Capítulo 18
Cansada, fechei os olhos e deixei a cabeça cair na mesa pela quarta vez.
Devido ao fato de ter me tornado tutora da princesa Kerttu, eu nem cheguei a saber o nome da maioria das outras selecionadas. Não só perdi o anúncio deles no Jornal, como também só via as outras garotas durante as refeições. Ou durante os encontros com Osten.
Além disso, eu passara a primeira semana inteira fugindo delas e dos seus comentários maldosos.
Então, não foi surpresa alguma quando Madison veio me dar a notícia de que Osten havia mandando mais sete garotas para casa hoje, e eu não me lembrei de nenhum dos nomes que ela citou.
Senti que estava em desvantagem com aquilo. Eu deveria saber com quem estava competindo.
Diante desse fato, nos últimos 10 minutos que restavam antes do Jornal Oficial, ao invés de estar ensaiando novamente o que eu tinha combinado com a rainha, eu estava passando e repassando as fichas das nove garotas que sobraram além de mim.
Riley Baker, Bankston, 19 anos
Leah Martinez, Columbia, 20 anos
Leanna Roberts, Allens, 18 anos
Grace Campbell, Summer, 19 anos
Layla Edwards, Bonita, 18 anos
Ella Philips, St. George, 19 anos
Mia Young, Midston, 19 anos
Emma Hill, Calgary, 20 anos
Madison Matin, Clermont, 18 anos
Kerttu praticamente as conseguira para mim no momento em que lhe pedi. Como ela havia feito isso, porém, eu não tinha a mínima ideia.
— Senhorita Alice, mas o que a senhorita ainda está fazendo aqui? — Evie entrou no quarto de repente.
Escondi as fichas na gaveta da cômoda.
— Nada, eu só...
— Depressa, — Ela me interrompeu. — Phoebe deve estar louca atrás da senhorita.
Nós duas saímos do quarto e descemos as escadas. Evie me seguiu até o estúdio como se quisesse se certificar de que eu não fugiria durante o percurso.
— Senhorita Alice, graças a Deus. — Phoebe correu até mim.
— Me desculpe, mas...
— Não é hora para se desculpar. Nós não temos tempo nem para respirar, senhorita. — Ela começou a me conduzir para o meu assento.
Quando estávamos no meio do caminho, a rainha Eadlyn nos interceptou.
— Eu assumo daqui, Phoebe. Pode ir ver as outras garotas.
— Muitíssimo obrigada, Majestade. — Phoebe saiu a passos rápidos na direção de... de...
Pense Alice, pense. Como você pode aprender os eventos que levaram a Terceira Guerra Mundial mas não consegue aprender o nome de algumas garotas?
Seria Ella, Riley, Emma? Ou Mia?
Meu Deus, qual é o nome daquela menina?
— Layla, senhorita Alice. Layla Edwards. — A rainha falou um pouco entretida e eu percebi que a minha última frase não ficara só nos meus pensamentos. — Não precisa se desesperar. Uma hora você irá decorar. — Ou as minhas últimas frases.
— Certo. — Respondi sem graça.
Dava para notar que a rainha estava tentando não rir. Eu tinha que mudar de assunto antes de morrer de vergonha.
— Quer que eu repasse o texto novamente, Majestade?
A monarca balançou a mão.
— Não acho necessário. Creio que a senhorita vai fazer um trabalho espetacular. Só vim lhe desejar boa sorte. — Ela pôs a mão no meu ombro. — Gavril pode ser um pouco... intimidante. Mas ele é uma boa pessoa, essa é apenas uma das várias impressões que temos ao vê-lo ao vivo pela primeira vez.
— Ok, obrigada.
A rainha olhou ao redor.
— Tenho que ir agora. Eikko é um verdadeiro fracasso em prender o cabelo de Kerttu. E ela sempre fica muito agitada antes do Jornal. — A voz dela passou a ser um sussurro. — Além disso, não é bom que nos vejamos juntas por muito tempo. Não posso ser ligada à senhorita hoje.
— A senhora tem razão. Eu vou para o meu lugar. — Pisquei para ela. — Curta o show, Majestade.
A monarca se afastou gargalhando e foi na direção da filha, a qual estava tentando ensaiar os últimos passos de balé que eu ensinara enquanto o príncipe-consorte corria atrás dela, tentando contê-la sem sucesso.
Eu me virei rindo e fui em direção ao meu assento. As outras selecionadas já estavam todas posicionadas.
