Special pt. 01 - Shownu

Não reparem nos erros, vou arrumar assim que conseguir uma folga na minha escala louca.

Algumas partes do cap. Não são politicamente corretas, me xinguem com delicadeza nos comentários.

Boa leitura!
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[ 13 anos ]

 Eram quase duas da manhã quando Shownu acordou gritando do seu pesadelo, agora já tão familiar à ele.

 Seus olhos seguiram até sua calça de pijama molhada, o que lhe causou suspiros derrotados. Sua mão trêmula agarrou o lençol de cama enquanto ele fazia a caminhada da vergonha até o banheiro para tomar banho. Era a quarta vez só aquela semana que Shownu fazia xixi nas calças e toda vez ele tentava esconder dos seus tios esse fato, então o próximo lugar à ser visitado durante a madrugada era a lavanderia para ele poder colocar a roupa de cama e seu pijama sujo na máquina de lavar sem que ninguém notasse.

 Shownu tinha 12 anos, faria 13 aquela semana e seus pais estavam mortos.

 Seu pai ômega Seok ficou doente pouco depois que ele nasceu e seu pai alfa, que carregava o mesmo nome que ele Shownu, estava fraco e debilitado e não aguentou a dissolução da marca quando o seu companheiro deu seus últimos suspiros, morrendo junto com ele no mesmo dia.

 Shownu estava no quarto, em seu berço quando seus pais morreram e ele diz que não lembra de nada para todo mundo que pergunta, mas a verdade é que ele lembra do choro do seu pai alfa, dos olhos de lamento na sua direção e de ter ficado um longo tempo dentro do pequeno cômodo com ambos seus pais mortos até serem  encontrados e ele resgatado.

 Pelo menos era isso que sua mente produzia durante a noite e o fazia acordar suado e trêmulo com o som dos seus próprios gritos. Shownu não sabia se sua mente produziu todas aquelas memórias ou não, mas parecia bem real pra ele.

 O mais estranho de tudo isso é que seus tios, que agora tinham sua guarda legal, mal se importavam com a morte dos seus pais e ele nem estava exagerando. Tio Jimin sempre falava  com pesar quando ia dizer algo sobre seu pai Shownu, mas parecia alegre e quase animado quando o assunto era seu pai ômega Seok e isso o irritava muito, ele não sabia bem porquê, mas aquele descaso fazia com que ele odiasse muito aquela família, apesar deles não tratarem ele de nenhuma maneira diferente, parecia até ingratidão da sua parte as vezes, mas ele não se importava. 

- Fez xixi na cama de novo?

 Shownu fechou seu mangá com toda força do mundo, pulando da máquina de lavar enquanto encarava o primo idiota com um sorriso prepotente no rosto.

  Kihyun era filho dos seus tios Jimin e Suga. Ele era três anos mais velho que Shownu e era um total idiota.

 O garoto era todo certinho, capitão do time de futebol, só tirava nota alta em tudo e todos, absolutamente todos, o amavam.

 Bom! Talvez não todos, já que Shownu tinha um lugar especial no seu quartinho do ódio, só para o idiota convencido do Kihyun. 

- Não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer. - Shownu resmungou virando para a secadora que estava quase terminando o processo rápido de secagem.

 Kihyun riu baixo se aproximando do menor até encostar nas costas de Shownu que ficou tenso com o contato, apesar de mínimo. 

- Me fala a verdade ou eu conto tudo para o Appa Jimin.

 Shownu arregalou os olhos, ficando de frente para seu primo mais uma vez, seus olhos carregavam pavor e ele realmente estava fazendo seu melhor para não começar chorar na frente do mais velho. 

- O que quer de mim seu idiota? - Shownu perguntou com a voz trêmula.

 Era assim toda vez. Kihyun pegava vez ou outra ele escondido lavando roupa e o ameaçava contar para seu tio. O problema é que ele ouviu atrás da porta o tio Jimin dizendo que ia fazer ele ver um psicanalista se as coisas continuassem assim e tudo que ele não queria na vida era ter que ficar remoendo seus problemas com um estranho. Pra ser bem sincero, Shownu preferia ficar nas mãos de Kihyun por alguns dias do que ter que encarar o olhar condescendente dos seus tios. 

- Por que ainda pergunta? Não é sempre a mesma coisa? - Kihyun riu, levantando uma das sobrancelhas em desafio, o que fez Shownu bufar alto.

 Kihyun acabou de descobrir que era um alfa e passou seu primeiro cio com a garota por quem Shownu era apaixonado e sim, Kihyun provavelmente fez de propósito. 

 Ele odiava Kihyun de tantas formas que era até meio que impressionante alguém tão novo ser capaz de tal feito.

- Fala logo o que quer. - Shownu pediu com a cabeça baixa enquanto lágrimas escorriam para seus lábios deixando um gosto salgado em sua língua. 

 Se aquilo ao menos acabasse logo.

 Não que ele achasse que Kihyun teria pena dele por isso, ele nunca tinha.

 O alfa pareceu pensar um pouco a respeito, sem tirar o sorriso prepotente do rosto, como se vê-lo chorando o agradasse ainda mais.

- Você vai ser minha vadia por uma semana, começando hoje. Vai levar minha mochila e meus livros pra onde eu for, sem reclamar. Espero que esteja pronto pra ser minha mulinha de carga. - Kihyun alisou os cabelos úmidos de Shownu levando um tapa na mão atrevida, o que só fez com que ele risse um pouco mais.

- Você promete guardar segredo? - Shownu perguntou esperançoso.

- Só se você fizer um bom serviço, vadia.

 Shownu limpou o nariz na blusa de manga comprida encarando a porta que Kihyun tinha acabado de fechar enquanto a secadora apitava indicando o término do procedimento.

Merda!

 Shownu subiu até o quarto com os lençóis e o pijama agora limpos e sequinhos. Ele terminou de forrar o colchão com um pedaço de plástico limpo que colocou escondido do tio Jimin e forrou a cama encarando o relógio com desânimo. Ele só tinha mais uma hora e então teria que levantar para ir à escola. O garoto simplesmente odiava sua vida, mas não podia reclamar muito, pelo menos alguém da família aceitou ele e não precisou acabar num orfanato ou algo assim. 

… 

- Pode me passar a geleia querido?

 A mesa ficou em silêncio enquanto Shownu sentia um chute dado por Kihyun por baixo da mesa. 

- Que? - ele encarou Kihyun com todo seu ódio nos olhos, até perceber que tinha alguém esperando uma resposta dele.

- A geleia querido, pode passá-la pra mim? - Tio Jimin perguntou amoroso, o que fez Shownu arrastar o pote de vidro na sua direção sem muito ânimo.

 Jimin voltou a falar com toda aquela felicidade inexplicável logo pela manhã, que a propósito Shownu simplesmente odiava. 

- Vai comer isso? - Kihyun perguntou quando Shownu estava prestes a colocar um pedaço de torrada na boca.

 Shownu encarou seus tios distraídos numa conversa sussurrada e suspirou desanimado, dando sua torrada para Kihyun comer.

 Ele estava com fome, muita fome.

 Seus olhinhos brilharam para a outra torrada no centro da mesa. 

- Vamos! Já estamos atrasados. - Tio Jungkook disse ao aparecer na porta com sua pressa rotineira.

 Shownu gostava do tio Jungkook, apesar dele ser bem na dele. Ele gostava desse tio em específico justamente porque Suga o odiava e isso deixava ele feliz de alguma forma, já que Kihyun era a cara do pai, o que era fator suficiente para odiar o tio alfa também. 

 Sem contar que Jungkook era lindo, mas Shownu se sentia estranho ao pensar nessa parte, só não sabia porquê. Talvez fosse a idade dele. Sua família era composta por Lúpus, eram poucos os que não eram, o que era engraçado, já que eles eram a única família de todo país que nunca envelhecia. Eles eram meio que realezas por toda Seul, o que só irritava ainda mais Shownu.

 Bando de aberrações!

 Mas ele não podia falar muito, afinal um dos seus pais já foi um lúpus também, o que significa que ele tinha 50% de chances de ser um. Ele só esperava que não fosse o caso, odiaria ter que viver mais que o necessário, a vida já era uma merda do jeito que era.

 Ainda assim não podia negar, seu tio era um bom pedaço de mal caminho.

 O menor ficou vermelho com o pensamento, agora com dificuldade de olhar alguém nos olhos.

- O dinheiro do lanche. - Suga disse entregando algumas notas nas mãos de Kihyun e outras na dele.

 Shownu sorriu feliz, até ver a mão de Shownu estendida na sua direção assim que chegaram à escada da entrada da mansão, onde ninguém podia vê-los.

- O que?

- Me dá o dinheiro, vadia.

- Para de me chamar assim. - Shownu resmungou entregando seu dinheiro para Kihyun.

