Acho que ele gosto de você!
O festival estava em pleno andamento, com luzes penduradas iluminando a noite e risadas ecoando pela praça central de Commonwealth. Daryl não queria estar ali, mas algo o fez parar no meio da multidão.
Ele a viu.
Maria estava sentada em um banco, o menino deles aninhado em seus braços, rindo enquanto brincava com um pequeno cavalinho de madeira. Ela sorria para ele, o tipo de sorriso que Daryl não via há anos. Era como se o mundo ao redor não existisse para ela naquele momento.
O peito de Daryl apertou. Ele não sabia por quanto tempo ficou parado ali, apenas olhando, mas parecia uma eternidade. Quando Maria finalmente o notou, seu sorriso desapareceu, substituído por um choque evidente.
As mulheres ao redor dela notaram o clima e trocaram olhares cúmplices.
— Acho que ele gostou de você — uma delas murmurou, rindo baixinho.
— Vamos dar um espaço aos dois — disse outra, puxando as demais para longe, deixando Maria e Daryl sozinhos.
O silêncio entre eles era quase palpável. Maria o olhou com desconfiança, apertando o menino mais perto de si como se fosse um escudo.
Daryl deu alguns passos hesitantes na direção dela, o coração batendo forte no peito. Ele não sabia o que dizer, mas precisava falar algo.
— Maria... — sua voz saiu rouca, carregada de emoção.
Ela o encarou por alguns instantes, sem responder, como se estivesse tentando decidir se fugiria ou ficaria para enfrentar aquele momento.
— Daryl... — ela finalmente disse, a voz baixa, quase um sussurro.
Ele parou a poucos passos dela, os olhos fixos no rosto que ele conhecia tão bem. Ela parecia diferente, mais madura, mas ainda era a mesma Maria que ele carregava na memória. E o menino... Ele não conseguia desviar os olhos dele.
— É ele, não é? — Daryl perguntou de repente, apontando com um movimento de cabeça para o garoto.
Maria hesitou, o olhar indo do filho para Daryl. Ela mordeu o lábio, como se estivesse buscando as palavras certas.
— Eu... — Ela começou, mas sua voz falhou.
Daryl balançou a cabeça, respirando fundo para manter o controle.
— Ele é meu filho... — ele murmurou, mais para si mesmo do que para ela.
Maria abaixou o olhar, como se a culpa pesasse demais. O menino, alheio à tensão entre os dois, segurava o cavalinho e brincava, feliz e despreocupado.
— Por que você foi embora? — Daryl perguntou, a voz quase um rosnado, mas cheia de dor.
Maria levantou o olhar, os olhos marejados, mas antes que ela pudesse responder, o menino soltou um risinho e olhou para Daryl com curiosidade, o cavalinho ainda em mãos.
Daryl ficou imóvel, encarando o garoto. Ele viu seus próprios traços refletidos nele — os olhos claros, a expressão de quem era mais esperto do que parecia.
Maria se mexeu, ajeitando o menino no colo, como se tentasse se proteger do que estava por vir.
Mas Daryl não disse mais nada. Ele estava preso entre a raiva, a dor e a confusão, sem saber como processar tudo aquilo.
Maria desviou o olhar e, com um suspiro pesado, começou a se levantar.
— Eu... preciso ir — ela disse, evitando os olhos dele.
Antes que ele pudesse reagir, ela desapareceu na multidão, levando o menino com ela. Daryl ficou ali, sozinho, como um homem perdido em meio a fantasmas do passado e a realidade do presente.
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