Capítulo 19

Boa leitura! Espero que gostem <3

* * * *

Mamãe começou a frequentar o hospital constantemente, e ninguém se importava em me explicar o motivo. Os dias iam passando e eu estava quase completando dezoito anos. Estávamos nos dia dez, seis dias para o meu aniversário, quando os médicos contaram a papai e a vovô que eles deveriam assinar um papel, permitindo que mamãe fizesse uma cirurgia.

A cirurgia de mamãe aparentemente correu bem.

Para fugir de minhas perguntas sobre o assunto, papai deixou mamãe no hospital com vovô, e me levou para ver Cecília. Mas ela não estava lá. As portas e janelas estavam fechadas.

Fomos a casa de Caíque, o que demorou um pouquinho, ele estava fazendo as malas para ir aos Estados Unidos.

- Me prometa que vai ficar bem, e que vai arranjar um computador para podermos conversar pelo Skype. - ele disse.

Kara continuava com a mesma energia de quando pequenininha. Pulou em mim várias vezes, sem contar a quantidade excessiva de lambidas no meu nariz. A nostalgia que pude sentir ao encontrá-la era indescritível, fora exatamente no dia em que a conheci que minha vida mudou totalmente.

Contei a Caíque que Cecília não estava em casa. Ele me disse que já havia se despedido dela um pouco mais cedo, e que ela tinha ido resolver sua matrícula na faculdade, que era em outra cidade, aonde ela passaria a morar com a madrinha. Queria estar lá com ela.

Caíque fez questão de me dar um CD do Lukas Graham antes de ir, me desejou feliz aniversário antecipado e disse que era para que eu me lembrasse dele. Mas como o esqueceria?

Papai queria voltar logo para o sítio, me deixar lá e ir para o hospital para que vovô pudesse descansar. Mas, por algum motivo, o pedi que me levasse a igreja principal da cidade.

Era o dia em que o padre recebia as pessoas que queriam confessar seus pecados.

- Eu não sei se isso é pecado ou não... Já ouvi tantas opiniões que já não sei mais qual seguir. - comecei a dizer a ele. Seu nome era João Paulo, e seu olhar era acolhedor, era como eu sempre desejei que todas as pessoas me olhassem, sem raiva, sem desprezo, mas sim com compreensão. - Eu me apaixonei por uma garota. Sou perdidamente apaixonada por ela.

Esperei que sua expressão se alterasse, mas ele continuou pleno, totalmente passivo. O que já era um bom começo.

- Acredito eu, que qualquer sentimento em seu coração, foi colocado aí pelo Senhor. Então, podemos acreditar que não seja ruim, não é? - foi a resposta dele.

O contei sobre minha mãe, sobre nossas desavenças, e tudo o mais que me incomodava. No final, ele me pediu para rezar dez Ave Maria e dez Pai Nosso. Pedi a ele que rezasse a primeira comigo, não porque eu não me recordava, mas porque não queria ficar sozinha.

Decidi que passaria a rezar com frequência, não apenas por mim ou Cecília, mas também pela minha mãe. Pode ter me magoado, mas ainda assim, não acho que ela mereça ficar naquela cama de hospital por mais tempo.

Dentro do carro durante a volta, papai disse que amou a minha história, mesmo não compreendendo a parte das bruxas. Fiquei brava com ele no início, ele não tinha o direito de ler aquele livro, não estava pronto, era apenas um rascunho. Era particular. Não gostei nem um pouco de saber que ele havia lido, me senti um tanto exposta, mas ao mesmo tempo quis saber o que ele achou.

- Fabuloso. - disse ele. - Pode negar o quanto quiser, mas você tem talento, e eu vou o mostrar ao mundo!

Se eu ri? Com certeza! Não é todo dia que seu pai diz que irá publicar seu livro sem ao menos te perguntar se você quer.

Aos poucos, ele foi me convencendo dessa ideia. A ansiedade dele para ver o meu livro em mãos era impressionante, e contagiante.

Nossa conversa foi parando, e quando percebi estava encarando as páginas de Otelo, mas sem conseguir ler, apenas deixando que minha mente viajasse, direto para perto daquela garotinha flamejante.

Não me importava aonde ela estava naquele momento, eu apenas sabia que a encontraria novamente algum dia próximo. Eu iria cumprir minha promessa. Não apenas pela quebra de uma promessa ser uma das coisas mais feias do mundo, mas sim porque foi prometido a ela.

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