Para a minha infelicidade, Leanna estava sentada ao meu lado. Que sorte a minha! Mas pelo menos Leah estava sentada do outro.
Sem querer perder tempo, encarei o chão repassando o texto da rainha.
— Nervosa, Alice? — Leanna sussurrou para que só eu ouvisse.
Com raiva porque ela me interrompeu, fui quase grossa ao responder.
— Não.
— Pois eu estaria, olhe só para todas essas câmeras.
Levantei um pouco a cabeça desinteressada e olhei para a frente.
Minha nossa, eram muitas câmeras mesmo.
Comecei a suar frio.
Eu nunca falei para tantas assim ao mesmo tempo. Na verdade, eu nunca falei para nenhuma.
Empalideci.
Como eu pude pensar que era capaz de fazer isso? Mas que idiota! Eu mal falara em público durante toda a minha vida.
— Você está bem? — Osten perguntou surgindo subitamente na minha frente.
— Não. Eu não posso fazer isso.
Leanna abafou uma risada. Osten a encarou sério e ela, sem graça por ter sido flagrada pelo príncipe, virou-se para trás para conversar com... com... Emma. Isso mesmo, Emma.
— Está com medo de ficar sob os holofotes? — Osten sorriu docemente para mim.
— Estou. Apavorada na verdade.
— Você vai se sair bem. Não precisa ficar receosa.
— É fácil para você falar isso, já fez o Jornal milhares de vezes. E se eu tropeçar e cair? E se eu gaguejar? Ou pior, e se eu fizer tudo isso junto?
O príncipe se aproximou mais de mim e tomou minhas mãos nas dele.
— Você é perfeita em tudo o que faz, sabe disso.
Pude sentir o peso dos olhares das outras selecionadas sobre mim naquele momento. Mas eu já estava tão nervosa que nem liguei.
Osten inclinou a cabeça para sussurrar no meu ouvido.
— Apenas me observe.
— 20 segundos! — Um produtor gritou.
Dando um beijo na minha testa, Osten correu para o lugar dele. Eu não havia entendido o que ele quisera dizer com aquilo, mas só esse nosso breve contato já me deixou um pouco menos nervosa.
As câmeras foram ligadas e Gavril se levantou de seu assento no centro no palco. As selecionadas estavam à sua direita e família real à sua esquerda, numa plataforma um pouco mais elevada.
— Boa noite, Illéa. Devo dizer que eu estou extremamente honrado em poder conduzir o primeiro Jornal Oficial que cobrirá os eventos mais do que empolgantes da Seleção do nosso aclamado Príncipe Osten. Mas antes que eu possa conhecer melhor essas senhoritas maravilhosas que estão disputando o coração do príncipe, — Ele se virou para a família real. — Majestade, algum aviso a fazer?
A rainha negou, cumprindo o acordo com a primeira-ministra.
— A noite é toda do meu irmão.
Gavril sentou-se novamente.
— Então, que não percamos tempo. Que venha ao palco o motor principal dessa Seleção, Sua Alteza Real O Príncipe Osten Schreave.
Apenas me observe. Comecei a compreender o que as palavras de Osten significavam no momento em que ele começou a descer da plataforma. O príncipe tropeçou na pequena escada e caiu de cara no chão.
Mas ele não ficou nada constrangido. Pelo contrário. Rindo, ele se levantou sob os olhares perplexos de todos os presentes e foi sentar-se ao lado de Gavril.
— De-de-de-des-cul-cul-culpe. Pa-pa-pa-re-re-ce qu-que ho-ho-je eu es-to-tou um po-po-pouco de-de-de-sa-sa-sa... — Osten gaguejou abertamente, sorrindo cada vez mais.
— Desajeitado? — Gavril completou e o príncipe assentiu. — E gago também pelo que vejo.
— Co-co-coisas da-da-da vi-vi-vi-vida. Um-um mi-mi-minuto.
Osten fechou os olhos e tomou uma respiração profunda. Quando ele os abriu de novo se virou rapidamente para mim e piscou, fazendo a frase "Exagerado Real" com os lábios.
Eu fiquei boquiaberta. Ele havia feito tudo aquilo só para me acalmar.
Osten tinha tropeçado, caído, e gaguejado de propósito em rede nacional somente para que eu perdesse o meu medo das câmeras.