- Tá bom, vadia.

 Shownu suspirou desanimado ouvindo a risada debochada do seu primo.

Aquele dia seria longo.


 Suas costas doíam e suas mãos tremiam, sem contar que ele chegou atrasado em duas aulas, ganhando um aviso de ambos os professores pelo atraso, mais um e ele ganharia uma advertência e se ele ganhasse uma advertência, seus tios o infernizariam para saber qual o problema e ele teria que explicar o porquê, ele falaria da chantagem e Kihyun provavelmente daria um jeito de sair dessa com facilidade e ele, o vilão de sempre, provavelmente seria enviado para algum analista curioso e impessoal o suficiente para não se importar realmente com o que está fazendo. 

 Já era intervalo e Shownu só queria sentar, já que não ia comer, mas Kihyun ainda não tinha mandado ele fazer isso. Sua barriga fazia barulhos vergonhosos à esse ponto.

Ah! Que se dane.

- O que tá fazendo? - Kihyun perguntou curioso, fazendo todos da mesa do time de futebol rirem juntos.

- Sentando?! - Shownu encarou Kihyun com curiosidade o que fez o mais velho bufar.

- Você não pode sentar na mesa do pessoal do time, só quem é do time senta aqui.

 Shownu encarou a mesa, vendo um monte de ômegas e algumas betas sentadas, ou no colo, ou ao lado dos tais "garotos do time". 

- Por que elas podem e eu não? - Shownu perguntou curioso fazendo Kihyun olhar na direção em que estavam seus olhos.

- Quando você fizer o que elas fazem para sentar aqui, eu deixo.

- O que elas fazem? - Shownu perguntou inocentemente, chamando a atenção de alguns dos jogadores mais próximos.

 Kihyun revirou os olhos. 

- Vai por mim, você não é esse tipo de vadia. Agora vai até o Wonho do bloco B e manda ele me dar o dinheiro que ele me deve pelas respostas da prova da semana passada e não seja educado, ele não merece.

- Que? - Shownu encarou a mesa onde ficava o brutamonte do Wonho sentado com seus amigos igualmente brutamontes.

- Oi K. - A ômega na qual Shownu era extremamente apaixonado se aproximou da mesa, sentando no colo de Kihyun e beijando seu pescoço.

 Shownu ficou todo vermelho   e envergonhado, começando a perceber o que aquelas garotas faziam para sentarem na mesa junto com o time.

- Oi, Shownu. - JiU falou fazendo ele levar um tempo até perceber que a garota falava com ele.

- Olá, JiU. - Shownu falou um pouco trêmulo fazendo Kihyun bufar meio irritado.

 Seu coração batia tão forte que parecia que ia sair pela boca e  ela era tão linda.

- Vai logo pirralho, você tá me irritando.

 Shownu ouviu o próprio estômago roncar, colocando a mão na barriga com vergonha, já que JiU obviamente tinha escutado. 

- Eu tô com fome. - Shownu resmungou para Kihyun.

- Eu não sou sua mãe. Vai logo fazer o que eu mandei.

 Será que Kihyun percebia o quão contraditória sua frase tinha soado?

 Shownu suspirou desanimado, andando lentamente até a mesa do alfa mais encrenqueiro da escola. 

 Ele não queria chegar lá nunca.

- Tadinho K. - ele ouviu JiU falar, mas não ouviu a resposta do primo. 

- Perdeu alguma coisa? - Wonho perguntou, já que tinha um tempo que Shownu estava parado na frente da sua mesa, balançando os pezinhos com ansiedade enquanto amassava a barra da blusa com seus dedinhos delicados.

- Meu primo Kihyun pediu para …

- O que? Fala mais alto imbecil.

 Shownu engoliu seco. 

- Kihyun quer o dinheiro que você deve pra ele. - Shownu tentou seu melhor para projetar sua voz alta o bastante, mas ficou em dúvida quando todos da mesa se calaram para encarar ele.

- Ele tá te comendo? - Wonho perguntou quase aos gritos, fazendo as mesas vizinhas se calarem também.

- Que? - Shownu praticamente soluçou. - N...Não, ele é meu primo.

- Kihyun come o próprio primo? Cara, isso é doentio até mesmo pra mim.

- Por favor, eu…

- Você quer o dinheiro? - Wonho perguntou se levantando da mesa e tirando a carteira do bolso.

 Shownu disse que sim com a cabeça, aliviado por ver que aquilo acabaria logo. 

- Pega. - Wonho disse colocando o dinheiro dentro da própria calça jeans fazendo Shownu ficar com o rosto ainda mais vermelho de vergonha.

 Ele estava prestes a virar e sair andando quando Wonho agarrou sua mão com força. Ele só queria vomitar ou desmaiar, o que viesse primeiro tava bom.

- O que foi? Não vai ficar com vergonha agora, vai? Ouvi dizer que é a vadiazinha do Kihyun, não tem como acreditar que uma vadia como você ficou com vergonha de repente. 

 Shownu tentou se soltar, já chorando horrores por não conseguir ficar livre e principalmente porque a escola toda estava encarando ele com nojo enquanto riam das coisas que Wonho falava.

 Ele não estava ouvindo muita coisa agora, sua mente apagou as palavras de Wonho enquanto o levava de volta para o quarto simples dos seus pais, a claridade tinha acabado no céu e sua fralda estava suja, ele não lembrava dessa parte durante seus pesadelos. 

Por que agora ? 

 O cheiro era horrível, cheiro de xixi por ele todo. Sua fralda estava machucando sua perninha inchada, deixando vergões de queimadura por causa da urina, seus olhos ardiam molhados e seus pais não se mexiam. 

Por que eles não se mexiam?

 Shownu balançou a cabeça tentando se livrar daquelas imagens. Suas lágrimas desciam por todo seu rosto e todos riam cada vez mais alto, ele não entendia porque, mas Wonho parecia tão enojado que acabou o soltando.

 Mais pessoas se juntaram e o tumulto de risadas se tornou ainda maior. Shownu saiu correndo e empurrando todo mundo que podia, entrando no banheiro mais perto com violência.

 O barulho era menor lá dentro e sua respiração alta e praticamente soluçada era bem mais audível e preocupante 

 Shownu estava tendo um ataque de pânico, ele queria rir quando focou seus olhos no espelho e finalmente entendeu o motivo de todo aquele festival de risadas gratuitas.

 Shownu tinha feito xixi nas calças mais uma vez, a única diferença é que dessa vez ele fez na frente da escola inteira e não na segurança da sua cama.

 Seu corpo tremia com pequenos espasmos até ele lembrar que precisava deixar o ar entrar.

 Por que ele estava tão apavorado, a ponto de se mijar inteiro na frente de todo mundo? Ele só não conseguia entender por mais que realmente tentasse.

 A porta abriu com violência, mas ele não se importava com quem quer que fosse. 

- Não deixa ninguém entrar. - Kihyun disse pra alguém, fechando a porta mais uma vez.

 As pessoas ainda riam lá fora e Shownu não fazia ideia com que cara iria sair daquele lugar depois do que aconteceu.

 Kihyun virou Shownu pelos ombros, abrindo o zíper da sua calça com pressa e tirando sua cueca.

 Ele queria se importar, perguntar o que o primo estava fazendo, mas sua voz não saía e sua mente parecia longe demais para que pudesse raciocinar.

 Ficar pelado nem parecia grande coisa no momento.

 Kihyun perguntou algo, mas ele não entendeu, fazendo o primo xingar baixinho enquanto molhava um bolo de papel toalha c água fria e passava pelas suas coxas e virilha, só pulando seu pau e suas bolas, não que isso fosse lhe dar alguma dignidade de volta.

 Shownu soluçou baixinho, voltando um pouco à realidade há tempo de ver  Kihyun tirando as próprias roupas. 

- O que você...Eu não… por favor, não me machuque. - Shownu disse nada com nada, ainda um pouco letárgico.

 Kihyun não entendeu nada, então achou melhor ignorar o que tanto Shownu balbuciava.

- Eu só achei que você tivesse pesadelos ou algo assim pirralho, isso não é comum, Wonho não falou nada que eu já não fale pra você o dia inteiro. Sério, talvez a gente precise contar isso para o Appa e ...

- Não. - Shownu sussurrou aterrorizado. - Eu faço qualquer coisa, por favor, por favor tudo menos isso. Posso ser sua vadia pra sempre.

 Kihyun travou seus movimentos em choque, encarando Shownu com um olhar diferente e confuso, mas balançou a cabeça deixando o pensamento se perder com o movimento. 

- Se você ao menos soubesse do que fala. - Kihyun resmungou enquanto colocava sua calça no menor.

 Shownu apoiou as mãos frias no ombro do primo, notando pela primeira vez que estava sem sapatos.

