O Covil dos Vorn-Nasca
O agente Oleksei estava suava e tremia por antecipação. Ele e mais uma dezena de agentes do Departamento D estavam prontos para iniciar a ação. Aquela era a melhor pista que houve em anos e que poderia indicar a localização do covil dos Vorn-Nasca. A mansão que cercavam era cedida como conceção do estado para moradia do presidente da Companhia de Metais Durkheim. Era um homem poderoso chamado Iago Dortiravich Ferov. Além de presidente da companhia, ele possuía dezenas de outras concessões importantes. Todo o sistema de governo havia sido construído para evitar o acúmulo de riqueza e poder nos indivíduos e suavizar as diferenças sociais. Funcionava bem, salvo exceções como o Sr. Ferrov, que além de rico, possuía boa fama. Uma batida na casa dele seria algo impensável, mas as evidências eram contundentes. O furkenbolg e outras tantas figuras mapeadas como relacionadas ao Tentáculo estavam no interior da propriedade. Um reunião de negócios noturna era algo incomum e tão pouco havia evidência de que uma festa estivesse acontecendo.
Alguns agentes acreditavam que a liderança escorregadia e virtualmente invisível da organização criminosa fosse composta pelos quase lendários Vorn-Nasca.
A mansão era enorme e cercada por grades metálicas ornamentadas do período monárquico. Pertencera a uma família de nobres cujo maior expoente membro fora Aleor dos Mercusos.
Oleksei gostava de história e tinha a sensação de que aquela invasão era apenas o início de uma importante transformação no Estado de Durkheim. Assim como a nobreza havia sido deposta para dar lugar ao estado controlador da propriedade, algo precisava acontecer para evitar a corrupção de organizações criminosas e sua penetração no governo. Era incômodo pensar que uma usina inteira havia caído no controle de criminosos. Certamente a companhia de metais poderia estar sob o abraço do Tentáculo.
A espera dava ao agente muito o que pensar. Seu trabalho e sua cidade estavam agora sob ameaça direta dos invasores. Seriam os invasores os salvadores do povo das trevas e abusos cometidos pelo estado? Algum dia, o povo estaria livre de ser controlado e sofrer abusos de poderes maiores? Fazia algum sentido lutar por seu país? Ou contra ele? Para alguns, o estado em si, não existia. Era apenas a passividade de seus cidadãos. Aceitar as coisas como eram mantinha aqueles poderes e costumes, forças invisíveis e que recebiam o nome de estado. De algum modo, Oleksei sentia o destino do estado passar agora por suas mãos. O destino sendo manipulado por seus dedos por uma segunda vez. Ele esteve envolvido na investigação que expôs a usina subterrânea controlada pelo Tentáculo e que produzia supersoro que era comercializado no mercado negro.
Oleksei ajustou seu telepin para abrir comunicações. O telepin era um equipamento manótico criado há poucos anos e ainda desconhecido largamente em Durkheim. Constituído por um conjunto de jóias, podia ser montado numa tiara ou no forro interno de chapéus ou gorros. Os agentes do Departamento D estavam entre os poucos que tinham acesso ao telepin e com ele podiam criar uma rede de comunicações telepáticas.
"Estão todos à postos?" Indagou a voz telepática do agente Schult.
Diversas mensagens vieram: "Norte confirmado". "Noroeste estável". "Sul também". "Aqui sudoeste." "Leste confirmado. Vamos ter ação?"
Schult respondeu, "Muito bem. Oleksei, é com você..."
Oleksei convocou um de seus gênios, o Mifkin. Usá-lo era sempre arriscado. Apesar de ser subinteligente, a criatura era bastante rebelde. Era pequeno, peludo e totalmente negro, exceto por seus olhos alaranjados e ariscos. Olhando-o de longe, poderia ser confundido com uma raposa, pequeno cão ou gato. Porém, ao se mover, ficava evidente que havia mais que quatro patas, na verdade, doze, emparelhadas em três fileiras. Além de ser muito veloz, a criatura possuía capacidade ímpar de se camuflar. Como outros gênios, era um ser mágico. Era capaz de convocar ao seu redor uma espécie de nuvem de penumbra que podia esconder alguém que estivesse próximo dele.
