.

- Você então é o príncipe? - Indaguei e ele assentiu com a cabeça - Ah Maxon! Parabéns!

O abracei novamente, sentindo seus mínimos ossinhos estralarem.

Eu mal conseguia processar a informação. Maxon agora era um príncipe legítimo e não havia mais um usurpador por perto! Meu coração parecia ter vida propria, com o tanto que pulava.

Por outro lado meu cérebro ditador estava confuso com a notícia.

- Obrigado. Se bem que, foi você a minha maior incentivadora. Sem você e nossos primeiros contatos, eu nem teria pensando em correr atrás dos meus direitos.

Meu coraçãozinho se aqueceu com aquelas palavras.

- Ah então de nada. - Dei uma piscadela e ele riu - Se bem que eu sempre me achei uma péssima incentivadora.

Maxon me fitou com um brilho nos olhos e foi naquele exato momento em que eu soube que ele deveria saber.

- Maxon, eu também tenho que te dizer algo.

Ele riu.

- Sim, você pode ficar com todos os doces de Marlon.

- Não é sobre isso. Na verdade é uma confissão bem séria.

- Sou todo ouvidos.

E então eu abri a boca e contei. Contei tudo. Sobre o quanto eu gostava de Aspen e nosso plano de dar um golpe de estado. Sobre eu vir para o palácio com o propósito de derrubar a família Chaveiro a todo custo. Sobre usar Maxon primeiramente para conseguir informações, mas depois ter gostado bastante dele. Ele não me interrompeu em nenhum momento, apenas assentindo com a cabeça nas horas certas e bocejando nas erradas.

- Então você é uma ditadora - Disse ele de um jeito cauteloso.

- Quase uma, ainda estou me formando. Mas essa é minha história e se você quiser, pode me chutar agora mesmo daqui. Te entenderei perfeitamente.

- America, essa coisa de golpe é um delito muito sério.

- Eu sei.

- Se infiltrar no palácio e me usar para conseguir informações? Isso é uma coisa muito baixa.

- Eu sei.

Elee fitou com uma expressão dolorida.

- E se você conseguisse de fato dar um golpe, que faria com meus pais? O que faria comigo?

Meu coração se apertou.

- É por isso que confessei tudo Maxon. Eu queria dar um golpe sim, mas não seria capaz de te machucar.

Ele não respondeu de imediato, batendo a palma da mão num joelho.

- Tarde de mais, pois eu já estou machucado.

Senti as lágrimas se formando e minha garganta estava começando a doer.

- Maxon, juro que eu não quis....

- Não estou falando de você boba, estou falando do meu pai. Pra eu convecê-lo de assumir meu cargo, apanhei um bocado dele.

Sem que esperasse uma resposta minha, ele puxou a bainha de sua blusa deixando expostas sua barriga e costas.

Ambas estavam cheias de feridas.

- O que significa isso? É algum...

- Digamos que minha decisão teve alguns efeitos colaterais  - Ele me cortou - Eu apanhei por o desafiar, mas no final consegui o que queria.

- Meu Deus Maxon, isso é horrível! - fitei novamente para aquelas feridas abertas, e me segurei pra não chorar.

- Esqueça isso - ele abaixou a blusa - Quero te propor uma coisa.

Cruzei os braços.

- Não, eu não vou compartilhar meu Twix com você.

- Quero te propor em casamento.

- O quê?

Ele se abaixou e me olhou de um jeito todo meigo.

- America Sherlock Holmes Singer, aceita ser minha esposa? Sei que esse provavelmente é o pior momento para se fazer um pedido como esse, mas tenho uma grande idéia.

- Idéia? 

- Se você se casar comigo... nós daremos esse golpe de estado juntos.

Abri e fechei a boca. Maxon estava querendo dar um golpe de estado? Era difícil de acreditar.

- Não vou ser comprada com isso, Maxon. - Respondi - Se a gente for se casar, eu quero que isso seja feito da maneira correta.

Ele me fitou com expectativa.

- Então isso é um sim?

- Posso te dar o benefício da vida? - Perguntei suavemente - Por enquanto?

Ele mordeu seu lábio inferior.

- Claro sim, America. O tempo que for preciso.

Eu me aproximei dele e segurei sua mão. Estava um pouco gelada e  subitamente uma dúvida se infiltrou na minha mente.

- Maxon, pode me responder uma pergunta?

- Depende.

- Se a gente se casar de fato, você não acha que meu nome vai ficar muito longo?

Ele pensou por alguns segundos.

- Vamos fazer ao contrário: eu recebo seu sobrenome. Ponto.

- Maxon Chaveiro Singer. Isso não soa nada mal.

Ele abriu um sorriso e apertou a palma da minha mão com o polegar.

- Nada com você soa mal, America.

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