15.Mais missões

Contém leve descrição sexual, lembrando que os personagens apresentados são maiores de idade.

Kareen,

Eu estava em êxtase — Ray voltou, e embora não tenha dito nada direto, aceitou de imediato minha ideia de passarmos a noite juntos. Depois daquele nosso momento intenso na sala de monitoria, ele saiu para encontrar o diretor, e eu tive que retornar para a aula. Por mais que minha mente insistisse em se perder entre as lembranças daquele encontro, não podia me dar ao luxo de me atrasar.

A herbologia era uma das matérias que exigia toda a minha atenção. A professora Emilly não tinha paciência com quem perdia os detalhes, e seu perfeccionismo com cada frasco e mistura era quase um teste de resistência. Cada passo da preparação era milimetricamente calculado, e se algo escapasse, ela fazia questão de nos lembrar do "preço da incompetência" como ela chamava. Apesar de me irritar, era o tipo de disciplina que sabia que precisava manter, especialmente com a carga de responsabilidades e o que me esperava naquela noite.

Durante a tarde eu não pude deixar de sorrir ao adentrar o quarto e ver as coisas de Ray aqui, ele realmente aceitou, não me atrevi a mexer em nada conforme fui colocando minhas coisas do outro lado do quarto. Aproveitei que estava sozinha, aproveitei para lançar um feitiço de amplificação na cama dele. Queria garantir que coubéssemos com folga, e, para minha surpresa, o feitiço finalmente deu certo! Vibrei de alegria, mal acreditando que funcionara—mas minha euforia durou pouco. Um frio repentino e uma sensação esquisita interromperam minha comemoração. Quando olhei para baixo, quase praguejei em voz alta ao perceber que estava completamente nua.

— Merda... Eu preciso dominar esse feitiço ou aprender a usá-lo com um reverso — murmurei, tentando manter a calma.

Rápida, comecei a vestir outra roupa, mas, assim que a toquei, tudo ficou enorme. Agora sim, estava ferrada! A professora Smith, que sempre ajudava com feitiços problemáticos, estava de licença, e a substituta, Emilly, era notoriamente impaciente. Não havia a menor chance de ela topar me ajudar a ajustar um feitiço de ampliação que me deixara assim.

Lancei um olhar desesperado para o espelho, pensando no que Ray diria se me visse assim.

O som das batidas na janela me arrancou dos pensamentos terríveis sobre minha situação. Quando abri a janela, dei de cara com Igniss, meu dragão, que parecia ter crescido desde a última vez. Com um movimento rápido, ele entrou e bagunçou tudo, me derrubando no chão antes de esfregar aquela carinha contra mim.

— Também senti saudades, meu bebê — murmurei, rindo, enquanto ele soltava uma baforada quente que fez minha pele arder levemente. Estava claro que ele estava chateado, provavelmente por saber que estive em casa e não fui visitá-lo.

— Desculpe, meu bem. Eu estava com o Ames e o Finn... e, bem, não sei se meu cunhado está pronto para te conhecer — expliquei, enquanto Igniss abaixava a cabeça, visivelmente desapontado. Suspirei. — Tudo bem. Assim que eu conseguir vestir alguma coisa, prometo que você será apresentado.

Igniss pareceu aceitar a promessa, balançando a cabeça várias vezes antes de começar a emitir um som estranho, como se estivesse engasgando. Preocupada, fui até ele e pressionei sua barriga calmamente. Ele regurgitou uma esfera púrpura brilhante, e, antes que eu pudesse processar, o chão ao lado começou a se abrir em um buraco dimensional, do qual emergiram fios de cabelo loiro.

Apenas uma pessoa tinha entrada dramática assim. A última coisa que pensei foi: "Ah, não..."

Logo, Tristan estava ali, erguendo-se da passagem mágica. Ao me ver, ele parou, parecendo surpreso, enquanto eu, no desespero, puxava uma das asas de Igniss para cobrir o que restava da minha dignidade.

