pânico, o que sinto é pânico!
Maria caminhava rapidamente pelas ruas de Commonwealth, o menino em seus braços, tentando controlar a tremedeira nas mãos. O sorriso que carregava no festival havia sumido completamente, substituído por uma inquietação que crescia a cada passo.
Ao chegar em casa, ela fechou a porta com um suspiro profundo, apoiando a testa contra a madeira fria.
— Vai ficar tudo bem... — murmurou para James, que parecia alheio à preocupação da mãe.
Mas o conforto que tentou buscar naquele momento quando a porta se abriu atrás dela, e Daryl entrou sem pedir permissão.
Maria se virou rapidamente, os olhos arregalados de surpresa.
— Daryl...
Ele não disse nada no início, apenas fechou a porta atrás de si, o olhar fixo nela, como se quisesse arrancar todas as respostas apenas com a intensidade de sua presença.
— Por quê? — ele finalmente disse, a voz baixa e rouca, mas enviados de uma dor profunda.
Maria engoliu em seco, o coração disparado. Ela não esperava enfrentá-lo, não tão cedo, e certamente não em sua casa.
— Eu... eu... — ela começou, mas sua voz falhou, as palavras presas na garganta.
James, sem entender a tensão no ar, começou a se mexer nos braços dela, inquieto.
— Mamãe, chão! — o menino pediu, apontando para baixo com um sorriso impaciente.
Maria hesitou, mas o colocou no chão, as mãos ainda tremendas. James correu para perto de seus brinquedos no canto da sala, deixando os dois adultos sozinhos.
Daryl começou a andar lentamente pela sala, os olhos examinando cada detalhe. A mobília era simples, os brinquedos espalhados pelo chão. Tudo ali parecia ser parte de uma vida que ele nunca conheceu, uma vida que deveria ter sido sua também.
Ele se virou para ela, seus olhos queimando com uma mistura de raiva e mágoa.
— Por quê? — repetiu, dando um passo em direção a ela.
Maria recuou instintivamente, encostando-se à parede.
— Eu... não sabia o que fazer... — ela murmurou, desviando o olhar.
— Não sabia o que fazer? — Daryl rosnou, uma voz crescendo, mas não o suficiente para assustar o menino. — Você foi embora! Levou ele com você! E me deixou com... com nada.
Maria abriu os braços ao redor do corpo, como se tentasse se proteger das palavras dele.
— Eu achei que era o melhor... — ela respondeu, a voz fraca.
Daryl deu uma risada amarga, balançando a cabeça enquanto circulava ao redor dela.
— O melhor pra quem, Maria? Pra você? Pró garoto? — Ele parou na frente dela, os olhos fixos nos dela. — Porque pra mim... não foi.
Ela falou o olhar, os olhos cheios de lágrimas.
— Você foi melhor lá fora, Daryl. Sempre esteve. Todos diziam isso... Eu... eu tinha medo de te prender...
Daryl se mudou mais, a voz agora um sussurro tenso.
— Prender? Você acha que isso é liberdade? Passar anos sem saber se você tava viva? Sem saber que ele... que ele existia?
Maria tentou falar, mas as palavras não saem. Ela sabia que ele estava certo, mas a culpa e o medo de paralisavam.
— Eu não sabia como voltar... — ela finalmente admitiu, a voz trêmula.
Daryl deu um passo para trás, como se as palavras dela o acertassem fisicamente. Ele desviou o olhar, os punhos cerrados, antes de olhar novamente para ela.
— E agora? — ele disse, o tom mais calmo, mas ainda carregado de emoção. — Agora você vai me deixar entrar... ou vai continuar me mantendo do lado de fora?
Maria ficou em silêncio, enquanto as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Ela olhou para James, que brincava despreocupado, e depois para Daryl, que a encarava com uma intensidade que ela nunca tinha visto antes.
Era uma pergunta que ela não sabia como responder.
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