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AMERICA E SUAS NOVAS REGRAS
Dias depois, fomos ordenadas a nos dirigir ao Salão das Mulheres ou seríamos arrastadas até lá por guardas como Tom Cruise e Aspen. Bom, em meus dias normais não acharia totalmente ruim ser arrastada, mas agora estou criando novas regras e uma delas é que tenho que voltar a minha postura rígida de ditadora para passar uma imagem de respeito às pessoas. Ah e definitivamente a segunda seria achar mais grilhos para minha orquestra.
Enquanto descíamos as escadas comandadas pela general Silvia, Marlee que estava atrás de mim me cutucou nos ombros, ativando meus reflexos super agéis e me fazendo virar até ela.
- Ei - ela sussurrou - Será que o príncipe vai eliminar mais uma?
- Não sei, mas já parou pra pensar que na história original a elite é formada apenas por 6 selecionadas? - fiz uma pausa. - Não sei se tô ficando doida, mas parece que nessa treta tem gente sobrando...
Marlee não respondeu de imediato, se atentando as outras meninas. Seu rosto esboçava uma leve careta.
- Contando com nós duas aqui ainda há 8 Selecionadas. - ela passou uma mão em seu armado cabelo. - Nossa... não sabia que o príncipe era analfabeto.
Queria falar que o príncipe na verdade era um farsante doceiro que sofria com amnésia e era bastante egocêntrico. Mas por respeito a Maxon resolvi guardar esta parte apenas para mim.
Ao chergamos no salão não resisti e refiz minha mergulhada no sofá na qual Silvia meses atrás me repreendeu, mas que agora parecia não se importar. Marlee fez um sinal para que eu lhe desse espaço então infelizmente tive que me sentar da maneira recomendada a uma dama: De cabaça para baixo.
- Ah, lá vem a cobra - sussurrou minha amiga observando Celeste atravessar as portas duplas de entrada. Ao lado dela estava a desgramada da Tiny Lee e elas usavam vestidos identicos produzidos com material plástico, precisamente um monte de sacola verde de feira. Sabia que ela estava querendo me atingir, mas na verdade eu estava rindo por dentro com aquele planinho. Tudo bem garrafas pet gente, mas vestido feito de sacolas? Que horror.
Celeste e Tiny fizeram questão de se sentarem no mesmo sofá que o nosso, mas não me senti atingida de maneira nenhuma. Minha terceira regra era ignorar totalmente pessoas malignas e desprovidas de inteligência. Celeste era uma maligna. Então tecnicamente ela não existia mais para mim.
- Meninas - Silva começou chamando a atenção de todas as Selecionadas - Todas estão aqui para trabalhar, quero que enfiem isso em suas adoráveis cabecinhas, entendido?
- Sim - todas entoaram num tom entediante e arrastado.
- Perfeito. Cada uma de vocês será responsável por uma parte da produção. Dividi em duplas para ficar mais fácil! - Disse batendo palmas. - Nunca perco a chance de juntar inimigas ver todas se matando!
Okay, Silvia também era uma mente maligna.
- Vejamos... - ela olhou para sua prancheta. - Mercy e Kriss, vocês duas vão ajudar na decoração.
As duas se olharam como cão e gato.
- Marlee e Celeste, as duas senhoritas serão responsáveis pela playlist da festa.
Celeste fez uma careta para Marlee. Agradeci aos céus por não ter caído com aquela piranha.
- Carlona e Ashley serão encarregadas de encomendar as fantasias de todas.
Carlona bateu palmas se sentndo realmente animada.
- Star Wars, ai vou eu! - Gritou ela, fazendo todas tamparem seus ouvidos. Silvia colocou o dedo indicador na boca implorando silêncio.
- Carlona, por favor... hum, e a última dupla Tiny Lee e America estarão ajudando nos aperitivos. Bom, agora que todo mundo já recebeu suas instruções, quero ver o esforço das senhoritas. Esta com certeza será a melhor festa que teremos em anos!
Olhei para Tiny Lee. Ela também me olhou no mesmo segundo então rapidamente como a ágil garota que eu era, desviei meu olhar e me concentrei em um vaso de rosas murchas na qual algum criado folgado ficou com preguiça em se desfazer. Eu nunca fui X-nove, mas no momento em que me sentisse ameaçada, eu delataria o caso.
Silvia nos deu papéis com nossas tarefas gravadas em uma fonte minúscula na qual demorei mas de três horas para entender e tivemos que nos juntar as nossas respectivas parceiras e botar mão na massa. Fui para o lado de Tiny Lee como quem não quer nada e quando ela se virou para se despedir de Celeste, peguei o potinho de pulgas que sempre levo para casos emergenciais e joguei um pouco em suas costas.
Ela com certeza iria me atacar. Então eu tive que ataca-la primeiro. Era a ordem das coisas.
No momento em que ela se virou para me olhar de baixo a cima, uma mão automaticamente correu para a traseira de seu vestido. Em menos de 15 minutos eu preveria uma coceira incontrolável na qual eu riria muito mais tarde.
- Ah então.... - disse ela ainda se coçando - Que idéia você tem para os aperitivos?
- Bom - comecei sentindo os refletores em mim - Estava pensando em coisinhas bem pequenas como cupcakes de mocotó, pirulitos de olhos de dragão e talvez um pouquinho de suco de esquilo, coisas assim...
Ela arregalou os olhos com uma expressão descrenciosa. É minha filha, eu sei, sou muito criativa para a pouca idade.
- Sério? Você acha que as pessoas vão querer comer essas porcarias? Faça-me o favor!
- O que você está insinuando? - Pisquei os olhos - Não, peraí... quais são suas idéias? Duvido que são brilhantes como as minhas.