Oleksei apertou o punho direito e o feitiço que usava para domar a criatura ficou visível. Uma coleira translúcida apertava e folgava o laço em torno do pescoço do Mifkin conforme seus comandos. O gênio rosnou para Oleksei, mau humorado, e reconheceu o comando para exalar seu campo de penumbra. Como não era muito volumoso, o agente precisava se agachar e seguir assim, ao lado do Mifkin para manter-se camuflado.
Oleksei tirou do bolso um guardanapo de pano e mostrou o conteúdo embrulhado ao Mifkin. Era um bolinho de carne temperada.
— Se tudo correr bem, você ganha seu prêmio, certo?
A criaturinha abriu a boca e salivou. Oleksei guardou o bolinho e o Mifkin soltou um gemido ansioso. Oleksei indicou o caminho apontando. Usava uma luva grossa na mão esquerda que ia acima da altura do cotovelo. Próximo da grade, pediu para o Mifkin subir no antebraço. Ele abocanhou o couro duro para se aninhar no braço. Oleksei tinha as mãos livres e pulou a cerca com movimentos lentos e calculados.
Do outro lado, o agente sentiu perigo no ar. Sentiu que, talvez, aquela batida seria a ação mais importante do Depto. D em anos. Temia pela sua vida e de seus colegas. O agente seguiu camuflado com o Mifkin junto ao seu corpo. Percorreu os jardins até chegar ao muro externo da mansão. Procurava por uma janela propícia ao arrombamento. Um conjunto de janelões dava para um amplo salão que recebia iluminação de fora. Era uma biblioteca. Usando a energia do Mifkin, convocou um feitiço simples para deslizar os trincos por dentro. Entrou no cômodo que estava fechado, mas ouviu o som de vozes, ao longe. Colocou o Mifkin no chão e, em seguida, tirou o bolo de carne do sobretudo. O bicho mordiscou e saboreou lentamente seu prêmio e antes que ele pudesse ter sua atenção em qualquer outra coisa, Oleksei recolheu-o no receptáculo.
"Muito bem, estou dentro" transmitiu aos colegas. "Vou destravar as demais janelas da biblioteca".
Depois disso, seguiu pela penumbra e girou a maçaneta de metal que era esculpida com cabeças de dragão. A alavanca era um dos chifres. Do interior veio uma fraca iluminação alaranjada de uma fonte distante. Ainda não podia distinguir palavras das vozes que conversavam mais adiante. Oleksei empunhou a pistola de agulhas e caminhou com cautela pelo corredor. O ar dentro da mansão estava gelado e aquilo lhe causou estranhamento. O aquecimento estaria avariado? Desligado?
Oleksei havia estudado a planta da mansão e seguia com certa segurança. Seguiu o corredor para os fundos tomando distância do local de onde vinham as vozes. Subiu uma escadaria para o segundo pavimento. Voltou pelo corredor e engatinhou ao penetrar no mezanino sem arriscar olhar para baixo. Agora podia ouvir as vozes com clareza, entretanto não compreendeu de imediato o que diziam. Logo, reconheceu palavras da língua morta falada pelos antigos wlegdars. Ele sabia ler bem, mas não estava habituado a escutar, pois não era falada há séculos. Seus ouvidos levaram um tempo para se ajustar até conseguir compreender um pouco da conversa. Com cuidado, tirou um pequeno periscópio dos bolsos internos do sobretudo e espiou por cima da mureta. Acima dele, iluminando todo o ambiente, um gigantesco lustre de cristais dotado de lâmpadas quentes e alaranjadas. De vez em quando, elas falhavam, diminuindo a iluminação, para depois retornar. Durante a guerra, o fornecimento de energia estava precário e toda a rede manótica funcionava apenas no período noturno.
O salão era enorme com piso de pedras brancas e negras intercaladas. No centro, havia uma grande mesa hexagonal para cerca de trinta pessoas. Ao redor desta, duas dúzias de homens vestidos com roupas escuras falavam sobre questões comerciais e sobre a guerra. Dois homens muito altos e fortes, usando máscaras, serviam bebidas.
"Eles estão em reunião" transmitiu aos colegas. "Possuem dois menodrols atuando como copeiros".
