Capítulo 03

David estava no aeroporto esperando Barbara aparecer, não demorou muito e a viu saindo pelo portão do desembarque, acompanhada de Amber e Christian. Ele sorriu com os olhos brilhando, Barbara conseguia fazê-lo feliz apenas em vê-la. Estava ainda mais bonita do que a última vez que ele a viu.

— Meu amor — ela foi até ele e o abraçou. — Como você está? — lhe deu um selinho.

— Estou bem — ele lhe deu outro abraço forte. — Estava morrendo de saudades de você. Está linda — a olhando de cima abaixo.

— Eu também estava — ela sorriu. — E você também está lindo — piscou. — Olha só quem eu trouxe — apontando Amber e Christian. David os encarou e riu.

— E aí, pessoal? — David sorriu cumprimentando-os e dando um abraço em cada um. — Quanto tempo, hein?

— Verdade, David — Amber concordou sorrindo.

— E aí, cara? — Christian bateu nas costas dele de leve. David riu. — Beleza?

— Mais ou menos — deu meio sorriso. — Vamos?

— Como está o seu pai, meu querido? — Barbara perguntou, enquanto caminhavam.

— Na mesma — ele pegou a mala de Barbara e a de Amber. — Está muito mal de saúde — suspirou com tristeza. — Eu acho que agora não tem mais jeito.

— Não pense assim, meu amor — ela disse entrelaçando o seu braço com o dele. — Vai dar tudo certo, é só pensar positivo.

— Eu sei, meu bem — ele olhou no relógio. — Já vai dar meio-dia, o que acham de irmos almoçar?

— Eu acho uma ótima ideia, afinal de contas, estou morrendo de saudades da comida americana — Christian disse todo animado.

— Concordo — Amber riu.

— Tem alguma sugestão? — Barbara perguntou.

— Claro, podemos ir naquele que nós adoramos — ele sugeriu.

— Por mim tudo ótimo.

Os três caminharam em direção ao carro de David, que estava parado no meio-fio e seguiram até o restaurante. Ao chegarem, pediram uma mesa e logo se sentaram.

— Mas e então? Como estão as coisas na Espanha? — David perguntou interessado, enquanto observava o cardápio.

— Tudo perfeitamente bem, meu amor — Barbara sorriu. — Acabamos de entregar uma encomenda para a Victoria's Secret — Barbara piscou.

— Olha — ele assoviou com um sorriso. — Pelo jeito estão mandando muito bem nos negócios — lhe deu um selinho.

— Eu sou demais, amado — Barbara se gabou.

— Essa aí se acha — Amber gargalhou.

O garçom chegou e todos fizeram os seus pedidos, pouco antes de meia hora já estava tudo servido.

— E então, meu amor? Como estão as festas? — Barbara perguntou tomando um gole do seu vinho.

— Mais ou menos, ontem fui a um barzinho com Molly e os meninos — ele sorriu de canto. — Mas você sabe que eu não sou muito de sair — ele suspirou, dando uma garfada em seu peixe.

— Por que não, cara? — Christian perguntou e David deu de ombros, como se dissesse que não sabia. — Se eu fosse assim bonitão, todo pimpão como você, eu seria o dobro do que eu sou — suspirou e todos gargalharam.

— O David não é igual a você e todo o resto, Christian — Barbara acariciou na nuca do marido. — Ele é especial — deu um beijo no rosto de David.

David sorriu e a admirou, Barbara sem dúvidas era uma ótima companhia, uma ótima amiga e uma boa esposa, o que ele mais podia querer? Só tinha medo que um dia ela se cansasse dele, mas apesar disso estava preparado para o que fosse. Ele só queria a felicidade dela.

— Obrigado pela parte que me toca — Christian rolou os olhou, com um bico ofendido.

— E não se finja de ofendido, porque eu sei que você não ficou — Barbara gargalhou, sendo acompanhada por Amber.

— Tudo bem, eu não fiquei — ele riu, bebendo um sorvo de sua bebida. — Mas o que tem o David de caseiro, tem a Barbara de festeira — piscou.

— Ah essa aqui é uma festeira de primeira — David sorriu, acariciando os cabelos de Barbara, que deitou em seu ombro. — Saíram ontem?

— Saímos, fomos para uma baladinha em Ibiza — ela disse olhando as unhas. — Foi um máximo — disse encarando os amigos de maneira maliciosa.

— Eu imagino — ele disse e em seguida encarou Amber e Christian. — Vocês vão ficar lá em casa, não é?

— Nem rola, David — Amber sorriu. — Eu tenho o meu apartamento e o Christian tem o dele.

— Ah é verdade — ele pôs a mão no rosto. — É que vocês vêm tão pouco no país que às vezes eu me confundo.