— Hora errada? — Sua voz soou enquanto ele coçava a nuca, desviando o olhar e claramente tentando conter uma risada. Ah, se o Ray visse essa cena...

— Por que você... Tristan! — Minha voz saiu em um sussurro irritado. — Não olhe! Eu... eu lancei um feitiço errado no meu próprio corpo — confessei, o rosto queimando de vergonha, enquanto ele ria baixo.

— Você realmente não muda — disse ele, se agachando até ficar à minha altura, o olhar fixo no meu rosto. Graças às asas de Igniss, o resto estava coberto, mas a proximidade de Tristan era desconcertante.

— Qual foi o feitiço? — perguntou ele, tirando uma varinha de tom ônix de dentro do manto. Eu sabia bem que ela fora feita com escamas do dragão dele. Tristan amava esses seres tanto quanto eu.

— Foi um feitiço de amplificação — respondi, tentando não pensar na situação ridícula em que estava.

Ele riu, examinando o ambiente.

 — Você teve sorte; poderia estar do tamanho deste quarto. Parece que você tem facilidade para encantar seu próprio corpo, talvez sem querer. Deixe-me ver sua varinha.

Ele se abaixou mais para me ajudar, mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, ouvi a porta abrir. Olhei para cima e ali estava Rayne, parado à entrada. Ele segurava a varinha, o rosto sério, os olhos fixos em Tristan, que parecia alheio à tempestade iminente.

Rayne,

Eu estava no pátio principal, acompanhando o diretor em uma conversa séria enquanto cruzávamos o caminho de pedra da escola. Discutíamos a possibilidade de um fugitivo perigoso, aliado do Inocente Zero, estar se escondendo em Easton. Meu instinto me dizia que algo estava errado, e, embora desejasse me concentrar totalmente no que o diretor falava, minha mente vagava. Fazia dias que não via Finn direito, e, ainda que não quisesse admitir, estava contando os minutos para voltar e encontrar Kareen.

Então, um rasante súbito capturou nossa atenção: Igniss, o dragão de Kareen, voou sobre o pátio, chamando a atenção de todos ao redor.

— Parece que a Bernauer tem visitas. Só cuide para que o dragão não cause um alvoroço — disse o diretor Alberg, desaparecendo em seguida, enquanto eu suspirava, sabendo que aquilo provavelmente significava que Kareen estava aprontando alguma.

Ainda absorvendo o pensamento, decidi seguir até o meu quarto. Minha decisão de dividi-lo com ela se confirmou uma escolha certeira, já que era raro eu permanecer muito tempo nos dormitórios. Sabia que, nesses poucos dias de retorno, a presença dela seria um alívio. Subi as escadas rapidamente, ignorando os olhares curiosos e os murmúrios dos alunos enquanto me dirigia ao dormitório.

Quando cheguei à porta, abri-a calmamente, mas meu sangue gelou ao processar o que estava diante de mim.

Lá estava Kareen, claramente nua atrás de Igniss, e Tristan – aquele amigo que não gostava e cuja presença eu realmente não esperava ver ali – estava inclinado, examinando a varinha dela. O sorriso meio zombeteiro no rosto dele apenas intensificou minha frustração.

Segurei a varinha com força, controlando minha respiração. Cada fibra do meu ser pedia para agir, mas respirei fundo, tentando manter a cabeça no lugar. A paciência que eu acreditava ter evaporava aos poucos, e não pude evitar que minha voz soasse fria.

— Tristan, você acha que pode... se retirar agora?

Ele ergueu o rosto e percebeu a tensão no ar. Com um sorriso ligeiramente desconfortável, ele se levantou e me lançou um olhar desafiador antes de desaparecer pelo portal que ele mesmo abrira.

Assim que ele se foi, fechei a porta e me aproximei lentamente de Kareen, meu olhar fixo nela enquanto o silêncio nos envolvia. Ela parecia cautelosa, talvez ciente de que havia passado dos limites desta vez.

Eu me agachei ao lado dela, um sorriso surgindo em meu rosto.