 Kihyun colocou seu cinto ao redor da calça no menor, apertando bem, já que seu corpo era bem mais desenvolvido que o do primo e dobrou pelo menos umas quatro vezes a barra da calça, até a altura dos seus tornozelos.

- Por que está me vestindo com suas calças? - Shownu perguntou confuso olhando para o próprio corpo.

- Por que as suas estavam molhadas.

 Kihyun colocou a roupa suja do Shownu na mochila, calçou os pequenos pés de Shownu, limpando os joelhos da sujeira no chão ao se levantar.

 Shownu encarou o primo sem entender, como se o visse pela primeira vez. 

- Prontinho, agora é como se nada tivesse acontecido.

 Os dois se encararam em silêncio por um momento.

- Você me trata feito lixo. Por que se importa? - Shownu perguntou praticamente aos berros.

 Kihyun bufou enquanto ajeitava os cabelos do garoto todo confuso na sua frente. 

- Você é a minha vadia, idiota. Só eu posso te tratar assim.

 Shownu enrugou a testa, aquilo não fazia sentido nenhum na sua cabeça. 

- Vamos.

- Eu não vou lá fora. - Shownu deu alguns passos pra trás com medo.

- Vai fazer o que então? Morrer no banheiro do colégio?

 Shownu concordou com a cabeça, achando aquela ideia aceitável. 

- Vamos logo. Ninguém vai olhar pra você, não sei se reparou mas estou sem minhas calças. - Kihyun abriu os braços, mostrando que só vestia a jaqueta do time de futebol e uma camiseta branca, longa que ia até a metade das suas coxas nuas.

 Shownu riu baixinho sem conseguir se segurar. 

- Suas pernas são bem brancas. - Shownu se  aventurou dizer.

 Kihyun deu um sorriso torto para o primo pegando na sua mão e o arrastando para fora do banheiro. 

- Pelo menos eu não mijo nelas.

 Estavam todos zoando e fazendo piadas, prontos para rirem ainda mais quando a porta do banheiro fosse aberta, mas o silêncio foi tão imenso quando isso aconteceu, que daria para ouvir uma moeda cair no chão à distância.

- Apreciem meus caros, não é como se já não tivessem imaginado em seus sonhos. - Kihyun falou animado enquanto dava uma giradinha idiota antes de voltar a pegar na mão de Shownu e sair andando dali.

 Todos voltaram a rir, mas de alguma forma o clima era outro.

 Ninguém ria de Kihyun, as pessoas riam com ele, mas nunca dele.

 Shownu bufou irritado. Se ele não tivesse envergonhado ainda já teria largado das mãos quentes do alfa e chutado aquela bunda branca idiota. 

- O que tá acontecendo aqui?

- Vice diretora. - Kihyun fez uma reverência exagerada para a velha Sra. que o encarava em choque.

- Por Deus! Onde estão suas calças jovem?

- Wonho do segundo ano arrancou elas de mim enquanto eu estava no banheiro fazendo número 2. - Kihyun fez uma carinha de cachorro morto de fome enquanto a mulher scanneava a multidão se dispersando atrás do jovem alfa.

- Para a diretoria, agora.

 Kihyun concordou com a cabeça. 

- Só preciso levar meu primo na sala primeiro, ele não pode andar sozinho, sabe?! - Kihyun bateu na cabeça com os dedos, indicando que Shownu tinha problemas ou algo assim, o que fez a mulher concordar ao mesmo tempo que Shownu socava o ombro do mais velho.

- O que pensa que está fazendo? - Shownu perguntou apavorado. - A mulher vai pensar que eu tenho problemas.

- Desculpa pirralho, mas eu não acho que tem como sua moral ficar ainda pior, depois de hoje.

- Idiota. - Shownu resmungou irritado, mas não discordou.


 A diretora estava gritando já há um tempo com Kihyun, então Wonho foi chamado pela vice e mais gritaria aconteceu. 

- … o que significa que vocês vão ter que se explicar agora ou eu juro por Deus que conseguirão algo muito pior do que só uma expulsão de três dias.

 Kihyun encarou a diretora pensativo. 

- Wonho e eu entramos numa briguinha idiota sobre as finais do campeonato e ele acabou exagerando na brincadeira quando entrou no banheiro e arrancou minhas calças por baixo da porta da cabine. - Kihyun deu de ombros.

 Wonho era capitão do time de natação e ele era do time de futebol, dificilmente o colégio faria algo drástico com eles em época de temporada esportiva, já que ambos eram responsáveis pela boa imagem e dinheiro de doações feitas para a instituição. 

- Isso é verdade Sr. Lee?

 Wonho olhou para o lado, mas Kihyun não tirou os olhos dos seus tênis.

 O mais velho suspirou. 

- Era pra ser só uma brincadeira idiota, eu sinto muito Diretora.

- É bom que sinta mesmo.

 A mulher resmungou algo ininteligível enquanto atendia a ligação no seu ramal. 

- Seus pais estão na recepção esperando por vocês. A psicóloga e a vice já falaram com eles. Espero realmente que isso seja o suficiente para que algo assim não se repita. A propósito, seus pais não pareciam nada contentes pelo que a psicóloga deu a entender, espero que tenham o que merecem em casa. Agora sumam daqui, não tenho mais tempo pra isso.

- Merda. - Wonho e Kihyun disseram juntos.

 Eles estavam com seus papéis de expulsão nas mãos enquanto atravessavam o corredor entre a sala da direção e a recepção central, quando Wonho agarrou o braço de Kihyun o parando no meio do caminho. 

- É verdade que o seu primo tem problemas mentais ou algo do tipo?

 Kihyun olhou para a mão de Wonho no seu braço, o que foi aviso o suficiente para ele largá-lo. 

- Que porra você tá falando?

- Eu não sabia de nada disso. Me falaram que o garoto é seu único ponto fraco, por isso resolvi provocá-lo. Minha irmã é bipolar e eu levo doença mental muito a sério. Juro cara, eu…

- Que? Cala boca. Shownu é perfeito, eu só estava provocando ele quando insinuei algo assim, é o nosso lance. - Kihyun fechou a boca em choque.

Que? Shownu é perfeito? De onde ele tirou aquela porra toda?  

- Então por que porra me dedurou?

- Você tava me devendo, agora não tá mais. - Kihyun disse simples.

 Foi tudo que Kihyun disse. Não queria que Wonho soubesse que estava tentando desviar a atenção da diretora pra eles para que Shownu não sofresse nenhuma consequência por causa do tumulto no intervalo. Aliás, ele não queria que ninguém soubesse disso, até porque nem ele sabia exatamente o que estava fazendo.

- Certo. - Wonho olhou estranho para o seu rival de competição e depois saiu na sua frente encarando o pai com desânimo.

 Kihyun guardou o papel da expulsão na jaqueta, sorrindo torto ao ver o seu Appa Suga levantar uma sobrancelha ao vê-lo com uma bandeira, com o mascote do time em marrom e laranja, enrolado na cintura. 

- A diretora insistiu para que eu vestisse algo. Isso foi tudo que acharam. - Kihyun explicou ao se aproximar.

- Você não estava vestindo nada antes? Posso jurar que te vi saindo de casa com as calças.

- Tem certeza? Você tava todo grudento com o Appa, duvido que tenha sequer visto o que comeu durante o café. - Kihyun riu.

 O cio do seu Appa Jimin estava próximo e ele estranhamente podia perceber, desde que seu gene se identificou como alfa. Era estranho, mas ele estava tentando o seu melhor para acostumar com as mudanças.

- Mais respeito moleque. - Suga bateu na cabeça de Kihyun que resmungou por causa do tapa.

- Por que estamos parados na porta do colégio? Tenho quase certeza que fui expulso já.

 Suga concordou apontando a cabeça pra frente. 

- Mandei chamar seu primo, quero aproveitar os três dias livres para levá-los na casa de campo do tio Namjoon.

-  Não acho que Shownu foi expulso Appa.

- Falei com a vice e consegui uma licença curta pra ele também.

- Jura? E seu cheque foi de quanto dessa vez?

 Suga riu, até porque ele realmente tinha feito algumas doações antes de mencionar a necessidade da licença.

 Seus olhos pararam nas pernas de Shownu assim que o garoto entrou no seu campo de visão.

- O que exatamente aconteceu Kihyun?

 O garoto se retesou ao lado do pai achando os passos tortos e desengonçados do primo, adoráveis. 

- Nada que eu não consiga resolver.

- Se algo grave acontecer com ele, vou te responsabilizar e acredite, não vai ser bonito.

- Eu acredito. - Kihyun deu as costas pra entrar no carro. 

- Nada vai acontecer com Shownu Appa, eu cuido dele.

 Suga encarou as costas do filho, vendo ele entrar no carro com dificuldade por causa da bandeira enorme amarrada na cintura. 

