• Capítulo 1 •
Andando entre as mesas do café, Beatrice tentava não se sentir tonta.
Seus movimentos eram programados, anotar pedidos, passá-los para Eliza do outro lado do balcão, certificar-se que mais nenhum cliente havia chegado e equilibrar as bandejas, colocando todas aquelas delícias nas mesas certas. O dia todo era a mesma coisa, até às quatro da tarde.
"Você tem um equilíbrio e tanto", comentou Eliza naquele momento, enquanto Beatrice pegava duas bandejas de uma só vez de cima do balcão.
"É a prática", respondeu quando retornou de mãos vazias, secando o suor da testa. "Hoje está movimentado."
Ela passou os olhos pelo pequeno café, que era completamente decorado no estilo parisiense. Com mesas redondas depositadas tanto dentro quanto fora do café, vasos de flores por todo canto e uma música melodiosa saindo do radiozinho em cima do balcão, o lugar era realmente aconchegante.
Bem no centro de Roseville - aquela minúscula cidade de quase cinco mil habitantes - o café em que Beatrice trabalhava de dia era mais frequentado por senhoras e casais de namorados. Mesmo com a correria de ser a única garçonete naquele lugar, ela ainda tinha tempo para, de vez em quando, parar e observar as pessoas que chegavam e se sentavam nas mesinhas. Claro que, como toda pessoa que mora em uma pequena cidade, Beatrice já conhecia todas as pessoas que entravam por aquela porta. Mas, mesmo assim, gostava de vê-las interagir entre si, seguindo com a mesma vida monótona e cotidiana de sempre.
"Boa tarde, Sra. Burton", Beatrice cumprimentou alegremente a velhinha de quase setenta anos que chegara naquele momento, sentada na mesa mais próximo do balcão. "Deixe-me adivinhar, hoje a senhora vai querer uma boa xícara de café quente e rosquinhas de chocolate."
A senhora sorriu para ela, o rosto enrugado tomado por um brilho genuíno.
"Isso mesmo", ela confirmou com sua voz baixinha. "Como consegue fazer isso?"
Beatrice deu de ombros. "Faz parte da mágica do lugar."
Ela sorriu e deu as costas para a Sra. Burton, dirigindo-se até o balcão para passar os pedidos para Eliza. Beatrice nunca teria a indelicadeza de contar que a velhinha pedia sempre a mesma coisa, três vezes por semana, porém, com a memória já falha, ela nunca se lembrava daquele pequeno detalhe.
"Uma xícara de café e rosquinhas de chocolate", ela disse para Eliza, que largou a revista que folheava e preparou a bandeja com os pedidos.
Eliza era a filha do dono do café, que havia pertencido ao seu avô e ao pai dele antes disso. Beatrice podia jurar que aquele lugar nascera junto com a cidade, assim como a maioria dos outros estabelecimentos em Roseville.
"Olha só isso", Eliza disse apontando para uma das matérias da revista, quando Beatrice voltou da mesa da Sra. Burton. "Hoje completa três anos do acidente de Adrien Fletcher."
"Quem?", Beatrice perguntou, inclinando-se ligeiramente para ver as imagens que cobriam as páginas. Um carro completamente destroçado estava presente, assim como uma foto não muito nítida de alguém em uma maca, sendo levado às pressas para dentro de um hospital.
"Adrien Fletcher, ora", repetiu Eliza, olhando para Beatrice como se ela fosse de outro mundo. "Por favor, não diga que não conhece esse também..."
Eliza era a garota mais fanática por garotos da cidade. Ela era meio que a louca por moda e famosos, além de jogar charme para praticamente qualquer garoto da sua idade que passava por ela. Beatrice a considerava uma boa amiga, mas sabia que as duas não falavam bem a mesma língua. Algo que era um fato mundialmente conhecido para Eliza, não passava de menções sem sentido para Beatrice.
"Olhe, é esse aqui." Eliza apontou para uma foto no canto superior esquerdo da página, onde um garoto ruivo de olhos azuis sorria de um modo de tirar o fôlego. Sem dúvida era um gato.
"Esse não é o filho daquele multibilionário, dono de cassinos e tudo mais?", perguntou Beatrice, forçando a memória. Era verdade que Roseville ficava no fim do mundo, um ponto esquecido no meio do mapa, mas como toda e qualquer cidade, todas as pessoas ali sabiam um pouquinho sobre o que tinha depois das infinitas colinas que cercavam a cidade. Uma das muitas vantagens da Internet.