— Parece que perdi algumas aventuras — murmurei, minha voz saindo rouca enquanto deslizava a mão pelo seu rosto, sentindo a tensão e a saudade misturadas.

Não havia mais ninguém ali. E, ao olhar para Kareen, percebi que, apesar da cena caótica que presenciei, nada podia tirar o alívio de tê-la tão perto outra vez.

Kareen,

Minha respiração estava entrecortada, e até Igniss, normalmente tão protetor, deixou o quarto ao perceber a tensão, esse pequeno traidor.

— Quer me dizer o que aconteceu, querida? — A voz de Rayne era controlada, mas podia sentir a pontada de impaciência.

— Meu corpo está enfeitiçado — falei diretamente, enquanto ajeitava o tecido muito maior do que deveria ser, tentando cobrir-me. A expressão de Rayne suavizou um pouco ao entender, mas ainda trazia uma mistura de exasperação e preocupação.

— De novo? — Ele suspirou, aproximando-se e deixando os dedos deslizarem pelo meu cabelo, antes de erguer a varinha e recitar um contrafeitiço que dissipou o efeito no mesmo instante. Agradeci com um sorriso envergonhado e me apressei em vestir algo mais adequado, refugiando-me no armário.

Quando voltei, Rayne estava sentado na beira da cama, o rosto demonstrando um leve traço de irritação, mas seus olhos brilhavam com aquele misto de ciúmes e algo mais profundo.

— Obrigada, Ames. — Aproximei-me e lhe dei um beijo rápido na bochecha. Em resposta, ele me puxou para perto, e um arrepio percorreu minha espinha quando senti seus dedos roçando levemente pela minha saia.

— Sabe, querida... não é de hoje que esse seu amiguinho me irrita. — Sua voz era baixa e rouca, conforme ele se desfazia do excesso de pecas e eu sabia que ele estava realmente incomodado com a presença de Tristan.

— Ray, isso é só... ciúmes, e você não tem mo... motivos — balbuciei, mas minha voz saiu entrecortada quando senti seus dedos deslizando pela alça da minha calcinha, fazendo minha mente girar.

Rayne sorriu de maneira enigmática e me beijou com uma intensidade que eu ainda não conhecia totalmente. Ao se desfazer da minha saia e abrir a minha blusa, espalhou beijos por todo meu colo, fazendo com que eu perdesse o fôlego. Deitada na cama, senti cada toque firme e envolvente dele ao ponto da minha excitação escorrer, e minha respiração tornar-se cada vez mais pesada.

— Você parece... muito agitado, meu bem. — Murmurei, puxando-o mais para perto e me certificando de que ninguém nos escutaria.

Ele soltou uma risada baixa.

— Você ainda não viu nada, querida. — Continuou me provocando enquanto me tocava, cada vez mais intenso, sem nunca verdadeiramente enfiar os seus dedos em mim, cada toque no meu clitóris me fazia ansiar por mais de suas mãos, e eu estava prestes a responder quando não consegui conter um gemido alto, e Rayne rapidamente tapou minha boca, os olhos brilhando com diversão. Ele havia adentrado de uma vez, seu membro não parava pulsar e óbvio que ele não se moveu. Quando respirou pesado e baixinho no pé do meu ouvido todo o meu corpo estremeceu e ele soltou a minha boca e moveu o quadril.

— Geme mais baixo... não estamos sozinhos — sussurrou, tentando manter o controle, a cada estocada eu ficava ainda mais próxima do meu orgasmo visto que ele foi um cretino, me estimulando sem deixar alcançar.

— Eu... ativei a proteção, eu sempre ativo, esqueceu? — Mal consegui dizer, envolvida nos movimentos intensos dele.

Rayne parou por um segundo, o sorriso malicioso reaparecendo. Seus lábios se aproximaram do meu ouvido, sua voz um sussurro profundo.

— Nesse caso, querida, você está completamente ferrada.

