Capítulo 3
Depois de ser dispensada por Amanda, vou embora e pego um táxi, já que as meninas só saem da boate de manhã.
O taxista é um dos amiguinhos de Amanda que estão espalhados por toda a cidade, não dá para confiar em ninguém aqui e eu descobri isso da pior maneira possível quando tentei fugir. Pedi socorro no meio da rua e como não sabia falar inglês, as pessoas não entendiam o que eu dizia; corri pelas ruas até um carro de polícia me parar, por coincidência os dois policiais falavam português e me ajudaram me colocando dentro do carro, porém para o meu desespero me levaram de volta para Amanda e o castigo que recebi foi uma surra daquelas. Depois disso nunca mais me atrevi a fugir novamente.
Estou sentada olhando pela janela, com meus pensamentos em Henry. Desde que perdi minha virgindade forçada e deitando com vários homens, esta foi a primeira vez que senti prazer, que pude vivenciar todas as sensações que o sexo pode proporcionar a uma mulher.
Pelo que pude perceber, Henry não é igual aos outros, há algo diferente nele, um mistério talvez. A sua confiança e o jeito autoritário me chamaram a atenção durante o sexo. Os clientes que vão à boate procuram sempre o seu próprio prazer, mas Henry não, ele quis me dar prazer e se preocupou com o que eu iria sentir, ao contrário dos outros que só pensam em gozar.
Fecho os olhos e me lembro de seu corpo forte e másculo em cima de mim. Será que pra ele foi tão bom quanto pra mim? Não, com certeza eu fui só mais uma prostituta que ele levou para a cama, mas não faz sentido ele pagar tanto dinheiro à Amanda, equivalente a duas noites. Será que ele nunca teve uma garota como eu na cama?
- Moça, já chegamos - diz o taxista.
Pago a viagem e desço. A casa onde moro há mais de um ano é enorme. Parece uma casa comum pelo lado de fora, mas ninguém imagina o que passamos lá dentro. Com suas janelas venezianas e paredes pintadas de branco, é impossível os vizinhos desconfiarem de algo. Ao contrário, a casa é um verdadeiro convite para novas visitas. Bastaria dar dois passos e da calçada estaria dentro da residência. É uma casa espaçosa, com dois andares. O andar térreo possui uma sala longa, com vários sofás espalhados, uma TV LCD e uma estante com livros. Uma cozinha bem equipada, com uma mesa grande onde todas as meninas se reúnem para comer. Dois banheiros em partes opostas do andar. O segundo andar já é um pouco diferente: vários quartos separados por duplas e uma varanda no fim do corredor, de onde é possível ver o jardim e a piscina.
Entro na casa, onde o silêncio reina soberano. Todas as meninas que vivem aqui trabalham na boate, mas desde que cheguei a única com quem me identifiquei foi Talita. Quando eu apanhava por não fazer o que Amanda queria, era ela quem cuidava de mim, e foi com ela que aprendi tudo sobre sexo. Foi necessário, como ela mesma me disse: "se não pode vencê-los, junte-se a eles", e foi o que eu fiz. Tornei-me a garota mais procurada da boate, para a felicidade de Amanda.
Na manhã seguinte, acordo com Talita me chamando.
- Caroline, acorda, o que aconteceu pra você sair tão cedo da boate ontem? Todas as meninas estranharam.
Ainda um pouco sonolenta, levanto e olho para a minha amiga. Ela ainda está com um vestido vermelho-sangue colado em seu corpo, destacando as curvas.
- Amanda me dispensou, meu segundo cliente pagou o valor de duas noites, além do Estevão que também pagou um bom dinheiro. Acho que isso deixou ela satisfeita, então me liberou.
- Meu deus, e quem é esse cara que pagou duas noites? Deve ser podre de rico, pelo jeito - entra Rebecca no quarto, perguntando. Provavelmente estava escutando atrás da porta.
- Pra falar a verdade eu não sei, a única coisa que sei dele é o nome, Henry.
- E o sexo, foi bom? Ele é bonito? - as duas perguntam afobadas.
- O sexo foi incrível, minhas pernas ficaram bambas com um simples beijo e ele é um deus grego, de tão lindo.
Talita dá gritinhos de empolgação.
- Caroline, se ele pagou tudo isso pra Amanda, quer dizer que ele gostou de você e provavelmente vai voltar, que maravilha!
- Não pira, Talita, foi um cliente como todos os outros e quando eles gostam e querem voltar eles deixam isso bem claro. O cara nem me disse o nome, mas como a minha curiosidade é grande eu tive que perguntar.
- Mas imagina só se ele voltasse e se apaixonasse por você, ele podia até te tirar daqui, Carol - diz Becca.
- Para de se iludir, eu já cansei de te dizer que a nossa vida agora é essa, não fique criando ilusões, esperanças na sua cabeça. Isso aqui, Rebecca, é a vida real, não estamos em um livro - diz Talita.
- Isso é verdade. Além do mais, Amanda não permitiria, nunca abriria mão da grana que ela ganha com Carol... - Rebecca se pronuncia.
- Mas bem que eu queria outra noite com ele, nunca me senti desse jeito, sabe? Sempre senti nojo dos homens. Com ele me senti desejada, meu corpo correspondeu a tudo que ele fazia.
