▬▬▬▬ 𝙿𝙰𝚁𝚃. 𝟸 ﹙𝚏𝚒𝚗𝚊𝚕﹚

No centro, havia um banquinho de madeira simples, e em cima dele, estava um chapéu velho, remendado e sujíssimo. Era o Chapéu Seletor. Meus pais já haviam citado ele para mim centenas de vezes. Era esse objeto que dizia para qual casa nós iriamos.

Então o chapéu se mexeu, e um rasgão perto da aba começou a falar como se fosse uma boca.

Ah vocês podem me achar pouco atraente,
Mas não me julguem só pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.

Ele falava sobre cada uma das casas, e todos os alunos prestavam atenção em suas palavras, menos eu.

Quando ele enfim terminou sua breve apresentação, o professor Longbottom pegou um pergaminho e disse o nome do primeiro aluno a ser selecionado.

─── Alice Longbottom! ─── O homem sorriu ao saber que sua filha seria a primeira a ser selecionada.

A garota foi guiada pelo próprio pai para sentar no banquinho e colocou o chapéu seletor na cabeça.

─── Hum... ─── Começou o Chapéu. ─── Coragem e inteligência são fortes em você, garota, e seu coração aspira lealdade. São ótimas qualidades, mas a sua casa não poderia ser outra a não ser a Lufa-Lufa!

Alice saiu do banquinho e deu um abraço forte em seu pai. Os aplausos agitados da mesa da Lufa-Lufa contagiaram todos do salão. A garota seguiu direto para a mesa de sua nova casa.

Depois disso, Neville leu o segundo nome do pergaminho.

─── Damian Rodrigo.

E o chapéu lhe deu:

─── Corvinal!

─── Camila Royal

─── Lufa-Lufa!

─── Allison Rogers.

─── Grifinória.

E assim se seguiu a cerimônia da Seleção de Casas. Até que o professor Longbottom chamou um nome que fez todo salão entrar em silêncio.

─── Scorpius Malfoy.

Um garoto pálido, de cabelo loiro quase branco e olhos cinza saiu do meio da multidão de alunos e seguiu para o banquinho. Foi-lhe colocado o chapéu na cabeça.

─── Ora, ora, um Malfoy... ─── Disse o Chapéu. ─── Seu caso é bem peculiar, garoto. Os traços de sua família têm sido bem preservados por você, com certeza. Mas, posso sentir você tem traços de duas casas pouco rivais, me arrisco em dizer. Lufa-Lufa... Não. ─── Os lufanos arregalaram os olhos e depois começaram a sussurrar um entre os outros. ─── Corvinal? Com certeza que não. Mas quem sabe... Grifinória. ─── A partir desse momento todos do salão, até mesmo os diretores, ficaram boquiabertos e surpresos. ─── Você tem coragem, garoto, e se daria muito bem nessa casa se quisesse. Mas eu vejo que apenas uma casa lhe prevalece: Sonserina!

E quando o Chapéu Seletor disse a palavra final, pareceu que todos haviam tirado um peso dos ombros. Acredito que um Malfoy na Grifinória seria motivo de fala durante anos. Algo histórico até.

Scorpius Malfoy andou até a mesa da Sonserina, e foi acolhido pelos alunos de lá, seguido de aplausos de todos do salão.

Neville prosseguiu.

─── Rose Weasley.

Rose, minha prima, seguiu tensa, porém tentou parecer o mais relaxado possível, até o banquinho onde pôs o Chapéu Seletor.

Todos da nossa família prestávamos atenção atentos na seleção de Ross.

─── Weasley. Que grande honra. ─── Falou o Chapéu, criando risadas animadas dos Grifinórios, inclusive do professor Longbottom. ─── Vamos lá, Weasley. Você é inteligente. Assim como sua mãe, faria sucesso na Corvinal. ─── À esse ponto, os corvinos estavam torcendo para que Rose fosse para a casa deles.

Eu tinha que admitir que Rose era uma das pessoas mais inteligente que já conheci. E tinha o gênio forte igual o da tia Hermione.

─── Mas todos nós sabemos que a casa que você realmente deve ficar é a Grifinória!

Rose saiu do banquinho radiante até a mesa da Grifinória, onde foi acolhida pela maioria de nossos primos que faziam parte da Grifinória.

Seguiu-se mais nomes. Alguns familiares e outros que nunca ouvi falar. Até que finalmente ouvi Neville falar:

─── Albus Severus Potter.

Andei nervosamente até o banquinho e o Longbottom pôs o Chapéu em minha cabeça.

