Fuga

Halle ouviu os sons de luta ao longe. Seguiu com cautela na direção destes. Pelo que ouviu, pensou "A coisa está mesmo feia..." Segurou o cabo do espadim com mais força, sentindo a mão transpirar. Desceu uma longa escadaria e pensou, "Agora já não devo estar tão longe".

O espadim ficou quente em suas mãos e, como que por instinto, virou-se para golpear uma criatura que se achegou por suas costas. O golpe foi certeiro e decepou um membro. Halle viu o monstro medonho e pensou, "Estou ferrado!"

O espadim era capaz de feri-lo, mas não de modo determinante como fazia com os Vorn-Nascas.

A criatura deu-lhe um sopapo e Halle voou longe até bater contra uma parede. Tonto, escutou alguém dizer — Veio dali!

Clarão e Balkan chegaram a tempo de desviar a atenção do Gor Tusik de Halle. O monstro saltou do chão para o teto e depois de volta ao chão, passando pela parede. Esquivou-se dos repetidos disparos feitos por Clarão. As guarras arranharam o metal da armadura produzindo faíscas e um som agudo. Não ia demorar até que Clarão fosse gravemente atingido. Balkan convocou sua serpente de vento e pensou "posso não conseguir derrotá-lo com isso, mas vou mandá-lo para bem longe!"

A serpente envolveu o corpo semi-material do Gor Tusik e o arrastou seguindo as correntes de ar para a saída mais próxima, que era uma janela na rocha a mais de duzentos metros dali.

Neste meio tempo, Halle recuperou o fôlego e chegou até os outros dois.

— Balkan! Há quanto tempo, garoto!

— Sr. Halle!

— Que é o seu amigo? — indagou Bremmen.

— Chama-se Clarão.

Halle estendeu a mão para cumprimentá-lo, mas Clarão não correspondeu. Ao invés disso, apontou seu rifle para ele.

— Ei, espera! Amigo do meu amigo é meu amigo, não é?

O zumbido explodia na cabeça do menodrol e ele conseguiu dizer — Não consigo suportar mais...

Balkan notou que o elmo estava torto na cabeça de Clarão e que um dos cabos que levava à bateria estava partido.

— Cuidado, Halle! Ele está perdendo a proteção!

— Proteção? — Halle atirou-se para o lado escapando do disparo por pouco.

Balkan atirou no menodrol, mas o tiro não fez grande estrago. Em resposta, o gigante girou atingindo-o com um golpe do rifle. A pancada atirou Balkan no chão.

Halle subiu veloz, ainda sob efeito do supersoro e cravou o espadim com precisão entre as fendas da armadura do menodrol. Com isso, ele largou o rifle e caiu de joelhos.

Fazendo grande esforço para manter controle de sua mente, ele disse — Você é Halle Bremmen...

Halle olhou-o nos olhos que tremiam imersos em conflito.

— Diga a ela... Que a amei. Que sempre amarei.

— Dizer a quem?

— A Masha Flammoc.

Halle sentiu um calor subir na face — Ei, espere aí! A minha garota?

— Desculpe, mas copulei com sua garota...

— Ora seu! — E Halle torceu o espadim fazendo Clarão gemer.

— Não aceitou minhas desculpas, eu compreendo. Mas ainda assim, faça algo por mim. Desligue a máquina. Salve meu povo. Salve seu povo.

— Como assim?

— Aqui nesta montanha há uma máquina que controla os menodrols.

— Que barulho é esse agora? — Halle olhou para trás.

— São eles! Meus irmãos estão vindo. Sejam rápidos... Salvem... — os olhos de Clarão reviraram e ele caiu de lado.

Os sons de uma tropa de menodrols marchando se aproximavam.

— Vamos garoto, alguém pisou no formigueiro — Halle ajudou Balkan a ficar de pé.

— Venha, é por aqui.

— A sala de controle?

— Não, a saída.

— Saída — os olhos de Balkan se iluminaram.

Então correram, como puderam. A aproximação dos mendrols era assustadora e chegava a fazer o chão tremer.

— Isso parece uma manada de kanatiks!

— Mas que cheiro é esse? — Balkan reclamou torcendo o rosto com nojo.

Halle soou fanho pressionando o nariz — Tapa o dariz e bamos!

— Erga! Acho que vou vomitar...

— Quieto! Bem logo...

Finalmente chegaram à janela e puderam respirar com certo alívio.

— Diga-me, garoto, você tem experiência com escalada?

— Não.

Halle suspirou — Eu mereço!

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