V


Ainda não era hora de voltar para casa, precisavam mostrar o verdadeiro significado do Natal para o povo daquele lugar paralelo, que estavam melhores que Eno que nem Natal tinha. Dandara encontrou um megafone novinho jogado na lixeira e entregou a Amahle, era dele o dever de dizer ao povo o que significava o Natal.

Amahle postou-se em uma pedra alta no meio da praça com a ajuda de Jawari, e deu início às suas pregações.

-Querido povo do paralelismo do passado, chamo-os para explicar como vejo o Natal!

Não sei em qual ano ou era estamos, mas sei que um dia na Judeia nasceu Jesus de Nazaré para nos ensinar sobre amar ao próximo, sobre prosperidade, e partilhar aquilo que temos.

E como disse o mestre um dia: "O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos." (João 15:12,13)".

O povo vinha saindo de suas casas para ouvir com mais prestígio aquelas belas palavras históricas, alguns familiares uniam-se abraçados na praça, os amigos sentiam que o dever tinha sido cumprido, e quando menos viram já estavam em suas casas. A caverna encantada agora era só um mistério dentre muitos esquecidos.

-DANDARA, MINHA FILHA! - gritou a senhora Fayola ao ver a filha, estava do jeitinho que um dia tinha desaparecido.

De trás da mãe saiu um serzinho pequeno parecido com ela usando enormes óculos de realidade virtual. O pai já estava mais velho, seu Adelowo já tinha barbas brancas, e sua mãe tinha pequenas mexas brancas nos belos cabelos crespos presos com alguns grampos.

-Por onde andou nesses três anos, minha filha?-perguntou o pai abraçando-a e deixando as lágrimas contidas rolarem.

A verdade seria uma loucura, mas resolveu contar tudo em detalhes, se acreditariam era um mistério.

-Bom! Por aqui tivemos o fim do governo único, o Natal voltou e as pessoas agora são livres. Isso só pode ter sido um milagre e um ensinamento para nós. - disse a mãe emocionada.

-Vejo que continua a minha garota como um dia partiu, não tem como não crer. - falou o pai abraçando a filha junto da mãe.

-Papa, mama, dada, mamamamam!- Dizia a criança que tentava dizer alguma coisa.

-Nesses anos de peregrinação ganhou uma irmãzinha, minha corajosa Dandara, o nome dela é Nasha. - disse a mãe colocando a pequena menina no colo da irmã que agora poderia voltar a comemorar o Natal com sua família.

Dandara tinha agora certeza de que o Natal tinha se tornado triste para aquele povo porque lhes faltava o essencial de um ser humano, o amor. Era uma sociedade pautada em produzir a economia e ser o melhor de si, a coletividade tinha um dia deixado de existir em tempos anteriores, afetando a humanidade, mas agora a magia Natalina tinha voltado e precisava celebrá-la ao lado daqueles que mais amava no Universo.

FIM

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