Capítulo 29
— Alteza, Sua Majestade partiu com o príncipe-consorte e a princesa há poucos minutos. — Disse um secretário real.
— Não era para nós termos viajado com a rainha? — Sussurei para Osten, que estava abraçado a mim.
— Não, minha Alice. Por questões de segurança a família real viaja em aviões separados. — Ele se virou para o secretário. — E quando nós poderemos partir?
— A aeronave já está pronta, Alteza. Por favor, acompanhem-me.
Osten e eu começamos a seguir o homem, e continuamos a fazer isso por um bom tempo. Percebi que o aeroporto de Angeles era muito maior do eu me lembrava. Claro, da última vez em que eu estivera aqui eu não tivera acesso a ala destinada à realeza, mas agora eu estava na companhia do homem que eu amava. Que por acaso era um dos príncipes do país.
Percebi também que o protocolo de segurança era infinitamente mais rigoroso para uma viajem real. Guardas estavam por todos os lados, e 10 deles nos ladeavam.
Osten e eu fomos conduzidos por vários corredores até finalmente desembocarmos em uma passarela a céu aberto. O tapete vermelho ia da porta interna por onde saímos até o início da escada do avião. Como se alguém precisasse de algum indicativo para ver aquela aeronave gigante. O brasão da família real reluzia tanto que eu desviei os olhos, me apoiando mais em Osten e confiando nele para que me guiasse.
— Você vai se acostumar com o tempo, minha Alice. — Disse ele, enquanto continuávamos andando. — Eu mesmo demorei pelo menos 1 ano para poder encarar o brilho daquela coisa sem baixar a cabeça.
Suspirei. — É um verdadeiro alívio saber que eu não vou ficar quase cega toda vez em que eu precisar olhar para o avião.
Osten riu.
— Você sempre poderá se apoiar em mim enquanto não acostuma seus lindos lagos cristalinos com a imagem, meu amor.
Eu ri.
— Você não devia ter dito isso, porque agora eu não quero que os meus olhos se acostumem nunca, só para eu poder ficar assim com você todas às vezes.
— Se esse é o seu desejo, então está combinado. Em qualquer viagem que fizermos, nós sempre iremos assim até o avião.
— Sempre?
— Sempre.
— Sabe... — Eu levantei os olhos para encará-lo, meu semblante apaixonado. — isso com certeza será maravilhoso.
Ele sorriu de forma travessa. — O que eu posso dizer? Ser o amor da minha vida é algo que lhe dá alguns privilégios.
Eu retribui seu sorriso. — Ser o amor da sua vida já é o meu maior meu privilégio, meu Osten.
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— Vossa Alteza, Senhorita, o piloto pediu para informar-lhes que a duração do voo será de aproximadamente 11 horas. — Disse uma aeromoça de meia-idade. — Durante esse tempo, não hesitem em me chamar quando desejarem algo. Eu estou aqui para servi-los.
— Obrigada. — Falei meio desconcertada. Mesmo depois de semanas no palácio, eu ainda não estava muito acostumada a esse negócio de servidão absoluta.
— Obrigado, Sra. Jackson. — Disse Osten, antes de me dar um beijo na testa.
A mulher sorriu ao perceber o carinho dele por mim.
— Não precisam me agradecer, Altezas. — Altezas? Com "s"? Ah, claro. É assim que todos me tratarão em pouco tempo. Mas agora parece cedo demais para fazer isso. Osten ainda nem me pediu em casamento. — Por favor, coloquem os cintos. Vossa Majestade ordenou que partíssemos imediatamente assim que Suas Altezas chegassem.
Nós assentimos e fizemos o que a ela pediu. A Sra. Jackson voltou à cabine do piloto e logo depois o avião já estava deslizando pela pista, pronto para decolar.
Osten se virou para mim sorrindo.
— Alteza, em?
Eu grunhi.
— Será que se eu pedir ela volta a me chamar de Senhorita?
— Sem chance, querida.
Suspirei.
— Vou ter mais dificuldade para me acostumar com todos me chamando assim do que para perder a sensibilidade ao brilho daquele brasão.
— Ei, — Osten se aproximou ainda mais de mim. — sabe o que é legal em ser princesa?
— O quê?
— Princesas podem beijar príncipes a qualquer hora. — Seus olhos brilharam. — E olhe só que coincidência, eu sou um príncipe.
Eu gargalhei, já colocando meus braços ao redor do seu pescoço.
— Mas eu não sou uma princesa. — Disse.
— Ainda. — Ele me corrigiu com seus lábios já nos meus.
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— Altezas, vocês precisam de algu...
— Shh, — Eu fiz o som calmamente, levantando a cabeça e colocando um dedo na boca para impedir que a Sra. Jackson continuasse a falar.
Depois, com o mesmo dedo apontei para o meu colo, onde a cabeça de Osten repousava enquanto ele dormia tranquilo.
— Oh Desculpe, — A mulher sussurrou. — Sua Alteza precisa de algo? Um lanche, uma bebida?
— Não, muito obrigada Sra. Jackson, mas eu estou bem. — Senti Osten se ajeitar no meu colo e não pude deixar de sorrir. — Muito bem. Comerei alguma coisa quando o príncipe acordar.
— Perfeitamente, Alteza. Com licença.
A Sra. Jackson desapareceu em uma das várias cabines da aeronave e eu voltei a fazer o que estava fazendo antes dela me interromper. Passar a mão pelos cabelos do meu Osten, vendo e sentindo os fios louros deslizarem por entre os meus dedos.