 Suga olhou para calça enorme em Shownu mais uma vez, deduzindo onde tinha ido parar a roupa do seu filho quase de imediato, já que a tal calça ficava enorme na pequena criança à sua frente.

- Tô orgulhoso de você filho. - Suga disse num tom normal, sabendo que Kihyun escutaria de dentro do carro. - Você será um bom alfa. 

 Ele podia não entender as circunstâncias, mas sabia que Kihyun sempre protegeria Shownu. De alguma forma ele sabia, então resolveu deixar o assunto pra lá, pelo menos por enquanto.

- Já sou um bom alfa. - Kihyun resmungou mimado como sempre.

- Bom dia, criança. - Suga disse ao ter Shownu bem próximo dele.

- Oi tio. Por que veio me buscar?

- Seu primo aprontou de novo. Vamos! Entra no carro, preciso contar pra onde vamos.

- Kihyun está com o problemas? - Shownu perguntou um pouco receoso.

 Não que ele se importasse, é claro.

- Preocupado princesa? - Kihyun apareceu no vão do banco da frente o que fez Shownu revirar os olhos e se arrepender imediatamente por ter sequer pensando em ficar preocupado com ele.

Idiota.


[ 15 anos ]

 Shownu encarava o enorme lago na sua frente com certo desespero. Ele andava tão cansado, que nem mesmo algo tão belo poderia tirá-lo da sua inércia.

 Era aniversário de um dos seus tios mais novos, o tio Hoseok.

 Porra! Aquela família era tão grande.

 Shownu só queria ir pra casa e dormir.

 Ele havia parado de mijar na cama depois do incidente na escola quando tinha 13 anos, mas seus pesadelos resolveram aumentar para compensar e agora ele mal dormia.

 Kihyun foi viajar com seu tio Jungkook nas férias de inverno e ele queria dizer que se sentia bem com a distância do idiota do primo, mas não fazia diferença, não depois do incidente na escola. O alfa nunca mais falou com ele depois daquele dia e ser ignorado até que não era tão ruim, o único problema é que agora ele tinha tempo demais com ele mesmo e uma coisa que ele acabou descobrindo era que quando não se tinha ninguém para odiar, todo esse ódio acabava se virando contra ele.

 Então era esse o atual estado de Shownu, puro ódio de nada e tudo ao mesmo tempo. 

- Olá. - Uma garota adorável e aparentemente tímida sentou ao seu lado, colocando  pedrinhas brancas em suas mãos suadas.

 Shownu se sentiu estranho por não notar a garota até aquele momento, ela tinha um cheiro agradável de rosas, era como sentar ao redor de um campo primaveral.

- O que… pra que… eu te conheço?

 A garoto riu de um jeito fofo, como se ele tivesse feito a piada mais engraçada do mundo.

 Ela era híbrida, tinha os cabelos negros, brilhantes e orelhinhas agitadas se escondiam por entre as mechas volumosas. 

- Meu nome é Momo.

- Shownu. - O garoto sorriu para a doce híbrida que ficou ainda mais tímida.

- Todos que sentam nessa pequena ponte jogam pedrinhas no lago, então pensei que você também quisesse fazer isso, mas estava sem pedrinhas.

 Shownu sorriu, olhando para as próprias mãos.

- Isso foi muita gentileza sua. Gostaria de me ajudar?

 Momo sorriu animada, arrancando uma pedrinha de Shownu e tacando com violência no lago.

- Uau. Admiro sua paixão, mas acredito que delicadeza é a chave nesse caso. - Shownu repetiu o processo da adorável Momo, porém de forma mais delicada fazendo pequenos círculos contínuos de água com a pequena pedra.

- Você é muito bom nisso. - Momo disse corando suas bochechas salientes.

 Shownu sorriu largo pra ela enquanto explicava a melhor forma de lançar a pedrinha, mas a garota não parecia muito interessada em nada além do garoto à sua frente, o que fez  Shownu parar de falar e esperar a garota se tocar do que estava fazendo.

 Momo levou mais alguns minutos e então quase soluçou milhões de pedidos de desculpas por ter sido pega no flagra. 

- Desculpa. É que você é tão parecido com ele.

 Shownu juntou as sobrancelhas em confusão.

- Com ele?

- Seu appa.

 Shownu arregalou os olhos em completa descrença e surpresa.  

- Como sabe quem é meu pai? - Shownu perguntou um pouco descrente, já que a garota não parecia muito mais velha que ele.

- Nosso povo o idólatra até hoje. Ele é o nosso mestre. - ela deu de ombros. - Ou pelo menos era.

- Seu povo?

- Nossa espécie. Eu sou híbrida. - Momo mexeu nas suas orelhinha, como para explicar o que já tinha sido óbvio pra ele desde o momento em que a viu pela primeira vez.

- O que meu appa tem com isso? Desculpa, não entendo.

 Momo deu de ombros, mexendo as perninhas no ar enquanto encarava a água que passava pela pequena ponte de madeira em que estavam sentados. 

- Você não sabe, não é?

 Shownu não entendeu aquela pergunta extremamente evasiva, mas só negou com a cabeça, ao invés de fazer mais perguntas, com medo de assustar a pequena híbrida e ela acabar indo embora com as respostas que ele ainda espera ouvir.

 Seu peito pulava feito louco por causa das batidas insanas de seu coração e sua mente fazia tantas perguntas que era quase sufocante.

 Seus tios não falavam muito sobre seu passado e tio Suga dizia que lhe contaria tudo sobre seus pais quando completasse 18 anos. Foi assim com seu primo Kihyun. E seja lá o que contaram para ele, o garoto mudou completamente depois disso, então ele já nem sabia mais se queria realmente saber algo, apesar do fato de que seus pais e sua família eram um completo enigma pra ele. 

- Nós não podemos nos intrometer, meu povo tem muito medo do seu. Eles mexeram com o que não deviam. Deus sabe o que pode acontecer se fizerem de novo! - Momo negou com a cabeça. - Temos ordem para não nos aproximarmos de você, mas é tão difícil te ver sozinho e triste de longe. - Momo abaixou a cabeça, fazendo um bico fofo com os lábios.

- Momo, você fica me vigiando de longe? - Shownu achou mais graça daquilo do que assustado com o fato.

- Não é o que parece, eu juro. Nós só queremos o seu bem. Te proteger, mas nunca fazemos nada no fim das contas, por covardia.

 Shownu acariciou as costas da ômega que agora encarava a mata atrás deles com preocupação. 

- Momo. Tem mais alguém aqui com a gente?

 A híbrida concordou com a cabeça. 

- Tem algo que queremos que veja. - Ela sussurrou trêmula, olhando ao redor como se só o fato de falar com ele fosse algo extremamente proibido.

Aquilo tava ficando cada vez mais estranho.

Shownu concordou sem levar aquilo muito a sério, mas deixou a garota segurar em sua mão quando se levantaram e arrastá-lo para Deus sabe onde.

 Acontece que no começo da pequena mata fechada do jardim onde estava, tinha mais uma híbrida, um pouco mais velha e igualmente linda e adorável, que não achava aquilo uma boa ideia, mas claramente fazia tudo que Momo queria.

 Shownu achou melhor levar tudo na esportiva, afinal era bom ter uma distração. A festa do tio Hoseok estava um porre e a viagem de ônibus e depois metrô com as garotas foi engraçada e o fez esquecer um pouco do seu cansaço. 

- Seus pais se conheceram aqui. O ômega era o dono. - A outra híbrida, que Shownu descobriu se chamar Dahyun, disse ainda um pouco indecisa se aquilo era uma boa ideia ou não.

- Meus pais tinham um restaurante?

 Momo concordou. 

- Muitos híbridos trabalhavam aqui. Seu appa alfa ajudava nossa espécie quando precisávamos.

 Shownu concordou meio distraído, olhando a fachada de um estabelecimento abandonado, com as janelas opacas e os letreiros apagados. 

 Ele não sabia se devia acreditar naquilo, parecia algo que seus tios teriam contado à ele há muito tempo atrás se fosse verdade.

Certo?!

- Seus tios compraram a propriedade e não deixam ninguém se aproximar.

- Mas descobrimos um jeito. - Momo respondeu animada, dando pulinhos fofos em direção a uma viela lateral.

 O lugar era muito assustador, abandonado e sujo, mas a garota não tava mentindo, elas realmente acharam um jeito de entrar, o que Shownu ainda não sabia se era boa coisa ou não.

 Na lateral do antigo restaurante tinha uma porta de depósito de ferro e as híbridas tinham boas habilidades com o cadeado enferrujado, abrindo a porta pesada como se não fosse nada demais. 

- Vocês não vão entrar? - Shownu perguntou ao ver que as meninas não entraram com ele.