Meu corpo todo tremeu com antecipação, e meu coração batia acelerado, quando ele se ergueu antes de descer pesado entre minhas pernas, cheguei a morder meu lábio para não gritar e ao perceber a sensação que me causava Rayne passou a estocar exatamente assim e me entreguei a cada toque e movimento dele. Arranhei suas costas de leve sentindo meu corpo reagir cada vez mais intensamente.

— Eu não vou aguentar mais Ray — Sussurrei, sentindo cada movimento sem qualquer interrupção, o barulho dos nossos corpos ecoando pelo quarto intensamente e me deixei levar completamente por esse momento só nosso.

Eu estou pagando por um inconveniente e modéstia parte pagaria quantas vezes ele quisesse. 

🔮🔮🔮

Minha respiração ainda estava pesada pelo ato, Ray sorria de forma presunçosa e quase imperceptível enquanto terminava de se arrumar assim como eu.

— Eu te machuquei? — Ele me abraçou  e tive que me segurar, só agora que ele pergunta?!

— Não se preocupe, eu gosto dessa sua versão tanto quanto as outras. — Desviei meu olhar.

— Serei mais carinhoso na próxima. — Beijou meu ombro, Ames faz meu coração bater forte, eu o amo tanto e nesse momento posso afirmar que a parte interna das minhas coxas está doendo, mas nada que me afete tanto.

— Eu vou adorar ter você de qualquer forma Ray. — Sussurrei o beijando mais uma vez, trocamos carícias, selares e beijos cada vez mais apaixonados até que ele se afastou lembrando de algo.

— O que aquele seu amigo queria aqui? — Arqueei a sobrancelha o encarando.

— Como eu vou saber se você o enxotou do quarto antes? — Revirei os olhos e ele sorriu, como pode meu namorado se tão cínico e ciumento tem horas?!

— Creio que precisávamos de um tempinho. — Afirmou.

— Ah claro. Diz o visionário que prometeu que nunca mais faria sexo dentro da escola. — Ironizei cruzando os braços e ele riu de leve antes de puxar meu corpo para si e alisar a minha cintura lentamente antes de apertar.

— O que eu posso fazer se eu tenho uma namorada tão... — Seu olhar foi tão malicioso que fiquei com vergonha. — Interessante. 

Tentei manter minha pose irritada, mas já tinha ido para o chão quando ele alisou o meu rosto e deixou um selar nos meus lábios. 

— Ainda preciso ver o diretor. Temos assuntos pendentes e faça com que aquele seu dragão não fique desfilando por ai meu bem, ou terá problemas.

Apenas assenti e ele ergueu minha destra deixando um beijo sobre o anel e saindo do quarto, tudo em Rayne grita perfeição diante dos meus olhos e eu não consigo me manter distante quando se trata dele.

Assim que ele saiu, eu continuei tentando processar o que havia acontecido, ouvi um som de passos do lado de fora. Quando abri a porta, dei de cara com Tristan. Ele parecia sério, o olhar um pouco sombrio, e isso me deixou em alerta, senti que minha janela foi invadida e Igniss estava bem ali deitado no chão ao meu aguardo.

— Preciso falar com você sobre algo urgente, foi por isso que vim — ele disse, com o tom grave que usava quando o assunto era realmente sério.

Fiz sinal para que ele entrasse, e nós dois nos sentamos perto da janela, onde ele podia manter a voz baixa e ainda assim garantir que eu ouvisse tudo e eu conseguia dar carinho para Igniss calmamente.

— Kareen, temos um problema. — Ele respirou fundo, passando uma mão pelo cabelo como se tentasse organizar as ideias. — Um mercado negro está se estabelecendo nas regiões próximas ao seu reino, e... alguns ovos de dragão sumiram recentemente.

Minhas sobrancelhas se uniram em confusão e preocupação, o coração batendo acelerado ao pensar nos dragões do meu reino.

— Ovos de dragão? Mas... eles deveriam estar protegidos por toda uma ordem. Como alguém poderia tê-los roubado?

Tristan balançou a cabeça, visivelmente frustrado.