E o melhor de tudo. Havia funcionado. Porque toda a apreensão que eu antes sentia foi varrida do meu coração pelo amor que eu nutria por ele.
Esbocei um sorriso bobo.
— Pronto. Estou melhor. — Osten disse.
Gavril desviou seu olhar para mim e depois se voltou novamente para ele.
— Parece que há muitas coisas acontecendo por aqui, Alteza. Poderia nos adiantar alguma coisa?
— Com toda certeza. Vocês já devem ter percebido que apenas 10 garotas continuam no processo. Este é o primeiro Jornal Oficial que cobre os eventos dessa Seleção e nós já estamos na Elite. Isso é algo inédito na história.
— E qual a razão disso, príncipe Osten?
— Digamos que tudo tem acontecido muito rápido. — Osten sorriu. — Ouso dizer também que o fim pode estar muito próximo.
— Mas já? — Gavril parecia alarmado.
— Ninguém nunca disse que o coração deve demorar a reconhecer sua alma gêmea. E o meu certamente não está demorando.
De relance, eu vi a princesa Kerttu revirar os olhos. Não era segredo para mim ela achar que o tio só estava perdendo tempo não me escolhendo logo de uma vez. Afinal, ela mesma já havia deixado isso muito claro.
Mas eu, por outro lado, tinha começado a perceber que, por mais que amasse Osten, e justamente porque eu o amava, não queria tê-lo em meio as suas dúvidas. Não.
Eu o queria por completo.
Gavril arqueou as sobrancelhas.
— Suponho que Sua Alteza vá nos contar o que se passa aí dentro. — Ele apontou para o lado esquerdo do peito de Osten.
O príncipe balançou a cabeça. — Desculpem-me, mas é confidencial.
O apresentador expirou frustrado.
— Então, não nos resta outra alternativa a não ser tentar conseguir alguma pista com aquelas belas senhoritas. — Gavril colocou a mão no queixo e se virou para os bastidores. — Mas vamos fazer diferente dessa vez. O príncipe continuará sentado aqui, e um outro assento será colocado ao seu lado. Assim poderemos ver a dinâmica do casal.
Eu olhei em pânico para a rainha. Pude ver que ela engoliu em seco.
Aquilo ia totalmente contra os nossos planos. Nós tínhamos combinado que eu iria desviar sutilmente o assunto da conversa da Seleção para a ADL. Mas como eu poderia fazer isso com Osten ao meu lado durante todo o tempo e com esse negócio de "dinâmica de casal"?
— Senhorita Madison, poderia vir primeiro? — Gavril perguntou.
Minha amiga saiu de seu lugar sorrindo e sentou-se ao lado de Osten na cadeira que a produção improvisara às pressas.
Não sei porque, mas eu não conseguia ter nenhum ciúme dela com o príncipe. E isso era muito estranho, porque até de Leah, que já me declarara vencedora da Seleção repetidas vezes, eu já tivera ciúmes com ele.
Talvez isso acontecesse porque Osten e Madison estivessem parecendo um pouco desconfortáveis com aquilo tudo. Não como se não se simpatizassem um com o outro, mas como se fossem simples e visivelmente incompatíveis.
Já quando Leanna foi chamada, o ciúme não demorou a vir. Ele começava sempre com um frio no centro do tórax, se alastrando pelas minhas veias, gelando os meus braços e o meu coração numa velocidade desconcertantemente rápida.
E não ajudava em nada o fato de Leanna tentar tocar em Osten o tempo todo. Eu não conseguira parar de respirar fundo durante o tempo em que ela esteve sentada ao lado dele.
Pelo menos a participação de Leah foi hilária. Quando perguntada por Gavril sobre suas chances na Seleção, ela explodiu numa gargalhada. Sua resposta fez todo mundo perder a fala e arregalar os olhos no estúdio.
— Meu caro senhor, — Dissera ela. — eu não posso lhe falar sobre algo que não existe. Desde o começo, somente uma de nós teve chance. Aliás, teve chance não. Estava determinada a ser a escolhida. Eu sinceramente não sei o que esse príncipe aqui. — Ela apontara para Osten. — tem na cabeça para ainda estar mantendo todas nós no palácio. — Leah colocara uma mão na boca para imitar um sussurro. — Só não vou contar quem é a garota porque vocês vão descobrir de qualquer forma, já que esses dois são extremamente incapazes de esconder o que sentem um pelo outro. — Gavril ficara em deleite com aquilo.