- Já fizemos coisas proibidas demais. Vá ao porão, tem um baú embaixo da cama velha. Lá tem tudo sobre seus pais e sobre você também.

 Shownu concordou distraído, encarando o corredor com curiosidade.

 Ele nem sabia muito bem se as híbridas foram embora ou não, porque sua mente não conseguia processar outra coisa que não aquele lugar.

 O restaurante ainda estava lá, tinham panelas penduradas em plataformas suspensas, mesas, cadeiras, cardápios. Porém tudo estava empoeirado e tinha um ar meio assustador de abandono.

 Shownu tentou evitar o arrepio que sentia, seguindo para o porão como indicado pelas garotas que ele mal conhecia.

 Não foi difícil de achar. Shownu sentou na cama empoeirada puxando o tal baú pesado com um pouco de esforço.

 Dentro do baú parecia tudo bem organizado e limpo ao contrário de todo o resto do lugar. Alguém devia ir ali com frequência e limpar aqueles objetos.

 Shownu passou tanto tempo lendo aqueles diários, eram tantos. Alguns de plantas medicinais e feitiços estranhos, no qual Shownu descobriu ser do seu Appa Seok e os outros diários eram do seu Appa, Shownu e esses em especial, o preocupou bastante.

 O primeiro diário tinha o número um gigante cravado na capa dura de couro. Shownu começou escrevendo que Seok havia lhe pedido para escrever o que ele lembrava sobre o passado já que ele estava começando a perder as memórias antigas e Seok queria que seu filho soubesse de tudo. O Appa Shownu falava sobre a briga intensa com Appa Seok sobre escrever cada detalhe para saber o que dizer para seu filhote quando " voltasse".

 Essa parte ficou confusa para Shownu, Seok voltaria de onde?

 Não que fizesse diferença, já que seus pais estavam mortos.

 Porém os outros diários foram os que mais preocuparam Shownu. Aparentemente, seu Appa alfa tinha problemas mentais, ele fazia analogias aos seus problemas diários com histórias de contos de fadas sobre reinos, dragões, príncipes e bruxas. Shownu compreendeu alguma das coisas, imaginando que seu pai talvez fosse autista ou estivesse enlouquecendo com seu Alzheimer. Seja como for, ele achou um absurdo seus tios não contarem à ele sobre os problemas mentais do seu pai. Isso era algo que ele deveria saber.

 Shownu ficou pensando se tinha sido por isso que Kihyun insinuou a vice diretora que ele tinha problemas mentais. Isso deixou o garoto ainda mais revoltado, já que ele é quem deveria saber algo assim sobre sua família, não seu primo, que não tinha nada haver com isso.

 Shownu também reparou que seu Appa falava muitos sobre o tio Namjoon, aparentemente seu tio teve um caso com seu Appa Seok, mas aparentemente Seok  parecia tentar diminuir a gravidade daquilo, tentando usar as fantasias que o Appa Shownu acreditava como desculpa, ele viu várias explicações diferentes do pai, dizendo que Seok já tinha vivido com o tio Namjoon em outras vidas e que eles estavam predestinados a ficarem juntos, que eram almas gêmeas.

 O Appa Shownu obviamente se sentia um lixo com a situação e Seok parecia aproveitar da situação do seu pai para explorar ainda mais seu caso com o tio Namjoon.

 Shownu nunca sentiu tanto nojo daquela família antes. A forma como seu pai se sentia mal por não fazer parte dos "sete", o jeito que ele dizia estar fraco e não poder cuidar do seu ômega como ele tinha certeza que Namjoon cuidaria.

 Falou com pesar sobre a morte de Taehyung, seu tio que morreu quando ele ainda não era vivo, companheiro do tio Kookie. Ele quis saber mais sobre isso, porque sempre teve curiosidade sobre o motivo da constante depressão do tio Jungkook, mas não havia muito ali. Não que algo daquilo tudo fosse confiável de qualquer forma.

 Shownu correu até uma pia de banheiro naquele espaço aberto, vomitando água, já que fazia tempo que não comia e agradeceu aos céus por ter água no encanamento velho do lugar para poder lavar o rosto e tirar um pouco do gosto amargo da boca.

 Ele voltou a ler os diários pouco tempo depois, mas suas mãos suavam, seus olhos lacrimejavam e seu ódio aumentava a cada palavra lida.

 A forma como Seok pareceu aproveitar da doença do seu pai para enfiar besteira na sua cabeça, falando sobre mágica, feitiços, destinos. Como se sua traição fosse algo que ele não pudesse controlar, já que sua alma estava destinada ao Namjoon e não à ele.

 A forma como ele dizia " Hoje os sete se reuniram novamente, fico pensando se Seokjin sente falta dele, se eles conversam sobre isso. Odeio me sentir assim, odeio meu ciúmes. Seok me ama, mas por que me sinto tão errado roubando o ômega do Rei das flores?"

 Esse tipo de coisa e muito mais deixava Shownu ainda mais triste.

 Como é que seu pai aguentou tantos anos aquela humilhação, a rejeição da família de Seok. Tudo naquele diário era os sete isso, os sete aquilo.

 Shownu também estranhou que às vezes seu pai chamasse Seok de Seokjin. Talvez esse fosse o nome completo do seu pai?

 Também descobriu que Shownu era muito próximo de um tal de Hobi, mas o que era engraçado é que o tal Hobi tinha praticamente todos os traços, tanto de aparência quanto de personalidade que seu tio Hoseok, mas seria impossível serem a mesma pessoa, já que seu tio Hoseok era mais novo que ele, então não tinha como ter vivido na época em que seu pai estava vivo.

 Também tinha muito sobre um ômega chamado Minhyuk, que aparentemente seu pai dizia ter conhecido ele de outra vida. Ele falava com muito carinho do ômega e pelo visto era um ômega lúpus, então talvez ainda estivesse vivo e Shownu queria conhecê-lo.

 A parte sobre híbridos parecia confusa, porque segundo seu pai, eles existiram no momento em que ele foi vendido pelos donos de um circo de horrores para uma indústria que criou a espécie, aquilo parecia ainda mais ridículo do que todo o resto naqueles diários, mas seu pai foi um lúpus, talvez tivesse vivido tempo o suficiente para pelo menos parte daquilo ser real? Já que Momo parecia acreditar em toda aquela baboseira.

 Shownu fechou o enorme diário com força, fazendo poeira voar para tudo que é lado.

 Ele estava cansado de ler, cansado de não entender nada e muito revoltado com aquela família, mas principalmente chateado com seu Appa Seok.

 Shownu não teve tempo de conhecer seus pais, mas aquilo era tudo menos o que ele imaginou ser nas várias noites em que deitava em sua cama e tentava imaginar como eram seus pais, como eles sorriam um para o outro. eles se amavam? Com quantos anos se conheceram? Eles eram felizes?

 Pelo visto não, se algo daqueles diários refletissem a realidade, seus pais viveram um inferno enquanto ficaram juntos.

 Shownu levantou da cama e começou a suar frio, vomitando mais uma vez na pia.

 De repente ele sentiu um desejo enorme de encontrar seu primo Kihyun, principalmente porque ele tinha 18 e deveria saber das condições de seus pais e nunca lhe contou nada. Depois de todas aqueles anos sendo praticamente seu escravo, falar sobre os segredos de sua família era o mínimo que o desgraçado deveria ter feito. Talvez tenha sido isso que fez ele ser ignorado pelo primo, a vergonha de dizer que seus pais não se amavam, que um deles era completamente alienado e o outro era infiel.

 Shownu empurrou o baú com toda sua força para debaixo da cama e correu pelas escadas, tentando sair daquele lugar abandonado e nunca mais voltar. 

- Você tá bem? - Momo perguntou preocupada assim que Shownu saiu para o beco, colocando as mãos no joelho enquanto parecia se esforçar para não passar mal.

 O dia já tinha ido embora, as ruas estavam escuras e tudo que ele queria era encontrar Kihyun e exigir explicações. 

- Eu preciso ir. - Shownu pegou o celular com dificuldade, mexendo no aplicativo para chamar um Uber.

 Ele mal sabia o que estava fazendo, sua mente estava embaralhada, a visão turva e o estômago embrulhado.

 Shownu rodou a porra da festa inteira atrás de Kihyun. Tinham tantas crianças naquele lugar, o barulho era insuportável, pessoas riam e gritavam pelo salão e aqueles cheiros misturados e fortes eram insuportáveis.

 Shownu pensou ter rosnado em um dos momentos de pura agonia, mas não era possível, ele tinha praticamente certeza de que era um beta, então não tinha porquê…

 Lá estava ele.

 Kihyun estava na varanda, do lado de fora do salão, mas as janelas enormes eram de vidro e a visão do salão era ampla, coisa que ele não parecia se importar já que parecia engolir uma garota na parede oposta que dava para o jardim.

