Capítulo 12

Herança Plummer

- Tio.- Lya chamou sentada na cadeira do escritório do professor o vendo olhar a janela enquanto tomava um café quente.

- Este café é tão bom...- O homem Falou animado e se sentou do outro lado da mesa encarando atentamente a sobrinha sorridente.- Está parecida com sua avó.

- Todos dizem isso.- A menina sorriu sem graça.- Isso é algo bom, não é?

- É algo ótimo..- O homem se inclinou sobre a mesa e piscou para loira.

- Gostaria de ser corajosa do mesmo modo que ela.- A menina murmurou e desviou o olhar.- Mesmo com idade, teve coragem de sair para visitar o mundo todo! Me pergunto em qual parte ela está agora.

- Está longe. Bem, longe.- O tio suspirou, parecia sentir falta dela também.- Você está com medo de algo?- Perguntou o senhor

- Acho que estou sendo uma mentirosa por medo, Digory.- Lya voltou a olhar para o tio. - Ou talvez para proteger pessoas.

- Isso te faz ainda mais parecer ela, mentir para proteger.- Ele se encostou na cadeira sorrindo.

- O que quer dizer com isso?- Os olhos de Lya brilharam.

- Sua avó, era tão cuidadosa e preocupada com a segurança.- O senhor respondeu sorrindo bobo, como se lembrasse da Senhora Plummer perfeitamente.- Ela era inteligente assim como você, era lógica é não deixava a curiosidade tomar controle. Polly foi a pessoa mais pragmática que conheci!

- Acha que eu sou essas coisas também?- Lya parecia tão animada ouvido sobre a avó pela primeira vez em muito tempo, e ele confirmou com a cabeça.- Ela era muito corajosa, não é?

- Ela era mais corajosa que até mesmo eu. Sempre me ajudando a escapar de situaçãos perigosas..- Ele sorriu novamente se lembrando da amiga.- Ela era agressiva as vezes isso você puxou totalmente dela.

- Eu não sou agressiva!- A menina falou levantando uma das sobrancelhas e o Tio se divertiu com a cara de indignação da garota.

- Lembro-me bem quando ela me ajudou a fugir de Jadis.- Ele se pegou pensando em memórias antigas que nem percebeu o que haverá de ter dito.— Jadis... uma GRANDE mulher, ruim mas a mais bela que ja vi.

- Jadis?- Lya sentiu seu coração gelar.

- Eu disse esse nome?- Ele perguntou voltando a si e tentando disfarçar.

- É a feiticeira branca.- Lya se levantou confusa e colocou a mão na boca quando percebeu que Polly e Digory haviam ido a narnia.- Vocês foram para lá, não é?

- Você também?- Digory coçou a cabeça se levantando confuso também.

- Algumas vezes...- A menina explicou.

- Por Aslam! Lya.- O tio correu até ela a abraçando.

- O que deve ser feito para Jadis sumir para sempre de lá?- A garota perguntou e Digory se afastou dela desta vez um pouco borocoxô.

- Ela está lá foi minha culpa. Polly me disse para não solta-la. Jadis era quem dizia ser rainha de Charn, aquele lugar tão frio, tão sem vida... Mas ao mesmo tão mágico. Jadis estava la, era onde ela estava aprisionada...- Digory se sentiu meio tonto, e Lya o segurou fazendo-o sentar na cadeira novamente.- Eu fui tolo. Polly me disse para tomar cuidado, ela me disse.

- Charn? Não conheço esse lugar. Aonde fica? É em narnia?- Lya estava demasiada complexa com a desabafo do tio, como neste tempo todo, ela pensou que narnia fosse um sonho. E agora descobre que seu tio e Polly estiveram lá, Lúcia também sabia da grande narnia agora.

- fica... fica no bosque entre mundos!- os olhos dele brilharam.- Não é em narnia...

- Como se derrota Jadis?- Perguntou Lya.- Porfavor tio, o que avó Polly faria se Jadis tivesse dominado Narnia inteira?

- Dominado Narnia?- Digory falou assustado e depois caiu na gargalhada.- O leão, o grande leão jamais permitiria que isso acontecesse no mundo que ele criou, minha cara criança.