"Esse mesmo!", Eliza exclamou com os olhos verdes reluzindo, satisfeita por ela ter se lembrando. "Adrien é o único filho de Robson Fletcher. Não se lembra do acidente há três anos? Tipo, todo mundo só falava disso."
"A mídia, você quer dizer", comentou Beatrice, apoiando os cotovelos no balcão. "Mas se é isso que você quer saber, sim, lembro-me vagamente do ocorrido, mas não dei muita bola." Eliza pareceu fuzilá-la com o olhar, obviamente ressentida pelo comentário. "Mas ele não morreu, né? Está vivo pelo que sei. Um acidente triste como milhares de outros."
"Você é tão por fora", disse Eliza, como se aquele fosse o pior dos insultos. Beatrice riu. "O que tem de diferente nisso tudo é que, mesmo com Robson Fletcher dizendo que o filho sobreviveu e estava tendo os melhores cuidados médicos possíveis, Adrien nunca mais foi visto."
"Uau...", sussurrou Beatrice, tentando parecer minimamente interessada. "E..."
"E que isso ainda é um grande mistério, cabeça oca", disse ela, fechando a revista e dando uma batidinha com ela na cabeça de Beatrice. "Você não fica nem um pouco curiosa em relação a isso? Quer dizer, o cara era super famoso, estava praticamente ingresso na carreira de modelo e era o sonho de qualquer garota. Se alguém me pedisse para escolher entre ele e o Ian Somerhalder eu realmente não saberia o que responder."
"Se sinta agradecida então", disse Beatrice com um sorrisinho, dirigindo-se para outra mesa que acabara de ser ocupada, "já que vai ser bem difícil você ter que fazer essa escolha."
Eliza mostrou a língua para ela, mas no instante seguinte estava rindo.
Beatrice anotou os pedidos do casal que acabara de chegar, e quando já estava voltando para o balcão, percebeu um rosto familiar atravessar a porta de entrada. O homem se sentou em uma das mesinhas desocupadas. Ela sorriu e dirigiu-se até lá.
"Boa tarde, Sr. Morgan", falou, olhando para o senhor de cabelos já grisalhos. "O que vai querer?"
Marco Morgan olhou para a filha, sorrindo.
"Não sei, mas o que acha de se sentar um pouco aqui e conversar com seu velho pai?"
Beatrice riu, balançando a cabeça. "Não dá. Eu ainda tenho...", ela consultou o relógio de pulso, "meia hora de expediente. Desculpe."
"E eu pensando que havia chegado bem na hora...", disse ele, os olhos castanhos se encontrando com os de Beatrice. Ela se inclinou para o pai, segurando sua mão sobre a mesa.
"Hoje é meu dia de folga no Baker's, lembra?", disse, mencionando seu segundo emprego onde também trabalhava como garçonete, das sete às onze da noite, cinco dias por semana. "Assim que sair daqui vou dar uma passada rápida na biblioteca e ir para casa. Podemos assistir a algum filme, ou sair para jantar. O que acha?"
Marco apertou a mão da filha com carinho.
"Acho que você trabalha demais, Beatrice", falou, soltando um suspiro em seguida. "Sei que quer entrar na faculdade o mais rápido possível e precisa de dinheiro para isso, mas minhas economias podem ser o suficiente para..."
"Suas economias são para uma emergência", interveio Beatrice no mesmo instante, voltando para mesma conversa que eles sempre tinham. "Papai, pode demorar mais um ou dois anos, mas sei que vou conseguir. Acabei de concluir o ensino médio, de todo modo não era como se eu fosse entrar na faculdade agora. Estou bem, não se preocupe."
"Não me preocupar?", ele perguntou com uma risadinha descrente. "Ah, Beatrice, você é tão igual a sua mãe." Seus olhos reluziram quando a mencionou. "Corajosa, inteligente e determinada a seguir seus sonhos."
Beatrice abriu um sorriso triste. Por mais que não se lembrasse de sua mãe – ela havia morrido pouco tempo depois que ela nascera devido a uma doença cardíaca – sempre que seu pai lhe contava histórias sobre ela e como era parecida com a filha, seu coração se enchia de uma espécie de melancolia. Queria poder tê-la conhecido, mas sempre soube que seu pai cumprira muitíssimo bem os dois papeis – de pai e mãe – e ele era simplesmente todo o mundo de Beatrice.
Naquele momento, enquanto já se afastava para entregar os últimos pedidos e limpar algumas mesas, a atenção de Beatrice foi voltada à pequena televisão do outro lado do café, suspensa na parede.