— Mas nós aceitamos uma carona — Christian piscou e David riu.

— Claro que sim, parceiro.

Os três terminaram de almoçar e David os levou até seus endereços, em seguida seguiu com Barbara até em casa, pois a esposa queria tomar um banho e descansar um pouco antes de irem visitar o pai de David no hospital.


♦♦♦


Já era noite quando o casal chegou ao hospital, ali se encontraram com a mãe e a com a tia de David.

— Barbara, querida — Pâmela cumprimentou, levantando-se.

— Oi, tia — Barbara sorriu. — Como a senhora está, hein? — lhe deu um abraço.

— Oh minha filha — disse aos prantos. — Estou tão preocupada com o Roger.

— Não fique assim, tia. O tio Roger vai melhorar, não se preocupe, a senhora sabe que ele é um homem forte — apertou a mão dela, enquanto a ajudava a se sentar.

— Eu sei, querida — ela tentou sorrir.

— Como vai, dona Mary? — ela perguntou, enquanto a senhora se levantava.

— Bem, querida... E você? — ela deu dois beijos no rosto de Barbara.

— Estou bem, tia... Muito trabalho, mas nós aprendemos a dividir o tempo.

— E os seus pais?

— A mamãe já me ligou hoje, disse que jantariam conosco essa noite, o ritmo de trabalho na clínica é terrível e eu entendo bem — deu meio sorriso.

Barbara não se dava muito bem com os pais, pois eles sempre idealizaram que ela seguiria a carreira da medicina, assim como toda a família, mas ela seguiu um rumo totalmente oposto. Hoje em dia eles não eram mais tão amáveis com ela como antes, mas mesmo assim ainda viviam em paz.

— Adoraríamos que a senhora aparecesse para se distrair um pouquinho, não é? — apertando a mão da sogra.

— É, mãe — David sorriu. — Essa é uma ótima ideia, ficar aqui não vai fazer nada bem a senhora — David disse.

— Talvez — Pâmela deu meio sorriso.

— A senhora também, dona Mary — Barbara olhou a outra. — Se quiser comparecer será muito bem-vinda.

— Ah obrigada, minha filha, mas não sei se eu vou poder ir.

— Ora, faça um esforço — Barbara piscou. — Ele está podendo receber visitas? — Pâmela assentiu.

— Sim, mas só pode uma pessoa por vez — ela assuou o nariz em um lenço. — Pode ir, minha querida, é essa porta à direita — apontou.

Barbara levantou-se e seguiu até lá. Entrou na sala e viu o sogro adormecido, olhando assim até podiam jurar que era um anjinho, mas Roger estava longe disso, ela pensou sorrindo. Não que fosse uma pessoa ruim, ao contrário. Mas ele tinha um modo de vida muito antiquado e mesmo sem querer às vezes magoava as pessoas.

David era um exemplo, sempre sofreu muito nas mãos daquele homem, mas isso era outro departamento. Agora o importante era que ele se curasse e voltasse para casa. Permaneceu alguns minutos ali e depois saiu.

— Ele vai ficar bem — ela garantiu assim que se aproximou. — Está corado e os batimentos dele estão ótimos.

— Que Deus a ouça, minha querida — Pâmela fez o sinal da cruz.

— Pode ir ver o seu pai — Barbara disse, esfregando as costas dele.

— Tudo bem, pode ficar com o meu celular e o meu paletó? — ela assentiu e ele entregou o paletó e o celular a ela. — Eu não me demoro — saiu.

Barbara o observou se afastar e sorriu tristemente ao ver que ele estava sofrendo. Saiu de seus devaneios quando ouviu o celular dele tocar insistentemente. Pediu licença às mulheres e se afastou um pouco para atender.

— Alô.

— Onde está o Sr. Melton? — Melissa disse do outro lado da linha, ao notar que era uma mulher.

— Quem fala? — Barbara perguntou ignorando a pergunta de Melissa.

— Sou Melissa, agora pode, por favor, passar para o David? — foi grosseira. — Eu não tenho a vida inteira para esperar — batia o pé, incomodada.

— Minha filha, eu até anotaria o recado, mas agora eu não estou nem aí — deu um sorriso falso. — Você é bem mal-educada, hein?

— Eu sou a secretária do Sr. Gordon, essa ligação se trata de assuntos de trabalho e eu exijo que você passe o telefone a ele!

— Pois você vai me obrigar? — Barbara debochou. — É assunto de trabalho? A mim não interessa nem um pouco — desligou o celular. — Que abusada — olhando o telefone e em seguida voltando até onde estavam Mary e Pâmela.


