• Capítulo 13 •
Em Roseville, na casa mais glamorosa e grande da cidade, Leif olhava para Gavin como quem não acredita no que está ouvindo.
"Espere um pouco", ele pediu, levantando-se da cama do amigo onde estava sentado. "Então Frederick não é..."
"Não é quem ele diz ser." Gavin tinha um sorriso tão grande no rosto que mais parecia ter ganhado na loteria.
"Como... descobriu?", Leif perguntou, e o outro se divertiu com sua expressão assombrada.
"Demorou um bom tempo, como já deve ter percebido", começou, caminhando pelo quarto. "Algumas ligações, pesquisas e a confirmação final."
"Confirmação final?"
"Já passei uma noite com uma das criadas da mansão, há um bom tempo", contou ele. "Para minha sorte, ela estava bem disposta a conversar ontem à noite, quando liguei para ela."
"Você é terrível", constatou Leif, soltando uma risada. "Desculpe se ainda estou surpreso demais, tentando analisar os fatos. Quer dizer, se já está nisso há mais de duas semanas, por qual motivo não me atualizou dos fatos?"
O pequeno rapaz estava realmente ressentido.
"E do que adiantaria?", falou Gavin, fazendo um gesto com a mão, como se aquilo não tivesse importância. "Apesar de ter minhas suspeitas, eu ainda não tinha certeza que Frederick Harris é na verdade Adrien Fletcher. Agora já sei, e você está aqui, sabendo primeiro do que todos."
As duas semanas que se seguiram desde que Beatrice estava fora se arrastaram para Gavin. Apesar de se ocupar com as investigações que fazia sobre Frederick – ainda sem ter ideia do tamanho do que realmente iria descobrir – não ter Bea por perto era tormentoso. Nenhuma outra garota conseguiu distrai-lo durante todo aquele tempo.
Os passos para descobrir mais sobre o misterioso homem que morava nas colinas tinham sido lentos e cansativos, Gavin nunca poderia ter imaginado, porém, que naquela busca por saber mais, acabaria descobrindo algo completamente novo e impressionante.
Agora, juntando todos os pedaços de suas pesquisas, ligações e com a ajuda de sua própria mente astuta, tudo fazia sentido.
Três anos antes, o único filho de Edric Fletcher – um dos homens mais ricos do mundo devido sua famosa rede de cassinos internacional – havia sofrido um grave acidente de carro. O acontecimento não foi de interesse internacional apenas por Adrien ser filho de quem é, mas também pela própria fama que ele estava construindo. Graças ao seu rostinho bonito, tinha estampado capas de revista, participado de desfiles, entrevistas, propagandas e mais uma porção de coisas que era difícil de listar. Além, é claro, de colecionar suas famosas brigas de bar.
De todo modo, depois do acidente, Adrien simplesmente desapareceu. Fotógrafos, repórteres, emissoras, ninguém nunca conseguiu nem uma única foto.
Gavin leu artigos de alguns poucos depoimentos que seus pais tinham dado desde então, no início dizendo que ele ainda estava se recuperando, e, mais recentemente, desculpas esfarrapadas sobre viagens internacionais. Como se a mídia não tivesse capacidade o suficiente para esperá-lo em qualquer aeroporto do mundo onde ele pudesse pousar...
Mas agora, depois das confirmações da noite anterior e os pedidos frenéticos da criada para que nunca contasse aquilo para ninguém, Gavin entendia tudo.
O acidente desfigurara o rosto do famoso Adrien Fletcher, como Marco Morgan havia confirmado dias atrás. Provavelmente, assim que percebeu o tumulto que causaria reaparecendo, se escondeu em um lugarzinho como aquele, onde ninguém poderia achá-lo.
Adrien mentia sua identidade, não saia de casa e mantinha os criados morando na mansão, como precaução para que ninguém nunca descobrisse sobre ele. Mas Gavin sabia. Sim, ele sabia.
"Beatrice nem faz ideia de com quem está dividindo o teto...", ele ouviu a voz de Leif dizer de repente. "Imagine só a cara dela quando souber."
"Com certeza não vai ser boa. Ela... detesta mentiras." Na verdade, Gavin não sabia muita coisa sobre Beatrice, mas, sem dúvida, ela não gostaria daquilo, não é?