- Mas o que a vovó faria se isso acontecesse?- A menina implorou por uma resposta

- Não me faça mais perguntas sobre sua vó, ou sobre esse lugar chamado narnia. Você quer mais repostas do que eu realmente posso dá!- Digory mudou sua feição ficando sério

em seguida se levantou saindo do escritório deixando cair um papel de seu bolso propositalmente. Lya correu atrás mas quando se deu conta ele já haverá de ter desaparecido entre os mil corredores da casa.
Ela voltou ao escritório e se abaixou pegando o pedaço de papel e o abrindo, parecia ser a página de um livro velho, nela estava escrito uma melodia com letra de música.

- "Logo vira um soldado
Que carrega uma espada poderosa
Ele irá destruir seu reino - oh lei-oh lai-oh Senhor
Logo vira uma poeta
ela irá calar seus súditos
Com sua língua afiada - oh lei-oh lai-oh Senhor
Logo vira uma princesa
Ela irá pegar sua coroa
Pois ela é digna - oh lei-oh lai-oh Senhor
Logo vira um traidor
Ele irá apunhalar sua majestade
Com sua lealdade ao verdadeiro-oh lei-oh lai-oh Senhor
Logo vira uma polegar
Ela ira soltar seus prisioneiros
Pois ela luta pelo certo - oh lei-oh lai-oh Senhor
Logo vira um leão
O verdadeiro governante
Ele irá te fazer chorar
Coberto de realeza como um verdadeiro rei oh lei-oh lai-oh Senhor."

Lya terminou de ler a música, parecia ter a mesma melodia da música que Tumnus tocou para ela e lu. Lya sentia agora seu coração tranquilo, porque aquela canção a deixava tão calma? Era quase como o mesmo sentimento que o lampião a trazia.
Paz, era o que ela sentia. Como se toda guerra do mundo acabasse, como se tudo fosse dar certo em breve.
A garota segurou o pequeno papel firme em suas mãos e deu um pequeno sorriso lembrando-se do trecho "Logo virá um leão o verdadeiro governante" "coberto de realeza como um verdadeiro rei".

- Volte logo, pai Aslam.- A menina pediu sussurando.

•| ⊱✿⊰ |•

A noite havia chegado, e Lya não conseguia pregar os olhos nem por um segundo, o barulho da árvore batendo em sua janela a fazia ser sentir facilmente irritada.
A sensação de que precisava ver o guarda roupa novamente, estava a deixando com insônia. "Eu só quero dormi" ela pensou, olhou para o teto de seu quarto, solidão se instalava por todo cômodo ela encarou desta vez a vela acessa ao lado da cama respirou fundo e sem pensar duas vezes se levantou colocando seu agasalho mais quente e peludo, e suas botas marrons; ela nem sabia se conseguiria voltar ao seu país das maravilhas, mas sabia que deveria tentar.
A garota abriu a porta de seu quarto devagar, tomando cuidando para ela não ranger alto. E começou o caminho rumo ao guarda roupa da sala vazia; O que ela também não havia de ter percebido era que o mesmo incomodo que ela sentia a pequena Lúcia também estava sentindo. E logo a pequena saiu de seu quarto, com seu casaco simples da cor rosa e uma vela em suas mãos andando devagar para que Lya não notasse sua presença.
Lya abriu a porta da sala e entrou com cuidado se aproximou do guarda roupa, segurou a maçaneta com firmeza

- Porfavor, esteja aí...- Ela pediu fechando os olhos e em seguida puxou a porta o vento gelido soprou em seu rosto e ela abriu seus grandes olhos azuis

Seu sorriso foi tão grande, ela entrou dentro do armário apenas encostando a porta com cuidado, afinal apenas alguém sem juízo fecharia totalmente uma porta, enfim passou pelos casacos até finalmente esta em narnia novamente. Encontrou pendurado em um galho o grande manto verde dado por Tumnus, ela se cobriu com ele para tampar seu rosto e seguiu a caminho do lampião.
Lúcia estava ainda nos corredores da grande mansão do senhor Kirke, fazendo o mesmo trajeto que a Plummer que também nem sequer notou seu irmão, Edmundo, a seguindo, o menino parecia querer assusta-la.
Quando ela finalmente abriu a porta da sala vazia, foi direto para o guarda roupa; Se enfiou lá dentro deixando a porta meio aberta, ela tinha juízo o bastante para saber que só um tolo se fecharia dentro de um armário.
Edmundo que a seguia ficou surpreso pelo fato dela ter realmente entrado dentro daquele armário "criança idiota" ele riu sozinho pensando no quão Lúcia era infantil.

