Capítulo 5 - Aprendizados
Aprendi três coisas muito importantes com essa experiência do veneno:
1.- Nunca colocar mais que cinco bolinhas em um só copo de suco. É muito fácil para os médicos detectaram a presença dele e descobrirem o crime.
2.- Se a pessoa estiver morrendo, esconda ela até você ter certeza de que isso aconteceu. Caso contrário, sempre vai ter tempo de salvarem ela.
3.- Se não quiser que a lição número um e dois precisem ser aprendidas, certifique-se de que bebam todo o suco. Daí sim a overdose (foi como chamaram isso no hospital) é instantânea e você se safa.
Pois é, Kukuxka, eu realmente estou bem decepcionada com essa situação. Quando eu vi ela caída no chão da sala, eu realmente pensava que ela tinha morrido.
Eu deixei ela lá, sabe? E quando eu voltei pra ver o porquê do meu papai estar demorando tanto, ela já havia sumido!
Minutos depois ele ligou pro telefone de casa e me disse que tinha chegado em casa e encontrado Angélica doente e então levou ela pro hospital.
Ele parecia preocupado, Kukuxka! Preocupado!
E ainda o deixei assim por nada, porque Angélica vai se recuperar e aí ele vai acabar ficando triste de novo quando ela se for definitivamente.
Bom, mas eu estou escrevendo aqui dois dias depois do acidente e ela voltou hoje de manhã já gritando meu nome.
Ai, foi nojento, Kukuxka. Eu chorei e abracei ela e a vadia ainda se abaixou pra ficar do meu tamanho e perguntou diretamente pra mim:
- Os médicos detectaram o que havia no suco - disse. - Natasha, foi você que colocou o veneno lá?
Olhei pro meu papai. Ele estava sério, Kukuxka, muito sério. Eu não sabia o que dizer. Se falasse que sim, todos os acidentes que Angélica sofreu nas últimas semanas viriam à tona.
Se eu dissesse que não, eu ainda tinha a sensação de que soaria suspeito. Por isso, pensei como uma garota da minha idade:
- O que é veneno, mamãe?
Não deu muito certo. Ela torceu o nariz como sempre faz quando não acredita nas minhas mentiras.
- Você sabe muito bem o que é veneno mocinha. Eles servem pra matar pragas como ratos e baratas.
E você, senti vontade de acrescentar.
- Eu não coloquei veneno no seu suco! Você não é um rato! - eu olhei para o papai, que me observava preocupado e, por um momento, pensei que ele realmente estivesse considerando essa opção.
E então comecei a chorar. Isso sempre funciona, Kukuxka. E é algo super automático: os adultos nos olham com aquela cara de culpa e tentam fazer de tudo pra nos fazer parar.
- Natasha... - ela segurou nos meus ombros e olhou fundo nos meus olhos. - O que, exatamente, você colocou naquele suco?
Não me chame de bobona, Kukuxka, eu falar isso foi realmente necessário. Os médicos já disseram pra Angélica de que o veneno tava no suco, então eu realmente tive que admitir...
- Hum... O pózinho que tava no armário, água, açúcar, gelo e bolinhas do amor!
Meus pais trocaram olhares rápidos.
- Bolinhas... do amor? - repetiu ela.
- Sim.
- E onde é que você achou essas bolinhas?
- Ah, em uma caixa na salinha do hospital - disse.
Angélica fechou os olhos e respirou fundo.
- Você encontrou uma caixa no hospital, pegou o que tinha lá e jogou no suco que fez pra mim? Natasha, eu poderia ter morrido! Nunca mais faça isso!
Abaixei a cabeça. Essa era a intenção, afinal, mas assenti. Angelica se inclinou e me deu um beijo na cabeça. Limpei sem nem disfarçar.
- Vou pro quarto - disse, e então estou aqui desde então, Kukuxka. Há dois dias.
E eu já sei o que farei a seguir.
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