"A maior nevasca de todos os tempos está prevista para poucos dias e assolará principalmente toda a região norte do país", disse a meteorologista, apontando para um mapa do país ao fundo. "Um inverno rigoroso, que já deu sinais de sua força nessa última semana, promete ser o mais frio e severo dos últimos trinta anos."
"Minha época favorita se aproxima", comentou Beatrice com um sorriso, olhando pela janela do café e observando as ruas já ligeiramente cobertas de neve. Virando-se para o pai completou: "Parece que vamos ter que comprar cobertores mais quentes esse ano..."
Seu pai já havia ido embora quando Beatrice tirou o avental e pegou sua bolsa atrás do balcão. Naquele dia Eliza e ela eram as responsáveis por fechar o café.
"Puxa, estou um caco", disse Beatrice quando elas trancaram as portas do lugar, tentando ajeitar os cabelos pela vitrine que exibia os doces do dia.
"Até parece", provocou Eliza com um sorrisinho, dando uma cotovelada de brincadeira nas costas dela. "Você está tão bem que olha só quem vem vindo... Gavin parece um abutre quando se trata de você, sentindo seu cheiro a quilômetros de distância."
"Ah não...", murmurou Beatrice, desejando virar pó e sumir dali. Quando se virou para trás, percebeu que Gavin acenava para ela da outra esquina, aproximando-se a passos largos.
"Ele é um gato", comentou Eliza ao seu ouvido, antes que ele chegasse até elas. "O cara mais lindo que Roseville já viu, para falar a verdade. Por que não dá uma chance?"
Beatrice revirou os olhos para ela, odiava quando Eliza fazia aquela pergunta.
"Posso enumerar os motivos", respondeu. "E ficaria aqui até amanhã se o fizesse."
"Tudo bem que ele não é tão inteligente quanto você...", comentou Eliza, no mesmo instante em que Gavin, com um sorriso enorme e olhos fixos em Beatrice, não olhou para o caminho e pisou em uma enorme poça de lama, sujando seus lindos tênis caros. "Não tão inteligente mesmo", completou, o que fez as duas rirem. "Mas, o que custa tentar?"
Muita coisa, Beatrice pensou, inquieta.
"Bem, acho melhor eu ir", falou Eliza, começando a se afastar. "Não consigo ficar mais do que dois segundos perto desse bonitão sem quem meus hormônios reajam. Até amanhã, Beatrice."
"Até."
Ela então caminhou pelas ruas estreitas da pequena cidade, afundando-se em seu casaco e desaparecendo de vista, deixando Beatrice desamparada e à mercê de Gavin.
Olhando para o fim da calçada, Beatrice percebeu que não dava mais para fugir e fingir que não o tinha visto. Quando piscou Gavin Hardy já estava ali, bem do lado dela.
"Boa tarde, Beatrice", ele cumprimentou com um sorriso de orelha a orelha. "Como vai?"
"Muito bem", ela respondeu, passando por ele e caminhando pela calçada. Gavin a seguiu. "E você?"
"Muito melhor agora, se quer saber." Não quero. "Aonde vai?"
"À biblioteca", respondeu, pegando o livro que tinha terminado de ler no dia anterior de dentro da bolsa. Talvez, se ela simplesmente enfiasse o nariz no volume, Gavin iria embora. Infelizmente, a boa educação que tivera a impedia de fazer isso.
"De novo essa biblioteca?", ele perguntou com óbvio desprezo, fazendo uma careta. "Quando não está trabalhando está lendo, e quando não está lendo está trabalhando. Onde fica a diversão, Beatrice?"
"Ora, há muita diversão nas páginas de um livro", ela disse, observando Gavin ao seu lado, quase trinta centímetros mais alto que ela.
Seria tola se não admitisse que Gavin era realmente bonito e merecia a fama que tinha na cidade por causa daquilo. Seus cabelos e sobrancelhas eram de um negro intenso, seus olhos azuis escuros, como a cor do mar em suas profundezas, e seu corpo... Bem, o tempo que ele gastava malhando era com certeza maior do que ele gastava tentando ser um pouco mais inteligente.
Porém, por incrível que possa parecer, quando olhava para Gavin tudo que Beatrice via era um estúpido machista e cabeça mole. Sua grosseria, jeito invasivo e ignorância completa, faziam com que ele parecesse cada vez mais horrível aos olhos dela.
Loucura, mas era a verdade.
"E então, tem algo programado para esse sábado à noite?", Gavin perguntou de repente, despertando-a dos devaneios. "Por favor, não diga que vai trabalhar de novo..."
