Capítulo 2

Delaney acordou mais cedo e mais feliz no dia seguinte. Não ia ter treino algum, podia descansar e sair um pouco com tranquilidade.

Dispensou suas criadas lhes dando o dia e se arrumou sozinha, arrumou seu quarto com magia e foi até o quarto de seu irmão. Bateu na porta e esperou ele abrir a porta.

- Bom dia.- Arvin diz a olhando.- Já acordada a essas horas?- ele pergunta surpreso.

- Sim, pensei em irmos dar uma volta pela floresta e talvez até a vila.- ela propõe.

 - Certeza? Se sente com força suficiente para isso?- ele pergunta

- Não totalmente, mas sair um pouco daqui me fará bem, e a você também.- Afirma a loira

- Tudo bem, mas assim que se sentir pior voltamos.- Arvin afirma

Delaney concorda com a condição e após estarem ambos, prontos, os dois saem do castelo.

Havia uma separação de mundo, pessoas mágicas num mundo escondido e pessoas não mágicas no mundo "comum", dois mundos separados por passagens secretas que apenas bruxos conheciam. Delaney e Arvin decidiram ver ruas e mercados no mundo não mágico. Eles não eram muito vistos no mundo mágico, a existência de ambos era um segredo a todos, pelo menos era o que se sabia.

Delaney ajeita a capa azul que utilizava sobre si, estando escondida pelo capuz da mesma, não gostava de dar nas vistas, ser vista. Além disso, sentia mais frio que o normal, então estar assim a mantinha mais quente.

Os dois andam pela aldeia, vendo a ruas cheia de casas de madeira, barracas com pessoas vendendo comida, coisas feitas à mão. Algo que impressionava imenso Delaney. Bruxos usavam magia para fazer as suas tarefas, mas as pessoas não mágicas faziam tudo sozinhas, com as suas próprias mãos. Era impressionante.

Enquanto andavam, Arvin pode notar alguns olhares postos em Delaney. E ele entendia porquê.

Era fácil admirar Delaney. Com aqueles cabelos claros, longos e ondulados, a pele clara, olhos verdes que costumavam brilhar com a magia. Para além da sua voz doce, calma e baixa. Delaney era alguém apreciável.

Os dois se aproximaram de uma barraca que vendia comida comprando alguma para ambos, continuaram passeando por ali até decidirem andar um pouco pela floresta que ficava perto daquela pequena aldeia.

- Eu acho pessoas não mágica fascinantes.- Delaney comenta sorrindo.

- Porquê? O que têm de fascinante?- Arvin pergunta a olhando

- Fazem tudo o que fazem sem magia alguma, não é incrível? Casas, comida, limpezas, tudo! Fazem tudo por eles mesmos, acho incrível.- ela diz sorrindo.

- Acho que você tem um bom ponto.- Arvin diz sorrindo

Delaney sorri e anda um pouco sorrindo mais com o que vê. Ela avista um veado.

Com bastante cautela e cuidado ela se aproxima do belo animal. O veado nota a sua presença ficando parado a olhar ela. A garota estende a mão que tinha alguns frutos vermelhos e ficou quieta deixando o veado se aproximar por vontade própria.

Ele o fez, se aproximou ao sentir o cheiro das frutas e começou a comer da mão dela enquanto recebia carinho feito pela mão livre dela.

- É tão lindo.- ela diz ao irmão sorrindo vendo o veado comer com certa tranquilidade

O veado termina de comer as frutas e fica andando por ali perto. Tal como os dois irmão, que continuam andando pela floresta tranquilamente numa baixa velocidade.

Andaram mais um pouco ouvindo água a correr. Avistaram um riacho e se sentaram na borda vendo a água. Arvin tirou seus sapatos molhando os pés não se importando com a água fria.

Delaney tentou fazer o mesmo, molhou as pontas dos pés e tirou logo dando um gritinho. A água era muito fria e ela tinha muita sensibilidade ao frio.