- Além de misterioso, é bom de cama. Porra, isso não acontece comigo. Só aparecem aqueles velhos de pau mole que não levanta nem com reza - Talita diz séria, mas eu e Becca caímos na gargalhada.
- Mas enfim, provavelmente o nome dele não seja Henry, vários homens não dizem o nome pra não se comprometerem, ele deve ser casado com toda certeza, mas eu não reparei em aliança nenhuma - digo.
- Claro, né, você estava reparando em outras coisas que ele tinha - nós três caímos em uma gargalhada estrondosa.
- Esse homem mexeu com você, não foi? - pergunta Talita.
- Por que está me perguntando isso, Talita?
- Você nunca falou desse jeito de um homem.
- É, tenho que admitir que com Henry foi diferente, só resta saber se isso é bom ou ruim.
A chegada das meninas fez com que eu contasse cada detalhe da noite com Henry, mas é claro que eu omiti algumas coisas. Encostada na porta, Laís, uma das meninas que não gostam de mim desde que cheguei aqui, só escuta, sem dizer nenhuma palavra.
- Sabe aquele olhar dela? Pura inveja, vai morrer seca, essa vaca - Talita diz no meu ouvido e isso me faz sorrir junto com ela.
Após o almoço, Amanda nos leva para fazer compras. Toda semana é assim, estamos sempre procurando algo diferente para satisfazer nossos clientes. Todas nós temos clientes fixos, então precisamos agradá-los, oferecendo serviços especiais e inovando. Em um determinado ponto nos separamos, mas é claro, sempre vigiadas a distância por um dos capangas. Amanda, no entanto, vem atrás de mim.
- Caroline, quero que capriche nas compras hoje.
- Por qual motivo?
- Henry me ligou pela manhã, disse que quer você pronta para ele às 21h00.
Por dentro estou eufórica, mas me mantenho normal para que Amanda não perceba.
- E você sabe para onde ele vai me levar?
- Ele não disse, mas quero você deslumbrante, esse homem é milionário. Pesquisei sobre ele. Henry herdou tudo de seu pai, ele comanda as empresas Miller, com filiais em todo o mundo.
Fico de boca aberta com todas essas informações; o que um homem tão poderoso quer comigo?
- Um aviso, Caroline. Em hipótese alguma você diga que é traficada e está aqui obrigada, entendeu? Você sabe das consequências.
Engulo em seco, mas aceno afirmando que não contarei nada. Ela sorri e se afasta, e solto a respiração, que sequer percebi que estava prendendo. Amanda é uma mulher bonita, com um porte elegante, mas muito, muito perigosa.
Às 21 horas já estou pronta. Como não sei para onde Henry irá me levar, coloquei um vestido preto básico, mas com um belo decote, deixei meus cabelos soltos com as pontas levemente amassadas, dando um toque despojado, uma maquiagem bem leve, os olhos com lápis preto e a boca com um batom rosa claro.
Pego minha bolsinha e saio de casa, encontrando Henry em frente ao portão encostado em uma BMW i8 preta. Perco o fôlego ao vê-lo. Henry está tremendamente gostoso.
- Boa noite, Caroline.
- Boa noite, Henry.
- Entre. - Ele abre a porta para mim.
Ainda estou deslumbrada com tamanha beleza dessa máquina.
- Então, gostou do meu carro? - pergunta ele ao entrar.
- Gostei, é lindo.
- Eu amo carros, tenho vários na garagem de casa, você verá.
Para tudo, ele disse casa?
- Vamos para sua casa?
- Sim, preciso de um lugar tranquilo onde não tenha ninguém para nos incomodar, e minha casa é o lugar perfeito para isso. Ninguém entra, a não ser com a minha permissão.
Encaro ele com os olhos arregalados, provocando um sorriso em seus lábios.
Meu Deus, que vontade que eu tô de beijá-lo.
- Se continuar me olhando assim e mordendo a boca, eu não respondo por mim, Caroline.
Fico constrangida por ter sido pega no flagra.
Seguimos em silêncio por todo o caminho. Às vezes olho para Henry disfarçadamente e até dirigindo ele fica sexy. Ao lado desse homem é impossível não pensar em sexo, sexo, sexo, me controlo o máximo possível, a tensão presente no carro poderia ser cortada no ar.
Entramos em um condomínio de luxo, uma casa mais bonita que a outra. Ele para em frente a uma mansão, porque para mim aquilo não pode ser chamado de casa. Ela é toda branca, com três andares, uma luxuosa piscina, a grama verde e o jardim todo perfeito. Henry abre a porta do carro para mim e me leva para dentro. Por dentro Em seu interior a casa é ainda mais bonita e luxuosa.
- Quer beber alguma coisa? Um vinho?
- Pode ser.
- Está impressionada?
- Muito, nunca tinha visto uma mansão assim, você mora aqui sozinho?
- Sim, desde os 20 anos.
- Nossa.
Me aproximo mais da sala, de onde há uma vista linda da cidade. Está bem frio aqui e Henry, percebendo, acende a lareira, para logo em seguida me entregar o vinho.
- Está com frio?
- Um pouco.
- Tenho uma maneira de te esquentar.
Ele deixa o vinho de lado e me beija.
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