É quase impossível acreditar em como tudo aconteceu tão rápido. Num dia eu estava na casa dos meus tios sem nem ao menos querer preencher a ficha da Seleção, e no outro eu já estava trancada num abrigo dormindo nos braços do príncipe, me apaixonando por ele sem nem me dar conta.
E por fim, aqui estou eu, sendo capaz de derreter por inteira quando Osten sorri, ou quando ele fica emburrado, ou quando ele me beija.
Suspirei apaixonada.
Amo-o completa e profundamente, e ele me ama da mesma forma.
Eu o amo. Ele me ama. De repente a conjugação do verbo amar ficou muito mais encantadora.
Quando eu passei a mão por seu cabelo mais uma vez, Osten sorriu.
— Você vai me deixar mal acostumado, meu amor. — Disse ele.
— Seu trapaceiro, há quanto tempo você está acordado?
Ele abriu os olhos e fingiu pensar. — Uns 10 minutos?
— 10 minutos? — Eu perguntei sem acreditar muito.
— Tudo bem, pode ter sido 20 minutos.
Balancei a cabeça rindo.
— Está com fome?
— Não sei. Ainda estou decidindo se eu digo sim e me levanto ou se eu digo ou não e deixo você continuar o que está fazendo.
— Você não pode ficar com fome só para que eu acaricie seu cabelo. — Falei, divertida.
— Posso sim, veja. Vou até voltar a dormir.
Osten fechou os olhos de novo e fingiu pegar no sono.
Eu gargalhei e o estômago dele roncou baixo.
— Acho que talvez devamos chamar mesmo a Sra. Jackson. — Disse ele, rindo de olhos fechados.
Outro ronco, dessa vez do meu estômago.
— Eu concordo.
— Você ainda vai passar a mão no meu cabelo depois que nós tenhamos comido, minha Alice?
— É claro, meu Osten. Farei isso sempre que você quiser, é só você me pedir.
Ao sentir minha mão em sua cabeça mais uma vez, o príncipe suspirou contente. — Então você vai passar muito tempo fazendo isso, querida, porque eu vou te pedir a toda hora.
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— Osten, quando seus pais voltaram para a Nova Ásia?
— Logo após o baile. Os dois ficaram desesperados com o seu acidente, mas a minha irmã ainda conseguiu convencê-los a partir. Claro, para isso ela teve que prometer dar um dossiê diário do seu estado por telefone para a minha mãe. — Ele pareceu lembrar de algo. — E falando na minha mãe, ela me pediu para te dizer uma coisa.
— O quê? — Perguntei curiosa.
— Todo poder à Carolina.
Eu comecei a gargalhar.
— Eu não entendi. — Osten declarou, franzindo as sobrancelhas e parecendo concentrado.
Eu ri mais ainda ao ver sua expressão confusa.
— Você está rindo de mim, minha Alice? — Ele perguntou com um sorriso travesso, se levantando do seu assento na ala de jantar do avião.
Balancei a cabeça, apertando os lábios para tentar me conter. Não deu certo. Explodi em outra risada.
— Ah, eu vou pegar você. — Ele disse e eu saltei do meu lugar, disparando na direção da cabine real.
Osten me alcançou assim que eu cruzei a porta. Sem me deixar reagir, ele me ergueu em seus braços e andou comigo até a cama. E depois que me depositou nela, me prendeu contra o seu corpo e começou seu ataque de cócegas.
— Você não vai me contar o que aquela frase significa?
— Não! — Eu exclamei quase sem fôlego de tanto rir.
— Tem certeza? — Ele continuou sua tortura doce.
— Tenho.
— Tem mesmo?
— Não.
Ele levantou as mãos.
— Então você vai me contar?
Eu devolvi o ar aos meus pulmões antes de responder.
— Talvez.
Osten se preparou para voltar a me fazer cócegas mas eu balancei a cabeça.
— Isso não vai fazer com que eu fale. — Eu disse, descendo o olhar para a boca dele.
O príncipe me entendeu e me encarou com olhos intensos.
— Eu acho que já sei como vou fazer você falar, meu amor.
Deitando o seu corpo sobre o meu, Osten me beijou apaixonadamente. Sentir seus lábios nos meus não era apenas a perfeição, era todo um universo de emoções extraordinárias.
— Sua mãe era da Carolina, eu também sou. Ela me disse que isso era apenas mais um indicativo de que eu seria a nova nora dela. — Eu disse quando separamos nossas bocas para tomar fôlego.
— Bem, minha mãe estava certa. Ela sempre está certa. — Osten tirou uma mecha de cabelo da minha testa. — Você está com sono, minha Alice?
— Estou.
— Então é melhor aproveitarmos que já estamos aqui e dormirmos um pouco. Eu planejei um piquenique para nós hoje à noite.
— Não vamos direto para o palácio da rainha Nicoletta?
— Não, já combinei tudo com a minha irmã. Eu e você vamos para o nosso piquenique assim que chegarmos a Itália. Tudo bem?
Eu assenti, mais do que feliz. Osten sorriu de lado.
— Você está com muito, muito sono, meu amor?
— Não.
— Nem eu. Então... que tal fazermos alguma coisa enquanto não dormimos?
— O quê, por exemplo, querido? — Perguntei, fingindo-me de desentendida.
Ele juntou nossas testas.
— Isso.
Osten colou nossas bocas num só movimento e nós voltamos a nos beijar até decidirmos adormecer.
O que, por sinal, demorou bastante.
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Avisos: O livro está entrando em reta final. Vai ter epílogo e epílogo extra. Agradecido pelo apoio a história.
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