4. O Príncipe Rendido

A noite não quis passar, e todas as vezes que Menna tentava fechar os olhos, o peso do que estava para fazer se abatia sobre ela.

Balançou as pernas no ar, distraidamente. Estava sentada sobre um galho alto de árvore que pareceu suficientemente firme para aguenta-la. Pensava sobre seu destino a partir do momento em que matasse o rapaz. Como viveria com sangue nas mãos? O que o rapaz teria feito à fada?

Encarou a lâmina à qual se mantinha agarrada firmemente. A lâmina escura possuía um brilho sombrio. Em que estaria se metendo?

Seus olhos arderam e as primeiras lágrimas da noite escorreram como cascatas sobre seu rosto, as primeiras das muitas que ainda tinha para ceder.
Quando adormeceu, foi cansada de tanto chorar, e na manhã seguinte, a forte luz do sol lhe deu dor de cabeça. Desceu silenciosamente da árvore, se apoiando nos galhos silenciosamente. Estava pegando o jeito em fazer isso.

Procurou pelo que comer, e, dessa vez, a espada ajudou com isso. Esperou até que o sol chegasse ao topo do céu, quando seria meio-dia, e voltou até o lago.

Observou a distância, entre as folhas de uma moita, quando um rapaz ricamente vestido se inclinou sobre o lago e jogou água no próprio rosto. Era ele, não havia dúvidas. Estava ajoelhado exatamente onde Menna estivera na noite anterior, ao lado da pedra da fada.

Segurou o cabo da espada com firmeza e se aproximou a passos mudos, até que tivesse a espada na altura de suas costas.  O rapaz só notou sua presença quando já estava perto demais para que ele pudesse fugir ou tentar se defender.

E o rosto que olhou para ela com espanto era o último que Menna esperava ver: o príncipe Juan, seu noivo prometido.

— Princesa Menna? — Os olhos arregalados eram de puro espanto, e ela não sabia se era por ela o estar ameaçando ou por encontra-la na situação em que estava. — O que está acontecendo?

— Eu preciso t-te matar. — Sua voz tremeu. — Pelo mal que você fez à fada.

— O que? — O príncipe uniu as sobrancelhas confuso. — De que fada está falando?

— A fada deste lago — respondeu Menna.

— Princesa... — ele disse com uma voz adulatória, como quem tenta amansar um animal. — Deixe essa espada. Estamos todos nessa floresta à sua procura. Volte comigo e perdoarei su...

— Não desejo me casar com você! — Menna respondeu violentamente.

— Vai me matar, então?

— A fada...

— Princesa — ele a chamou outra vez —, baixe a espada...

E com as últimas palavras do príncipe, Menna tomou sua decisão definitiva, e em um ímpeto violento, ela usou a espada.

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