 Shownu rosnou alto agora, vendo as mãos de Kihyun se soltarem da bunda da garota e o encarar com curiosidade.

 Ele imediatamente concluiu que a garota era uma ômega, já que seu cheiro era forte e irritava suas narinas.

 Eu posso identificar cheiros desde quando?

 Shownu enrugou a testa, ainda sem saber como ele sabia do cheiro da ômega. 

- Oh! Oi Shownu. - A garota falou enquanto ajeitava o vestido extremamente curto e o encarava com as bochechas vermelhas.

- Sai. - Shownu disse grave sem tirar os olhos de Kihyun nem por um instante.


 Kihyun tinha chegado de viagem há poucas horas e já estava procurando por seu primo.

 Aquilo era ridículo.

 Depois de meses de conversa com Jungkook sobre o assunto, ele ainda conseguia ser idiota a ponto de não parar de pensar em Shownu.

 Seu comportamento com seu primo mudou completamente quando ele completou 18 anos, ninguém sabia, ou queria lhe explicar o que estava acontecendo, mas seu lobo queria ficar sempre por perto de Shownu.

 Talvez o fato de tê-lo protegido sua adolescência inteira, tenha causado algum vínculo entre seu lobo e o pequeno, já que ele era um lúpus e isso era comum entre sua espécie.

 O problema é que as coisas começaram a complicar quando ele passou a acordar em lugares aleatórios, como na lavanderia ou vigiando o quarto do primo.

 Seu lobo agia cada vez mais protetor e possessivo e seus pais notaram.

 Jungkook tentou conversar com o sobrinho, já que aparentemente ele era o que tinha mais habilidade de controlar o próprio lobo depois do seu pai Suga, mas nada parecia funcionar.

 No seu último Rut, Suga achou melhor que ele se transformasse, para evitar "acidentes" em relação a ele e Shownu, já que seu lobo parecia ter marcado seu cheiro, mas não deu certo e ele quase invadiu o quarto do primo enquanto ainda estava em sua forma de lobo e precisou de quatro alfas para o segurarem com garras e presas, tirando ele da casa antes que acontecesse algo que ninguém estava disposto a aceitar.

 Shownu era tão perdido em seus próprios pensamentos pra perceber qualquer coisa. Kihyun odiava essa parte no primo.

 Depois de várias conversas sem resultados Suga resolveu mandar Kihyun pra longe e honestamente pareceu ter funcionado.

 Seu lobo chorou, uivou e rosnou nos primeiros dias, mas agora parecia ter aceitado o fato de que Shownu não era alguém que ele pudesse ter.

 Agora lá estava ele, agarrado com JiU, sugando sua pele e se embebedando com seu cheiro, como se não houvesse amanhã.

 Transar com qualquer coisa que se movia também foi um dos fatores que ajudaram seu lobo se acalmar, ajudou a distrair sua mente e seu tesão também. 

- Senti tanto sua falta K.- JiU ronronou em seu pescoço enquanto ele mordia o pescoço da garota com intenção de marcá-la. Ele adorava deixar JiU cheia de chupões, ela era tão branquinha e imaculada, parecia quase um pecado marcá-la e isso era ainda mais excitante.

 Será que JiU não sabia que ele só ficava com ela porque Shownu a queria?

 Tudo que Shownu desejava ele queria tocar, como se assim pudesse viver com o fato de que queria ser desejado pelo menor também, mesmo que indiretamente.

Sim! Ele era patético e sabia disso.

 Kihyun não saberia dizer se era porque estava de volta ou por saber que talvez Shownu estivesse ali também, tão perto, tão alcançável. Seja o que for, o fez pensar nele mais do que deveria, pensar em como a pele de Shownu ficaria com seus chupões ou como de repente nada mais parecia tão atrativo quanto seu primo um dia foi pra ele. Isso tudo, apesar de contra sua vontade, acabou causando uma enorme ereção entre suas pernas.

 JiU riu de um jeito malicioso e passou a mão delicada no seu pau pulsante e necessitado. Kihyun rosnou como aviso para que ela não o tocasse, mas ela entendeu que ele estava excitado e o apertou ainda mais forte, rebolando de forma atrapalhada por causa do posição. 

- As pessoas podem ver. - Kihyun alertou, mas subiu suas mãos na bunda da ômega, apertando forte enquanto sentia um cheiro delicado invadir sua mente e excitá-lo ainda mais.

- Pelo que eu me lembro isso sempre te excitou, estou certa?

 Kihyun nem sabia mais do que aquela garota tava falando.

 Que cheiro é esse?

 Um rosnado baixo invadiu seu ouvido, fazendo ele abrir os olhos e dar de cara com seu maior pesadelo.

 Ele estava diferente, tão lindo.

 Seu corpo perdeu completamente a reação, encarando Shownu bem na sua frente, todo descabelado, quente e aquele cheiro… 

- Oh! Oi Shownu. - JiU ajeitou o vestido, olhando toda apaixonadinha para Shownu.

 Kihyun quase rosnou em resposta, vendo o pescoço da ômega arrepiar inteiro quando Shownu soltou um rosnado baixo antes de falar algo.

- Sai. - Foi o que Kihyun deduziu que ele disse, já que JiU ficou toda tristinha e manhosa, olhando  à espera de que ele a defendesse.

- Melhor você ir, JiU.

A ômega parecia revoltado agora, batendo os pés no chão com exagero enquanto rebolava na direção do salão.

 O silêncio era mortal. Shownu parecia revoltado e confuso ao mesmo tempo.

 O cheiro vinha dele, e pelo pouco dos sintomas que Kihyun pôde perceber, o garoto ia entrar no cio.

Porra! Porra! Porra!

 Isso não podia estar acontecendo, não agora. Ele não devia ser um beta ou algo assim?

- Você está consciente? - Kihyun perguntou, já que quase todo olho do garoto parecia azul celeste, quase preto.

- Que porra você tá falando? - Shownu perguntou se aproximando, o que fez Kihyun ir pra trás se agarrando a parede às suas costas.

- Não se aproxima.

- Que? - Shownu agora se sentia realmente confuso.

- Seu cio tá próximo. - Kihyun disse como se aquilo explicasse tudo.

 Mas não explicava.

 Como ele falaria para o primo que seu lobo era fissurado nele e que isso era errado e nojento e que ele era nojento e…

 Shownu colocou ambas as mãos ao redor de Kihyun, fazendo uma pequena prisão só para eles dois e sorriu. 

 Na concepção de Shownu, era engraçado ver seu primo tão assustado.

 Shownu nunca viu Kihyun se assustar com nada antes, ele era sempre tão seguro de si. 

- Por que você tá agindo assim? - Shownu sussurrou curioso enquanto virava sua cabeça para o lado como um cãozinho perdido, porém intrigado.

 Havia algo dentro dele, não algo não, alguém. Um ser que também parecia muito curioso sobre Kihyun.

 Seu cheiro era tão doce e forte, ele não parecia um alfa, alfas cheiravam tão bem assim?

 Shownu rosnou tão baixo que sua respiração vibrava na pele do alfa à sua frente.

 O mais velho engoliu em seco, sentindo seu pau torcer de tanto feromônio que Shownu estava liberando ao redor deles.

 Porra! Aí fica difícil. 

- Por que você cheira tão bem? - Shownu resmungou com uma voz grave, cheirando o pescoço de Kihyun.

 Kihyun arregalou os olhos em choque, gemendo com a boca do menor no seu pescoço.

Merda.

 Shownu mordeu o primo no pescoço, sentindo o gosto de sangue nos seus lábios e gemeu ao perceber seu pau apertar na calça jeans em resposta. 

- Porra! O que tá acontecendo comigo? Por que eu quero seu cheiro por todo meu corpo?

Ah! Foda-se.

 Kihyun jogou a cabeça pra trás e agarrou Shownu pelo pescoço beijando ele com violência enquanto sentia o próprio sangue na língua do menor. Ele estava fazendo o possível, mas ter seu priminho se esfregando todo manhoso no seu pau, era covardia.

 Shownu obviamente nunca tinha beijado na vida, mas não pareceu levar muito tempo para saber como aquilo funcionava, gemendo, rosnando e choramingando enquanto correspondia às suas investidas.

 Os dois se afastaram novamente e Kihyun percebeu que seus olhos estavam todo tomado pelo lobo já. Shownu não devia estar muito consciente daquilo, o que o chateou um pouco. - Você não é um ômega. - O lobo de Shownu disse olhando na sua direção, o que deixou ele em choque.

 Um alfa?

 Shownu era um alfa?

 Isso era impossível.

 Kihyun ficou encarando o lobo por tanto tempo, que deu até tempo de Shownu recuperar a consciência, passando os dedos nos lábios enquanto encarava Kihyun com curiosidade. 