Oleksei examinava cada um dos presentes e identificou entre eles o caçador, Patru, que havia sido possuído por um furkenbolg. Ao vê-lo, lembrou-se de Argos e imaginou que ele gostaria de participar de uma operação como aquela.
"Oleksei, quantos Vorn-Nasca?" Indagou um dos agentes.
"Não sei ao certo. Contei vinte e um, além do furkenbolg". Duvido que todos sejam Vorn-Nasca. Mas acho que três ou quatro tem traços deles. Os demais devem ser servos, ou talvez, Nir-Nascas. Sim, é quase certo que sejam. Chego a duvidar se há algum humano entre eles".
"São muitos" outro agente enviou. "Escute o que puder e saia daí. Uma batida poderá ser desastrosa".
"De acordo". "Sim". Outros agentes anuiram.
"De qualquer modo, fiquem à postos para o caso da encrenca me encontrar".
Oleksei voltou a se concentrar na conversa. Talvez escutasse alguma informação relevante. Sua percepção estava melhorando. Dava para compreender bem o que diziam.
— Sim — disse um homem magro, calvo e de olhos fundos. Vestia um terno negro com riscas cinzas. A gravata de alfinete era de um tecido vermelho vivo. — alguém como Urguda poderia nos trazer problemas.
— Ainda mais por estar unido ao jovem Gregorvich, a quem nosso irmão pretendia iniciar.
— Devíamos enviar um grupo para destruí-los, o quanto antes.
— Não! O que devemos fazer é centrar nossos esforços na ativação da rede de controle e em seguida, apoiar Drogorn. É o caminho mais certo para o ressurgimento do príncipe.
— Verdade. Os ventos da guerra sopram a nosso favor. Ativar a rede é uma tarefa delicada. Todo equipamento encontra-se instável.
— Ferrov tem razão — disse ao homem calvo que parecia ser o líder — tudo corre bem até então... É melhor mantermos o foco.
— No tempo certo, teremos nossa vingança contra Urguda e Gregorvich. Já destruímos Firnamul'Xir e tomamos controle de seu Portal de Sonhos. Os ventos da guerra e do destino soprarão plenamente a nosso favor.
Oleksei reconheceu a figura de Ferrov. Era um homem largo, estufado, com uma papada grande e cheia. Os cabelos eram grisalhos e bem penteados.
— Então, senhores, já basta de assuntos gerais. Comecemos nosso evento principal.
— Sim — concordou Ferrov — fez um gesto para os copeiros.
— Tragam-no — ordenou.
A dupla agigantada saiu e trouxe, depois de uns instantes, um homem muito abatido trajando um uniforme do exército de Durkheim em farrapos. Ele parecia estar embriagado, ou drogado. Foi deitado sobre a mesa. Ferrov ergueu uma taça e Oleksei percebeu que só havia taças vazias na mesa e nenhuma comida.
— Aos tempos de guerra e fartura!
Ferrov vestiu uma luva ornada com metais, tiras de couro e botões de ouro. Na ponta do dedo indicador uma estrutura metálica sustentava uma lâmina longa e curva. O homem estava de bruços e Oleksei notou que os cabelos da região da nuca haviam sido raspados. Ferrov segurou a cabeça com a mão esquerda e introduziu a lâmina com cerca de dez centímetros. O homem sofreu algumas convulsões e quando Ferrov retirou a lâmina, Oleksei, através de sua segunda visão, pode ver a energia vital do homem abandonando seu corpo. Olhos não treinados ignorariam aquilo, mas Oleksei era um mago genista muito experiente. A energia escapava do corpo como um fluxo denso e radiante. Ele teve consciência de que talvez, fosse a primeira pessoa a ver os Vorn-Nasca se alimentando. A vida sugada de outros seres era capaz de sustentar seus corpos por séculos. Para continuarem vivos, sempre precisavam fazer novas vítimas.
Ferrov sorveu parte da energia e então deixou que os outros se aproximassem para seguir com aquele banquete macabro. Sete deles se alimentaram enquanto os demais apenas observavam. Ao fim, um dos menodrols removeu o corpo, enrolando uma toalha no pescoço para evitar o derramamento de sangue. O outro limpou o sangue que se empoçou na mesa. Depois se retirou.
Ferrov disse num tom revigorado — Tragam o cordeiro.