- Está obviamente fria.- Arvin diz rindo leve

- Não pensei nisso.- ela diz rindo leve colocando os pés na grama.

Delaney tosse um pouco e abraça os joelhos sorrindo leve gostando do ambiente

- Devíamos sair mais.- ela comenta.- Gostava de sair mais.

- Eu sei disso, eu também gostava de o fazer, e de ver você sair mais. Mas sabe que é difícil.- O irmão responde a olhando

- Sei...- Delaney murmura.- Não entendo porque fico assim. Porque minha própria magia me machuca assim...

- Tenho tentado pesquisar.- Arvin confessa.- Há algo que não sabemos. Salazar está escondendo alguma coisa. Nada disso faz sentido. Precisamos saber mais sobre a magia.

Delaney concorda com a cabeça e se deita para trás na grama pensando

- Acha que ele se importa connosco? Mesmo que seja lá no fundo?- a loira pergunta

Arvin se deita do seu lado suspirando

- Honestamente acho que não.- ele responde.- Ele não demonstra importância alguma. Só vem para treinar e ser ruim

- Acho que tem razão.- Delaney murmura

Depois de aproveitarem o dia voltam à aldeia para discretamente voltar ao mundo bruxo. Quando lá voltaram, notaram que havia mais movimentação que antes.

Uma multidão estava amontoada à volta de algo. Eles se aproximaram apenas pela curiosidade mas ficando mais atrás.

E o que viram foi terrível, foi algo que os escandalizou na hora.

Uma jovem, provavelmente da idade deles, estava sendo arrastada até uma estrutura de madeira com um poste no meio.

- Por favor, eu não fiz nada, eu juro.- a jovem choramingava, suplicando perdão, enquanto todos assistiam.

- Cale-se bruxa.- Um dos homens que a arrastava exclamou.- As provas são incontornáveis.

Delaney e Arvin ficaram em choque. Notaram tochas e pequenos pedaços de madeira em cima da estrutura.

Iam queimar a jovem, por supostamente ser bruxa?

Já só se ouvia as súplicas da pobre jovem, desesperada.

- Que cruel.- Arvin murmura

Delaney sentiu uma repentina vontade de chorar e uma raiva crescer. Discretamente usou sua magia, não iria permitir um fim tão cruel, por um motivo tão idiota.

O que aconteceu a seguir foi muito rápido. Ninguém notou a magia, só viram os homens sendo afastados largando a jovem que foi puxada pela magia de Delaney até a mesma.

A loira pegou na mão da jovem e junto de Arvin fugiram dali sendo perseguidos por algumas pessoas de lá.

Delaney não conseguia correr muito rápido, então se esconderam rapidamente usando magia para ninguém os ver.

Os dois olharam a garota que estava bastante confusa.

- Quem são vocês?- Ela pergunta ofegante pela emoção e correria, limpando as lágrimas que ainda tinha no rosto.

- O meu nome é Delaney, e esse é meu irmão Arvin. E você?- ela pergunta num tom calmo e delicado.

- O meu nome é Freya.- Ela murmura

- Quantos anos tem?- Delaney pergunta

- Tenho treze anos.- ela responde olhando os dois.

- Freya, as acusações contra você eram verdadeiras?- Arvin questiona

Freya suspira confirmando com a cabeça

- Eram...mas eu juro que tive cuidado!- ela trata logo de falar isso rápido.

Era como se tivesse medo de ser julgada pelos dois bruxos na sua frente por não ter sido cuidadosa o suficiente.

- Eu há umas semanas que ando vivendo por aqui, mas sozinha.- ela conta.- Eu sei do que sou capaz, mas sabia que era incomum, escondi sempre. Prometo.

- Porque te descobriram agora?- Delaney pergunta

- Eu estava tentando arrumar comida. Roubar era perigoso, tentei fazer a comida vir até mim.- Murmura.- Sabia que era arriscado, mas não tive outra opção, eu não comia há uns dias. E fui descoberta.

