• Capítulo 22 •


Olhando para o rosto do homem à sua frente, Adrien Fletcher sentiu a fúria invadir seu corpo.

Quando ergueu o braço para lhe acertar um murro no nariz, percebeu que seus músculos pareciam entorpecidos e seus ouvidos não ouviam nada que não fosse o som de seus punhos se chocando contra a carne. O mundo parecia girar em câmera lenta.

A dor ricocheteou por todo o seu corpo quando sentiu o golpe no abdômen, mas aquilo apenas serviu para aumentar sua raiva.

Sentindo o sangue quente e repleto de adrenalina correr por suas veias, Adrien segurou o homem que segundos antes estava com as mãos em Beatrice, e lhe acertou em cheio no maxilar.

Não havia uma só briga que perdera ao longo dos anos, e a raiva que sentia naquele momento era maior do que qualquer outra coisa que já tinha sentido. Seria capaz de matar aquele que estava em sua frente, atirá-lo no chão e socá-lo até que parasse de se mexer.

Pelo canto do olho, pôde ver a garota que amava junto ao pai. Não conseguiu ver sua expressão nem seus olhos, mas a lembrança de que segundos antes estava completamente apavorada sendo segurada pelo homem que ele atacava, fez com que a fúria o cegasse por completo.

Desferiu outro golpe.

Adrien viu o sangue se espalhar e o homem cambalear para trás, atordoado, mas no mesmo instante se recuperou e partiu para cima dele novamente.

Adrien sentiu o golpe no queixo.

"Chega! Parem agora!"

Beatrice Morgan descia as escadas de casa, chegando até a calçada com as pernas fracas, parecendo incapazes de suportar seu peso.

Ao seu redor, seus vizinhos sacavam celulares para filmar a briga que tomava conta da calçada, mulheres e homens, nenhum deles interferindo ou tentando ajudar.

Beatrice viu quando Gavin desferiu um murro certeiro na barriga de Frederick, fazendo com que ele se desequilibrasse e caísse do meio-fio. Ele afastou o sangue que saía de sua boca com as costas da mão, logo em seguida derrubando Gavin no chão da rua, molhando a neve branca com sangue fresco.

"Chega!", gritou novamente, mas estava tão assustada e paralisada que não sabia mais o que fazer. Se chegasse perto deles, seria atingida sem nem ao menos perceber.

Não chore. Não chore.

"Eu vou acabar com você!", ela ouviu uma voz gritar. Era Gavin, sangrando e mais furioso do que nunca. "E vai ficar ainda mais irreconhecível!"

Frederick não disse nada, sua resposta foi outro soco.

Olhando paralisada para o homem que de repente se pegara amando, Beatrice quase não o reconheceu.

Quem era ele?

Com certeza não era humano, mas sim algum selvagem repleto de ódio. Em seus olhos azuis, Bea não conseguia ver nada além de raiva.

Não chore.

"Frederick!", gritou. "Gavin! Por favor..."

Mas sua voz morreu na confusão de vozes que vinham das casas e dos gritos incompreensíveis dos dois homens que brigavam, tirando cada vez mais sangue um do outro.

Não, esse é Frederick, pensou ela, desesperada. É ele. Mas completamente fora do controle.

A TEI...

Beatrice piscou, afastando as lágrimas. Ele precisava dela.

"Nunca mais toque nela!", Beatrice ouviu Frederick gritar, enquanto pegava Gavin pela gola da camisa e o prensava contra o capô do carro dele. "Nunca mais chegue perto dela. Nunca mais se aproxime..."

Ele ergueu o punho, os nós dos dedos ensanguentados, Gavin parecia ter perdido as forças, um boneco de trapos perto da fúria de Frederick. Ele fechou os olhos.

"Frederick!", Beatrice gritou, ignorando os chamados de seu pai que a mandava voltar para junto dele. "Frederick, pare com isso!"

Ele desceu o punho, acertando Gavin no olho.

Beatrice estava mortificava, mas mesmo assim, diante de todos aqueles olhares, continuou avançando até a rua.

"Frederick!"

Outro soco. Ela sentiu vertigens.

Frederick puxou o braço para trás novamente, tomando impulso para o próximo golpe.

Beatrice parou no lugar, paralisada.

Não.

"Adrien!", gritou, em sua última esperança, tremendo tanto que temeu desmoronar ali mesmo, na calçada.

Ele então ficou parado, finalmente tocado pelas palavras dela.

Segundos intermináveis se passaram até que ele soltasse Gavin e descesse o braço.

Quando se virou para ela, seus olhos azuis estavam tão profundamente cheios de culpa, que Bea teve que resistir e não correr até ele.

