Capítulo 18

Boa leitura! Espero que gostem <3

* * * *

- Você voltou... - quase nunca a vi chorar, essa deve ser a segunda vez ou a terceira em anos, e mesmo com o nariz vermelho e soluçando ela ainda era linda.

- Eu disse que voltaria.

Dona Rosa recebeu a mim e a Felipe muito gentil como sempre. Era ótimo vê-la de novo.

Cecília estava muito empolgada para me mostrar alguma coisa em seu quarto, enquanto Felipe ficou ajudando Rosa a fazer um bolo.

Minha ruivinha segurava um violão nas mãos, pronta para tocar. Perfect, do Ed Sheeran era simplesmente magnífica na voz dela. E ela cantava olhando para mim. Não preciso dizer que esse fora um dos momentos mais felizes que tive.

Obviamente não pude ficar por muito tempo. Tinha de voltar logo antes que dessem a minha falta, ou pelo menos antes de mamãe chamar a polícia. Apenas pude sair quando aquele pequeno Charmander me fez prometer que voltaria.

Ao chegar ao sítio, como o esperado, mamãe estava no meio de um ataque, chamando vovô de irresponsável. Pensei que me mataria quando seus olhos de águia pousaram em mim, então não soube o que fazer quando ela me abraçou. Era a primeira vez em anos, desde o dia em que beijei Cecília em meu quarto. E era claro que não duraria por muito tempo.

- Aonde você foi? - ela me perguntou, pronta para pelo menos duas horas de sermão.

- Eu a levei para um passeio. - Felipe interveio. O que foi uma péssima coisa a se fazer. Mamãe sempre teve um ótimo detector de mentiras, e mesmo aquilo sendo metade verdade ela sabia que estávamos escondendo alguma coisa.

- Não me diga... Que você foi ver aquela menina?

Por ordens dela, Felipe não deveria mais se aproximar desta casa, apenas trazer as frutas e nada mais. Quanto a mim, estava terminantemente proibida de ir à qualquer lugar sozinha que não fosse a escola, e caso eu matasse aula para ir a outro lugar, mamãe me levaria e buscaria todos os dias como fazia antes.

Felipe ainda sim continuou me buscando, mas apenas me levava até metade do caminho, para evitar mais confusões.

Eu contava os dias para acabar logo a escola. Nunca precisei me esforçar nos estudos, mas meus livros estavam acabando e eu estava ficando sem ter o que fazer para passar o tempo, então meus três últimos boletins foram impecáveis, o que deixou mamãe muito orgulhosa. Mas toda noite eu a ouvia chorar. Ouvi vovô dizendo algo sobre ela ter de fazer uma possível cirurgia, mas para eles eu ainda tenho cinco anos, ainda sou jovem demais para entender essas coisas, então não me falavam nada.

Em uma das noites em que ela chorava, ouvi papai dizer que a ama, e ela dizer que o ama ainda mais, e me lembrei que fora por causa do amor deles que eu passei a acreditar nesse sentimento, no poder que ele tem, e que se deve fazer tudo pela pessoa que o despertou em você.

Estava me cansando de ter de lidar com o amor, por isso ao voltar a escrever a história daquele garotinho, determinei que ele não se apaixonaria, pelo menos não tão cedo, já que nessa nova versão ele tinha dezessete anos assim como eu.

E como sua criadora, escrevendo a última linha desse seu primeiro livro, creio que apenas a amizade o basta no momento.

Quem sabe num próximo livro, ele seja fisgado por uma garota incandescente?

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