As entrevistas das outras selecionadas se passaram com elas tentando encarnar o papel de paixão do príncipe que Leah tinha anunciado.
Emma havia falado o tempo todo das qualidades dele. Já Riley contara sobre como Osten era respeitoso com todas nós. E as outras quatro meninas relataram alguns de seus encontros com o príncipe, sem deixar de parar para suspirar umas cinquenta vezes.
Gavril parecera quase entediado com elas, mas como o bom apresentador que era, não deixara transparecer nenhuma emoção negativa.
Quando a minha vez chegou, ele me chamou com uma empolgação renovada.
Eu me sentei ao lado de Osten e pousei a mão no braço da cadeira. A mão dele veio ao encontro da minha imediatamente e aquilo pareceu tão natural que nenhum de nós dois tomou consciência de onde estávamos.
— Senhorita Alice, — Gavril disse olhando de soslaio para nossas mãos entrelaçadas. — posso não ter tido o prazer de ter te conhecido antes, mas devo dizer que esta noite a senhorita está encantadora.
Se a intenção dele fora provocar Osten para testar a tese de Leah, ele conseguira realizar o seu intento. O príncipe apertou a minha mão e o encarou emburrado.
— A minha. — Osten enfatizou a palavra. — Alice é encantadora.
Quase todo mundo no estúdio pareceu perder o ar. Eu corei ao extremo. Já Leah e Kerttu, parecendo combinadas, desabaram em gargalhadas.
Gavril arqueou uma sobrancelha.
— A sua Alice?
— Sim, — Osten continuou, sem se dar conta de que estava falando não só na frente de todo o estúdio, mas também do país inteiro. — a minha Alice.
Seria loucura eu ter ouvido minha mãe desmaiar no outro lado do país?
— Interessante. — Gavril parecia muito entretido. — Ela foi a única que Sua Alteza não tratou pelo sobrenome.
Osten sorriu meio sem graça se dando subitamente conta do que havia acabado de fazer. Resolvi socorrê-lo.
— Sr. Fadaye, não está interessado em saber do meu encontro com Osten — Mas que belo socorro! Eu acabei chamando-o pelo primeiro nome também. — fora do palácio?
O homem aparentava estar maravilhado pelo material que nós estávamos lhe dando.
— Mas é claro que sim senhorita Alice. E, por favor, me chame de Gavril. Olhar-me no espelho todos os dias já é um lembrete suficiente da minha idade.
Todo mundo riu.
O apresentador se virou para as câmeras. — Um pequeno aviso para a Carolina: Parece que vocês terão que se despedir de alguém em breve.
Desconcertada, achei melhor começar a falar antes que Gavril fizesse alguém arrastar Osten e eu para a igreja mais próxima.
— O tempo que passei no Centro Schreave foi maravilhoso. O príncipe foi a melhor companhia possível. — Apertei a mão de Osten e ele beijou meu cabelo. — As crianças são extremamente enérgicas. Falando nisso: Oi Amie, Troy, Paul, Hatter, John... — Olhei para a câmera e citei o nome de cada um dos pequenos do Centro. — Eu adorei cada um de vocês. E não estou dizendo isso só para ganhar crédito, estou dizendo porque é a verdade.
De relance, vi a rainha piscar os olhos rapidamente repetidas vezes. Esse era o nosso sinal. Eu deveria falar da ADL agora. Mas como fazer isso sem parecer que eu forçara o assunto?
A não ser que...
— E é exatamente por causa do quanto eu gostei de vocês que eu fiquei horrorizada com o ataque que nós sofremos. Não entendo como alguém pôde colocar suas vidas em risco, meus queridos. Ainda mais para tentar atingir a mim e ao príncipe. Essas pessoas foram de desumanidade degradante. Estou certa de que a rainha e toda a família real, como as pessoas sensatas que sei que são, jamais darão voluntariamente alguma abertura para a entrada de alguém assim no governo. É apenas uma questão de tempo para eles se pronunciarem oficialmente.
— A senhorita não ficou com receio das ameaças, senhorita Alice? — Gavril perguntou.
Vibrei de alívio internamente. Aquilo era o que eu precisava.