Outro soldado embriagado foi trazido e colocado sobre a mesa, desta vez, com o ventre para cima. Quatro homens se levantaram e abriram sobre a mesa uma valise cheia de peças metálicas e fios. Como se estivesse sendo preparado para um cirurgia, o soldado foi espetado, nos membros e no tórax, por agulhas com tubos que foram ligadas a aparelhos. O sangue fluiu tingindo os tubos transparentes de vermelho escuro. Os técnicos conectavam peças, umas às outras, ao redor do soldado. A cabeça foi envolvida por um capacete espinhoso que fez pequenos fios de sangue escorrer ao ser afixada no crânio. Havia um pequeno painel de controle com um botão circular de escala graduada. Um dos técnicos girou-o lentamente. Os músculos do soldado se enrijeceram fazendo-o se curvar, como se praticasse exercícios abdominais. O técnico girou de volta fazendo-o voltar ao relaxamento. Luzes acenderam nos equipamentos aqui e ali. Oleksei nunca havia visto algo semelhante. O outro técnico ativou algumas alavancas metálicas semelhantes a interruptores e anunciou:
— Está pronto para a conexão.
Os olhos do soldado se viraram, os músculos agitados se contraíram. A boca tremeu e balbuciou sons desarticulados. Por um instante, os olhos do soldado olharam diretamente Oleksei. O agente ficou paralisado, sem saber se recuava, ou não. Então o soldado começou a falar na língua morta.
— Saudações! O aparelho me serve bem. Já posso vê-los e ouví-los — ergueu um pouco a cabeça. Dois técnicos se apressaram para sustentar o corpo numa posição mais alta.
Oleksei percebeu que a aura energética do soldado minguou dando lugar à aura de outro ser que agora possuía aquele corpo.
Ferrov respondeu — Ótimo, meu caro Yurleg. Como está o progresso das operações?
— Vai muito bem. Nosso controle sobre os oficiais está cada vez melhor. Testamos a onda de coragem na última batalha em Dusseloris. Já ocupamos um terço dela! Logo toda cidade será nossa.
Pensamentos transmitidos vieram à mente do agente desviando sua atenção da conversa. "Oleksei, alguém acaba de saltar o portão principal e está indo para aí, rapidamente. Parece ser aquele caçador, Argos Vseldoff".
"Era disso que precisávamos! Um maldito moleque para colocar nossa operação em risco".
Pouco depois, Oleksei escutou a sineta da porta da frente. Aquilo causou uma breve interrupção na conversa entre a entidade que possuía o soldado e os Vorn-Nasca. Um dos servos menodrols deixou o local para ver quem estava à porta. Oleksei se preparou, sabia que a encrenca poderia chegar logo.
Argos entrou no salão com uma pistola de agulhas em mãos. Vestia couro preto e um gorro do mesmo material com aba de borracha dura. Disparou contra os homens reunidos em redor da mesa. Seguiram-se gritos e muita movimentação. Oleksei avaliou que o rapaz seria morto rapidamente. Ele devia saber sobre o cerco dos agentes e agiu assim apostando que seria um catalisador para a ação dos mesmos. Apostava sua vida nisso, mas depois de tanto, sua vida não tinha mais o mesmo significado. Oleksei se levantou e disparou sua pistola contra três Vorn-Nasca que cercavam Argos. Não tinha ângulo para disparar contra os corações, mas as agulhas nas costas serviram para incapacitá-los com fortes dores. Isso deu um pouco de sobrevida a Argos. Oleksei transmitiu, "Pessoal, preciso de apoio, rápido! O pau está comendo!"
Oleksei convocou seu gênio mais podereso, o Pgormax. A criatura musculosa e enorme saltou do mezanino caindo sobre a mesa e estilhaçando-a. Argos atirava com as duas mãos e assim que a munição acabou, descartou ambas pistolas e sacou outro par carregado de dentro da jaqueta.