— Eu não sei exatamente como fizeram, mas tenho quase certeza de que o roubo foi orquestrado por contrabandistas que querem traficar os ovos, veja bem, eles roubaram ao todo seis espécies, se fizerem os pequenos de incubadora e começarem a vender as ninhadas em breve teremos um caos. —  Ele respirou pesado e compreendi a frustração assim como a raiva.

— Estamos lidando com algo muito mais organizado e ambicioso do que antes. — Ele fez uma pausa, a seriedade no olhar era assustadora. — Este mercado negro está de olho em seres místicos e artefatos de valor inestimável. Ninguém da nada pelo reino dos dragões justamente pelo medo que possuem de seu pai e pela barreira ser praticamente impenetrável então você sabe que muitos seres se escondem por lá, isso deixaria não só a nossa terra vulnerável como quebraria qualquer sensação de segurança que nutrimos ao longo dos anos e parece que estão tentando lucrar às custas disso.

— Tristan... esses ovos são parte da mesma linhagem de Igniss não são? —  Ele assentiu e senti uma raiva imensurável se apossar do meu coração. — Se eles caírem nas mãos erradas, os dragões poderiam... — Meus pensamentos começaram a vagar para as terríveis possibilidades.

— Exato. — Ele suspirou, parecendo compartilhar meu receio. — E é por isso que preciso da sua ajuda. Eu sei que você se desvinculou da nossa casa e fez daqui sua missão, mas é urgente investigar esse grupo. Eles estão bem perto do seu reino, e ninguém melhor do que você para se infiltrar e descobrir o paradeiro desses ovos. Além disso, seu conhecimento sobre a linhagem de Igniss pode ser crucial para evitar que isso se espalhe.

Respirei fundo, absorvendo cada detalhe do que ele disse. A tarefa era grande, arriscada, mas não havia como ignorar e eu jamais pediria por ajuda, não até se tornar um problema visível.

— Certo. Farei o que for necessário, mas vou precisar de mais informações e algum tipo de acesso aos líderes dessa organização. Não posso agir sem algum disfarce forte o suficiente.

Ele assentiu, aprovando meu comprometimento.

— Vou te fornecer tudo o que eu já descobri, e vou fazer o possível para criar uma cobertura que permita sua infiltração. Mas, Kareen, tome cuidado. Esses contrabandistas não são como qualquer grupo. Eles têm poder e influência, e não hesitariam em atacar para proteger o esquema deles.

Concordei, sentindo uma determinação crescer dentro de mim.

— Vamos descobrir quem está por trás disso e recuperar os ovos. Os dragões merecem essa proteção. — Pisquei e Tristan sorriu, um sorriso tenso, mas cheio de confiança.

— Sabia que podia contar com você. Vamos fazer isso juntos. Vou preparar o resto do pessoal e volto para te buscar. — Afirmou e sorri ácida.

— Você esqueceu que eu conheço aquele lugar como a palam da minha mão? —  Ironizei e ele gargalhou de leve.

— Pode até ser princesa, mas algumas coisas mudaram e não vou deixá-la sozinha. —  Dei de ombros, não é como se isso me afetasse ou sequer me irritasse. 

Estava na hora de me preparar para a missão, então comecei a recolher tudo o que poderia precisar. Primeiro, peguei alguns pergaminhos de feitiços de disfarce, que seriam essenciais para evitar qualquer reconhecimento indesejado. Também selecionei uma capa especial que mascarava minha presença; uma peça essencial para qualquer infiltração onde a discrição é prioridade.

Enquanto arrumava tudo, uma sensação de responsabilidade me tomava por completo. Desta vez, não era uma simples missão. O contrabando de ovos de dragão era um crime gravíssimo punido com a eliminação de linhagens inteira visto que meu pai não crer na salvação. Quando eu destruí aquele mercado falso junto a Ames, pensei que fossem demorar mais ara se estabelecer, pelo visto um ano foi mais do que o suficiente e, com o recente aumento do mercado negro, isso poderia atrair ainda mais atenção de todas as partes — inclusive dos Visionários Divinos, conhecidos por sua habilidade de prever e interferir em ações suspeitas.