─── Potter, você me parece tão tenso quanto o seu pai quando veio para a Seleção. ─── Senti minhas bochechas corarem de vergonha, mas parece que todos no salão não ligaram para isso, pois estavam atentos a tudo que o Chapéu falava. ─── Lufa-Lufa e Corvinal não são seus lugares, com certeza. Pode ser leal e ter um espírito sábio, mas suas outras qualidades lhe destacam.

Nessa hora eu só pensava:

Ele está pensando na alternativa Sonserina. Merlin, eu estou entre Grifinória e Sonserina.

─── Você é corajoso, garoto. É ousado, e faria de tudo pelos seus amigos e família. Grifinória lhe acolheria bem com essas qualidades. ─── Meus ombros aliviaram com isso. ─── E eu também consigo ver que há um lado diferente em você, e eu sei onde isso pode ser melhor para você: Sonserina!

Meu chão caiu nessa hora. Não literalmente falando, claro. Sonserina era a última casa em que eu pensava que iria. Fiquei em estado de choque, assim como todo mundo do salão, que nem bater palmas bateram.

Senti uma mão em meu ombro. Era Neville dizendo que eu deveria me levantar e ir até a mesa da minha casa.

Eu levantei e coloquei o Chapéu de volta no banquinho, mas não sai do lugar. Não sabia o que fazer, mesmo que Longbottom tivesse me dito o que fazer.

Olhei para a mesa da Grifinória e todos os meus primos, incluindo o meu irmão, olhavam para mim como se estivesse surpresos, mas não decepcionados. Eu conheço eles muito bem para saber que eles não estavam desse jeito.

Mas eu estava decepcionado comigo mesmo. Sonserina. Eu estava na casa das cobras a partir daquele dia, e não podia fazer mais nada.

Acordei dos meus devaneios com as batidas inesperadas de Minerva McGonagall, que levou todos os outros a baterem palmas aos poucos. Eu engoli seco e fui para a mesa da Sonserina. Sentei-me ao lado de Scorpius Malfoy.

Ele me disse algumas palavras:

─── Bem vindo, cara. ─── Deu algumas batidinhas de leve em minhas costas e eu sorri de volta para ele.

Outros Sonserinos que estavam perto apertaram minha mão em sinal de boas vindas e de parabéns.

Agradeci a eles com um sorriso confuso e um pouco forçado. E assim se seguiram a Seleção e o Banquete de boas vindas.

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀

Já era de manhã. Eu estava no Corujal, sozinho. Dois alunos que também estavam no primeiro ano tinham acabado de sair.

Eu observava a paisagem, alisando minha coruja marrom, Holly. Estava criando coragem para poder mandar uma carta para minha casa dizendo que haviam sido selecionado para a Sonserina, mas ainda tive forças.

Peguei a ponta do meu cachecol, verde e prata, e o analisei bem. Era idiotice estar tão tenso por não ser selecionado para a casa que queria, mas aquilo era tão importante para mim.

Honrar o nome dos Potter e Weasley e ir para a Grifinória.

Era pressão demais.

─── Queria que fosse tudo mais fácil, Holly. ─── Falei para minha coruja, que por surpresa bicou a minha mão.

─── Ai! ─── Levei o dedo até a boca e quando tirei, vi que eles estava sangrando. ─── Droga, Holly.

Coloquei ela no braço para deixá-la na gaiola, mas quando ia sair do Corujal, reconheci uma coruja em minha direção. Era a coruja de estimação da Lily Luna, minha irmã.

A coruja entregou-me o pergaminho e depois foi embora.

Abri o pergaminho e vi a letra do meu pai escrita.

Querido Albus,

Estamos com saudades, filho. Sua mãe está deixando eu e Lily Luna loucos de tanto perguntar sobre você e James. Espero que esteja tudo bem com vocês.

Ontem recebi uma carta da Minerva McGonagall sobre a sua Seleção. Querido, eu e Ginny ficamos tão orgulhosos em saber que você foi escolhido para uma casa tão digna como a Sonserina. Eu sei o quanto você esperava ir para a Grifinória, mas eu não quero que se sinta mal por não ter ido para ela. Independente de qual casa você fosse, filho, iremos continuar sentindo orgulho de você.

Tenho certeza que você será um grande bruxo da Sonserina e fará grandes amizades na sua casa.

Te amamos muito filho, e parabéns!

Com amor, seu pai, Harry.

Ps.: Não deixe que James e os gêmeos destruam Hogwarts.

Sorri com as palavras dele no pergaminho. E talvez eu devesse sentir mesmo orgulho de estar na Sonserina. Ter orgulho de ser um sonserino.

Enrolei o pergaminho e guardei-o no bolso. Sai do corujal para guardar a carta e trancar a Holly na gaiola.

Afinal, eu tinha uma aula de vôo junto com a Grifinória para ir.

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