- Sua boca. Nós… nós nos beijamos… por que eu não lembro de tudo? Kihyun, o que tá acontecendo comigo?

 Shownu sentiu lágrimas descerem por seus olhos e ele estava com medo e assustado. 

 O que estava acontecendo?

 "Você me despertou".

 Shownu deu um gritinho, o que estranhamente foi ouvido apenas em sua mente.

Quem...Quem é você?". - Shownu perguntou na sua própria mente, pensando se tinha enlouquecido ou se sua mente era como a do seu pai.

Não sei como a mente do seu pai é, mas você não enlouqueceu. Sou seu lobo, divido o corpo com você desde que nasceu, como se fosse sua alma. Ninguém nunca te instruiu sobre isso?"

 Shownu enrugou a testa, sentindo um embrulho no estômago horrível. Que porra tava acontecendo?!

"Como você sabe tudo isso e eu não"?

Somos antigos e atemporais, você me despertou, mas não significa que eu já não existia antes. E você está em Rut, por isso as dores insuportáveis e a ereção no meio das pernas".

 Shownu ficou vermelho assistindo seu primo encarar sua calça apertada como se quisesse devorá-lo.

 Pelo menos ele não tentou se aproximar de novo.

" Espera. Rut?"

" Sim. Você é um alfa. Acredite, também estou surpreso".

" Cala a boca". - Shownu bufou. 

Seu lobo era um idiota.

Eu ouvi isso".  

- Shownu, você tá bem? - Kihyun estalou os dedos na frente do primo, fazendo o garoto voltar a si.

- Ai meu Deus! Eu sou um alfa.

 Kihyun concordou distraído.

 Um alfa.

 Agora sim Kihyun tinha provas o suficiente de que seu primo não era pra ele. Como se ser da família não fosse o suficiente.

Porra! Ele era a merda de um doente.

O mais velho tentou afastar seus pensamentos impuros da cabeça, mas ficou impossível quando Shownu simplesmente o agarrou e o jogou na parede lateral ao lado do vidro que dava para o salão. 

- O que está fazendo? - Kihyun tentou se afastar, mas travou no lugar quando as mãos inseguras de Shownu acariciaram suas coxas, uma delas passou instável pelo cós da calça, entrando dentro do tecido com facilidade enquanto ele ouvia o botão da sua calça estourar.

 Sua cabeça encostou na parede e ele rosnou, sentindo a mão delicada do primo alisar seu pau todo melecado de pré gozo.

 Ele tava tão excitado.

 Porra, isso era tão errado.

 Como Shownu podia ser um alfa?! O pirralho cheirava a leite. Literalmente, sua excitação tinha um cheiro de inocência, ele parecia um filhote.

 Porra! Por que esses pensamentos só pioravam tudo ?! Deveria pará-lo, não servir de incentivo.

- Você geme tão gostoso. - Shownu resmungou um tanto quanto inocente, apesar das palavras vulgares. - Me deixa ser sua vadia só mais uma vez, Hyung?

 Kihyun engasgou mais um gemido, pegando Shownu pela cintura e o puxando na direção do seu corpo quente e suado.

 Caralho! Seu primo nunca o chamou de Hyung antes. Aquilo era excitante e tão fodidamente errado, o que fazia tudo ainda melhor.

Que? Não! 

- Shownu. Não podemos… - Kihyun rosnou, arranhando a cintura do mais novo enquanto Shownu o masturbava numa velocidade insana.

 Ele queria muito saber onde seu priminho aprendeu a bater uma punheta tão gostosa, mas quase certeza que não conseguiria falar qualquer coisa naquele momento, então qual o sentido em tentar?!

 Suas pernas ficaram bambas e de todos os seus sonhos vergonhosamente eróticos com seu primo, ele todo mole e implorando por mais nas mãos do mais novo nunca havia lhe passado pela cabeça antes, não que ele não gostasse. Era diferente, estranho, errado, mas bom.

 Seu corpo inteiro tremeu e seus dedos dos pés encolheram dentro do sapato apertado. 

- Porra! Sua mão é tão boa, vadia. - Kihyun disse sem pensar, gemendo quando Shownu o mordeu mais uma vez.

 O mais novo parecia com raiva, travando Kihyun na parede, com as presas fincadas no seu ombro enquanto rosnava e aumentava a velocidade da punheta desajeitada. 

Que sentimento é esse?

- Goza filha da puta. - Shownu disse entre dentes, já que sua boca tava ocupada tentando manter o mais velho no lugar.

  Kihyun se odiou por ter gozado nas mãos de Shownu e ele nem sabia porquê.

 Ele estava todo mole e sua mente parecia leve, confusa. Seu primo o apoiava para que ele não caísse no chão e ele nunca se sentiu tão vulnerável em toda sua vida.

 Era para ele proteger e não ser protegido, não é?!

 Toda aquela situação ia contra seus instintos, porém seu lobo parecia incrivelmente silencioso quanto a tudo aquilo, quase satisfeito?!

 Shownu se afastou assim que Kihyun voltou a sentir suas pernas. O mais novo olhou para sua mão toda suja de porra e sem conseguir resistir ao fato de que precisava sentir o gosto do seu primo, ele lambeu seus dedos gemendo manhoso com o gosto do maior na língua.  

- Eu quero você. - Shownu implorou vergonhosamente, vacilando o equilíbrio de um pé para o outro.

 Kihyun estava prestes a se aproximar para abraçá-lo quando sentiu o cheiro do seu pai próximo. 

 Próximo demais. 

Que porra tá acontecendo aqui? - Suga perguntou incrivelmente calmo, apesar da voz áspera.

 Shownu limpou a mão suja de porra na própria camisa, olhando inocentemente para o tio. Como se o cheiro de feromônios dos dois no ar não fosse o suficiente para ele desconfiar o que exatamente estava acontecendo ali.

- Eu preciso gozar. - Shownu reclamou, como se tivesse pedindo um copo de água.

- Rut. - Kihyun esclareceu quando Suga olhou para ele, pedindo explicações com o olhar.

- E por que diabos não nos chamou?

- Acredite, eu tentei.

 Suga rosnou irritado. 

- Não se preocupe tanto, estou consideravelmente consciente. - Shownu disse, parecendo mais adulto do que um adolescente deveria parecer.

- Manda afastar todos os alfas do salão, precisamos tirá-lo daqui, antes que alguém …

- Ele é um alfa, pai. - Kihyun se aproximou do mais novo, o abraçando apertado enquanto acariciava seus cabelos.

- Contato ajuda a diminuir os enjôos. - Kihyun explicou, triste pela primeira vez desde aquele reencontro, já que todo seu tesão tinha ido para o espaço com seu pai perto e principalmente depois de gozar. - Eu vou cuidar de você até acharmos uma ômega, não tem porque sofrer no cio. É um inferno passar sozinho. - Kihyun sussurrou com tristeza.

 Ele sempre amou ser alfa, infelizmente tudo vinha mais fácil quando se é um alfa. Porém, nesse momento, nos braços de Shownu, tudo que ele queria era ser um ômega, para poder ser compatível ao primo.

 Sim! Ele era patético.

 - Por que eu não quero que você se afaste? Disseram que alfas ficam bem agressivos com outros alfas durante o Rut. - Shownu argumentou enquanto sentia a dor no estômago diminuir um pouco.

- Você acabou de me chamar de filha da puta, acho que não estamos nos dando tão bem assim. - Kihyun disse rindo com um pouco de tristeza, fazendo Shownu rir meio desanimado também.

- Vamos conseguir uma ômega pra você, tenho certeza que tem alguém por aqui que…

- Quero um híbrido. - Shownu resmungou fazendo Kihyun morder a língua para não rosnar em resposta.

 O filhote é meu! - seu lobo resmungou ainda um pouco desanimado em participar de tudo aquilo.

 Não. Ele não é. - Kihyun respondeu em sua própria mente com o mesmo nível de tristeza que seu lobo.

 Suga parou de andar encarando Shownu enquanto tentava ignorar a forma carinhosa em que seu filho se agarrava ao menor. 

 Aquilo era problema para outra hora.

- Híbridos? Não tem como um híbrido aguentar um alfa no Rut. pelo cheiro e comportamento, acho que você já tá perto demais do cio para termos de pensar em algo e…

- Podemos pedir ajuda para dois híbridos. - Jimin falou pela primeira vez, sendo notado com surpresa por Shownu.

 O ômega deu de ombros quando Suga o encarou com curiosidade. 

- Já vi acontecer. Alguns alfas tem medo de perder o controle e marcar um ômega, por isso preferem híbridos ou betas.

- Você sabe muito bem o porquê não quero Shownu perto de híbridos. - Suga alertou baixo, mas o mais novo ouviu mesmo assim.

- Se for por causa do meu pai, não precisa me esconder mais nada, eu já sei de tudo.