O próprio Ferrov deu um salto sobrenatural para o mezanino. Aterrissou com um golpe mortal contra Oleksei. O agente atirou-se no chão e rolou para evitar ser atingido. Ferrov veio ao seu encalço com velocidade incrível. Do chão, Oleksei alvejou Ferrov com uma agulha. O Vorn-Nasca defendeu-a com o braço e contorceu o rosto, suportando a dor. O chute de Ferrov atingiu o peito de Oleksei provocando dor aguda na medida em que ossos se quebraram. Todo ar de seus pulmões esvaziou-se ao mesmo tempo em que foi projetado para trás, atravessando o salão até atingir a parede num baque violento. Veio uma forte dor no braço e Oleksei olhou para o braço todo torto com uma ponta de osso rasgando o tecido ensanguentado de seu sobretudo. Ferrov caminhou em sua direção com um sorriso maligno nos lábio. No primeiro pavimento, o combate seguia feroz.
Oleksei não conseguia respirar, ou mesmo se mover. Tentava alcançar o bolso interno em busca de frascos de supersoro.
Ferrov vestiu a luva com a lâmina e preparou-se para sugar a energia vital do Agente. No último instante, o Pgormax, muito fiel a seu mestre, saltou vindo do andar de baixo e caiu sobre Ferrov. A mordida de suas mandíbulas grandes e fortes como as de um hipopótamo rasgou a carne preservada, mas morta, do Vorn-Nasca. Ferrov contra-atacou agarrando com as mãos os maxilares do Pgormax. Empurrou e puxou com força sobrehumana. A criatura grunhiu de dor enquanto o ser das sombras rasgou os músculos e depois deslocou os ossos de suas articulações. O Pgormax caiu, havia dado sua vida por seu mestre.
A esta altura os demais agentes já se precipitavam sobre o salão dando combate aos Vorn-Nasca, seus auxiliares e ao furkenbolg. Uma rajada de agulhas de chumbo foi disparada por um dos agentes entrantes contra Ferrov. Uma delas penetrou no ombro fazendo-o contorcer-se e gemer. Ferrov olhou nos olhos de Oleksei, já moribundo, e desistiu de avançar para o golpe final. Correu na direção oposta e saltou através de uma janela fechada, estilhaçando-a e caindo no pátio exterior envolto em retalhos de cortinas rasgadas. Ferrov havia vivido tempo demais para arriscar ser morto naquela situação que lhe fugia o controle. Retirou as agulhas do corpo e fugiu para a escuridão da noite.
Oleksei suspirou aliviado e deixou-se desmaiar. No andar de baixo a luta seguia intensa. Argos teve um de seus braços quebrados. Este pendia para baixo enquanto sua mão esquerda segurava o punhal de estanho. O furkenbolg que possuía o corpo de Patru, seu ex-companheiro, tinha algumas agulhas cravadas no peito e uma no pescoço. Todo seu rosto estava vermelho com veias negras pulsantes devido à reação que o corpo sofria por causa do estanho.
Patru avançou sobre Argos e conseguiu segurar o pulso do rapaz com uma das mãos enquanto com a outra agarrou o pescoço. O furkenbolg apertou com força até fazer Argos soltar o punhal. Rosnados ferozes vieram de trás de Patru. Um dos agentes acabara de convocar um enorme lobo-dragão que abocanhou Patru pelas costas e o ergueu acima do chão. Com isso, Argos caiu chiando para recuperar o fôlego. O lobo-dragão foi alvejado por rajadas de plasma quente das armas usadas pelos assistentes dos Vorn-Nasca. Patru caiu no chão com o corpo quebrado ao meio e em convulsões. Argos percebeu que seria uma questão de segundos até que o espírito do furkenbolg abandonasse o corpo de Patru e fosse tomar outro corpo para si. Fez força e arrastou-se, a despeito das dores, para chegar até ele. Cravou o punhal no coração de Patru na esperança de eliminar o espírito maligno.
Ao seu redor, a luta começava a virar à favor dos agentes. Outro Vorn-Nasca atirou-se através de uma janela para fugir. Alguns já estavam caídos no chão, inertes. Argos sorriu. Tinha sobrevivido. Com o furkenbolg eliminado, seus colegas foram vingados. Alguns Vorn-Nasca haviam escapado, sendo assim, seu trabalho ainda não estaria concluído. Mais tarde, Argos, descobriria junto ao agentes do Departamento D e de Oleksei que havia outros Vorn-Nasca e que estes estavam profundamente envolvidos com a guerra. Especulavam que, talvez, eles fossem os responsáveis pela invasão de Durkheim pelos menodrols de Macluskey.
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