♦♦♦


Melissa teve um ataque de raiva quando ouviu a ligação ser cortada. Quem aquela mulherzinha achava que era? Entrou no escritório do chefe sem bater e viu Richard relaxado em sua cadeira.

— Richard — ela disse nervosa e irritada. — Você nem acredita!

— O que foi, Melissa? — ele balbuciou preguiçoso. — Ligou para o David?

— Eu até liguei, mas uma mulherzinha inútil atendeu e me disse que ele não falaria comigo — andando de um lado para outro.

— Uma mulher? — disse desconfiado. — David com uma mulher?

— Sim, uma mulher — ela rolou os olhos. — Uma mal-educada, uma vagabunda — ela dizia ciumenta.

— Nossa, parece que o David está aprendendo a viver — disse dando um sorrisinho ao notar que talvez David estivesse mudando e passando a ficar mais aberto com a vida. — Se conectando com as mulheres — tomou um sorvo de uísque, Melissa olhava irritada. — Afinal mulher nunca é demais — olhando as pernas da secretária que estava distraída em sua própria raiva. — Espero que ele continue pegando e... — ficou sério ao se lembrar que David tinha dito que Barbara voltaria no dia de hoje. — Porra, é a mulher dele — pôs a mão no rosto. Estava bom demais para ser verdade.

— O quê? E essa mulher não está em outro país? — Melissa o olhou com cara de choro.

— Pois é, mas ela voltou — ele disse se levantando da cadeira. — E você não a tratou mal não, certo Melissa?

— Mais ou menos — deu de ombros, chorosa. — Ela quem começou me maltratando — mentiu.

— Olha lá, Melissa — ele advertiu. — Porque se ela quiser, você está na rua e apesar de sermos... — ele a encarou safado. — Muito amigos, eu e você... — negou com a cabeça. — Eu não poderia te livrar de uma possível demissão — encostando-se à mesa.

— Ora, chefinho, eu tenho certeza de que você não a deixaria me demitir — piscou com safadeza.

— Não se confie em mim — Richard lhe deu um selinho rápido. — Eu sei que você gosta muito do David, não é?

— Sim — Melissa assentiu. — Espero que não sinta ciúmes — piscou e Richard gargalhou.

— Ora, por favor — riu. — Eu não sou um cara ciumento, sexo é sexo, minha cara, mas eu te digo uma coisa, o David é casado e ele nem olha para outra mulher. Então é melhor você desistir, em todo esse tempo em que eu o conheço, foram pouquíssimas vezes que eu o vi com mulheres, tirando a esposa, lógico.

— Mas ontem ele estava agarrando aquela mulher no bar — ela disse insatisfeita.

— Pois é — ele deu de ombros. — Cenas como aquelas são extremamente raras.

— Mas que droga — a moça sussurrou. — E essa mulher dele é bonita?

— Eu a vi apenas uma vez, mas não lembro direito, era uma morena, baixinha.

— Deve ser uma baranga — Melissa deduziu.

— Bem, eu falei com ela só uma vez para cumprimentá-la pelo casamento e as outras vezes foram de longe e eu não prestei atenção, mas feia ela não é — piscou.

— Ela é feia sim e pronto, com certeza eu sou melhor — se achou.

— Melissa, vai trabalhar — Richard rolou os olhos. — Agora — ordenou, Melissa bufou e saiu da sala.


♦♦♦

Barbara e David tinham acabado de se despedir dos pais dela, fora um jantar calmo, apesar das inúmeras indiretas que Finn, seu pai, lançara a ela, Barbara não ligou muito. Ela costumava se importar bem mais. Conhecia seu pai com a palma da mão e não podia esperar nada de diferente vindo dele.

— Ah que cansaço — ela se jogou no sofá, abraçando uma almofada. — Esse jantar não podia ser mais estressante.

— Realmente, hoje o seu pai estava fogo — David passou a mão no cabelo. — Super engraçadinho — rolou os olhos.

— Quer saber? — ela o encarou. — Entra por um ouvido e sai pelo outro, se ele quer viver a vida inteira desse jeito, dane-se, confusão da minha parte não terá mais — ela bufou, tirando o sapato.

Essa situação não a abatia nem um pouco, se ela não nasceu pra ser médica não o faria apenas para agradar Bianca e Finn, achava isso uma coisa bizarra. Ou melhor, sua família era bizarra.

— Barbara, não acha que seria bom dar um tempo com tanta viajem? — ele fez uma carinha. — Tipo, nesse momento não sei se é legal você ficar indo e voltando.

Barbara estendeu a mão, aparou sua carteira de cigarros e tirou um deles.

