Sugishita
Cannon com mudança mínima
1019 palavras
Sua atenção
Kyotaro Sugishita era o tipo de pessoa que preferia observar tudo de longe, com uma expressão sempre calma e um toque de indiferença. Era como se ele estivesse presente, mas, ao mesmo tempo, alheio a tudo que acontecia ao seu redor. E você, com sua queda crescente por ele, não conseguia evitar tentar chamar sua atenção.
Por dias, você usou de todas as estratégias que podia pensar para fazê-lo notar você — desde risadas um pouco mais altas perto dele, até encontros "casuais" nos locais onde ele normalmente aparecia. Mas nada parecia surtir efeito. Sempre que você tentava se aproximar, ele mantinha aquela postura relaxada e um olhar que deixava claro que não estava prestando atenção, mesmo que ele claramente te visse ali.
Mas, naquele dia em particular, as coisas estavam diferentes.
Era final de tarde, e o sol lançava uma luz dourada sobre as ruas da cidade. Você estava na praça onde parte do pessoal da Wind Breaker costumava se reunir para jogar conversa fora depois de irem ao restaurante da Kotoha, e Kyotaro estava lá, encostado em uma árvore, os olhos levemente semicerrados como se estivesse no meio de um cochilo. Ele parecia completamente alheio ao mundo — e a você.
Decidida a tentar mais uma vez, você passou perto dele, fingindo não perceber que ele estava ali, a tática parecia ridícula, mas você não estava nem aí. Sua esperança era que, talvez, sua presença fosse o suficiente para que ele ao menos levantasse o olhar. Você fingiu estar distraída, parando um pouco à frente dele para mexer no seu celular.
De repente, ele falou, quebrando o silêncio.
— Não vai adiantar, sabe?
Sua voz foi baixa e firme, quase como se ele estivesse falando com alguém distante. Você se virou, confusa, e encontrou o olhar dele fixo em você. O tom casual estava lá, mas havia algo mais em seus olhos — um brilho que você nunca tinha visto antes.
— Eu... desculpa, o que não vai adiantar? — você perguntou, tentando manter a calma e controlar o frio na barriga.
Ele deu um meio sorriso, inclinando a cabeça e examinando você por um momento.
— Ficar tentando me fazer notar você. É impossível não notar alguém tão determinada. — Ele se curvou para frente com a expressão levemente divertida, algo raro para alguém que geralmente tinha uma postura quase inabalável.
O calor subiu até o seu rosto ao perceber que ele, afinal, estava ciente de todas as suas tentativas.
— Ah, bem... talvez eu só quisesse ter certeza de que você... notasse — você respondeu, sentindo-se um pouco mais vulnerável do que gostaria.
Ele soltou um riso baixo, o tipo de risada que parecia ter esperado muito para sair, quase como se ele tivesse guardado aquele momento para uma hora oportuna.
— Pois é, e agora? Você conseguiu minha atenção. O que vai fazer com isso? — Ele perguntou, estreitando os olhos de leve, mas com um toque de curiosidade verdadeira no olhar.
Você hesitou, pensando nas tantas respostas que poderia dar, mas optou pela verdade.
— Acho que eu só queria saber se você... sente algo parecido. — Sua voz estava mais suave, mas havia firmeza em seu tom.
Ele desviou o olhar por um instante, esfregando a nuca como se estivesse pensando em uma resposta. Mas antes que pudesse falar, você continuou:
— Não é como se eu esperasse que você correspondesse... — começou, mas ele deu um passo à frente, encurtando a distância entre vocês.
— Você não deveria tentar entender tudo sobre os outros antes de se arriscar — ele disse, olhando diretamente para você, a intensidade em seu olhar inesperadamente forte. — Mas... — Ele fez uma pausa, os olhos brilhando com algo que não era só tranquilidade. — Eu não diria que sou indiferente a você.
A sua respiração falhou, e o coração bateu mais rápido. Era raro ver Kyotaro se abrir, ainda mais com algo tão próximo dos sentimentos. Sem perder o ritmo, ele tirou uma das mãos do bolso e estendeu para você.
— Quer fazer algo com a minha atenção? — Ele perguntou, ainda com o mesmo sorriso leve, vale ressaltar que foi Umemiya que o encorajou a agir com você, visto que ele ficava todo desconcertado e não dava um pio.
Segurando sua mão com a dele, vocês começaram a caminhar em silêncio, um ao lado do outro. A sensação de proximidade com ele era algo surreal, como se o mundo ao redor tivesse desaparecido.
— Talvez um passeio seja um bom começo para ter a sua atenção — você respondeu, tentando segurar a excitação e a felicidade que sentia.
Aquela caminhada, que começou em um silêncio confortável, logo se transformou em uma conversa fluida. Era como se aquele primeiro passo tivesse quebrado uma barreira invisível, e a distância entre vocês fosse se encurtando a cada troca de palavras, a cada olhar compartilhado.
E então, quando o sol estava prestes a se pôr, vocês pararam ao lado de uma fonte iluminada, e ele virou-se para você, agora sério novamente.
— Ei, Sn — ele começou, o tom mais baixo. — Eu não sei bem como as coisas vão, mas eu... queria que você soubesse que não sou de me envolver fácil. Sou um cara quieto, meio na minha. Mas você faz com que isso mude. De algum jeito, eu não consigo fingir que você é só alguém que passa por aqui.
Seu coração parecia prestes a explodir com aquelas palavras, e quando ele segurou sua mão novamente, o toque foi mais firme, transmitindo uma sensação de segurança e, ao mesmo tempo, de expectativa.
— Então... não vá a lugar nenhum — ele disse com um sorriso leve, mas os olhos sérios, a intensidade em seu tom fazendo com que você soubesse que ele realmente queria dizer cada palavra.
Você assentiu, com o coração disparado, incapaz de encontrar as palavras para responder, e ele apertou sua mão uma última vez antes de soltar, olhando o pôr do sol ao lado seu lado, em um silêncio que dizia mais do que qualquer conversa poderia.
Afinal, ali, com o som tranquilo da fonte ao fundo e o céu tingido de laranja, você tinha conseguido algo que achava impossível: o coração de Kyotaro Sugishita.
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