Beatrice olhou para ele, tentando apressar o passo e chegar mais rápido à biblioteca, onde, quem sabe, poderia se refugiar dele.
"Bem, meu trabalho é uma coisa semanal", disse, com o máximo de educação possível. "Na verdade, quase todo trabalho é. Sinto muito, Gavin, não vai dar."
"Sabe que não vou desistir de você, não sabe?", ele perguntou de súbito, entrando na frente de Beatrice e fazendo com que ela parasse no meio da calçada. Os olhos azuis dele fitavam os dela, em uma tentativa bem fraca de ser sedutor. "Você, Beatrice", recomeçou ele, "é a garota mais linda que essa cidade já viu, e eu... Bom, acho que nós dois poderíamos nos dar muito bem. Realmente gosto de você."
Gosta mesmo de mim, Gavin? Ou só me quer como mais um troféu na sua estante?
Beatrice podia ser tudo, mas boba não estava na sua lista de adjetivos.
Gavin era um galanteador, conhecido em toda cidade por sua beleza e feitos admiráveis, que na verdade consistiam em ir à caça de lobos e alces gigantes, para depois empalhar suas cabeças e deixá-las como decoração no bar mais frequentado pelos homens de Roseville. Claro que a caça de animais ali era proibida, mas a família de Gavin era rica na cidadezinha e também bastante influente, quem ligava se o filhinho deles de vinte anos completos fazia algumas besteiras?
Era desprezível.
"Nós somos muito diferentes, Gavin", disse Beatrice, querendo deixar aquilo bastante claro. "Sei que vai ser difícil para você ouvir isso, mas...", ela desviou dele e começou a andar de ré pela calçada, olhando bem fundo em seus olhos, "eu não vou nunca ter algo com você. Então, por favor, faça a gentileza de parar de tentar."
Beatrice então deu as costas para um Gavin completamente boquiaberto e surpreso. Ela atravessou a rua as pressas - quase sendo atropelada no processo - e virou uma esquina.
Ela sabia que um dia teria que deixar as coisas claras para Gavin, só não sabia que o dia seria aquele. Beatrice entendia que, talvez, teria que suportá-lo por mais algum tempo para que ele finalmente caísse na real, mas pelo menos agora Gavin sabia exatamente que suas chances eram nulas com ela.
Beatrice ainda estava a duas quadras da biblioteca quando seus olhos foram atraídos para as colinas ao longe, aquelas que cercavam Roseville pelo lado norte. Sentiu um calor reconfortante tomar conta do seu peito e um sorriso veio aos lábios.
Ela então atravessou a rua, tomando outro caminho, que não era o da biblioteca.
Olhando a pequena cidade de longe, Beatrice não pôde deixar de pensar em como queria mais do que a vida que levava ali.
De pé em uma das colinas mais altas, ela desejou ter as asas de um pássaro e voar para longe, conhecer novos lugares e novas pessoas, viver aventuras como aquelas em que lia nos livros.
Em Roseville - aquele lugar onde nascera, crescera e que quase nunca tinha a oportunidade de sair - todos os dias eram iguais aos anteriores. As pessoas tinham as mentes fechadas para o que havia além e Beatrice se sentia completamente só. Nunca teve alguém com quem realmente pudesse conversar, compartilhar os mais profundos sonhos que habitavam seu coração e trocar opiniões sobre os livros que amava.
E, por mais que soubesse que seu pai ajudaria com o que fosse preciso, Beatrice não tinha coragem de contar para ele o que estava passando nos últimos tempos.
"Eu quero mais", sussurrou ela, as palavras sendo levadas pelo vento enquanto se virava para as imensas colinas que se estendiam à frente. Para o mundo que havia além dali. "Quero conhecer o mundo e, principalmente, ter alguém que me entenda de verdade."
Beatrice fitou o chão de terra, ligeiramente coberto pela neve. Sempre vinha até ali quando queria ficar sozinha, pensar ou simplesmente ficar olhando para Roseville de longe, perguntando a si mesma se um dia seria capaz de se sentir completa ali. Sua cidade era seu lar, isso era certo, mas ela desejava ir para novos lugares e de tempos em tempos retornar, como uma pessoa melhor a cada ida e vinda.
Beatrice queria viver uma grande história, mas, talvez, teria que lutar para conseguir aquilo. Oportunidades nunca vieram realmente até ela, e situações que se desenrolam e levam a um desfecho impressionante só aconteciam nos livros que lia.
Mas mesmo assim...
Naquele momento, um som fez com que todos os sentidos dela ficassem em alerta total. Seu corpo virou pedra e seus ouvidos se apuraram enquanto Beatrice tentava identificar o que havia de errado ali.
