II


Eram amigos da Dark Web, lhe bastava confiar e viver seu grande sonho. Enquanto passava pelos baobás sentia-se um pouco egoísta por deixar seus pais para trás, era como uma traição o ato de fugir de casa para uma festa, não desejava de modo algum ser uma adolescente idiota de filmes e telenovelas, mas viver aquela aventura preciso era.

-Olá, Dandara! É uma honra conhecê-la!- disse o anfitrião da festa, um garoto magricela, baixinho e de cabelos ondulados.

-Olá, pessoal!-Disse Dandara cumprimentando os outros amigos,

A coisa boa é que eram pessoas reais, eram como em suas fotos de perfis. Amahle era mais alto do que parecia, com os olhos negros e distantes, Chissomo tinha belos dreadlocks coloridos de rosa, azul e roxo, Jenday era uma menina tão delicada quanto as rosas do deserto, Chiamaka era tão robusta quanto os baobás, e com uma voz tão doce de se ouvir quanto a saboarear um mel, Akin e Jawari eram um pouco mais tímidos do que na rede social, pouco entrosavam.

-Vamos começar nossa ceia de Natal!-Disse Jawari estendendo o tapete no chão da caverna.

Chiama foi acender a fogueira, e cada um ia depositando seus quitutes pelo tapete, foi quando Dandara se deu conta de que não tinha levado nada, estava de mãos vazias, talvez fosse melhor dizer que já tinha jantado, não sabia bem o que fazer.

-Desculpem-me pessoal, mas fugi de casa pela janela e não me lembrei de trazer algo para a ceia. - Disse a menina com os olhos marejados de lágrimas por seu "erro", era sempre desastrada e esquecida.

-Não te culpes, está tudo bem, é a nossa convidada de honra!-Disse Chissomo estendendo o braço para afagar a amiga.

Dandara juntou-se aos amigos na roda da fogueira, era simples, no entanto como nos velhos tempos. Ali partilharam o pão, cada qual com uma metade, no lugar do vinho tinha suco de uva sem álcool, bananas fritas, e um tanto de outras guloseimas.

-Quem está à disposição para cantar uma canção antes da reza?-perguntou Akin sorridente.

Dandara não tinha levado nada, mas tinha sua voz para entoar uma canção, e assim o fez. Os amigos aplaudiram, e com lágrimas Amahle deu início às orações e aclamações ao menino Jesus.

-Aqui estamos para celebrar Jesus Cristo de Nazaré, aquele mesmo sendo o próprio pai nos ensinou a humildade, aquele que veio para nos mostrar que somos todos igualmente irmãos, que deixou-se partir para ressuscitar, aquele que perdoou e ensinou que não era preciso julgar nem mesmo Maria Madalena, aquele que foi justo ao julgar equilibrando os pratos da balança sem olhar a quem, e que seus ensinamentos de amor, esperança e compaixão esteja sempre em nós!

Ao abrirem os olhos já não estavam mais na caverna, estavam em um outro Natal, não se ouvia festejo, mas um silêncio ensurdecedor, luzes tinha para todos os lados, era uma noite fria, embora não tivesse neve. 

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