— Para falar a verdade, Gavril. Fiquei. — Encarei a câmera mais próxima. — Mas eu não temo pelo que a Aliança Democrática Liberal possa vir a fazer comigo especificamente. Eu temo pelo que esse grupo terrorista possa vir a fazer com os milhões de cidadãos de Illéa caso se aproxime de uma posição de poder. — Suspirei tomando coragem. — Se pesquisarmos no dicionário, a palavra "Liberal" não significará nada além de "aquele que prega a liberdade". No entanto, se pesquisarmos essa mesma palavra nos livros de História, perceberemos que quando relacionada a política, ela se torna um vocábulo traiçoeiro. Nos tempos que remetem a muito antes da Terceira Guerra Mundial, "Liberal" era o adjetivo utilizado pra designar os partidos adeptos do Liberalismo, uma doutrina político-econômica que levou o mundo antigo as ruínas. Tendo como principal bandeira a tolerância desenfreada, o Liberalismo ativou e aguçou as piores facetas dos governantes daquela época. Foi sob sua influência que os maiores golpes de corrupção de toda a História foram aplicados, e também foi sob sua influência que os regimes mais fechados do mundo aconteceram. — Deixei minha expressão o mais dura possível para transmitir a seriedade dos fatos. — Sabendo disso, podemos chegar facilmente a uma conclusão terrível. Em virtude de tal doutrina, se a ADL eventualmente subisse ao poder, não iria deixá-lo por nada. Viveríamos em uma ditadura sangrenta sob o título de democracia. Seríamos chicoteados nas ruas apenas por tentarmos expressar uma ideia oposta à do governo. — Inclinei a cabeça para a frente. — Povo de Illéa, não deixe que os seus direitos de ir e vir e de opinar sejam tomados, não deixe que o país caía nas mãos de tiranos. Digam não à ADL, e digam não ao sofrimento. Façam a sua parte para impedir esse mal, porque a família real com certeza fará a dela. — Soltei a respiração que estava prendendo. — E por último, eu tenho um pequeno recado para você que se intitula o presidente: Um governante de verdade não sobrevive de ameaças. Se o senhor precisa lançar mão delas para alcançar o poder, esse é só um sinal de que ele não foi destinado a você.
Quando eu acabei de falar, não sabia o que era mais brilhante. A luz das câmeras ou o sorriso afiado de aprovação da rainha Eadlyn.
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— Eu estou preocupado, Alice.
Osten insistira em me acompanhar até o meu quarto depois do Jornal. Nós já estávamos quase na porta quando ele me virou subitamente, fazendo com que eu o encarasse.
— Com o fato de ter tropeçado e gaguejado em rede nacional ou com o fato de ter me chamado de "Minha Alice" não só na frente das outras selecionadas mas também do país inteiro? — Perguntei bem-humorada.
O príncipe pareceu nem ouvir o que eu disse.
— Eu estou preocupado de verdade, Alice. — Ele suspirou. — Com você.
— Comigo?
— Depois de tudo o que você falou no Jornal Oficial... Alice, você derrubou a confiança da população na ADL antes desta poder sequer começar a existir direito. E ainda provocou o tal do "presidente". Porque você fez aquilo?
— Eu me preocupo com o futuro. — Aquilo era pelo menos em parte verdade.
Percebi que eu odiava mentir para Osten. Mas a rainha não podia ser envolvida no que falei.
— Se eu tenho meios cabíveis de impedir que algo terrível aconteça para todo o país, eu impeço.
— Mas agora você está na mira direta da ADL assim como eu e a minha família.
— Não me importo. — Talvez eu me importasse sim um pouco, mas eu não queria parecer medrosa.
— Mas eu me importo. Eu não quero que nada aconteça a você, minha Alice. Nunca.Ele me chamou de minha Alice de novo!
Meu coração iniciou a rodada da vez da competição "Será que a Alice consegue alcançar mais batimentos cardíacos por minuto do que da última em que ela esteve com o Osten"?
— Por isso, a partir de hoje eu vou colocar 6 guardas a postos na porta do seu quarto. — Ele continuou.
— O quê?
— Não adianta querer discutir nesse assunto. Você não vai me impedir de ser superprotetor. — Osten fez aquela cara de emburrado que eu adorava.
— Você não pode fazer essa cara. Isso é jogo baixo.
— Só estou usando as minhas armas. — Ele sorriu.
— Além de exagerado é convencido agora?
Osten passou seu braços ao redor de mim e me puxou na direção dele. Abaixando a cabeça, ele sussurrou no meu ouvido me fazendo estremecer.
— Exatamente. Seu exagerado, e seu convencido, minha Alice.
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