Ela soltou uma gargalhada debochada.
- Há, com certeza. Eu estava pensando em docinhos agridoces com uma estética toda temática tipo um bombom laranja abóbora, cookies de fantasmas e cupcakes com coberturas do tipo baba de bruxa. Tudo bem bonitinho e produzido, é claro.
Analisei por um tempo sua idéia.
- Descartada - concluí - Muito excesso. Ainda prefiro mil vezes meus cupcakes de mocotó!
- Ninguém vai querer tocar nisso, acredite - Repetiu ela se coçando toda.
- Ah esse vestido deve ter algum componente no qual minha pele rejeitou...
Ri discretamente, virando a cabeça para o lado oposto a ela.
- Do que está rindo?
- Nada. Olha, que tal a gente tipo, fazer um acordo? Como temos idéias divergentes o legal seria nós duas pegarmos um pouco de cada lado. O que acha?
- Nada mal - Respondeu pensativa - Mas tenho certeza que ninguém vai tocar nesses seus aperitivos...
- Isso é o que vamos ver. - Ergui uma sombrancelha desafiante.
Com nosso acordo, fizemos uma lista com as coisas que quisemos e enviamos a cozinha real. O chefe real leu o papel atentadamente e fez um sinal positivo para nós. Bom, já havíamos feito nosso papel.
Voltando ao salão das mulheres, nos sentamos no sofá entendiadas. De fato, éramos a primeira dupla a terminar a tarefa, então tinhamos que ficar ali observando as outras. Isso me deu um tempo valioso para analisar as brigas de outras meninas e pensar nos meus planos de ditadora.
Mercy e Kriss estavam sentadas no carpente do salão atirando bolinhas decorativas de natal e abóboras de plástico uma na outra. Marlee e Celeste discutiam alguma coisa olhando para um Macbook idêntico ao meu. Carlona e Ashley rasgaram as cortinas e se enrolaram nelas, desfilando como modelos da Victoria's Secret. O salão estava um caos de garotas histéricas e idéias nem tão produtivas assim.
Meia hora depois, Mason, o falso Maxon entrou no salão em companhia de Silvia e a rainha. Revirei os olhos quando Tiny Lee se lavantou rapidamente do sofá e foi dar uma cabeçada nele.
- Oh príncipe Maxon, que bom tê-lo aqui! - Exclamou ela num tom eufórico. Mason tirou um pirulito do bolso e começou a chupá-lo, desinteressado.
- Ah tanto faz. Todo mundo está trabalhando não é? - Ele ergueu a cabeça dando aquela olhada básica em todo o salão. - Agrh, meu pai obrigou a dar uma voltinha com uma selecionada. Bom, menos mal, pois eu nem queria dar mesmo...
- Eu já estou livre! - Entoou ela puxando o braço do usurpador e o levando para longe. Silva bufou e a rainha também se distanciou, indo em direção as meninas que estavam trabalhando.
Comecei a pensar um pouco. A festa de Halloween teria que me dar frutos políticos ou então meus planos estariam arruinados. Aquela festa seria minha chance de soltar algumas mensagens subliminares e causar alvoroço entre as meninas.
E convenhamos, nestes últimos meses no palácio, eu já tinha uma boa base para tentar dar meu golpe de estado. O príncipe no qual todos conheciam não era bem o príncipe, o rei fazia reuniões secretas com ditadores do mal (eu sou uma ditadora do bem) e sem contar que o verdadeiro príncipe ficava encarcerado no quarto e era um nerd total. Ah e eles mantinham livros de histórias escondidos. Caramba, eu já poderia dominar Ilhéa hoje mesmo.
Silvia estava rabiscando algo em pé em sua prancheta um tanto pensativa. Sorri com malícia. Aquela era minha chance; ela estava sozinha e indefesa, eu poderia arrancar mais alguma informação valiosa dela. Como funcionária real ela obviamente sabia de quase todos os podres.
Me levantei do sofá e cutuquei-a cheia de segundas intenções.
- O que foi? - cuspiu ela me olhando desconfiada - Já terminou suas tarefas?
- Faz tempo. Bom, Silvia, mas e aí? Como vai a vida?
- Indo - respondeu secamente - O que tu quer?
- Não, eu não quero nada - levantei as duas mãos - Mas tipo, se a senhora quiser me contar alguma coisa, desabafar, eu estarei aqui.
Ela sustentou seu olhar no meu por alguns breves segundos. Depois jogou a prancheta no chão e me puxou para o sofá, mudando sua expressão durona para uma desolada.
- Ah America, se você soubesse! - reclamou - Estou farta deste trabalho, dessa vida de empregada mal salariada! Ganho pouco pelo tanto o que faço! Sabe, nós fizemos um acordo. Eles não estão cumprindo-o. Me entende?
- Eles quem? - Indaguei - Quem não está cumprindo o acordo? Que acordo é esse?
- O rei Clarkson! - sussurrou ficando mais próxima a mim - Ele não cumpre o que promete! Ah, mas ele vai ver só quando eu fazer o que eu estou pensando...
- Fazer o quê mulher? - Botei mais lenha na fogueira sentindo que realmente estava a ponto de descobrir alguma coisa. Ela abriu a boca para falar, mas no mesmo segundo fomos interrompidas. Por Mason.
Maldito Mason.
- Ah Silvia, eu já estou de ida - Sorriu ele falsamente - Tenho doces para estocar. Nos vemos no jantar sim?
Silvia se recompôs, saíndo do sofá e pegando a prancheta no chão.
- Sim, claro. Nos vemos depois.
- Ah que droga - sussurrou Tiny Lee tristonha. Mason deu cabeçadas com as duas, em um sinal claro de despedida.
Ele havia estragado tudo.
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