A última coisa que coloquei no bolso foi um amuleto de proteção contra magias desconhecidas. Nunca se sabe com quem ou com o quê podemos cruzar ao lidar com esse tipo de gente.

Assim que terminei de me equipar, senti um arrepio quando uma batida firme soou na porta. Tristan entrou, com seu habitual ar de seriedade, mas carregando um brilho de empolgação nos olhos, como se já antecipasse a aventura. Sabia o quanto Tristan se importava com o reino e com a segurança dos dragões, mas ao mesmo tempo, isso significava que eu precisava lidar com um dilema. Rayne não confia nele, e eu sei o motivo: Tristan é persistente demais quando o assunto era cuidar de mim ou impor sua presença, mesmo que só tivessem se visto uma única vez foi o suficiente.

Quando abrir o portal no salão do diretor aproveitando que estava sem supervisão e vi o loiro, não pude deixar de sorrir, ele sempre foi um bom amigo e só de ter vindo aqui e contado sobre o estava acontecendo no meu reino já corre um grande perigo, pois, se meu pai descobrir não sobrará nada de Tristan para contar história.

— Pronta para a missão? — ele perguntou, lançando-me um sorriso confiante.

— Como sempre — respondi, calmamente.  Eu já tinha pedido uma folga ao diretor e pelo olhar e palavras dele parecia que sabia exatamente o que eu vou fazer.

— Mas você sabe que isso não vai ser fácil. Estamos falando de uma rede de contrabando bem organizada. Precisamos de ajuda... oficial. — A voz de Tristan soou impaciente e eu suspirei, relutante, e deu de ombros.

— Eu sei, mas nós dois sabemos o risco de envolver os Visionários diretamente. E convenhamos, nem todos... são confiáveis e nossa casa é muito distante de Easton.

Engoli seco. A verdade é que Tristan tinha um ponto. Porém, eu estou com a razão. Muitos visionários usavam suas posições para influência e até mesmo algo pessoal, mas ainda assim, era arriscado agir sem apoio. Foi então que a ideia de Rayne me veio à mente, e me senti aquecida pela confiança que sempre depositava nele. Ames poderia ser uma opção, mesmo com a distância e seu comprometimento em outra missão.

— Nesse caso, precisarei avisar um Visionário sobre o que descobrimos — falei, medindo as palavras.

Tristan pareceu incomodado, mas assentiu, entendendo que essa era a única escolha.

— Certo, mas tente se manter discreta. Eles podem interpretar mal a situação... ou pior, tentar roubar o crédito por si só.

— Eu sei bem como eles são, mas preciso pensar no bem maior, Tristan. Não estou aqui para brincar de jogos de ego e foi você quem pediu por eles. — Fui direta, porque sabia o risco que estava correndo, principalmente ao me por em evidência depois de meses irritando Ryoh .

Tristan me lançou um olhar compreensivo, embora pudesse sentir seu desagrado.

Depois de uma rápida despedida, ele desapareceu na escuridão do portal, deixando-me com pensamentos divididos. Eu queria muito que Rayne estivesse por perto para conversar sobre essa missão e essa rede de contrabando que envolvia ovos de dragão. Ele entenderia a gravidade da situação — afinal, ele sempre valorizou as missões, tanto quanto eu. Mas Rayne estava na escola a pedido do diretor Wahlberg, então não posso incomodá-lo.

A baforada de Igniss foi leve o suficiente para que eu compreendesse que tudo estava pronto para a minha partida, antes de sair deixei um bilhete preso na mesa com magia, assim sei que ele verá.

Talvez isso não seja exatamente tão fácil como imaginei, mas espero acabar logo com esse problema antes que a presença de um visionário seja solicitada.

Para a leitura não ficar cansativa já que o capítulo passou de 3k500 vou dividi-lo, o restante da missão será relatada no próximo.

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