1. A Fuga da Princesa
Era uma vez, em uma terra muito distante, muito além das Montanhas de Cristal, da Cidade das Esmeraldas, da Terra do Nunca e do País das Maravilhas — para se ter uma ideia do quão distante era —, vivia uma princesa tão bonita quanto todas as outras, chamada Menna.
No entanto, ao contrário das outras princesas, essa não precisava beijar um sapo, espetar o dedo em uma agulha, engasgar com uma maçã ou perder um sapato para ter um príncipe, pois ela tinha um.
Menna foi prometida desde seu nascimento ao príncipe Juan, o filho caçula do Rei Albarus, governante do reino vizinho ao seu. Claro, que ninguém nunca perguntou sua opinião a respeito disso.
Ninguém se preocupava com o fato de que ela não desejava um casamento.
Menna esticou-se ao se levantar da cama, se aproximando da janela para observar a noite. A lua crescente brilhava no céu, cercada pelo céu negro pontilhado de estrelas. Apoiou-se no peitoril e suspirou, lamentando-se mentalmente.
No dia seguinte, a essa hora, já estaria casada. Seria entregue a um homem que apenas duas vezes antes viu na vida, e ele agiria sobre ela como sua posse, um de seus bens.
Histórias de princesas são uma farsa, não existe “felizes para sempre”. Ou, pelo menos, não existiria para Menna.
Sentiu-se subitamente incomodada em estar ali, e começou a descer as escadas, indo em direção à cozinha do castelo buscar um copo de água. Poderia pedir que alguém a servisse, mas precisava se mover, ou enlouqueceria.
Passou por um guarda que cochilava sentado em uma cadeira, sua espada apoiava-se torta na lateral do seu corpo, e sua boca aberta emitia um grosseiro som de ronco.
Menna andou delicadamente até que o deixasse para trás, e descobriu que havia perdido a sede. Mudou seu caminho e se dirigiu à porta do castelo. Haviam mais guardas dormindo ali.
Aparentemente, ninguém esperava que algum perigo fosse se abater sobre o castelo naquela noite.
Alguma coisa acendeu no peito de Menna, uma faísca de rebeldia. Ninguém quis saber sua opinião sobre o casamento, ela se lembrou magoada. Silenciosa como um gato, ela passou pela porta e pelos guardas do lado de fora. Atravessou os jardins reais e se enfiou na floresta escura.
Seria melhor morrer de fome ou devorada por um animal, do que ser obrigada a se casar.
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