Um rugido, baixo e ameaçador, fez com que ela conseguisse se mover, virando lentamente para trás.
"Meu Deus...", foi tudo que escapou de seus lábios quando Beatrice se deparou com o enorme lobo a poucos metros dela. Seus olhos dourados eram furiosos e as presas estavam à mostra. O animal estava obviamente faminto.
Lobos nunca chegam tão perto da cidade, pensou ela tolamente, como se aquele fato pudesse fazer com que a situação mudasse.
Beatrice olhou para trás. A colina que descia até a cidade era íngreme demais para que conseguisse correr ladeira abaixo, o mais certo e que morreria quebrando o pescoço antes que o lobo a devorasse.
Com as mãos agarradas a bolsa – pois aquele parecia o único objeto que ela poderia usar para se defender – Beatrice deu lentos passos para a esquerda, não desviando os olhos do lobo. Ele sente meu medo, pensou apavorada, vai atacar.
E ela estava certa.
Beatrice conseguiu se afastar pouco mais de cinco metros quando o lobo se cansou e atirou-se até ela.
Seguindo todos os instintos de sobrevivência que ela nem sabia que tinha, Beatrice virou as costas e correu tanto quanto poderia.
Beatrice ouvia os passos rápidos do lobo atrás dela e seu uivo cortar o ar. Ele estava chamando o resto da alcatéia, e logo ela seria o prato principal do jantar.
Não. Eu me recuso a morrer assim.
O pensamento pareceu lhe dar forças, e embora não soubesse para onde exatamente estava indo, ela continuou correndo, determinada a sair daquela situação horrível.
Lágrimas molharam seu rosto quando o pulmão queimou e implorou por mais ar, as pernas começaram a fraquejar e ela olhou para trás, apenas para constatar que em menos de dois minutos o lobo a alcançaria. Nunca conseguiria vencer o enorme animal em termos de velocidade.
Beatrice estava prestes a parar, sem aguentar mais a dor que se espalhava pelo seu corpo, quando avistou sua salvação.
Ali, tão perto da cidade, a enorme mansão antiga que mais parecia um palacete, se estendia por um vale imenso. Puxando o ar para dentro dos pulmões, Beatrice gritou por socorro. Estava perto, muito perto.
Enquanto corria, uma chama de esperança brotou em seu coração. Conseguiria se salvar, tinha que conseguir.
O pensamento foi embora tão rápido como veio quando sentiu uma mandíbula quente e úmida se aproximar de sua canela. Beatrice gritou e sem ter ideia do que estava fazendo rolou pelo chão, segurando um enorme galho de árvore que estava por perto. Com a adrenalina correndo pelas veias, ela mirou o galho na cabeça do lobo, que já avançava para cima dela.
O enorme animal se afugentou por míseros segundos, segundos preciosos para Beatrice, que conseguiu se aproximar ainda mais da enorme mansão. Quando chegou ao grande portão de ferro ornamentado, gritou por socorro e sacudiu as grades. Mais dois lobos tinham se juntando ao primeiro naquele curto espaço de tempo, e vinham correndo em sua direção.
Então o portão, talvez pela força de Beatrice ou simplesmente por já estar aberto, se abriu e fez com que ela fosse lançada para frente, batendo a cabeça no chão com tanta força que sentiu as vistas escurecerem no mesmo instante.
Mergulhando na dor e na inconsciência, tudo que ela conseguiu fazer antes de desmaiar – e mais tarde ela não saberia responder de onde arranjara forças para aquilo – foi dar um chute nas barras do portão, que fez com que ele se fechasse no exato momento em que os lobos se lançaram sobre ele.
Então Beatrice desmaiou, sem ouvir os passos apressados e os gritos desesperados que se aproximavam dela, vindos da mansão. Também não sentiu quando seu corpo foi erguido do chão por braços fortes e firmes, que correram com ela para dentro da casa.
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Oii gente!!!! Então, mais um livro por aqui, hein? Hahaha
A Rosa Mais Bela está sendo um livro super importante para mim, e desde que comecei a escrever mal via a hora de poder compartilhá - lo com vocês!
E então, digam tudo, o que estão achando até agora?? Adoro ler e responder os comentários de vocês!
Vou tentar manter o ritmo de postagem duas vezes por semana, por isso adicionem o livro na biblioteca para não perderem nenhum novo capítulo.❤
Por hoje é isso pessoal. Bom domingo pra vocês e até semana que vem!
Ceci.
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