Epílogo
Boa leitura! Espero que gostem <3
* * * *
Mamãe e papai ficaram um bom tempo conversando dentro daquele quarto no hospital.
Eu e vovô rezávamos por ela. Era a única coisa que podíamos fazer. E de acordo com ela, orações são nossa melhor arma contra tudo.
Mamãe estava com câncer de mama. Os nódulos foram retirados na cirurgia, junto de seu seio esquerdo. Seria apenas um tratamento pelo o que os médicos disseram, mas ela demorou demais a ir para o hospital ver qual era o problema, o câncer já estava avançado demais, e quando retiraram seu seio ele se manifestou no outro. Horas depois da cirurgia ela ainda continuava fraca. Os médicos diziam que conseguiriam curá-la, que ela apenas deveria ser forte até a próxima cirurgia, mas mamãe dizia coisas desconexas sobre sua hora ter chegado.
Ela não melhorou o suficiente para uma segunda cirurgia.
Eu já tinha dezoito anos. Estávamos quase no natal. Eu já poderia ir atrás de Sophia, mas mesmo depois de todas as brigas, mesmo depois de todas as lágrimas que ela me fez derramar por seu preconceito idiota, ainda era minha mãe, era meu dever ficar lá plantada como uma árvore. Foi uma decisão inteiramente minha, e não me arrependo.
Papai estava preocupado, vovô dizia coisas para ele como: "Não devemos sair de perto dela, Roberto".
Eles me deixaram sozinha com ela por poucos minutos, mas suficientes.
- Não importa o quanto eles tentem. - ela dizia sobre os médicos, observando as cortinas brancas. - O querer Dele é maior que todo o esforço que podem fazer.
Ela se esforçava para manter os lábios molhados. Sua pele estava em um tom de branco que eu nunca me esqueceria. Seus olhos se voltaram para mim, ainda me lembravam olhos de águia, ainda eram selvagens.
- Nunca vou aceitar isso, Sophia. - ela disse, mudando totalmente de assunto, e eu sabia perfeitamente do que ela estava falando. - Mas se te faz feliz, não a deixe escapar.
Ela sorriu para mim. Seu sorriso ainda brilhava. Ainda era feito de diamantes.
Mamãe faleceu enquanto dormia na noite de dezenove de dezembro.
Eu abri mão da minha dor para consolar papai.
Nosso natal, com os primos, tios e tias, padrinhos, comadres e todos os outros parentes, se baseou em orações para mamãe. Que ela encontrasse seu caminho sem dificuldade.
No ano seguinte, em fevereiro, quando todos começaram a melhorar, fui visitar dona Rosa, e pela primeira vez desde aquela noite me permiti chorar.
Não falamos sobre Cecília, ou quando eu iria visitá-la, apenas nos abraçamos e esperamos que todas as minhas lágrimas caíssem.
- Você pode até se parecer comigo, e ter a minha teimosia, mas é forte igual a sua mãe. Nunca se esqueça disso, Sophia, você é incrivelmente forte. - me lembrei de papai me dizendo isso no dia do funeral.
Dois meses depois graças a ele meu livro fora publicado. E com o dinheiro das vendas comprei um notebook para conversar com Caíque e Cecília. Tinha pensado em comprar um celular, mas desastrada como sou eu o perderia no primeiro dia.
Caíque estava namorando com uma americana negra, ela continha o black power mais lindo que já vi, e cursaria a mesma faculdade que Caíque no próximo ano, enquanto ele estava com medo de não passar, de acordo com ele sua namorada já deveria estar até trabalhando como professora. Outra corvina.
Já Cecília estava entulhada de deveres com a faculdade que havia acabado de começar. Ela era uma heroína entre nós, a única que conseguiu entrar na faculdade já com dezoito anos, era um mito.
E esta, foi a história de três meros adolescentes com problemas adolescentes. E também a história de como eu comecei a ter fé. Uma história simples, mas que tenho orgulho em contá-la a você.
Em minha primeira bienal do livro, enquanto atendia alguns poucos fãs, eu a vi vindo em minha direção. O cabelo queimando por onde sempre passava.
- Imaginei que a encontraria aqui. - foi o que ela disse, me fazendo abrir um sorriso enorme.
E o restante da história? Bem, é uma história longa demais, e eu não poderia escrevê-la por inteira, pois enquanto nosso amor ainda existir sempre haverá uma história para ser contada. E creio eu que não possa escrever algo infinito.
Fim
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