 Todos ficaram tensos com aquilo, principalmente Kihyun, o que deixou Shownu triste, porque aquilo só comprovava que Kihyun sabia sobre seus pais, mas nunca lhe contou nada.

 - O que disse? - Suga parecia assustado com sua declaração.

 De alguma forma o mais novo se sentiu traído e sozinho no mundo, mas ironicamente aquilo não parecia tão importante na sua mente no momento.

- Liga para o líder da alcatéia de híbridos daqui, tem uma garota chamada Momo, ela vai saber o que fazer. - Shownu disse sem se importar mais com os dois, voltando toda a sua situação para Kihyun.

- Eu quero você. Por que não posso te ter? - ele sussurrou mais como um pensamento alto do que como uma pergunta.

 Kihyun sorriu, sentindo seu peito bater forte e descompassado. 

- São seus hormônios. É normal o alfa se apegar ao primeiro que vê, mas sou um alfa também e somos uma família, acabaríamos nos matando na cama. - Kihyun tentou rir, mas saiu mais parecido com um engasgo. - Fora que, por lei, não é permitido. - ele disse amargurado, já que tinha ouvido aquilo tantas vezes do próprio pai.

 Shownu sentiu toda sua pele arrepiar ao imaginar ele na cama com seu primo. 

- Isso é verdade? Isso que eu tô sentindo agora, é só por causa do cio?

 Espero que não. 

- Claro que é. Daqui três dias você já vai me odiar de novo.

 Shownu riu, parecendo um pouco mais aliviado com aquilo, o que deixou Kihyun  ainda mais triste. 

- Vai ficar tudo bem. Vou cuidar de você por enquanto. - Kihyun sussurrou enquanto voltava a abraçá-lo.

 Ele tirou vantagem de toda aquela situação. Sentando na espreguiçadeira da varanda com Shownu no colo enquanto Suga se afastava para fazer uma ligação para o líder da alcatéia dos híbridos na região.

 Seu pau já tava todo inchado de novo, enquanto Shownu rebolava no seu colo descaradamente, mas ele não se importava nenhum pouco, cheirando seus cabelos úmidos de suor e lambendo sua pele salgada e macia.

 Kihyun estava delirando de prazer, ignorando o olhar analítico de Jungkook do outro lado da porta da varanda.

 Shownu resmungava as coisas mais depravadas do mundo em seu ouvido e ele não conseguiu afastar suas mãos da bunda do menor. 

"Se eu fosse a JiU você me foderia?'

" Por que eu quero tanto seu pau na minha entrada inchada se eu sou um alfa?"

" Me chama de vadia de novo?"

" Porra seu pau é tão grosso e quente e encaixa tão bem entre minha bunda".

E por aí vai.

Kihyun tava quase gozando de novo, quando duas híbridas apareceram por perto, tímidas e um pouco assustadas.

 Seus olhos eram todos para o Shownu e seu primo parecia ter um carinho especial e desconhecido por ele, com as meninas.

 Ele sentiu um vazio assustador quando seu primo saiu do seu colo e um aperto horrível no peito quando Shownu beijou sua bochecha com os lábios molhados e partiu com as duas crianças idiotas. 

- Ele cheira a leite. - Jungkook disse quando sentou do lado de Kihyun, fazendo o mais novo quase pular na sua espreguiçadeira.

 Sua mente estava longe. 

- Ufa. Achei que era só eu que tinha percebido. Já tava me achando um depravado. - Kihyun resolveu se abrir, já que tinha uma intimidade especial com seu tio.

Os dois ficaram em silêncio por um tempo, sem saber muito bem o que dizer um para o outro.

- Já me apaixonei por um alfa uma vez. - Jungkook disse calmo fazendo Kihyun se assustar pela segunda vez em tão pouco tempo.

- Isso é sério?

- Sim. Ele era uma pantera, foi assustador.

 Kihyun riu da cara do seu tio.

 Aquilo era possível? 

- Nunca ouvi falar de algo assim antes. Achei que era proibido.

- Não tinha nada dessas leis novas naquela época, mas ômegas não eram tão raros também. Acho que o governo só está tentando proteger a espécie, já que não conseguem fabricar ômegas em seus laboratórios. - Jungkook disse como se falasse do clima.

 Nada parecia afetar seu tio, como se ele já tivesse visto de tudo e nada mais o impressionasse. 

- Era o Taehyung? - Kihyun perguntou.

 Seu tio já tinha falado do Taehyung para ele algumas vezes, também falava sobre um tal de V, que era o híbrido com quem ele foi meio que casado e que morreu quando ele era pequeno.

 Jungkook concordou com a cabeça, parecendo ainda mais triste do que normalmente era.

- Vocês nunca tentaram se matar? - Kihyun perguntou curioso. Aquilo era tão surreal, ele nunca nem pensou em dois alfas juntos por algum motivo que ele não tinha como explicar.

- Nós tentávamos nos matar quase todos os dias. O que não significava que não era bom. Ele era genioso, mimado e adorava me caçar e eu o amo por isso.

 Kihyun riu, tentando ignorar o fato do seu tio usar partes da frase no presente, mesmo que sua mente parecesse viajar no passado.  

- Por que está falando isso pra mim, afinal?

 Jungkook riu seco. 

- Se seu lobo o quer, não o deixe fugir. Não tem nada, nem ninguém que diga que ele não possa ser seu. Acredite, não ter seu lobo predestinado é como dançar com a morte e ver todo o inferno acompanhar.

- Bom! As coisas mudaram e agora esse tipo de relacionamento não é mais bem visto, então…

- Somos uma família influente, ninguém teria coragem de ir contra vocês.

- Você tá louco? Sabe muito bem porquê meu Appa me afastou da casa, ele não aceita isso, somos família.

 Jungkook bufou. 

- Seu pai é um hipócrita. Eu concordei em te tirar da casa porque Shownu era novo e nem sabia sua casta ainda, mas agora isso é ridículo. Se o garoto te quer e você o quer, não tem porque você ficar fugindo mais e sobre a parte da família. Bom! Como posso dizer isso… - Jungkook suspirou desanimado antes de continuar. - Tecnicamente somos todos da família e Jimin e Suga eram como irmãos antes de se casarem. Somos muito velhos e nossos sangues não estão relacionados dessa forma. Shownu não é seu primo de sangue, falamos sobre família pelo tempo de convívio, mas não vejo porque a proibição dessa relação, se for o que querem. Espera o garoto ter idade e daí você pode pensar melhor sobre isso.

 Kihyun riu do tio. Ele já sabia da história da família, não que ele acreditasse em toda aquela lenda idiota, mas não ia argumentar. Gostava das tradições da sua alcatéia, mesmo que metade dela não fizesse sentido. 

- Vou precisar ficar longe dele até ele atingir maioridade ou vou acabar fazendo besteira.

 Jungkook riu, pela primeira vez parecendo animado com algo. 

- Se eu fosse você não me preocupava. Shownu parece ocupado demais com as híbridas pra pensar em você por enquanto.

 Kihyun rosnou enciumado, o que causou um ataque de riso no tio.

 Meu!

 Seu lobo finalmente acordou de verdade em sua mente fazendo ele revirar os olhos.

 Agora você acorda?

 Kihyun esperou o lobo se comunicar mais uma vez, mas o idiota parecia fazer de propósito. 

- A ômega com o pedaço de pano minúsculo amarrado no corpo estava te procurando, devia ir atrás dela, talvez ela consiga diminuir essa ereção enorme no meio das suas pernas.

 Kihyun ficou vermelho feito um tomate, olhando para a calça toda gozada com um botão estourado.

 Ele era realmente patético. 

- Vou pensar. Ah! E o pedaço de pano se chama vestido.

- Eu não teria tanta certeza disso. - Jungkook argumentou indignado.

 Ele sempre reclamava das modas novas, parecendo um ancião falando de como a vulgaridade perdeu a graça com o tempo.

 Kihyun se levantou com dificuldade, sentindo suas coxas assadas e com porra seca grudada na pele. 

- Preciso de um banho. - ele resmungou irritado.

- Tenta gelado. - Jungkook respondeu ganhando um dedo do meio do sobrinho enquanto se afastava pra dentro do salão, agora vazio.

 Mais uma festa que acaba em drama. Aquela família era inacreditável.

 Ele suspirou desanimado. Sentia falta de V.

 Todo aquele amor no ar o deixava enjoado e com saudades.

 Se ao menos o tempo pudesse passar logo.

 Ele tinha que voltar, ele precisava voltar.

 Hoseok voltou, então o que diabos Taehyung estava esperando?

 Por favor, volta! 

 Eu apenas existo sem você e adoraria voltar a viver.

Onde você está? Por que ainda não nasceu?  Minha alma precisa de você.

Volta pra mim, minha pequena raposa!

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