"Ela deve estar louca para sair daquela casa", continuou dizendo Leif, em seguida assumindo uma expressão pensativa. "Como será a cara dele? Com certeza bem ruim para ter se escondido desse jeito..." Ele soltou uma risada.
"Sabe, mandei uma mensagem para ela há duas noites...", comentou Gavin.
"E ela respondeu?"
Gavin lançou um olhar nada amistoso para o amigo.
"Claro que respondeu", disse. "Ela sempre conversa comigo."
Leif ergueu uma sobrancelha, como quem não acredita nem um pouco.
"Perguntei o que estava achando da casa e do homem que a hospedava", continuou, sentindo a raiva ferver dentro de si. "E sabe o que ela respondeu?"
"Que está apavorada e quer voltar para a casa?", sugeriu o rapaz.
"Que a casa é linda e Frederick é ótimo", corrigiu. "Acredita nisso?" Ele estava indignado.
"Bem...", começou Leif, dando de ombros, "só porque o cara é horrível não quer dizer que não possa ser gentil, não é?"
Gavin grunhiu.
"Se ele for pelo menos metade do que eu imagino, Beatrice manteria um espaço de duzentos metros de distância dele."
"Isso foi cruel...", falou Leif, abrindo um sorrisinho de lado. "Mas e agora? Você sabe quem na verdade é Frederick, sua amada continua longe e, aparentemente, não se incomoda muito em estar na mesma casa que o Quasímodo."
"Pretendo esperar, pelo menos mais um pouco", disse Gavin, passando uma das mãos pelos cabelos negros, fitando seu reflexo no teto espelhado de seu quarto. "Soube que as estradas estão abrindo, e, se tiver sorte, o tempo pode continuar melhorando."
"E..."
"Como sabe que tem mais?", perguntou Gavin, virando os olhos para Leif.
O amigo deitou na sua cama e o olhou de lado.
"Sempre tem mais com você, Gavin."
"Bem, está certo." Ele caminhou até a janela, observando a rua iluminada lá em baixo, sem nenhuma alma viva. "Pretendo continuar... trocando algumas mensagens com Beatrice. Quero ter certeza sobre o que ela realmente acha de Fre... Adrien."
"Não vai contar a verdade para ela?"
"Apenas se..."
A frase ficou suspensa no ar. Gavin cerrou as mãos em punhos com os pensamentos que lhe invadiram.
"Apenas?", incitou Leif.
"Apenas se ela se mostrar interessada nele", disse, as palavras parecendo rasgar sua garganta. Ele ouviu Leif rir.
"Por que ela se interessaria por um desfigurado quando tem você?", o amigo perguntou, e aquilo contentou Gavin mais do que poderia descrever. "Até onde sei, Beatrice não é cega."
"Não mesmo", falou. "Mas, se for, então contamos a verdade para ela. Em grande estilo."
"Grande estilo?"
"Ora, Leif", sussurrou Gavin, fitando as colinas brancas que se estendiam além de Roseville. "Como você acha que Adrien Fletcher reagiria se a mídia o encontrasse e o revelasse novamente para o mundo?"
Ele ouviu o amigo engasgar atrás de si.
"E, principalmente, como acha que Bea reagiria se soubesse que o homem com que está passando tanto tempo mentiu para ela desde o início?"
"Algo me diz que ela o detestaria", opinou Leif. "E que... precisaria de alguém para consolá-la se, quem sabe, seu coração fosse partido."
"E é aí que eu entro", murmurou Gavin, um sorriso discreto se formando em seus lábios. "Mas, com sorte, não chegaremos a esse ponto. Aliás, qual é a chance de Beatrice, linda como é, acabar se apaixonando por um monstro que acabou de conhecer?"
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Oii meus amores! Espero que tenham gostado do capítulo, apesar dele ter sido do Gavin hahahaha
O que vocês acham que vem por aí? Muita treta?
Vamos aguardar para ver!
Obrigada pelos 4K de visualizações no livro! Estou realmente sem palavras para esse crescimento em tão pouco tempo <3 Vocês são incríveis!
Beijos e até o próximo capítulo,
Ceci.
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