- Oh, eu sinto muito Freya.- Delaney diz acariciando sua mão.- Nós entendemos seu cuidado e seu motivo. E juramos não machucar você. Sabia que existe um mundo só para bruxos como eu e você?

- Sim.- Ela nega.- Sabia. Nunca lá fui, mas a minha mãe me falava de lá.

- Nós podemos levar você até lá e te ajudar.- ela propõe.

- Por favor.- Freya pede.- Eu tenho minha mãe. Acha que pode estar lá?

- Tem alguma foto, algo que identifique ela ?- Arvin pergunta

Freya pegou na pequena bolsa que carregava consigo a abrindo

- Iam queimar isso comigo, achando que era coisas de bruxaria.- comenta tirando uma foto.- Essa é minha mãe.- aponta para a fota de uma mulher que sorria e se movia.- Sempre levei isso comigo, um dia me perdi dela. Ela é como eu, vivíamos por entre estas pessoas.

- Qual o nome dela?- Arvin pergunta

- Celyna.- Freya respondeu sorrindo leve

- Vamos achar ela.- Delaney garante sorrindo leve.- Agora, vamos até o mundo bruxo.

Os três conseguem alcançar a passagem para o mundo bruxo, não vendo ninguém até lá, deviam ainda estar procurando por eles, por aí.

Freya ficou encantada com o novo mundo que viu. E Delaney e Arvin aproveitaram o resto do dia com ela pergunta por vilas próximas se conheciam a senhora da foto.

Além de terem comprado comida e melhores roupas para a garota.

Até agora não tinham tido sorte na busca. Mas quando chegaram a uma confeitaria mágica viram na porta um papel com uma foto de Freya com "Procura-se".

Então apenas Delaney entra e vê uma mulher limpando a loja com magia e arrumando coisas.

Era igual à mulher da foto que Freya carregava.

- Desculpe.- Delaney chama a sua atenção. A mulher para o que faz e sorri se virando

- Sim? Posso ajudar?

- O seu nome é Celyna?- ela pergunta com expectativa.

- Sim, é.- confirma.

- Eu vi o papel que tem na porta da loja.- Começa dizendo.

- Oh, sim. É a minha filha, a perdi há uns tempos, tenho tentado achar ela.- ela conta com tristeza.- Mas ainda tenho esperança sabe?

- Entendo.- murmura fazendo sinal para Freya entrar.

Freya entra com certo receio mas relaxa ao ver sua mãe.

- Mãe...- ela murmura e Celyna fica chocada e com lágrimas nos olhos repentinamente ao ver a filha ali.

Celyna se aproxima e toma a filha nos braços. Delaney e Arvin sorriem felizes pela cena. Tanto Freya, como Celyna agradeceram muito a ambos.

Depois disso, os dois se dirigem para a mansão novamente.

- Não fazia ideia que pessoas não mágicas tratavam bruxos dessa forma.- Delaney comenta.- É horrível.

- É, ainda bem que ajudamos Freya.- Arvin afirma.- Sabia que bruxos eram discriminados naquele mundo, mas não achava que era dessa forma.

Decidiram não tocar mais no assunto, não queriam pensar nisso, apenas estavam felizes por ter ajudado alguém nesse dia.

(...)

Durante a noite, Arvin saiu de seu quarto. Checou Delaney, que dormia serenamente e se dirigiu até o escritório de Salazar.

Sabia que não podia fazer barulho, não queria ser apanhado por ninguém. Principalmente por Slytherin que estava no quarto do lado, tinha chegado após o jantar.

Arvin abriu gavetas com magia para ser mais silencioso. Viu papéis e mais papéis. Mas nada que tivesse relevância.

Até que viu um papel em específico. Tinha um ar velho, gasto. E numa caligrafia cuidada estavam as palavras

"A profecia da Herdeira de Salazar Slytherin"

Arvin leu todo o conteúdo com atenção. E arregalou os olhos ao terminar.

- Sabia que havia mais história por detrás disto.- ele murmura.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top