— Bom — ela começou. — Já que você tocou no assunto, eu também acho que é bom eu dar um tempo em Nova Iorque — ela acendeu o cigarro e deu uma tragada. — Posso ficar trabalhando e cuidando das encomendas exclusivas no meu ateliê daqui, realmente estou um tanto enjoada da Espanha — rolou os olhos levemente, enquanto soltava a fumaça. David sorriu e lhe deu um abraço forte e em seguida um selinho. — O que acha de nós dois dormirmos? Hein? Estou mortinha.

— Acho uma ótima ideia — ele sorriu e ela lhe deu mais um beijo. — Ah, Barbara — ele disse e ela o encarou. — Eu estava pensando, você ainda não conhece o pessoal da construtora, não é? — Barbara assentiu. — O que acha de fazermos um jantar para você conhecer "melhor" — fez aspas com os dedos. — Os meus colegas de trabalho?

— Bom, meu amor, eu já os conheço do dia do casamento — ela deu de ombros, nunca foi muito ligada nos amigos de trabalho do marido. — Se você quiser marcar, pode marcar, por mim tudo bem, mas tem um que viaja todo final de semana, não é?

— Sim, mas eu já falei com o Richard e ele não vai para Miami esse fim de semana, acho que vai ser bom para aliviar um pouco a tensão.

— Sim, claro — ela deu uma última tragada no cigarro. — Vamos dormir que eu estou morrendo de sono — apagou o cigarro no cinzeiro e em seguida se levantou.

— Sim — ele também se levantou. — Estou exausto.

Os dois foram em direção ao quarto para descansarem, aquele dia fora de fato exaustivo.


♦♦♦


David estava passeando pela empresa, enquanto tomava um chá gelado. Detestava encerrar suas atividades muito cedo, pois ficava sem nada pra fazer e isso o estressava. Decidiu aproveitar a falta de ocupação para ir até a sala de Richard, conversar com ele sobre o jantar.

— Oi, Melissa — ele cumprimentou, jogando o copo descartável no lixo. — O Gordon está na sala dele?

Melissa o encarou com cara de poucos amigos e levantou-se.

— Sim, ele está — ela cruzou os braços. — Mas antes me responda, ontem eu liguei para o seu celular e uma piranha atendeu — bufou.

— Melissa, dá pra parar com isso? — ele a encarou, já começando a se irritar. — Você não é nada minha, não temos nada, eu não aguento mais esse seu ciúme bobo em cima de mim — ela cerrou os punhos, irritada com o pouco caso. — E outra coisa, a "piranha" — fez aspas com o dedo. — É a minha esposa e merece respeito!

— Eu sei que é sua esposa — Melissa repetiu enojada. — Mas ela me maltratou muito, desligou o telefone na minha cara e ainda me chamou de mal-educada — o encarou insatisfeita. — Eu não mereço, ela não é melhor do que eu.

— Ora, pois eu tenho certeza de que a senhorita mereceu sim — ele ironizou.

— Mas David... — fez bico quando ele a interrompeu.

— Mas nada — rolou os olhos. — O seu chefe está na sala?

— Sim, está — ela disse sentando-se outra vez. — Vou anunciá-lo.

— Que anunciar que nada — ele negou com a cabeça indo em direção a porta e Melissa ficou estressada.

David entrou na sala e viu Richard jogando vídeo game, relaxadamente.

— Richard Gordon — ele riu, enquanto adentrava a sala. — Quer dizer que o senhor está jogando videogame ao invés de estar trabalhando, é isso?

— Pois é, cara, eu descobri que eu não sou um robô para viver trabalhando — disse sem tirar os olhos da TV. — Eu mereço um descanso de vez em quando, não acha?

— De vez em quando? — David debochou. — Ou em todo momento? — ergueu a sobrancelha.

— Em todo o momento — Richard deu de ombros. — A que devo a visita do homem mais trabalhador da construtora?

— Nada, eu vim falar que conversei com a Barbara sobre o jantar no fim de semana e ela concordou — Richard assentiu. — Eu vou falar com o resto pessoal para ver se eles poderão ir.

— Beleza, por mim está feito — ele fez uma bola de chiclete.

— Cara, imagina se chega um cliente? — David o encarou. — Você aí todo espatifado nesse sofá, isso aqui é trabalho, meu irmão — bagunçou o cabelo dele.

— Ai David, me erra — ele rolou os olhos. — Do meu trabalho eu sei cuidar, vá cuidar do seu — piscou.

— Calma, que homem estressado — se sentou ao lado dele. — Vou ficar aqui perturbando você — deu um sorrisinho.

Richard não gostava tanto de irritá-lo? Pois hoje era a vez dele. Irritou Richard até o amigo não aguentar mais e mandá-lo embora.


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top