- Lúcia...- Ele chamou com a voz fazendo eco.- Cadê você?

Edmundo segurou a maçaneta do guarda roupa e a puxou fazendo "buh" para assustar a pequena, mas para sua surpresa ela não estava lá dentro. Como se algo o chamasse ele começou a entrar, chamando "Lúcia" e perguntado "tem medo do escuro?" Ele fechou a porta do guarda-roupa completamente, como alguém sem juízo algum faria. E se enfiou por dentro dos casacos, que o fez se perde como um labirinto, ele parecia meio desnorteado tentando andar pelo gigante guarda roupa sem final, procurava a saia, mas não conseguira abrir a porta novamente e assim foi adentrando mais e mais o armário até tropeçar em algo como um tronco de árvore e cair para trás em algo fofo e duro ao mesmo tempo, neve.

- Não deveria está aqui.- uma voz calma sussurou.

O garoto se levantou do chão vendo uma pessoa encapuzada em um manto. Ele olhou ao redor meio assustado vendo tudo que a irmã havia citado de tarde, era quase fácil acreditar agora.

- Não se aproxime!- Edmundo falou se afastando da garota com capuz

- Vem comigo, idiota.- Ela chamou e saiu correndo pelo corredor pequeno qual levava até uma luz amarelada.

Edmundo a seguiu apreensivo, até chegar em uma espécie de lampião no meio do nada ele olhava tudo aquilo confuso, era demais para a cabeça dele.

- Você viu minha irmã?- Ed perguntou tentando se manter em si.

- O que?- Lya puxou seu capuz revelando seu rosto para o amigo enquanto levantou as sobrancelhas.- Lúcia está aqui?

- O... O que... Você

Lya viu a cara de surpresa e o modo que a língua de Ed havia travado.
A menina colocou a mão na boca dele cobrindo e aproximando seu rosto, o garoto corou de imediato.

- Não conte a ninguém sobre me ver aqui, é tudo que lhe peço.- A loira sussurrou e se afastou de Ed com um sorriso amigável.- As árvores tem ouvidos.

Apesar da supresa e extremo desconforto por ser calado, ele afirmou com a cabeça.
Ela voltou a cobrir seu rosto e estendeu a mão para Edmundo, quado ele foi segura ela o empurrou fazendo o mesmo se desiquilibrar e cair na neve, ele fez um face irritado e a menina caiu na gargalhada se jogando na neve ao lado dele
Ele acabou rindo um pouco também, os dois se viraram um para o outro, seus olhos se encontraram.

- Você é louca?- ele perguntou ainda rindo.- Poderia ter me matado.

- Se divirta pelo menos neste mundo.- A menina sorriu se sentando na neve e olhando para Ed ainda com um sorriso.

- É meio difícil quando esse lugar está me provocando arrepios.- Ele disse olhando ao redor novamente e se sentando na neve com frio e um pouco assustado.- É um lugar dentro de um guarda roupa, não se sente com medo?

- Bom, um pouco.- Ela riu baixinho e estendeu novamente a mão para o menino.- Se está com medo basta agarrar minha mão, vou guiá-lo através do meu país das maravilhas assim como vou te guiar na casa que fica do outro lado do guarda-roupa.

Edmundo olhou para a mão da menina e depois para ela, os olhos azuis brilhavam como nunca ele podia ver claramente seu reflexo neles.
Edmundo sentia algo novo crescer dentro dele, isso o fez ter dificuldade em respirar. Ultimamente ele se sentia apenas como uma ilha deserta, alguém sem um coração. Mas aquele novo sentimento, crescendo e crescendo estava o deixando mais humano.
Ele levou devagar sua mão até a dela e ambos sorriram um para o outro.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top