"Beatrice...", foi a única palavra que ele sussurrou, podendo ser ouvida a quilômetros de distância, tamanho foi o silêncio que se apoderou da pequena rua naquele momento.

Então, no segundo seguinte, ele veio até ela, deixando um Gavin parcialmente inconsciente e ensanguentado caído contra o carro.

A respiração de Beatrice estava entrecortada quando Frederick chegou perto dela, tão próximo que ela conseguia ver cada mínima parte do seu rosto ensanguentado, com hematomas que já começavam a surgir.

Lentamente, ela ergueu o braço, afastando o cabelo dele dos olhos. Ele parecia um gigante voltando de uma guerra sangrenta.

"Frederick...", sussurrou Bea, tantas emoções a invadindo que não soube o que dizer. Queria gritar com ele por ser tão imprudente, ao mesmo tempo em que queria puxá-lo para um abraço e reconfortá-lo.

A dor em seus olhos era destruidora.

"Eu sinto muito", sussurrou ele, a voz rouca fazendo com que seu coração balançasse. "Não queria que tivesse visto is..."

Beatrice balançou a cabeça, sem desviar o olhar de seu rosto.

"Vai ficar tudo bem."

E então, tão rápido que seu cérebro demorou a processar as informações, Beatrice ouviu o clamor coletivo de todos que assistiam à briga, ao mesmo tempo em que o rosto de Frederick assumia uma espantada e profunda expressão de dor.

Quando ele começou a desmoronar, sem conseguir aguentar o próprio peso, Beatrice viu Gavin atrás dele, empunhando uma grossa tora de madeira coberta de neve.

"Não!"

Apesar de ter sido acertado na cabeça, Frederick pareceu reunir forças suficientes para empurrar Gavin para longe dela, fazendo com que ele escorregasse na neve, caindo sobre a janela do carro em um estalido sonoro de vidros se quebrando em mil pedaços.

Beatrice viu o sangue manchando seu rosto onde centenas de cacos de vidro cortavam a pele, e em seguida o grito desesperado de Gavin ecoou pela rua. Ele levou as mãos ao rosto, e quando viu o sangue nos dedos, o terror resplandeceu em seus olhos verdes.

Ele olhou para os lados, vendo as pessoas o observarem das janelas com rostos assombrados, e tão rápido quanto possível, Beatrice observou Gavin entrar no seu carro destruído e dar partida, sumindo pelas ruas no segundo seguinte.

Porém, antes que o visse desaparecer, ela já estava no chão, sentindo a neve molhar suas roupas.

"Frederick", ela chamou, agarrando o grande homem pelos ombros e afastando seus cabelos dos olhos. "Frederick! Pelo amor de Deus, diga alguma coisa."

Seus olhos azuis estavam fixos nela, fazendo com que o coração de Beatrice parasse de bater por um segundo.

"Minha cabeça...", ele sussurrou, e aquilo foi o suficiente.

Deslizando os dedos pelo couro cabeludo dele, Beatrice encontrou o lugar onde Gavin o acertara.

Um belo galo já crescia no lugar.

"Não é nada grave", ela obrigou-se a dizer, para tranquilizar mais a ela própria do que a ele. "Vai ficar tudo bem."

Com visível esforço, Beatrice ergueu Adrien do chão, e em um segundo, seu pai estava ao seu lado, colocando um dos braços de Adrien sobre seus ombros e ajudando-a a levá-lo para dentro de casa.

"Vai ficar tudo bem", ela repetiu, e apesar de estar mergulhando na inconsciência, Adrien soube que era verdade.

Pois ele estava com ela e nada de ruim poderia acontecer naquela situação.

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Oii meus amores!

Mais um capítulo novinho para vocês - curtinho, admito -, que é o penúltimo desse livro! Agora falta só mais um capítulo e o epílogo para o fim de ARMB... Como está o coração de vocês?

Como se sentiram no decorrer desse capítulo? Ele foi super intenso na escrita e quero saber se foi durante a leitura também (:

Muito obrigada por estarem lendo esse livro, que se tornou um dos meus queridinhos aqui no Wattpad! Se não fosse por vocês nada disso seria possível. Amo ter vocês por aqui. Obrigada mesmo.

Aproveitando o espaço - aquele momento bem propaganda kkkk - queria convidar vocês para ler meu novo conto aqui no Wattpad "Luísa, Luís e um romance de Natal" que é super amorzinho e rápido de ler. Para quem já está com saudades do Natal, vai ser ótimo! <3

Vejo vocês, então, no último capítulo de A Rosa Mais Bela.

Garanto uma coisa: 

Vai ser incrível.

Beijos,

Ceci.

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